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FACULDADE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIA POLÍTICA E RELAÇÕES


INTERNACIONAIS

Trabalho de Campo da Disciplina de Introdução ao Direito

Tema: Aristóteles: A Política e a Ética

Nome do(a) Estudante:

Samuel Raimundo Cristo

Nome do Tutor(a): MSc. Álvaro


Jaime Fernando Mambara Dembuend

Chimoio, Maio de 2023


Índice

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3

1.1. Objectivos .................................................................................................................... 4

1.1.1. Geral ..................................................................................................................... 4

1.1.2. Especifico ............................................................................................................. 4

2. Metodologia ........................................................................................................................ 4

4. REFERENCIAL TEORICA ............................................................................................... 5

4.1. Aristóteles: A Política e a Ética ................................................................................... 5

4.1.1. Conceitos básicos ................................................................................................. 5

4.1.2. Aristóteles ............................................................................................................. 5

4.1.3. Ética e Política ao longo da História .................................................................... 6

4.1.4. A situação da atualidade da Ética e Política ....................................................... 11

4.1.5. Relação entre política e ética .............................................................................. 12

4.1.6. Importância da política e ética ............................................................................ 13

5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 15

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................................. 16


1. INTRODUÇÃO

Na introdução deste trabalho com tema Aristóteles política e ética. Aristóteles foi um dos mais
importantes filósofos gregos da Antiguidade Clássica e suas contribuições para a ética e a
política influenciaram profundamente o pensamento ocidental até os dias de hoje. Aristóteles
acreditava que a ética e a política são áreas interconectadas e que compartilham a mesma
finalidade, que é a felicidade dos indivíduos e da sociedade como um todo. Ele aborda esses
temas em suas obras "Ética a Nicômaco" e "Política", onde apresenta uma teoria ética que tem
como base a busca pela felicidade e a virtude, e uma teoria política que defende a organização
da sociedade por meio de um governo misto e da educação para a cidadania. Nesta perspectiva,
a ética e a política se inter-relacionam estreitamente, com a ética sendo a base para a virtude
dos governantes e a política sendo responsável pelo estabelecimento das condições necessárias
para a felicidade e a realização dos indivíduos e da sociedade.

A ética e a política são duas áreas do conhecimento humano que, apesar de possuírem objetivos
distintos, possuem uma forte interconexão. Isso porque a ética refere-se às normas e valores
que guiam a conduta individual, enquanto a política trata das decisões tomadas em conjunto
visando ao bem comum da sociedade. Dessa forma, é possível compreender que as noções
éticas estão intrinsecamente presentes na política, influenciando a tomada de decisões em
relação a questões como justiça, igualdade e bem-estar social. Assim, para compreendermos de
forma mais aprofundada a relação entre ética e política e como elas se influenciam mutuamente,
faz-se necessária uma análise mais detalhada das teorias e conceitos fundamentais que
permeiam cada uma dessas áreas do conhecimento (Grant, Michael, 1987).
1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
 Conhecer o pensamento de Aristóteles na política e ética nos
tempos antigos e sua dinâmica atual;

1.1.2. Especifico
 Identificar as vantagens, relação e importância do pensamento de Aristóteles;
 Descrever a perspectiva atual da ética e política Aristotélica;

2. Metodologia

Para a realização deste trabalho contou-se com apoio de seguinte material um computador,
manuais diversos, que foram selecionados para posterior leitura e organização de uma ficha de
leitura devidamente citada, onde em seguida selecionou se o conteúdo de relevância ao tema
que compilou o trabalho desta cadeira em andamento. Pois a pesquisa caracteriza-se por ser de
natureza bibliográfica, o que consistiu na seleção e organização e conclusões de referenciais
teóricos.
4. REFERENCIAL TEORICA
4.1.Aristóteles: A Política e a Ética
4.1.1. Conceitos básicos

Na ética, Aristóteles defendia que a felicidade era o objetivo principal do ser humano. Segundo
ele, a felicidade seria alcançada através da busca pelo bem em todas as ações da vida, o que ele
chamou de virtude. Para Aristóteles, a virtude é um hábito adquirido por meio da prática e do
exemplo, e é composta por duas partes: a parte racional (que envolve o conhecimento e a
sabedoria) e a parte prática (que implica em ações virtuosas).

