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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇABIQUE


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE HISTÓRIA

Momade Omar, Código: 708212307

3º Ano, Turma E

A Relação entre a Filosofia e a Política

Setembro de 2022
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇABIQUE


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE HISTÓRIA

Momade Omar, Código: 708212307

2º Ano, Turma E

A Relação entre a Filosofia e a Política

Trabalho de campo da disciplina de Introdução à


Filosofia de carácter avaliativo, submetido ao
Instituto de Educação à Distância, Universidade
Católica de Moçambique, como requisito parcial
para obtenção de grau de Licenciatura em Ensino
de História.

Docente: Sónia Tomo

Setembro de 2022
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Índice
Introdução...................................................................................................................................3

1. A Relação entre a Filosofia e a Política..................................................................................4

1.1. A Ética Política....................................................................................................................5

1.1.1. Conceitualização da Ética e a Política..............................................................................5

1.1.2. Estado................................................................................................................................6

1.1.2.1. Elementos do Estado......................................................................................................6

1.1.2.2. Governo..........................................................................................................................6

1.2. História e objectivos dos direitos humanos.........................................................................7

1.2.1. Ideias do senso comum sobre os Direitos Humanos.........................................................7

1.2.2. Objectivo dos Direitos Humanos Fundamentais...............................................................8

1.3. Estado dos direitos humanos e suas funções........................................................................9

1.4. Conceito do estado democrático........................................................................................11

1.4.1. Estado de Direito.............................................................................................................12

1.4.2. Estado Democrático de Direito.......................................................................................13

1.5. Filosofia política na história...............................................................................................13

Conclusão..................................................................................................................................15

Referência Bibliográfica...........................................................................................................16
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Introdução
Observa-se que a palavra ética e a política passaram a fazer parte do vocabulário do homem
comum e está sempre na mídia, demonstrando a vigência de uma preocupação urgente e
universal, embora a ética esteja na mais na que moda que a política, e todo mundo fale dela,
ninguém chega realmente a acreditar que ela seja importante, e mesmo essencial para viver.

Importante salientar que o trabalho tem como tema A relação entre a filosofia e a politica, e
tem como objectivo geral de conhecer o que defere da filosofia da política, e tem como
objectivos específicos de falar da Ética política; da História e objectivos dos direitos
humanos; do Estado dos direitos humanos e suas funções; do Conceito do estado democrático;
da Filosofia política na história.

A perspectiva metodológica deste trabalho assenta-se na pesquisa qualitativa, descritiva e


bibliográfica. No âmbito de trabalho de campo foram aplicadas as técnicas de pesquisa semi-
estruturada, e observação directa. Tratando-se de um tema de interesse geral, teve que se
envolver algumas figuras da área em epígrafe.
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1. A Relação entre a Filosofia e a Política

A filosofia, já que a sua área de investigação não conheces limites, interessa-se também pela
política, a Filosofia Política ocupa se dos problemas relacionados com a origem do Estado, a
sua organização, a sua forma ideal, a sua função e o seu fim especifico, a natureza da acção
politica e as suas relações com a moral, a relação entre o Estado e o individuo, entre o Estado
e a Igreja e entre o Estado e os Partidos Políticos.

O filósofo Político é alguém que analisa criticamente a sociedade (identifica aspectos


positivos e negativos) e aponta soluções filosóficas para os problemas identificados, por esta
razão em algumas sociedades, o filósofo não é bem-vindo pelos governantes, pois é
considerado um perturbador da sociedade (paz dos impérios). Por exemplo: Referimos do
Sócrates, que foi obrigado a beber cicuta (um tipo de veneno), no ano 399 a. C., sob a
acusação de corromper a juventude.

