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Índice

Capitulo I....................................................................................................................................3

Introdução...................................................................................................................................3

Objectivos...................................................................................................................................4

Objectivos gerais:........................................................................................................................4

Objectivo específicos:.................................................................................................................4

Metodologia................................................................................................................................4

Capitulo 2 – Contextualização................................................................................................5

2. Autoritarismo......................................................................................................................5

2.1. História.............................................................................................................................6

2.2. Tipos de autoritarismo...............................................................................................6

2.2.1. Novo tipo de autoritarismo....................................................................................6

2.2.2. Autoritarismo antigo..............................................................................................7

2.3. Principais características do Autoritarismo............................................................7

2.4. Exemplos de autoritarismo........................................................................................7

3. Autoritarismo e totalitarismo.......................................................................................8

4. Totalitarismo..................................................................................................................9

4.2. A história do conceito de totalitarismo e suas transformações..............................9

4.3. O totalitarismo nos anos 30 e durante os anos de guerra.......................................9

4.4. O totalitarismo no pós-guerra.................................................................................10

4.5. O totalitarismo e o fim da era stalinista.................................................................11

4.6. Características gerais do totalitarismo segundo Carl Joachim Friedrich e


Zbigniew Brzezinski............................................................................................................11

Totalitarismo e Hannah Arendt.............................................................................................13

4.7. Características gerais do totalitarismo...................................................................13

4.7.1. Culto ao líder.......................................................................................................13

4.7.2. Partido único.......................................................................................................14


4.7.3. Educação.............................................................................................................14

4.7.4. Controle ideológico.............................................................................................14

4.7.5. Militarismo..........................................................................................................15

4.7.6. Propaganda e censura..........................................................................................15

4.7.7. Intervencionismo estatal.....................................................................................15

Capitulo III........................................................................................................................16

Conclusão..........................................................................................................................16

Referências Bibliográficas.................................................................................................17
Capitulo I

Introdução
Os regimes Totalitários e Autoritários são fenómenos da sociedade das massas, ambos os
regimes se inserem na Ciência Política como uma categoria de analise mais geral denominada
sistemas hierárquico, ou seja, regimes em que o poder deriva de uma cúpula que apresenta um
líder ou ainda de grupos de elite, regimes não democráticos, onde não existem eleições ou
qualquer outra forma de escolha de seus representantes, onde a vontade e as necessidades do
povo, não pesam nas decisões dos detentores do poder. O presente trabalho busca demonstrar
as particularidades do Totalitarismo e do Autoritarismo, apresentando também os principais
governos que cada regime teve, e demonstrando ainda algumas semelhanças e/ou diferenças
de ambos os regimes. Foram usados como base deste trabalho muitos pensadores, mas fica em
evidência que usamos como referencia a pensadora Hannah Arendt em Totalitarismo,
lembrando ainda que abordamos aqui o fascismo como forma de governo Totalitário, pois
Hannah Arendt é uma das defensoras de que essa forma de governo se aproxima mais da
forma totalitário do que da forma autoritária. a ideia aqui é apresentar os regimes como um
todo, e na sequencia apresentar um comparativo de cada regime.
Objectivos

Objectivos gerais:
 Demonstrar o regime autoritário e totalitário.

Objectivo específicos:
 Caracterizar os regimes autoritário e totalitário;
 Diferenciar os regimes autoritários e totalitários;
 Descrever as formas de governo de cada regime;

Metodologia

Para construção de um trabalho científico é necessário o uso dos métodos, portanto, para a
materialização deste trabalho, foi empregue o método bibliográfico, na qual constitui em
busca de diversos matérias electrónicos e manuais, artigos publicados, jornais, e monografias
referente ao assunto em estudo, assim como em busca de informações nas páginas de internet.
Após ter reunidos todas as informações úteis, seguiu-se com a segunda fase, a leitura dos
artigos e posteriormente começou-se a sua compilação do trabalho. Para a veracidade dos
factos, as citações que se encontra, nas referências bibliográficas.
Capitulo 2 – Contextualização

2. Autoritarismo

O autoritarismo é um sistema de liderança pelo qual o líder tem poder absoluto e autoritário e
implementa seus objectivos e regras sem buscar a orientação e conselhos dos seus seguidores.
Esse sistema de liderança é caracterizado por um poder central e pela repressão das liberdades
individuais dos cidadãos.