Já na política, Aristóteles via o homem como um ser político por natureza, ou seja, como alguém
que precisa estar inserido em uma comunidade e buscar o bem comum. Para ele, a melhor forma
de organizar uma sociedade era através de um governo misto, que combinasse elementos da
monarquia, aristocracia e democracia. Ele defendia também a ideia de que as leis devem ser
justas e que a educação é fundamental para formar cidadãos virtuosos e capazes de contribuir
positivamente para a sociedade.

4.1.2. Historial de Aristóteles

Aristóteles foi um filósofo grego que viveu entre 384 e 322 a.C. Ele é considerado um dos
pensadores mais importantes da filosofia ocidental e suas ideias influenciaram diversas áreas
do conhecimento, como a ética e a política.

Para Aristóteles, a política é um objecto de estudo, o que poderia estar relacionado ao facto de
ser um estrangeiro e, portanto, sem estatuto de cidadão ateniense. Aristóteles nasceu em 384
a.C. e morreu em 322 a.C., foi viver em Atenas aos 17 anos, onde conheceu Platão, tornando
seu discípulo. Passou o ano de 343 a.C. como preceptor do imperador Alexandre, o Grande, da
Macedónia. Fundou em Atenas, no ano de 335 a.C, a escola Liceu, voltada para o estudo das
ciências naturais. Seus estudos filosóficos baseavam-se em experimentações para comprovar
fenómenos da natureza.

O filósofo valorizava a inteligência humana, única forma de alcançar a verdade. Fez escola e
seus pensamentos foram seguidos e propagados pelos discípulos. Pensou e escreveu sobre
diversas áreas do conhecimento: política, lógica, moral, ética, pedagogia, metafísica, didáctica,
poética, retórica, física, antropologia, psicologia e biologia. Publicou muitas obras de cunho
didáctico, principalmente para o público geral. Valorizava a educação e a considerava uma das
formas de crescimento intelectual e humano. Na filosofia aristotélica a política é um
desdobramento natural da ética. Ambas, na verdade, compõem a unidade do que Aristóteles
chamava de filosofia prática. Se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem,
a política se preocupa com a felicidade colectiva da Pólis. Desse modo, é tarefa da política
investigar e descobrir quais são as formas de governo e as instituições capazes de assegurar a
felicidade colectiva.

Trata-se, portanto, de investigar a constituição do Estado: “As propostas políticas de Aristóteles


parecem reflectir o momento histórico em que viveu, um momento de muita conturbação e em
que a defesa da ordem poderia significar a conservação de toda uma sociedade; mas,
indubitavelmente, reflectem também sua concepção mais geral de mundo e de conhecimento”
(ANDERY e MICHELLETO, 2007). Aristóteles discordava, entre outras coisas, da
organização económica da cidade-Estado ateniense do seu tempo, voltada para o comércio e
intercâmbio com o exterior, que, segundo ele, mantinha a cidade dependente e levava às
guerras. Discordava, ainda, das concepções mais alargadas de cidadania e propunha restringir
o estatuto de cidadão àqueles indivíduos completamente liberados de todo trabalho manual, não
entrando nessa categoria os artesãos e os lavradores.

4.1.3. Ética e Política ao longo da História

Uma marca característica da ética na Antiguidade é sua indissociabilidade com a política. Desde
Platão e seu discípulo Aristóteles, que a ideia de constituição da polis é perpassada pelo
princípio de que a cidade deve ser dirigida por governantes sábios, justos e virtuosos. É de
Aristóteles, por exemplo, a afirmação de que o homem é um animal político – zoon politikon.
“Trata-se de um homem ‘essencialmente destinado à vida em comum na polis e somente aí se
realiza como ser racional. Ele é um zoon politikón por ser exatamente um zoon logikón, sendo
a vida ética e a vida política artes de viver segundo a razão.