Em relação à política Werner Jaeger diz: “Foi nesta atmosfera de íntima


liberdade, a qual se sente vinculada por conhecimento essencial, e até a
mais alta lei divina, a serviço da totalidade, que se desenvolveu o génio
criador dos gregos até chegar a sua plenitude educadora, tanto acima do
virtuosismo intelectual e artístico da nossa moderna civilização
individualista.” PAIDÉIA, (1987: p17-18)

 A relação entre a filosofia e a politica é total, uma vez que as duas nasceram na mesma época,
e até mesmo por serem contemporâneas diz-se que “a Filosofia é filha da polis”, e há-de
ressaltar que muitos dos primeiros filósofos pré-socráticos foram chefes políticos e legisladores
de suas cidades. Contudo, a filosofia não parou de reflectir acerca do fenómeno político,
elaborando teorias para explicar sua origem, sua finalidade e suas formas.

Através da concepção dos filósofos gregos podemos perceber que eles tratam a política como
um valor e não como um simples fato, considerando a existência política como uma finalidade
superior da vida humana, que entende-se como racional, feliz e justa, própria dos homens livres.

Embora os filósofos considerem a forma mais alta de vida a do sábio contemplativo (filósofo),
eles afirmam que para os não filósofos, a vida superior só existe na cidade justa, e por isso
mesmo, o filósofo deve oferecer os verdadeiros conceitos que auxiliem na criação e
formulação da melhor politica da polis.
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1.1. A Ética Política


1.1.1. Conceitualização da Ética e a Política

Segundo CORTELLA (2009, p. 102):


A ética é o que marca a fronteira da nossa convivência. [...] é aquela
perspectiva para olharmos os nossos princípios e os nossos valores
para existirmos juntos [...] é o conjunto de seus princípios e valores
que orientam a minha conduta.

Quanto a ser um assunto tradicional dos filósofos e pensadores, CHAUÍ (1998, p. 25), ele
afirma que a Filosofia existe há vinte e cinco séculos e, neste período, a ética, enquanto um
dos seus principais ramos, esteve sempre presente e continua viva.

A ética, hoje, é compreendida como parte da Filosofia, cuja teoria estuda o comportamento
moral e relaciona a moral como uma prática, entendida por CORTELLA (2007, p. 103) como
o “exercício das condutas”. Além disso, é entendida como um tipo ou qualidade de conduta
que é esperada das pessoas como resultado do uso de regras morais no comportamento social.

A Política é uma ciência relacionada com grupos sociais que integram a Pólis, algo que tem a ver com
a organização, direcção e administração de nações ou Estados. A política tem como finalidade a
vida justa e feliz, ou seja, a vida propriamente humana digna de seres livres, que portanto é
inseparável da ética.

Para os gregos, era inconcebível a ética fora da comunidade política, a polis como koinonia
ou comunidade dos iguais, pois nela a natureza ou essência humana encontrava sua
realização mais alta. Quando se fala em ética, Aristóteles distingue entre teoria e prática, e
nesta, entre fabricação e acção, isto é, diferencia entre poiesis de práxis. Ele reserva à práxis
um lugar mais alto do que a fabricação, definindo-a como a acção voluntária de um agente
racional em vista de um fim considerado bom. A práxis por excelência é a política.

Platão identifica a justiça no indivíduo e a justiça na polis. Já Aristóteles, subordina o bem


do indivíduo ao bem Supremo da pólis. Esse vínculo interno entre política e ética significava
que as qualidades das leis e do poder dependiam das qualidades morais dos cidadãos e vice-
versa, isto é, das qualidades da cidade dependiam as virtudes dos cidadãos. Somente na
cidade boa e justa podem se encontrar bons e justos; e somente homens bons e justos são
capazes de instituir uma cidade boa e justa. (Ibidem)
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1.1.2. Estado
Sahid Maluf, em sua obra teoria geral do Estado, define o termo Estado como sendo uma
organização destinada a manter, pela aplicação do Direito, as condições universais de
ordem social. E o Direito é conjunto das condições existenciais da sociedade, que ao estado
cumpre assegurar. O direito pode ser natural e positivo. Num modo geral Estado é o modo
como o poder está organizado num território e entre uma população.

