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C ULT URA POLÍ TIC A

‘COMO AS
DEMOCRACIAS
MORREM’ – RESENHA
CRÍTICA DO LIVRO

Home > Notícias > Política > ‘Como as Democracias Morrem’ – Resenha crítica do

livro

P u b l i c ado e m
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Escrito para analisar a experiência estadunidense, após a ascensão de Donald Trump, o livro
Como as Democracias Morrem elucida questões presentes à realidade brasileira

A célebre obra Como as Democracias Morrem, de Stevan Levitsky e Daniel Ziblatt, é

uma produção fundamental para os dias atuais, não por acaso ela foi Best-Seller do
New York Times logo após sua publicação.
EM AI L · FAC EBO O K · T WI T T ER · PI N T EREST · G O O G LE+ · LI N KEDI N
Os dois estudiosos, professores de Ciência Política da Universidade de Harvard,
uniram esforços e conhecimentos para compreenderem como democracias têm se

dissipado no mundo geopolítico, sem a necessidade do famigerado golpe de Estado


armado. A obra evidencia que, na atualidade, os sistemas são corrompidos por meio
da perversão do processo legal, ou seja, o governo legitimamente eleito subverte o

sistema que o levou ao poder.

Para a produção, os autores analisaram casos de surgimento de autocracias do


passado e contemporâneas, mas também falaram de exemplos positivos de sistemas

que resistiram e foram preservados. A pesquisa de Ziblatt se concentra na Europa do


século XIX até os dias atuais, e Levitsky, por sua vez, estuda as ocorrências da América
Latina e de países subdesenvolvidos.

Como as Democracias Morrem. | Foto: Reprodução.

COMO AS DEMOCRACIAS MORREM –


RES ENHA

O motivo da iniciativa foi a preocupação com a recém-experiência de fragilização


democrática norte-americana, após a eleição de Donald Trump, um outsider que foi

escolhido por voto popular, mas, desde o ano em que tomou posse, tem trazido
inquietude a cientistas políticos e estadunidenses, por representar risco à sua sólida
democracia. Os autores pretendem responder a seguinte pergunta: democracias
tradicionais entram em colapso?

A conclusão alcançada foi que não apenas é possível, como tem sido comum ao redor

do mundo. Não é de hoje que demagogos populistas aproveitam o clima de


insatisfação de países em crises, geralmente ocasionadas por tensões econômicas ou

con itos sociais, para apresentarem discursos antiestablishment, ganharem a con ança


do povo e se elegerem.

No capítulo intitulado Alianças fatídicas, os autores explicam o grande erro causador da

derrocada democrática de vários países. Os partidos estabelecidos em declínio,


geralmente repletos de representantes que estão fora de notoriedade, embarcam na
onda de demagogos, pois, carentes do apoio da população, encontram nas guras de

discursos simplistas e autoritários a possibilidade de alcançar o poder.

Tendo isso em mente, apoiam a candidatura e abraçam suas pautas, esperançosos


que os outsiders serão contidos e acatarão as vontades do partido após a vitória.

Contudo, de acordo com os autores, este é um pensamento funesto, e fatos históricos


comprovam isso. O apoio a autoritários apenas os fortalecem popularmente, de modo
que a autonomia do partido é enfraquecida, como ocorreu em 1933, na Alemanha de

Adolf Hitler, e em 1999, na Venezuela de Hugo Chavéz.   

Ambos os líderes populistas tinham discursos e ações autoritárias e antiestablishment,


mas foram subestimados pelos partidos e políticos, os quais acreditaram que

poderiam colocar rédeas em suas ações. O resultado foi o saldo de mais de seis
milhões de mortos na Alemanha nazista e uma ditadura que perdura até os dias de
hoje na Venezuela. Segundo os autores, desdenhar da escalada autoritária de guras

que buscam o poder pode ser fatal à democracia.  

AS G RADES DE PRO T EÇ ÃO DA DEMO C RAC IA


A forma mais viável de impedir o surgimento de populistas autoritários no processo
eleitoral é por meio da ação dos guardiões da democracia, que, na visão dos

estudiosos, sãos os próprios representantes do establishment.