E Hélcio Corrêa afirma que na polis grega o cidadão só é reconhecido como tal a partir de sua
inserção na comunidade política e a razão prática que norteia a ação do cidadão grego está
intimamente ligada ao ethos entendido este como um conjunto de tradições, costumes e valores
próprios da vida na polis e, no caso de Aristóteles, as noções de ética e política se completam
reciprocamente na teoria da justiça (Grant, Michael, 1987).
Com efeito, na polis grega, tanto o estudo da ética quanto da constituição da polis (da política)
lançam as bases para o comportamento justo do indivíduo e do cidadão. Platão (1993),
inclusive, compara a ideia de justiça, tanto no indivíduo quanto na sociedade, como sendo a
harmonia entre suas partes. Essa dupla perspectiva aparece já no início da obra A República de
Platão, a partir do Livro II quando este afirma que o homem justo em nada diferirá da cidade
justa e será semelhante a ela (435b). Para Del Vecchio (1925) aparecem aí fundidas a norma
moral e jurídica, a política e a ética, inclusive a psicologia, ou seja, a vida interior do indivíduo
e as relações sociais.

Isso de laços entre o indivíduo e a polis, se já existe certa simetria em Platão, radicaliza-se em
Aristóteles, o qual tratou predominantemente da justiça no livro V da Ética a Nicômaco. John
Morrall afiança-nos: como Platão na República, Aristóteles vê uma analogia entre a vida da
polis e a vida da família, e traça semelhanças entre os modos pelos quais se podem governar
famílias e estados (1981, p.45 apud CORRÊA, 2011).

A concepção de justiça para os gregos estabelece uma relação direta entre ética e política tanto
para Platão quanto para Aristóteles, pois a justiça (dikaiosýne) é também virtude (areté). A
justiça é tanto a ordem da comunidade dos cidadãos quanto virtude individual que consiste no
discernimento do que é justo ou injusto.

Para o filósofo grego Aristóteles, se a ética é condição de autorrealização do indivíduo ou, mais
precisamente uma vida virtuosa com base na razão, se pode dizer o mesmo da política que é a
condição de autorrealização da polis e uma e outra não estão separadas, assim como não estão
separados o indivíduo e o cidadão. “Para Aristóteles, a ética atinge sua plenitude no mundo da
política. É através da ética que o indivíduo se torna bom cidadão. Portanto, a relação entre e
política desde a Grécia clássica é tratada sob uma mesma perspectiva” (GUIMARÃES, 2013).
Para Aristóteles há “uma vinculação indissolúvel entre ética e política. Compreende o filósofo
que a moral se efetiva na vida política, desta forma, somente na polis é possível ao homem se
realizar desenvolvendo as virtudes éticas” (GUIMARÃES, 2013).

Segundo MacIntyre (2001), o projeto individualista do liberalismo moderno seria


profundamente estranho aos pensadores gregos que tinham por certo a premissa de que a
liberdade situa-se sobretudo na esfera política (ARENDT, 1981) e por isso Aristóteles irá
afirmar que aquele que for incapaz ou não sente a necessidade de se associar em comunidade
ou é uma besta ou um deus (ARISTÓTELES, 1998). Somente na polis, na vida em comunidade,
a felicidade (eudaimonia) pode ser alcançada, e o bem, fim último da existência humana, pode
se realizar (HIRSCHBERGER, 1969). Não existe agir ético ou virtuoso fora da polis.

E, assim, da mesma forma que, na Política escreveu Aristóteles: A finalidade e o objetivo da


cidade é a vida boa, e tais instituições propiciam esse fim (Pol.,1280 b 40); também o filósofo
não deixou de consignar que é preciso concluir que a comunidade política existe graças às boas
ações, e não à simples vida em comum (Pol., 1281a1) (apud CORRÊA, 2011).

Outro filósofo antigo no qual encontramos uma estreita relação entre a ética e a política é o
romano Marco Túlio Cícero, que viveu entre 106-43 a.C. e foi uma proeminente figura da
política e do direito romano. Cícero foi um ardoroso defensor da República Romana em torno
da qual entende que essa República deve ser aquela fundamentada nos valores tradicionais
romanos, na reta razão e em valores morais que devem ser seguidos com determinação,
autocontrole e dever. O cidadão cumpridor de seus deveres é aquele que aplica tais princípios
na República. Por isso o dever tem uma importância fundamental para o filósofo que dedicou
um livro ao tema: Dos Deveres. Nesta obra Cícero “formula os valores políticos e éticos da
sociedade romana, a partir de seu ponto de vista de homem de Estado” (CONEGLIAN, 2012).