Um autoritário acredita que a liberdade é secundária à ordem social e que a ordem deve
emanar de uma pessoa.

O líder é o supremo poder, e não existe autoridade superior a ele ou ela. Em outras palavras,
os autoritários acreditam que a liberdade individual pode ser limitada ou suprimida para
manter a ordem na sociedade.

Autoritários não acreditam que o povo possa ser confiável para exercer sua liberdade
individual de maneira civilizada. O autoritarismo está entre os mais antigos sistemas de
liderança e tem sido praticado por grande nação há milhares de anos.
(https://conceitosdomundo.pt/autoritarismo/).

Essas ideias sobre o que é autoritarismo estão muito ligadas à concepção do filósofo e
cientista político Norberto Bobbio. Segundo Bobbio, o termo pode ser utilizado para retratar
vários contextos diferentes, sejam eles a respeito da estrutura de um sistema político
específico, de determinados comportamentos psicológicos ou então de ideologias políticas.

Dentro da percepção da ciência política, o autoritarismo tem como características principais a


concentração e a exclusividade do exercício do poder por parte de uma só pessoa, ou de um
grupo, em detrimento de instituições representativas. Aristóteles, em sua obra “A Política”,
define a monarquia como um dos “grandes governos” nos quais o poder é exercido por um só
indivíduo. A distorção directa deste sistema, na concepção do filósofo, levaria à tirania.
Considerando tal afirmação, não é difícil entender porquê se associa tanto o conceito de
autoritarismo ao conceito de tirania.

Isso mostra que, juntamente com os conceitos de totalitarismo e ditadura, a noção que se tem
de autoritarismo geralmente é de sistemas políticos que se contraponham ao sistema
democrático. (Souza, L. S. de, & Ferreira e Silva, V. 2021).
2.1. História

Segundo alguns historiadores, o termo autoritarismo surgiu logo após a queda do segundo
império francês na década de 1870, tornando-se comum, segundo a ciência política, a partir
do início do século XX.

Já na antiguidade clássica os termos oligarquia e tirania eram discutidos. Os gregos ao


tratarem das teorias e organizações do estado já demonstravam sua preocupação quanto à
definição do estado tirânico. Aristóteles, em Política, mostrou as primeiras tipologias que
deram início à descrição dos regimes políticos existentes na sua época adoptando um critério
que definia a "finalidade da sociedade civil", ou, cidade-estado, definida por uma reunião de
famílias e pequenos burgos que se associam para desfrutarem juntos uma existência
inteiramente feliz e independente".

Ainda Aristóteles definiu que é necessário admitir, em princípio, que as acções honestas e
virtuosas, e não apenas a vida comum, são a finalidade da sociedade política", demonstrou
que " De um lado existe o carácter puro e sadio da organização política, de outro, sua forma
viciada e corrompida, ocorrendo o primeiro quando a autoridade suprema (individual ou
colectiva) é exercida em benefício do interesse social; e o segundo, chamado degeneração,
quando prevalece o interesse particular.(Souza, L. S. de, & Ferreira e Silva, V. 2021)

2.2. Tipos de autoritarismo


2.2.1. Novo tipo de autoritarismo

Uma nova forma de governo autoritário surgiu pelo mundo nos últimos tempos. Os líderes
não precisam mais tomar o poder pelo uso da força, com apoio do exército ou por revoluções
armadas. Muitos são eleitos presidentes por vias democráticas e começam a adoptar medidas
que garantem sua permanência no controle do país após vencerem no voto popular.

Alguns presidentes conhecidos que tomam medidas autoritárias são Bashar Al-Assad, na
Síria; Recep Erdogan, na Turquia; Vladimir Putin, na Rússia; Xi Jinping, na China; Nicolás
Maduro, na Venezuela; Nayib Bukele, em El Salvador; e Viktor Orbán, na Hungria.