1.1.2.1. Elementos do Estado


Alguns autores destacam que os elementos constituintes do Estado são três a saber:
População, Território e Governo.

1.1.2.2. Governo
Para REALLE e ANTISERI. (1990: 234),

Governo é o conjunto das funções pelas quais, no estado é assegurado


a ordem jurídica. Este elemento apresenta-se de várias modalidades,
quanto à sua origem, natureza e composição, do qual resultam as
diversas formas de governo.

 Pela sua origem, o Governo pode ser de direito é aquele que foi constituído em
conformidade com a lei fundamental do Estado, sendo, por isso, considerado como
legítimo perante a consciência jurídica da nação;
 Ou Governo de facto é aquele implantado ou mantido por via de fraude ou violência.
 Pela sua natureza das suas relações com os governados, o Governo pode ser legal é
aquele que, seja qual for sua origem, se desenvolve em restrita conformidade com a s
normas vigentes de direito positivo. Subordina-se aos preceitos jurídicos, como
condição de harmonia e equilíbrio sociais;
 Ou Governo despótico é aquele que se conduz pelo arbítrio dos detentores eventuais
do poder, oscilando ao saber dos interesses e caprichos pessoais.
 Quanto à extensão de poder, classifica-se como Governo constitucional é aquele
que se forma e se desenvolve sob a égide de uma constituição, instituindo a divisão do
poder em três órgãos distintos e assegurando, a todos os cidadãos a garantia dos
direitos fundamentais, expressamente declarados;
 Ou Governo absolutista é o que concentra todos poderes num só órgão. O regime
absolutista tem suas raízes nas monarquias de direitos divinos e se explicam pela
máxima do cesarismo romano que dava a vontade do príncipe como fonte da lei.
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1.2. História e objectivos dos direitos humanos


Direitos Humanos são um conjunto de direitos reconhecidos como os mais básicos e
imprescindíveis para a vida humana no planeta. Os Direitos Humanos constituem a
categoria mais básica de direitos que qualquer ser humano, em qualquer parte do mundo, pode
requerer em defesa própria ou de outrem. Não há distinção de classe social, cor, gênero,
nacionalidade, religião, orientação sexual ou de qualquer outro tipo que anule os direitos
fundamentais de uma pessoa.

1.2.1. Ideias do senso comum sobre os Direitos Humanos


O senso comum tende a tratar os Direitos Humanos de maneira equivocada, pois algumas
confusões de categoria são cometidas quando se fala do assunto. Por isso, é preciso
estabelecer que:

 Os Direitos Humanos não são uma invenção. Como direitos pertencentes a qualquer
ser humano, eles existem desde que existe ser humano na face da Terra, o que
aconteceu foi o reconhecimento desses direitos já existentes, por meio de convenções
e documentos oficiais.

 Os Direitos Humanos pertencem à humanidade e aplicam-se a todos os seres


humanos, sem exceção e nem distinção. Portanto, a crença do senso comum de que os
Direitos Humanos servem para proteger certas pessoas, em detrimento de outras, está
absolutamente incorreta.

 Não há uma pessoa, uma instituição ou um órgão que seja os Direitos Humanos.
Existem ONGs, secretarias públicas e pessoas que lutam pela garantia dos Direitos
Humanos em quaisquer situações, portanto, as falas do senso comum que afirmam que
“os Direitos Humanos não vão atrás das vítimas do crime” ou que “os Direitos
Humanos não prestam ajuda à família do policial morto em conflito” são confusões
categoriais. Os Direitos Humanos não podem agir por conta própria, visto que,
enquanto uma ideia, um conceito que não existe fisicamente, podem apenas ser
aplicados em determinadas situações.

Os primeiros indícios de reconhecimento de direitos mais parecidos com os que temos hoje
vêm das revoluções liberais do século XVIII, que, em defesa da igualdade e na luta contra o
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Antigo Regime, estabeleceram modelos de governo e de sistemas políticos seguidos por


grande parte dos países nos séculos XIX e XX.