Os deveres para com a vida pública inclui valores como a honestidade, a sabedoria, a justiça, a
firmeza e a moderação. Por outro lado o cidadão virtuoso deve se afastar do luxo, das riquezas,
da ganância, da inveja. Merece destaque a virtude da justiça, sumamente importante para a vida
em comunidade pois é ela que determina o comportamento social. A obrigação de ser justo tem
implicações civis e sociais pois ser justo leva à justiça na organização da república.

Portanto, os gregos não possuíam essa visão que separa a ética da política como sendo a
primeira da esfera individual e a segunda exterior ao indivíduo e ambas tratadas separadamente:
“[...] na polis grega, o cidadão, em si, é reconhecido como tal apenas a partir de sua inserção na
comunidade política” (CORRÊA, 2011, p. 83). Ademais, apenas na polis a felicidade
(eudaimonia) é passível de ser alcançada e na relação entre a vida individual e a vida em
comunidade uma é condição de realização plena da outra e vice-versa.

Para Alasdair Macintyre (2001) foi o liberalismo moderno que rompeu os laços com a polis,
com a comunidade política, e enfatizou a dimensão humana do individualismo. Mas antes
mesmo do liberalismo moderno uma ruptura ainda maior entre a ética e a política foi promovida
por um dos maiores pensadores italianos do período renascentista e início da modernidade:
aquele que é considerado, precisamente, o pai da ciência política, a saber, Nicolau Maquiavel.

Até o início do século XVI, política e moral não constituíam campos separados; ao contrário,
eram tratadas de forma indistinta, sendo as avaliações dos fatos políticos afetadas por
julgamentos de valor. Algumas obras revelavam a redução total da política à moral, tal como
se pode observar em A educação do príncipe cristão, de Erasmo de Rotterdam, livro publicado
em 1515, no qual Erasmo traça o perfil do bom príncipe, enfatizando a relevância da
magnanimidade, da temperança e da honestidade, enfim, de atributos definidores da retidão
moral do soberano. Maquiavel rompe com essa forma de subordinação da política aos ditames
da moral convencional e afirma que a política tem uma lógica própria e razões nem sempre
compatíveis com princípios consagrados pela tradição (DINIZ, 1999).

Ao rejeitar os sistemas utópicos da filosofia grega e procurar a verdade efetiva dos fatos
(MAQUIAVEL, 1999, cap. XV), Maquiavel promove uma certa ruptura entre o campo do dever
ser (determinado pela ética) e a realidade dos fatos que é objeto de estudo da política. A
principal preocupação de Maquiavel é o Estado: não o Estado ideal imaginado na República de
Platão ou nas utopias dos filósofos renascentistas como Thomas Morus e Tommaso
Campanella, mas o Estado real, concreto, seguindo a trilha inaugurada pelos historiadores
antigos como Tácito, Políbio, Tucídides e Tito Lívio.

Ao desvincular o Estado ideal do Estado real Maquiavel defende a autonomia da política em


relação à religião e à moral cristã e promove uma ruptura entre aquilo que é e o que deveria ser
(SADEK, 1995, p. 17-18). “Maquiavel reivindica a irredutibilidade e a autonomia da política,
a política como um campo específico do saber, a exigir um enfoque também específico, distinto
da moral, da ética e da religião” (DINIZ, 1999, p. 60). A análise política deve se ater à realidade
concreta dos fatos, pautar-se pelos aspectos objetivos e reais que existem na sociedade devendo
se desprender de considerações de caráter moral e religioso sobre como a sociedade deveria ser
e de critérios valorativos expressos em um plano ideal. O argumento de Maquiavel consiste
“[...] em admitir que a ótica do indivíduo e a ótica do Estado são distintas e que nem sempre o
que é bom para o indivíduo é igualmente adequado para o Estado. Trata-se de dois sistemas de
juízos não necessariamente coincidentes” (DINIZ, 1999, p. 61).