O professor da FGV aponta como medidas que podem ser adoptadas por líderes com
tendências autoritárias a restrição da imprensa, cortes de organizações que podem ser
oposição ao governo, e a criação de leis que desarticulam partidos que não são aliados. Paz
explica que essas são medidas adoptadas com o objectivo de enfraquecer a liberdade dos
indivíduos.  
2.2.2. Autoritarismo antigo

Na África, parte do continente só deixou de ser colónia de nações europeias durante o século
20, e o processo de liberdade ainda é muito recente. Por ali, os líderes desses processos de
independência acabaram alçados ao poder e muitos governam até hoje.

“Os líderes que comandam a independência aproveitam a credibilidade e tomam o poder”,


explica o Paz. Para manter o controlo, esses presidentes, por vezes, se aliam a líderes de
grupos étnicos e religiosos.

2.3. Principais características do Autoritarismo

Algumas das principais características e que são comuns aos regimes autoritários em todo o
mundo e em diversas épocas da história são:

 Agressividade com os membros da oposição;

 Alterações na legislação no país com o objectivo de garantir a manutenção do


governante autoritário no poder;

 Censura e controle dos meios de comunicação;

 Controle de liberdades individuais, religiosas e de imprensa;

 Controle do pensamento das massas;

 Enfraquecimentos do poder político;

 Poder exclusivo para uma única pessoa, que comanda toda a nação;

 Uso de métodos ditatoriais para o controle social .(Adorno, T. W, Frenkel-Brunswik,


E., Levinson,1950).

2.4. Exemplos de autoritarismo

Diversos são os exemplos, dentro da história da humanidade, de governos que adoptaram o


autoritarismo como forma de governo. Porém, dentre os principais, podemos destacar alguns
que fazem parte de uma época mais recente. São eles:

 Ditadura de António de Oliveira Salazar, em Portugal;

 Governo de Getúlio Vargas, durante o Estado Novo (entre 1937 e 1945), no Brasil.

 Governo de Mugabe no Zimbabwe. Governada com punho de ferro por um ex-herói


da independência, esta nação africana sofreu com o governo personalista e autocrático
de Robert Mugabe, sustentado por eleições acusadas de fraude e em meio a uma crise
económica brutal . Mugabe governou de 1987 até um golpe em 2017, dois anos antes
de sua morte.

 O trujillato na República Dominicana. A de Rafael Leónidas Trujillo foi uma das


ditaduras mais atrozes da América Latina . Durou entre 1930 e 1961, ano em que o
líder militar foi finalmente assassinado.

 Pinochetismo no Chile. Após o golpe que derrubou o governo socialista de Salvador


Allende em 1973, o Chile foi governado por um regime conservador e terrorista até
1990. A autoridade suprema desse governo foi Augusto Pinochet, e durante seus anos
no cargo foram quase 30 mil vítimas de violência política prisão e tortura, 2.300
executados e cerca de 1.200 desaparecidos.

 O regime de Franco na Espanha. Em 1936 ocorreu a Guerra Civil Espanhola, onde


várias facções políticas se enfrentaram, após uma liderança militar conservadora,
liderada pelo militar Francisco Franco, dar um golpe contra a Segunda República
Espanhola. Desse conflito, o próprio Franco emergiria como líder e caudilho da
Espanha, país que governou a fogo e sangue até 1975. (cf. Jesse, 1996, p. 20).

3. Autoritarismo e totalitarismo

O autoritarismo e o totalitarismo são duas formas diferentes de opressão política e social.

Autoritarismo não deve ser confundido com totalitarismo, apesar de ambos conduzirem, como
regimes de governo, à ditadura . São conceitos que envolvem uma diferença sutil, mas que
geralmente tem a ver com o modelo de exercício político e de sociedade que eles propõem.