Podemos pegar como exemplos de documentos que atestaram direitos no passado a Bill of Rights, ou
Declaração dos Direitos dos Cidadãos Americanos, e a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão. A Declaração Universal dos Direitos Humanos  (DUDH) é um documento criado
para estabelecer medidas que garantam direitos básicos para uma vida digna, o objectivo da
Declaração é que os direitos humanos sejam assegurados a todos os cidadãos do mundo.

A primeira, aprovada pelo Parlamento estadunidense em 1791, atesta direitos básicos aos
cidadãos dos Estados Unidos, como o direito à vida, à integridade, à propriedade, ao
tratamento igual e à defesa. A segunda, elaborada durante a Revolução Francesa, dotada de
inspiração iluminista e liberal, visa prevenir a volta do antigo regime e acabar com os
privilégios da nobreza, tornando todos os cidadãos franceses iguais em direitos e
oportunidades.
Apesar de grandes avanços no século XVIII, o século XX viveu horrores irreparáveis. São
exemplos desses horrores as consequências diretas das duas grandes guerras como fome,
morte, destruição e crimes de guerra e os genocídios de civis como os bombardeios de
Hiroshima e Nagasaki e o holocausto contra o povo judeu, em que aproximadamente seis
milhões de pessoas foram mortas.

1.2.2. Objectivo dos Direitos Humanos Fundamentais


 Está a protecção que vai além do amparo individual das pessoas, abrangendo toda a
colectividade. Por esta razão, inclusive, a protecção ao meio ambiente (direitos
humanos de terceira geração).

Após se traçarem o conceito e o objectivo dos Direitos Humanos Fundamentais, é necessário


estabelecer a distinção entre os "Direitos Humanos" e os "Direitos Fundamentais", por serem
duas expressões comumente consideradas como sinónimas, assim sendo, no momento em
que os Direitos Humanos são incorporados pela Constituição de um país, eles ganham o
status de Direitos Fundamentais, haja vista que o constituinte originário é livre para eleger,
em um elenco de direitos humanos, aqueles que serão constitucionalizados por um Estado ou
Nação. Somente a partir de então, eles serão tidos como direitos fundamentais. Logo, os
Direitos Fundamentais têm como antecedente o reconhecimento dos Direitos Humanos.

1.3. Estado dos direitos humanos e suas funções


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Na perspectiva de ALMEDINA (2002, p. 407- 410), Os direitos fundamentais desempenham


diversas funções a saber:
“Função de defesa ou de liberdade; função de prestação social; função
de protecção perante terceiros; função de não discriminação”.

 Função de defesa ou de liberdade


A função de defesa ou de liberdade impõe ao Estado um dever de abstenção, essa abstenção
significa dever de não-interferência ou de não-intromissão, respeitando-se o espaço reservado
à sua autodeterminação; nessa direcção, impõe-se ao Estado a abstenção de prejudicar, ou
seja, o dever de respeitar os atributos que compõem a dignidade da pessoa humana.

Em outras palavras, a função de defesa ou de liberdade dos direitos fundamentais limita o


poder estatal (ele não pode editar leis retroactivas), mas também atribui dever ao Estado
(impõe-se-lhe, por exemplo, o dever de impedir a violação da privacidade).
ALMEDINA (2002: 407) Ensina que:
“A função de defesa ou de liberdade dos direitos fundamentais tem
dupla dimensão: constituem, num plano jurídico-objectivo, normas de
competência negativa para os poderes públicos, proibindo
fundamentalmente as ingerências destes na esfera jurídica individual;
Implica, num plano jurídico-subjectivo, o poder de exercer
positivamente direitos fundamentais (liberdade positiva) e de exigir
omissões dos poderes públicos, de forma a evitar agressões lesivas por
parte dos mesmos (liberdade negativa) ”.

A função de defesa ou de liberdade está relacionada com os direitos fundamentais de primeira


dimensão, observe-se, no entanto, que o direito fundamental de não ser torturado exerce dupla
função; de um lado, a função de defesa ou de liberdade, exigindo abstenção do Estado, que
não pode praticar tortura; de outro, exige a actuação do Estado, visto que este precisa agir
para evitar que a tortura seja praticada.