Cumpre notar, todavia, que Maquiavel não advoga a rejeição de princípios éticos. Apenas irá
defender a autonomia da política em relação a ética e que, se necessário, um Príncipe deve
aprender a saber usar de artifícios estratégicos que conflitam com a moral cristã, por exemplo,
se quiser se manter no poder. A ética maquiaveliana tem características distintas da tradição
cristã, de alguma forma determina a conduta do príncipe, mas não é condição necessária da
organização política já que, dependendo da situação, um Príncipe deve saber agir pelas leis ou
pela força, devendo empregar adequadamente o homem e o animal (MAQUIAVEL, 1999).
“Podemos lembrar ainda o conselho que dá aos príncipes, no cap. XVIII, ressaltando que devem
reunir ao mesmo tempo as qualidades do leão e da raposa, isto é, a força e a astúcia, se quiserem
ter sucesso na condução dos negócios do Estado” (DINIZ, 1999, p. 60).

A questão da relação entre ética e política para melhor ser compreendida na obra de Maquiavel
precisa levar em consideração O Príncipe e os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio,
isto porque a visão de um Maquiavel frio e analista, “preceptor de tiranos”, que separou a práxis
política de qualquer moralidade se baseia principalmente na primeira obra, enquanto na segunda
temos um defensor de valores republicanos que parece afastar Maquiavel da imagem
“maquiavélica”.

Não se trata tanto de uma separação entre ética e política, mas de considerar a autonomia da
política em relação à ética e de que a política é portadora de sua própria moralidade que pode
não coincidir com os valores da tradição.

A questão, apontada por Guimarães (2013), por exemplo, tem a ver com a impossibilidade de
compatibilizar a ética religiosa (sobretudo a cristã) ou princípios morais universais, com a
política: “Princípios morais universais e avaliações éticas a priori não podem determinar o agir
político” (GUIMARÃES, 2013). E ainda: “O governante que se nega a tomar decisões que
contraria aquela moral privada [do cristianismo] acaba por comprometer todo um bem que
precisava atingir” (id., ibidem, p. 150).

Maquiavel desloca a atenção do agente moral direcionando para o resultado de suas ações e a
medida correta para o julgamento da ação política é a busca pelo resultado (é nesse sentido que
podemos dizer, embora esta frase não se encontre literalmente na obra de Maquiavel, que os
fins justificam os meios): “nenhum homem sábio censurará o emprego de algum procedimento
extraordinário para fundar um reino ou organizar uma república” (MAQUIAVEL, Discorsi, I,
09 apud GUIMARÃES, 2013). Ou ainda: “Cuide pois o príncipe de vencer e manter o estado:
os meios serão sempre julgados honrados e louvados por todos
No mundo da política, a obediência a valores éticos universais ou à moral cristã, por exemplo,
pode ser fator de impedimento para a realização de determinados objetivos, por isso, conclui
Guimarães (2013,): “para Maquiavel, a política tem seus próprios caminhos éticos. Na política
podem ser permitidos atos que não seriam aceitos em nenhuma outra relação entre os homens,
dependendo da finalidade da ação e das circunstâncias para realizá-la (Grant, Michael, 1987).

4.1.4. A situação da atualidade da Ética e Política

Embora nem sempre haja convergência entre as práticas políticas e os princípios morais, é fato
hoje que a sociedade em geral está cansada de tantas notícias envolvendo escândalos de
corrupção e posturas não condizentes com nossos representantes políticos (tanto na esfera do
poder executivo quanto do legislativo) e clama por uma sociedade mais justa, no mesmo sentido
em que desde a antiguidade Platão e Aristóteles já destacavam o importante papel que a justiça
deve desempenhar para a vida em sociedade. Em um de seus pronunciamentos como candidato
à presidência da República, Rui Barbosa afirmou: “Toda a política se há de inspirar na moral.
Toda a política há de emanar da Moral. Toda a política deve ter a Moral por norte, bússola e
rota” (apud NOGUEIRA, 1993). Além disso, “a intensa crise política no país impõe que faça
algumas reflexões sobre o problema da ética na política” (CHERCHI, 2009).