Ziblatt e Levistsky defendem que os membros dos partidos estabelecidos, por serem
os responsáveis pela escolha do candidato a concorrer o cargo presidenciável, são os

únicos capazes de barrar indivíduos com traços autoritários, a m de os manterem


distantes das eleições. Porém, para que isso aconteça, é preciso que o apreço à
democracia seja superior ao anseio de alcançar o poder.

REC O NHEC ENDO AUT O C RAT AS

No livro, há uma tabela dividida em quatro vertentes que indicam as possíveis

características absolutistas de um político. Os autores esclarecem que não é


necessário ter todos os elementos para ser um ditador, mas, quanto mais a nidade
com os tópicos levantados, maior risco ele pode representar.

O primeiro tópico é a rejeição das regras do jogo democrático. Isso ocorre quando o
político rejeita a Constituição, deseja restringir direitos civis, indica meios ilegais para
modi car a governança conforme a sua vontade, deseja coibir organizações sociais e

acusa de fraude, sem provas, o sistema eleitoral.

O segundo é a negação da legitimidade de adversários políticos. Em uma democracia,


sempre haverá oposição e é por meio da diplomacia (interna) que se de ne o que é

mais viável ao país, considerando todos os estratos sociais. Quando o político trata
opositores como inimigos, acusando-os de subversão, ou diz, sem motivos, que
oponentes ameaçam à segurança nacional, ele pode representar grande risco à

democracia, pois quer que inexistam aspectos que fujam à sua visão de mundo.

O terceiro é ser tolerante ou encorajar a violência. Enquadra-se nesse tópico o


candidato que propõe medidas pouco civilizatórias para a solução de problemas, tem

proximidade com gangues ou milícias armadas, elogia ou comete atos de


agressividade verbal e física, além de admirar crimes cometidos pelo Estado no
passado.

O quarto e último tópico é o desejo de restringir liberdades civis de oponentes ou a


liberdade de imprensa. Quando o candidato ataca abertamente jornalistas e deseja
suprimir manifestações de desagrado a seu governo, ele tem mais um sintoma de

propensão autocrática.

SEMELHANÇ AS C O M JAIR BO LSO NARO E SEU G O VERNO

Embora o livro tenha sido publicado em janeiro de 2018, quando o então presidente

Jair Bolsonaro sequer era pré-candidato ao mais alto cargo do poder Executivo, o ex-
capitão do Exército já se enquadrava em todos os indicadores presentes da tabela.

Os ataques ao Estado Democrático de Direito iniciaram-se e popularizaram-se em

1999, com a entrevista que concedeu à TV Bandeirantes, quando disse: “Só vai mudar,
infelizmente, se um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o

trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30 mil, começando com o FHC, não
deixar para fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo
quanto é guerra morre inocente”. Ele falou esta frase após a rmar que, caso fosse

eleito, aplicaria golpe de Estado no mesmo dia. 

Em abril de 2020, em meio à pandemia do novo coronavírus, o presidente participou


de manifestações de apoio ao Ato Institucional Nº 5, com ofensas ao Supremo Tribunal

Federal e ao Congresso Nacional. Anteriormente, no ano de 2018, ele acusou de fraude


eleitoral o sistema brasileiro de captação de votos, a rmando, após o primeiro turno,
que ele já havia sido eleito. Bolsonaro também já tinha repetido algumas vezes, em

entrevistas, que não aceitaria resultado que não fosse a sua vitória.      

O atual governo federal e seus apoiadores não concordam com a existência de


oponentes. Qualquer um que se manifeste contra, se torna inimigo. Não há diplomacia

prevista segundo suas intenções, e o presidente aposta cotidianamente na


polarização.
Em agosto, seu lho, Eduardo Bolsonaro, propôs uma lei que pretende criminalizar a
apologia ao comunismo. Engana-se quem pensa que se trata da revolução do
proletariado. Para bolsonaristas, comunismo é qualquer visão que não faça parte
daquilo que acreditam. Deste modo, ca ainda mais evidente a busca pela extinção da
pluralidade de pensamento, utilizando-se dos mecanismos do próprio processo

democrático.