O autoritarismo permite a existência de uma sociedade diversa, desde que sujeita aos
desígnios do líder. Em vez disso, o totalitarismo aspira a uma homogeneização da própria
sociedade, por meio da imposição de um conjunto de ideais ou ideologias por meio da
violência.

Dessa forma, o totalitarismo preenche os espaços de dissidência e erradica qualquer forma de


diversidade. Não é que algum seja “melhor” ou “pior”, entretanto. São apenas duas formas
diferentes de opressão política e social, cuja distinção serve para que a ciência política possa
distinguir algumas ditaduras de outras. (Hannah Arendt 2000, p. 358)
4. Totalitarismo
4.2. A história do conceito de totalitarismo e suas transformações

Para falarmos do conceito de totalitarismo, necessitamos situá-lo historicamente. Eckhard


Jesse, professor de Ciências Políticas na Universidade Técnica de Chemnitz-Zwickau,
denomina o século XX como “a era do totalitarismo” (das Zeitalter des Totalitarismus), de
modo semelhante ao historiador Eric Hobsbaum ao falar de “era dos extremos” e “era dos
cataclismos”, ou de Márcio Seligmann-Silva ao falar da “era das catástrofes”. Porém, Jesse
considera o século XX também a “era de sua superação” (das Zeitalter seiner Überwindung),
pelo menos na Europa (1996, p. 9).

No início dos anos 20, o conceito de “totalitário”, em sua forma adjetiva, foi empregado pela
primeira vez na Itália por Giovanni Amendola (1882-1926), jornalista e político liberal, no
intuito de denunciar o fascismo italiano enquanto movimento político antidemocrático (Jesse,
1996, p. 12). No sentido original, “totalitários” seriam aqueles sistemas de governo que
tentariam conformar os cidadãos dentro de uma ideologia, para isso fazendo uso de
mecanismos de controlo e coação, e, ao mesmo tempo, buscariam mobilizá-los (Jesse, 1996,
p. 12). Todavia, em 12 de Maio de 1923, Benito Mussolini utilizou pela primeira vez a
expressão “sistema totalitário” aplicado ao Estado fascista, usurpando o conceito e tornando-o
de pejorativo, no sentido empregado por Amendola, em positivo (Jesse, 1996, p. 28). Cabe
lembrar que foi justamente na Itália, durante os anos 20, que se iniciou o debate em torno do
conceito de totalitarismo.

4.3. O totalitarismo nos anos 30 e durante os anos de guerra

O primeiro simpósio sobre o tema foi realizado em 1939 nos Estados Unidos, quando já era
corrente se aplicar o conceito de totalitarismo para se definir os regimes nazista e stalinista
(Jesse, 1996, p. 13). Naquela oportunidade, o cientista social norte-americano Carlton Hayes
(1882-1964), que se tornaria embaixador dos Estados Unidos na Espanha de 1942 a 1944,
definiu o totalitarismo a partir dos seguintes traços característicos:

O totalitarismo monopoliza todo o poder, se sustenta nas massas, lança mão de novos meios
de propaganda, exerce uma grande força de fascinação através de sua fé missionária, tem
desenvolvido um sistema moderno de métodos e técnicas, utiliza o poder não apenas como
meio para se alcançar os fins, e representa uma revolta contra a cultura histórica do Ocidente.
(apud Jesse, 1996, p. 13)
Todavia, com a deflagração da guerra em 1º de Setembro de 1939 com a invasão da Polónia e
o ataque da Alemanha nazista à União Soviética em 22 de Junho de 1941, os estudos sobre o
totalitarismo se concentraram no nazismo, tendência alterada apenas com o fim da guerra e a
escalada da Guerra Fria, que colocou a União Soviética sob o poder de Stalin novamente no
âmbito de interesse de estudos dessa natureza.