Para alguns há uma incompatibilidade inelutável entre ética e política e ambas devem ser
consideradas em domínios opostos. Para outros há uma forte expectativa, particularmente nos
regimes democráticos, de que os governantes se conduzam de acordo com critérios de
probidade e justiça na administração dos negócios públicos” (DINIZ, 1999). De qualquer forma
é preciso considerar que o âmbito da esfera política não pode ser reduzido ao universo da ética
e da moral, pois como afirma Frota (2012):

 Os valores políticos transcendem os valores éticos e o universo da política não pode ser
confundido com o da ética.
 Tanto a ética quanto a política são temas de uma longa tradição do pensamento
filosófico e continuam a permear nossa realidade contemporânea por uma razão muito
simples: não há como pensar a vida em sociedade sem valores morais e sem organização
política.
A questão é: as duas questões estão relacionadas ou devem ser tratadas de forma independente?
Como vimos, ao longo da história, nem sempre os filósofos tiveram a mesma opinião sobre o
assunto e ainda hoje esse tema é motivo de conflitos de ideias. Afinal, ética e política podem
convergir entre si? “Podem ser ambos referidos a um mesmo termo de comparação, ou
pertencem a universos incomensuráveis porque muito distantes? Pode-se responder de um e
outro modo e articular a resposta de muitos modos diferentes” (BOVERO, 1992). Para Cherchi
(2009, p. 15), “a ética na política, diz respeito à conduta de cidadãos investidos em funções
públicas, que como agentes públicos são responsáveis por manter uma conduta ética compatível
com o exercício do cargo público para os quais foram eleitos”.

Por fim vale ressaltar que a sociedade contemporânea parece, de fato, cansada de ouvir falar de
tantos escândalos na política e a apatia e até mesmo repulsa de muitos cidadãos pela política
são a consequência direta da forma como a política é conduzida pelos nossos governantes. Mas
nem todos os cidadãos ficam passivos diante dos problemas que envolvem a classe política. As
mais recentes manifestações da população brasileira como as do ano corrente ou as de 2014 ou
2013 atestam isso. A sociedade está cada vez mais disposta a se mobilizar pela “moralidade
pública”. Escândalos de corrupção envolvendo as mais importantes empreiteiras do país na
famosa operação Lava-Jato, os esquemas de corrupção conhecido como Mensalão, e até mesmo
décadas atrás, no conhecido “movimento pela ética na política” de 1992 que culminou com o
impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo demonstram o quanto a população está
disposta a tomar as ruas se for preciso para acabar com a corrupção que assola o nosso país.
Sabemos que muito há ainda por ser feito e que a corrupção, talvez, dificilmente tenha fim, já
que são muitas as formas de manipulação, utilização e desvios de verba pública para beneficiar
interesses particulares e partidários. Contudo, há nos corações e mentes de homens e mulheres
sempre uma fagulha de esperança de que é possível viver numa sociedade mais justa e menos
desigual. E é este sentimento que nos anima e nos move rumo a um futuro melhor.

4.1.5. Relação entre política e ética

A relação entre política e ética é muito importante, pois a ética é a base moral que deve orientar
as ações dos governantes e das instituições políticas em uma sociedade. A política está
relacionada com as atitudes, ações e decisões que visam construir, administrar e governar uma
sociedade. Essas ações e decisões muitas vezes envolvem conflitos de interesse e disputas pelo
poder, o que pode levar a violações éticas.
Por isso, é importante que a política esteja fundamentada na ética, ou seja, em um conjunto de
valores e princípios que orientem as ações dos governantes e que garantam a justiça, a equidade,
a transparência e a democracia. A ética é a base para a construção de uma sociedade mais justa
e igualitária, em que os direitos humanos são respeitados e os interesses coletivos são
considerados.

Em resumo, a ética é essencial para a boa prática política, pois é a partir dela que a tomada de
decisões pode ser apropriada para a construção de uma sociedade justa e democrática. A ética
deve ser levada em consideração em todas as ações políticas, desde a formulação de políticas
públicas até a administração do Estado e a conduta dos governantes.

Para Aristóteles, a relação entre política e ética é muito próxima e interligada. Ele acreditava
que a ética e a política compartilham a mesma finalidade, que é a felicidade dos indivíduos.

Aristóteles entendia que a política, como disciplina, tem como finalidade promover a felicidade
da comunidade como um todo, enquanto a ética se concentra na felicidade individual. Ele
acreditava que a ética individual é a base para a ética política, ou seja, para alcançar um governo
justo e eficaz, é necessário que os dirigentes estejam comprometidos com princípios éticos,
como a honestidade, a justiça e a equidade.