 Função de prestação social


A função prestacional atribui à pessoa o direito social de obter um benefício do Estado,
impondo-se a este o dever de agir, para satisfazê-lo directamente, ou criar as condições de
satisfação de tais direitos, em regra, está relacionada aos direitos fundamentais à saúde, à
educação, à moradia, ao transporte colectivo etc.

A função de prestação social dos direitos fundamentais tem grande relevância em sociedades,
onde o Estado do bem-estar social tem dificuldades para ser efectivado, essa realidade impõe
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que milhões de pessoas fiquem à margem dos benefícios económicos, sociais e culturais
produzidos pela economia capitalista. E que essa carência não permite a fruição do mínimo
existencial.

 Função de protecção perante terceiros

Os direitos fundamentais das pessoas precisam ser protegidos contra toda sorte de agressões,
na conflituosidade da vida quotidiana, tais direitos podem ser violados a qualquer instante. É
o que ocorre, por exemplo, com os direitos fundamentais à vida, à privacidade, à liberdade de
locomoção e à propriedade intelectual.

Nessa perspectiva, afirma Almedina, (2002, p. 409) que: “Muitos direitos impõem um dever
ao Estado (poderes públicos) no sentido de este proteger perante terceiros os titulares de
direitos fundamentais”. Trata-se, portanto, como o próprio autor constata, de um vínculo que
se estabelece entre indivíduos, em virtude do qual estes se relacionam uns com os outros,
verifica-se, então, a eficácia horizontal dos direitos fundamentais.

O Estado, atendendo à função, desempenhada pelos direitos fundamentais, de prestação


perante terceiros, actua para proteger tais direitos.
ALMEDINA (2002, p. 113) diz que:
“O efeito horizontal tem carácter mediato/indirecto e,
excepcionalmente, carácter imediato/directo. O efeito horizontal
indirecto refere-se principalmente à obrigação do juíz de observar o
papel (efeito, irradiação) dos direitos fundamentais, sob pena de
intervir de forma inconstitucional na área de protecção do direito
fundamental, prolatando uma sentença inconstitucional. O efeito
horizontal imediato refere-se ao vínculo directo das pessoas aos
direitos fundamentais ou de sua imediata aplicabilidade para a solução
de conflitos interindividuais”.

 Função de não discriminação

A função de não discriminação diz respeito a todos os direitos fundamentais, refere-se, por
exemplo, aos direitos civis e políticos e aos direitos económicos, sociais e culturais. Nenhuma
pessoa poderá ser privada de um direito fundamental em razão de discriminação, isto é, está-
se portanto, diante do princípio da igualdade. É o que expressa a dificuldades para ser
efectivado.
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Essa realidade impõe que milhões de pessoas fiquem à margem dos benefícios económicos,
sociais e culturais produzidos pela economia capitalista, essa carência não permite a fruição
do mínimo existencial.

 Função de protecção perante terceiros

Os direitos fundamentais das pessoas precisam ser protegidos contra toda sorte de agressões,
na conflituosidade da vida quotidiana, tais direitos podem ser violados a qualquer instante, é o
que ocorre, por exemplo, com os direitos fundamentais à vida, à privacidade, à liberdade de
locomoção e à propriedade intelectual.

Nessa perspectiva, afirma ALMEDINA (2002, p. 409) que:


“Muitos direitos impõem um dever ao Estado (poderes públicos) no
sentido de este proteger perante terceiros os titulares de direitos
fundamentais, trata-se, portanto, como o próprio autor constata, de um
vínculo que se estabelece entre indivíduos, em virtude do qual estes se
relacionam uns com os outros. Verifica-se, então, a eficácia horizontal
dos direitos fundamentais. O Estado, atendendo à função,
desempenhada pelos direitos fundamentais, de prestação perante
terceiros, actua para proteger tais direitos”.