O apreço à violência é o que mais se adequa ao ex-capitão do Exército. Durante as


eleições, o símbolo de sua campanha era armas com as mãos. Comprovadamente, Jair

Bolsonaro e sua família têm expressiva proximidade com as milícias do Rio de Janeiro,
segundo a Operação ‘Intocáveis’, do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime

Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro. O Chefe de Estado


também tem grande admiração pelo período ditatorial brasileiro e já elogiou diversas
vezes, publicamente, Brilhante Ustra, um coronel condenado por tortura.      

Ataques a pro ssionais que praticam o Jornalismo crítico e independente são comuns

à sua agenda. As ofensas acontecem semanalmente, principalmente a jornalistas do


gênero feminino, como o caso da repórter do jornal Folha de S. Paulo, Patrícia Campos

Mello, que, após divulgar informações sobre as irregularidades ocorridas na


campanha do presidenciável, foi caluniada por sua fonte que a acusou, falsamente, de
oferecer sexo em troca de informações.

Mesmo após Patrícia ter divulgado dezenas de provas contra o acusante, Bolsonaro

disse em uma coletiva em frente ao Palácio da Alvorada: “Ela queria um furo. Ela queria
dar o furo a qualquer preço contra mim”, rindo e arrancando gargalhadas de

apoiadores, relevando o seu caráter misógino.

De acordo com o levantamento de Levitsky e Ziblatt, assim como Donald Trump nos
Estados Unidos, o atual presidente brasileiro possui todos os traços que ameaçam a

liberdade democrática do Brasil.

AS NO RMAS NÃO ESC RIT AS DA MANUT ENÇ ÃO DA


DEMO C RAC IA
Segundo o livro, para o funcionamento do Estado Democrático de Direito, os
governantes, para além da Constituição, precisam respeitar regras não escritas, que

devem reger o processo democrático da nação, em respeito ao seu regular


funcionamento. Os autores explicam que foram dois principais aspectos que
protegeram a democracia norte-americana por séculos.

A primeira regra não escrita levantada pelos estudiosos é o que eles chamaram de
‘tolerância mútua’. Este princípio entende que o governante, independentemente de
sua visão ideológica, deve enxergar e respeitar seus oponentes políticos como

legítimos integrantes do processo democrático. Como dito anteriormente, enxergar


adversários como inimigos impossibilita a diplomacia a qual é uma característica
intrínseca à democracia.

A segunda foi nomeada ‘reserva institucional’, essa regra existe apenas a partir do
respeito à tolerância mútua, pois, para que haja a possibilidade de governança, os
políticos devem evitar utilizar todos os mecanismos possíveis, e brechas nas leis, para

realizarem sua vontade. A democracia funciona somente se o Executivo e os outros


poderes permitirem a participação do trabalho um do outro.     

Embora os autores repitam diversas vezes que a democracia estadunidense é uma

das mais antigas e sólidas do mundo, eles não omitem o fato de que essa harmonia
democrática era mantida amparada em uma exclusão racial e esclarecem que a
polarização norte-americana foi intensi cada após o sufrágio negro, o que ocasionou

a eleição de Donald Trump.

C RUC IAL APRENDIZADO Q UE SE PO DE O BT ER

O conteúdo da obra Como as Democracias Morrem é de fundamental importância para a


sociedade como um todo, pois ela garante a compreensão do funcionamento político
global, e pode impactar na forma como votamos, de modo a preferirmos a

preservação da democracia.
Os autores elucidam saudosamente o fenômeno de recessão democrática ocorrida
em vários países. A partir do conhecimento organizado por eles, os quais explicitaram

os sintomas desse mal, a classe política e cidadãos podem optar por secundarizar os
próprios interesses e priorizar a liberdade democrática do país, pois a divisão dos
poderes e a existência da oposição garantem o equilíbrio para que líderes extremistas

não assumam todas as decisões inerentes ao país. Como a história (passada e


contemporânea) mostra, o totalitarismo pode acometer tanto a direita quanto a

esquerda do espectro político.   

_______________________________
Por Bianca Rafaela da Silva – Fala! Anhembi

T ag s
C O M O AS DEM O C RAC I AS M O RREM · LI VRO C O M O AS DEM O C RAC I AS M O RREM ·
LI VRO S · RESEN HA DE LI VRO

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