Além disso, Aristóteles afirmava que a ética é necessária na política para garantir a virtude dos
governantes. Na sua visão, os governantes devem possuir virtudes morais e intelectuais para
serem capazes de governar com sabedoria e justiça. Ele defendia que os governantes deveriam
ser virtuosos e éticos, para assim promover um governo que visasse o bem comum.

Em resumo, para Aristóteles, a ética e a política estão estreitamente ligadas. A ética, entendida
como virtude individual, é a base para a ética política, que visa promover a felicidade da
comunidade como um todo. Além disso, ele defendia que os governantes deveriam ser virtuosos
e éticos para conseguir governar de forma justa e eficaz.

4.1.6. Importância da política e ética

A política e a ética são extremamente importantes, pois estão relacionadas à organização,


governança e conduta de uma sociedade. A política tem como objetivo institucionalizar a
tomada de decisões coletivas e a gestão dos recursos públicos, enquanto a ética orienta as
escolhas e ações individuais e coletivas para que sejam harmônicas e contribuam para o
desenvolvimento humano e social.

A política e a ética são fundamentais para a construção de uma sociedade justa, livre e
igualitária. A política propõe soluções para problemas coletivos por meio de programas,
projetos e ações público-estatais e não governamentais, enquanto a ética orienta e embasa as
escolhas e ações pessoais e coletivas orientadas pelos valores universalmente reconhecidos de
respeito, igualdade, justiça e liberdade.

A política e a ética também são essenciais para a construção de uma cultura democrática. A
democracia é baseada na participação ativa dos cidadãos na tomada de decisões e nas
deliberações políticas, o que é potencializado a partir do conhecimento e da ética.

A ética e a política, portanto, são fundamentais na transformação do mundo, na promoção de


justiça, equidade, igualdade e liberdade. A partir da concretização constante e constante
consolidação dessas áreas, é possível construir uma sociedade mais justa e igualitária,
garantindo o acesso aos direitos e a uma vida digna para todos.
5. CONCLUSÃO

No final deste trabalho com este trabalho da a compreender que a ética e a política são
fundamentais para a vida em sociedade. Ele acreditava que a ética é a base para a busca da
felicidade e da virtude individual, enquanto a política é responsável por estabelecer as
condições para uma vida boa em comunidade. Sua teoria ética tem como objetivo principal a
formação de pessoas virtuosas, capazes de agir corretamente em todas as situações, levando
em consideração suas responsabilidades com relação à sociedade. Já sua teoria política defende
a organização social por meio de um governo misto, que busca equilibrar o poder entre os
diferentes setores da sociedade, além de defende a importância da educação para a cidadania.
Diante disso, podemos concluir que Aristóteles foi fundamental para a compreensão da relação
entre ética e política, mostrando que essas duas áreas do conhecimento estão interligadas e que
a busca pela felicidade individual e coletiva é um dos principais objetivos da vida em
sociedade.

A política, como arte, ciência, ideologia ou como filosofia da administração do Estado surgiu
na antiga Grécia, numa altura em que as cidades estavam organizadas como estados
independentes (cidades - estado). Nestas todos os cidadãos livres eram iguais e tinham a estrita
obrigação de participarem na organização e governo da sua cidade (Democracia). Os sofistas
(professores estrangeiros) desenvolverem uma concepção instrumental da política: o objectivo
de qualquer cidadão é atingir o poder, para poder obter todos os benefícios que o mesmo lhe
pode dar (prazer, riquezas, etc).

Nesta concepção todos os meios são legítimos para um cidadão alcançar e manter o poder.
Sócrates protagoniza a luta contra a concepção política dos sofistas. A política só pode ter uma
única finalidade: melhorar os cidadãos, nomeadamente em termos éticos. Se isto não acontecer,
o estado está condenado a desagregar-se. Ética e política estão indissoluvelmente ligadas.
Aristóteles concebe a política não como algo ideal, mas como o possível num dado lugar
(topos), contexto, tradição, etc. Prefere a democracia, mas tem duvidas se a mesma pode ser
aplicada em qualquer lugar. A finalidade mais elevada de política é a procura de um bem
comum - a felicidade. O princípio de governação é a justa medida, ou seja, o meio-termo (2013).
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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