O efeito horizontal tem carácter mediato/indirecto e, excepcionalmente, carácter


imediato/directo. O efeito horizontal indirecto refere-se principalmente à obrigação do juiz de
observar o papel (efeito, irradiação) dos direitos fundamentais, sob pena de intervir de forma
inconstitucional na área de protecção do direito fundamental, prolatando uma sentença
inconstitucional O efeito horizontal imediato refere-se ao vínculo directo das pessoas aos
direitos fundamentais ou de sua imediata aplicabilidade para a solução de conflitos
interindividuais. (Ibidem)
1.4. Conceito do estado democrático
Segundo REALLE (1990: 251),
“A democracia, para Aristóteles é uma demagogia, pois o principal
erro está no facto de considerar que, como todos são iguais na
liberdade, todos podem e devem ser iguais em todo o resto. As melhores
formas do governo são a monarquia e a aristocracia. Mas como os
homens são o que são, considera a democracia a maior forma de
governo pois é regida pelo segmento médio. O estado tem como
objectivo o bem da alma, por isso tem como finalidade a moral , o seu
ideal supremo é a autodeterminação, ou seja, viver em paz e fazer coisas
bela”.
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Estado Democrático de Direito é um tipo de Estado em que a soberania popular é


fundamental; o Estado Democrático de Direito é aquele em que o poder do Estado é limitado
pelos direitos dos cidadãos e sua finalidade é coibir abusos do aparato estatal para com os
indivíduos. Os direitos fundamentais conferem autonomia e liberdade aos indivíduos nas suas
actividades quotidianas e limitam o poder do Estado sobre elas, outros vectores inibidores do
poder estatal são a separação dos poderes em Executivo, Legislativo, Judiciário e a
democracia política.

Nesse modelo de Estado, a soberania popular é que dá a legitimação para os legisladores


criarem o corpo de leis, a Constituição, que norteará as acções de cidadãos comuns e de
agentes estatais.

O Estado Democrático de Direito caracteriza-se pela soberania popular, por uma Constituição
elaborada em conformidade com a vontade popular, por eleições livres e periódicas, por um
sistema de garantias dos direitos humanos, e pela divisão de poderes independentes,
harmónicos entre si e fiscalizados mutuamente, a saber: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Na filosofia política, a teorização do Estado tem como pilares os contratualistas Hobbes,
Locke e Rousseau, que, por diferentes linhas de pensamento, apontavam que o Estado é
necessário para manter a ordem social e mediar os conflitos entre indivíduos.

1.4.1. Estado de Direito

As revoluções burguesas do século XVIII permitiram a inversão de forças entre direito e


Estado, tornando este submisso àquele. A Revolução Francesa marcou o fim do absolutismo e
a emergência do Estado de Direito, alguns países europeus, como a França, passaram a
adoptar o sistema parlamentarista de governo, nesse modelo, o governante submete-se a uma
legislação criada pelo Parlamento.

Todavia, à época, o direito ao voto era restrito, nem todos os grupos sociais puderam ser
representados entre os parlamentares, portanto, as leis criadas não representavam
necessariamente a vontade popular, mas a vontade dos grupos de pessoas que dispunham do
direito ao voto, em geral, homens, escolarizados e donos de propriedades. O Estado de Direito
liberal preconiza os direitos e liberdades fundamentais do indivíduo, sua característica básica
consiste em que o exercício do poder pelo Estado seja limitado por um ordenamento jurídico.
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1.4.2. Estado Democrático de Direito

No Estado Democrático de Direito, as leis são criadas por


representantes da população e, por conseguinte, da vontade geral. Seu
princípio básico é sintetizado por Abraham Lincoln na máxima:
“governo do povo, pelo povo e para o povo”. REALLE (1990: 251),

Assim, o Estado Democrático de Direito vai além da democracia representativa de escolha


periódica dos governantes, ele requer a participação popular efectiva e constante nas decisões
políticas, de modo a conduzi-las a fim promoverem justiça social. Portanto, os valores de
liberdade política e de igualdade política, nesse regime, devem caminhar juntos.