4.4. O totalitarismo no pós-guerra

Os grandes representantes dos estudos sobre totalitarismo após 1945 são, sem dúvida, Hannah
Arendt, de um lado, e Carl Joachim Friedrich e Zbigniew Brzezinski, de outro. Focada numa
orientação centrada no conceito de ideologia, Hannah Arendt aponta para o fato de que o
terror é “a própria essência do domínio totalitário” (apud Jesse, 1996, p. 15) (das eigentliche
Wesen der totalitären Herrschaft), não é um meio para se atingir os fins, mas o próprio fim
em si. No prefácio à 1ª edição da obra The Origins of Totalitarianism (1951), Hannah Arendt
propõe a seguinte reflexão nesse sentido: “E, se é verdade que, nos estágios finais do
totalitarismo, surge um mal absoluto (absoluto, porque já não pode ser atribuído a motivos
humanamente compreensíveis), também é verdade que, sem ele, poderíamos nunca ter
conhecido a natureza realmente radical do Mal” (2000, p. 13). Esse é um aspecto explorado
mais tarde, por exemplo, por João de Scantimburgo na obra O mal na História: os
totalitarismos do século XX (1999). Entretanto, como aponta Eckhard Jesse, o papel da
violência e do terror não deve, por si só, ser decisivo na avaliação de um dado regime como
“totalitário”: “Não apenas mãos e pés são aprisionados, mas também o ato de planejar e de
pensar” (1996, p. 12). Para o teórico, estados totalitários não se baseiam apenas em repressão,
violência e terror, mas também em persuasão, mobilização e integração dos cidadãos. Por
isso, Jesse chama a atenção para o fato de que as pesquisas em torno do conceito de
totalitarismo não deveriam se ocupar apenas do aspecto repressivo de regimes tidos como
totalitários, mas também dos elementos que exerciam força de atração para as massas (1996,
p. 25). Além disso, o teórico chama a atenção ainda para um traço característico essencial de
movimentos totalitários, ou seja, o fato de possuir semelhanças com movimentos religiosos, e
tal dimensão religiosa, muitas vezes, era empregada no sentido de justificar os excessos de
violência (1996, p. 29).

Ao lado do estudo abrangente e detalhado empreendido por Hannah Arendt, o sistema


classificatório composto de seis pontos, proposto pelo teórico alemão Carl Joachim Friedrich
(1901-1984), professor da Harvard University desde 1936, e pelo cientista político e geo-
estrategista polonês Zbigniew Brzezinski (1928), na obra Totalitarian Dictatorship and
Autocracy (1956) tornou-se dominante no pós-guerra: (1) uma ideologia direcionada para se
atingir um estado final futuro, (2) um único partido de massa, (3) um sistema de terror
baseado no controle da polícia secreta, (4) um monopólio dos meios de comunicação de
massa, (5) um monopólio de armas, e (6) uma economia dirigida de modo centralizado (Jesse,
1996, p. 14 e p. 30).

4.5. O totalitarismo e o fim da era stalinista

Todavia, por longas décadas, o conceito pareceu ter se tornado ultrapassado, sobretudo, com o
fim da era stalinista, momento em que, segundo Hanna Arendt, ocorre um processo de
“destotalitarização” (Enttotalisierung) da União Soviética (2000, p. 348), e certas alterações
nos sistemas de governo socialista no Leste europeu, de modo que se tornou praticamente
tabu, pelo menos na Alemanha, “comparar” ou mesmo “equiparar” o nazismo a tais regimes.
Nessa fase, predominou o conceito de “ditadura” para classificação desses regimes do Leste
europeu, enquanto o conceito de totalitarismo era atribuído exclusivamente ao regime nazista
enquanto protótipo de um sistema de governo totalitário, pois nele identificamos de modo
mais evidente os pressupostos característicos de todo e qualquer regime totalitário. Como
apontamos anteriormente, tal quadro se alterou com a Queda do Muro de Berlim e o fim da
União Soviética, momento que marca a retomada dos estudos sobre o conceito de
totalitarismo na Alemanha, principalmente nos estudos recentes sobre a antiga República
Democrática Alemã.

Ambos os movimentos Totalitários partem de uma oposição ao liberalismo económico e


político, à Democracia, os direitos civis entre outros. Esses grupos ainda partilhavam da
discriminação contra certas raças, nações e credo, buscando a destruição de cada um deles.