1.5. Filosofia política na história

A filosofia política é a área de estudo da filosofia preocupada com as diversas questões


políticas que emergem a partir do convívio social e da organização desse convívio em meio
a uma agrupação humana. Diferentemente da ciência política, a filosofia política não usa um
método específico para organizar os seus estudos e pressupostos, pois a sua pretensão pende
muito mais para a problematização do que para a formação de conhecimento científico, no
entanto, a filosofia política é um instrumento para a ciência política.

Ao longo da história, vários pensadores, como Platão, Aristóteles, Maquiavel, os


contratualistas, os iluministas e filósofos contemporâneos, desenvolveram as teorias que
embasaram e movimentaram a filosofia política de acordo com as suas épocas.

De acordo com PORFÍRIO (2022)

“A filosofia é um amplo movimento intelectual que atua nas bases


conceituais do pensamento, sempre estabelecendo as perguntas ditas
radicais: “O que é?”, “Como é?”, “Por quê é?”. Assim, a filosofia foi
descrita pelo filósofo francês contemporâneo Gilles Deleuze como a
arte de criar conceitos. A filosofia busca o entendimento, a
movimentação e a constante criação de novos conceitos, sempre
questionando e problematizando o que advém do senso comum, da
opinião, da tradição e da religião”.

Com a filosofia política não é diferente, pois os filósofos desse campo do pensamento sempre
buscaram estabelecer críticas e fomentar novas ideias que dessem movimento ao campo
intelectual que se atreve a pensar e questionar o campo da organização política.
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O poder e a disputa permeiam o convívio humano. Deles nascem a política. Como em um


jogo de xadrez, é necessário entender as regras no âmbito político.

A filosofia política, ao diferenciar-se da ciência política por não haver uma pretensão
metódica e científica, permitiu aos vários pensadores elaborar diferentes teorias sobre a
organização política, mas sempre questionando e dialogando com o conhecimento anterior e
estabelecendo novos conceitos acerca dos problemas políticos.

Nesse sentido, os filósofos (e também teóricos) da política dedicaram-se a entender questões


relacionadas a elementos políticos, como governo, Estado, as noções de público e privado,
os diferentes tipos e formas de governo, além de noções éticas e econômicas estritamente
relacionadas à política.
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Conclusão
Chegado neste ponto concluímos que a Filosofia política é uma vertente da filosofia cujo
objectivo é estudar as questões a respeito da convivência entre o ser humano e as relações de
poder. Também analisa temas a respeito da natureza do Estado, do governo, da justiça, da
liberdade e do pluralismo. No entanto, o saber deve conduzir o poder, sem o saber como
alicerce, qualquer governo tende a degeneração e corrupção.

Portanto o estado tem como a finalidade de produzir homens com finalidade aristocrática e
com amor aos estudos e às artes, de qualquer modo, a sociedade e o estado existem para
garantir a felicidade e a virtude dos cidadãos. Todo ser humano tem direito à liberdade de
pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou
crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto
em público ou em particular.
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Referência Bibliográfica
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1998.

CORTELLA, M. S. Qual é a tua obra? Inquietações, prepositivas sobre gestão, liderança e


Ética. Petrópolis: Vozes, 2009.

REALLE, Giovanni & ANTISERI, Dário. História da Filosofia, Antiguidade e Idade Media.
Vol.1, 3ª Edição, Paulus, 1990.

UNIVERSIDADE CATOLICA DE MOÇAMBIQUE – Centro de ensino à distância.


Introdução a filosofia.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aconcscienciamoral

ALMEDINA, Mondim. Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976.


Coimbra: 1998, p. 192).
ALMEDINA, Mondim. Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa. Coimbra:
2002, p. 407 - 415).
PORFíRIO, Francisco. "Filosofia política"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/filosofia-politica.htm. Acesso em 14 de setembro de
2022.

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