4.6. Características gerais do totalitarismo segundo Carl Joachim Friedrich e


Zbigniew Brzezinski

Em seu estudo sobre o totalitarismo, publicado em 1956 com o título de Totalitarian


Dictatorship and Autocracy, os cientistas políticos Carl Joachim Friedrich e Zbigniew
Brzezinski ressaltam que regimes totalitários são autocracias, são regimes tirânicos,
despóticos e absolutistas, adaptados à sociedade industrial no século XX (1996, p. 225). De
acordo com Friedrich & Brzezinski, “[o] debate sobre as causas ou origens do totalitarismo
apresenta uma escala geral que varia da teoria de um mal primitivo até o argumento da crise
moral de nosso tempo” (1996, p. 227-228). Para os teóricos, “a ditadura totalitária é um
fenómeno moderno e, até o momento [i. e., 1956], não houve nada totalmente semelhante”
(1996, p. 228).

Um primeiro aspecto a se destacar no estudo proposto por Friedrich & Brzezinski em torno do
conceito de totalitarismo é o seu carácter organizacional. Segundo os teóricos, os estudos que
buscam a essência do totalitarismo, sejam eles ideológicos ou antropológicos, fazem com que
os critérios de organização e métodos assumam uma posição secundária (1996, p. 226).
Todavia, a renúncia a esclarecimentos de ordem puramente ideológica abre novas
possibilidades para se estudar as semelhanças e diferenças fundamentais entre regimes
totalitários. Organização, procedimentos, estrutura, instituições e processos de governança
assumem, então, um valor decisivo em estudos dessa natureza (1996, p. 228).

Em termos classificatórios, Friedrich & Brzezinski definem seis características fundamentais


que regimes totalitários possuem:

1) Uma ideologia elaborada, composta de uma doutrina oficial que abrange todos os aspectos
vitais da existência humana, e diante da qual todos os que vivem nessa sociedade têm de, pelo
menos, se manter passivos; tal ideologia é direccionada e projectada para um estado final
ideal da Humanidade, exigência fundamentada na rejeição radical da sociedade vigente e na
conquista do mundo para uma nova sociedade;

2) um único partido de massa, no caso típico, conduzido por um único ditador e formado por
uma percentagem relativamente baixa da população total (até 10 %) de homens e mulheres,
no qual uma base rígida está atrelada à ideologia apaixonadamente e sem restrição e
preparada para incentivar, de todas as formas, a imposição de sua aceitação. Um partido dessa
natureza é organizado hierárquica e oligarquicamente e, de modo característico, super posto à
burocracia do Estado ou totalmente atrelado a ela;

3) Um sistema de terror, sobre base física ou psíquica, posto em prática por meio de controle
através do partido e da polícia secreta, mas que também vigia o partido e, de modo
característico, não está direccionada exclusivamente contra “inimigos” declarados do regime,
mas também contra segmentos da população mais ou menos escolhidos arbitrariamente. O
terror, seja ele emanado da polícia secreta ou da pressão exercida pelo partido sobre a
sociedade, faz uso sistemático da ciência moderna, sobretudo da psicologia científica;

4) Um completo monopólio, condicionado tecnologicamente, do controle de todos os meios


efectivos de comunicação de massa, como a imprensa, o rádio e o cinema, nas mãos do
partido e do Estado;
5) Um completo monopólio, condicionado tecnologicamente, do emprego efectivo de todos os
armamentos pesados;

6) Uma vigilância e condução central de toda a economia através da coordenação burocrática


de corporações legais anteriormente independentes, de modo característico, sob influência de
outras sociedades e empresas. (Friedrich & Brzezinski, 1996, p. 230-231)

Apesar de postularem esse grupo de características fundamentais de regimes totalitários,


Friedrich & Brzezinski chamam a atenção para o fato de que elas podem variar de intensidade
de regime para regime, ou dentro de um mesmo regime dependendo da fase histórica em que
este se encontre (1996, p. 231). Além disso, os teóricos ressaltam que mesmo que a intenção
dos totalitaristas seja alcançar um controle total, tal intenção está condenada ao fracasso. Pois
um controle total nunca se deixa alcançar na prática, nem mesmo nas fileiras de seus
membros partidários ou quadros, sem falar na população como um todo. (1996, p. 226)

Totalitarismo e Hannah Arendt

Hannah Arendt foi uma filósofa alemã de origem judaica nascida em 1906. Uma de suas
mais importantes obras foi o livro Origens do Totalitarismo, em que se empenha a identificar
as origens e razões políticas que deram ensejo ao totalitarismo e suas formas de manifestação.

Em sua análise minuciosa, Arendt constata a existência de dois fenómenos ou elementos


comuns a todos os tipos de regimes totalitários, que são o medo e o terror. Segundo a
filósofa, a fusão desses elementos favorece o surgimento de um sistema excessivamente
burocrático, tornando a colectividade um corpo único, “um só homem”.

Com isso, há anulação da individualidade na sociedade, promovendo o pensamento igual e o


apoio geral e irrestrito à actuação do líder totalitário. Além disso, a perseguição aos inimigos
comuns da nação e àqueles que se voltassem contra os ditames do regime vigente era
implantada nesse corpo social único por meio de uma propaganda alienante, estimulando o
sentimento de ódio. (Hannah Arendt 2000, p. 356-528).

4.7. Características gerais do totalitarismo

4.7.1. Culto ao líder

Os regimes totalitários dão uma ênfase muito grande à figura do líder, a ponto de tornar sua
imagem omnipresente.
O dirigente sempre é retratado como a pessoa que possui liderança nata e reúne todas as
qualidades para conduzir o povo a melhores condições de vida. A biografia é contada em tom
grandioso e convenientemente editada. Isso significa que seus opositores são omissos ou
caluniados.

A vida do dirigente totalitário é difundida por todos os meios de comunicação e mostrada


como um exemplo a ser seguido. Geralmente, a família do líder não aparece na propaganda
oficial, para acentuar o carácter de sacrifício que comete o prócer ao renunciar tudo por sua
pátria.

4.7.2. Partido único

Uma das principais características do totalitarismo é o estabelecimento de um único partido


no país. Isso significa que todos os outros partidos políticos serão considerados ilegais.

Assim, por meio de uma ideologia oficial e hierarquia rígida, a política deixa de ser algo que
pode ser discutido por toda sociedade, para ser apenas feita por um grupo reduzido.

Os cidadãos são chamados a participar da vida política através de manifestações de massas,


como festas patrióticas, concentrações em estádios e desfiles. Para conseguir esta adesão, as
pessoas são captadas e submetidas pela propaganda governamental.

4.7.3. Educação

O regime totalitarista tem um cuidado especial com a educação. Além de ditar o conteúdo que
deve ser ensinado nas escolas, regimenta a infância e a juventude em clubes e organizações.

Ali, muitas vezes as crianças recebiam treinamento militar, instrução sobre a ideologia do
Estado e faziam juramentos de fidelidade ao líder.

Hitler é saudado por membros da Juventude Hitlerista na década de 30

4.7.4. Controle ideológico

Para controlar a população são criados órgãos de repressão como a polícia política.

Todo indivíduo que leia, discuta ou propague uma ideia diferente daquela ensinada pelo
Estado seria passivo de condenação.

Vemos, então, que o totalitarismo gera violência, posto que as pessoas que não se alinham à
ideologia do Estado são punidas de maneira severa. Alguns exemplos são as prisões políticas,
campos de reeducação, perda de direitos políticos e de emprego.
4.7.5. Militarismo

A fim de manter acesa a chama da "revolução" ou da criação de um "homem novo", o


totalitarismo promove o militarismo.

Assim, estimular o militarismo é uma forma de manter a cidadania em alerta. Incluem-se


desde as práticas educacionais com lições de tiro e treinamento físico, até a escolha de um
inimigo que deverá ser odiado por todos.

O militarismo gera a vontade e a desculpa para conquistar territórios ou manter aqueles que já
se possuía. Por isso, diante desses aspectos, não causa espanto que todos os regimes
totalitários europeus procuraram expandir suas fronteiras.

4.7.6. Propaganda e censura

A propaganda política do Estado prolifera com o intuito de exaltar a personalidade do líder,


captar os cidadãos para a nova ideologia e controlá-los.

Os meios de comunicação são censurados e somente aquilo que era autorizado pelo Estado
podia ser transmitido. Desta maneira, a população deixa de ter contacto com novas ideias.

Além disso, o totalitarismo exalta o povo a quem se dirige como o melhor do mundo e sempre
escolhe um "inimigo" para contrapor. Isto será largamente explorado pela propaganda oficial.

Um trabalhador soviético, forte e saudável, rejeita as propostas do capitalista americano,


inimigo do socialismo, retratado como um velho ambicioso

4.7.7. Intervencionismo estatal

No campo económico, o intervencionismo estatal (anti-liberal) é outra importante


característica do totalitarismo, visto que o controle e o planeamento geral da economia fica a
cargo do Estado.

Países como Portugal, Itália e Espanha organizaram suas economias de forma corporativa;
enquanto na Alemanha, as grandes empresas tiveram mais liberdade para realizar seus
negócios.

Já na URSS, a economia estava toda a cargo do Estado, pois toda propriedade lhe pertencia.
(Friedrich & Brzezinski, 1996, p. 230-231)
Capitulo III

Conclusão
Depois de demonstrado pelo presente trabalho os governos totalitários e os governos
autoritários, com suas características e particularidades, os elementos que causaram esses
movimentos, a forma que chegaram ao poder passo as conclusões do presente trabalho. No
totalitarismo o uso da obra de Hannah Arendt neste trabalho, possibilita a compreensão deste
fenómeno totalitário, é necessária aqui a percepção que este movimento visa uma destruição
dos elos de convivência dos indivíduos, do quotidiano, esse movimento tão cruel busca
transformar o ser humano em uma simples coisa, que pode ser exterminada a qualquer
momento. O movimento totalitário usa o extremo da forca sobre a razão, buscando absorver a
sociedade, esse movimento busca afastar o homem de preceitos básicos como a religião e a
vida em sociedade, a centralidade do poder é uma forma de fazer com que todas as acções
realizadas pelo movimento fossem executadas da forma em que eram determinadas, buscando
sempre uma perfeição do movimento. Para o Estado Totalitário não importa o que será
necessário para alcançarem seus objectivos, o que importa é que esses objectivos sejam
alcançados a qualquer preço, transformando o indivíduo em uma mera molécula, visando
transformar a própria natureza do ser humano.

O autoritarismo não é uma forma de governo tão organizada e destinada a concluir seus
objectivos não importe o que como o totalitarismo, era uma forma de governo mais
organizada, embora ainda não democrática. A falta de organização levava muitas vezes a
criação da oposição e até a queda do governo. Os regimes totalitários e autoritários
apresentam dois elementos comum, a eliminação parcial ou total do pluralismo político, e
também os critérios distribuir e de repartir o poder político não ser fundado em eleições, pelo
menos não eleições livre onde considere a vontade do povo. Por fim o totalitarismo se
diferencia de regimes autoritários porque o primeiro usa do terror para dominar as pessoas, os
grupos, a sociedade, as massas; formando pessoas perfeitamente obedientes ao Estado, já o
autoritarismo busca suprimir as diversidades, sem o uso do terror. Conclui-se por fim que
enquanto o totalitarismo faz com que o ser humano se prive de sua capacidade de fazer
escolhas, se torne em não humano, devido a aniquilamento da capacidade de pensar e julgar,
um homem isento de vontades que acredita e segue todos os preceitos e ideologias do
movimento devido ao medo criados pelo governo, o autoritarismo toma o poder através da
força mas usa a seu favor a censura para que sua permanência no poder não seja ameaçada
pela propagação de ideias contrárias ao governo e a possibilidade de formação da oposição.
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