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(Platão)
A precisa distinção entre os conceitos de ciência e filosofia é tema que ocupou e ocupa
a mente de muitos estudiosos do classicismo grego aos pensadores contemporâneos
não se pode afirmar que exista um consenso sobre as delimitações precisas desses
conceitos.
Imannuel Kant descreve ciência como sendo uma toda série de conhecimentos que
podem ser organizados mediante princípios.
➔ Matemática
➔ Astronomia,
➔ Física,
1
➔ Química,
➔ Biologia
➔ Sociologia.
Tal classificação das ciências, contudo, não é um terreno pacífico, pois, para os
idealistas em alguns ramos da ciência o entrelaçamento do mudo natural com o mundo
da consciência interna pode desmantelar a precisão matemática necessária para a
caracterização de uma ciência como ciência natural.
Todavia, para não alongar mais esse profundo debate filosófico, para o momento resta
concluir, na precisa lição do professor Paulo Bonavides, que tal diferenciação levada
tão distante pelos pensadores do passado recente e mesmo do presente demonstra
claramente a distinção de dois mundos, o da natureza e o da sociedade.
No mundo da natureza há leis naturais, fixas, permanentes, eternas, imutáveis com toda
a inviolabilidade do determinismo físico-mecânico.
A ciência política, por sua vez, figura com protagonismo no que acima se chamou de
mundo da sociedade ou mundo social, uma vez que tal ciência tem seu campo de estudo
na sociedade humana.
Assim, essa ciência sofre com a efemeridade e a enorme variação do significado dos
conceitos que envolvem o objeto de pesquisa do cientista social, a exemplo o termo
"democracia" que assume contornos diferentes em cada país ou época em que se
apresenta.
Além disso, o caráter mutante das relações humanas confere um contorno inédito a
cada fenômeno social estudado.
Desta feita pode-se dizer que a ciência política assume três faces, ou prismas, conforme
lição do professor Paulo Bonavides, a saber:
➔ Prisma Filosófico
➔ Prisma sociológico
➔ Prisma Jurídico
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Na dimensão filosófica busca a ciência política a análise da origem, da essência, da
justificação e finalidade do Estado, bem como dos demais institutos sociais que
gerenciam o fenômeno do poder na sociedade.
Tem, portanto, um ponto de vista sobre a essência do “ser” em torno do controle social
exercido pelo titular do poder político na sociedade, qual seja na sociedade atual o
Estado.
Por fim, no prisma Jurídico, a ciência política tem como objeto de estudo o Direito
Político, ou seja, o conjunto normativo que sistematiza o Estado.
Sob o ponto de vista exclusivamente jurídico, Kelsen esculpe uma Teoria Geral do
Estado fundamentando seu estudo na lei como sendo a fonte dos fenômenos políticos,
assimila o Estado ao Direito, inspirado no formalismo de Kant afirma que o Estado
pertence ao universo do “dever ser”.
Atualmente a ciência política abarca de forma global todas essas faces apresentadas
segundo a teoria do professor Bonavides, sendo que o campo de atuação incluiria uma
análise de forma tridimensional considerando pontos de vista sociológico, filosófico e
jurídico do fenômeno social a ser estudado.
No Brasil a disciplina Teoria Geral do Estado surge por imposição da ditadura visando
romper a resistência das escolas à implementação da constituição de 1937.
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1.2 - TEORIA GERAL DO ESTADO OBJETO E MÉTODO
Pode por assim dizer, como bem afirma o professor Dalari, que a Teoria Geral do Estado
é uma disciplina que sintetiza conhecimentos jurídicos, sociológicos, políticos,
antropológicos, históricos, econômicos e até psicológicos, buscando aperfeiçoar o
estudo, a compreensão e funcionamento do Estado para que este possa atingir as suas
finalidades de forma justa e eficaz.
A disciplina Teoria Geral do Estado, apesar de estar presentes em escritos quase pré
históricos, uma vez que a base de sustentação do conceito de Estado nos remonta aos
clássicos gregos e flexibilizando um pouco certos conceitos a tempos anteriores aos
egípcios, somente no Século XIX com o jurista alemão Georg Jellinek, fundador do
Direito Público alemão, é que a Teoria Geral do Estado se tornou uma disciplina
independente.
Antes, porém trilhou caminhos tortuosos desde os primeiros escritos dos clássicos
gregos, como Platão e Aristóteles, e depois na idade média com os grandes santos
filósofos, como Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino. Já no século XIV, com
escritos de Marsílio de Pádua precursor da moderna ideologia totalitária (Defensor Pacis
- 1324) e depois com o pequeno grande texto histórico de Nicolau Maquiavel “O
Príncipe”, seguido do Leviatã de Thomas Hobbes, Tratado sobre o Governo Civil de
John Locke, O Espírito das Leis de Montesquieu e por fim o Contrato Social de Jean-
Jacques Rousseau.
1
(BODENHEIMER, 1966)
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Com base na precisa descrição do professor Paulo Jorge de Lima, pode-se dizer que a
Teoria Geral do Estado é uma disciplina de caráter teórico e geral, que tem por objeto
de estudo o Estado como fenômeno social e histórico, sob o aspecto econômico-social
bem como no tocante às suas formas jurídicas e, inclusive, levando em consideração
todas suas manifestações político-ideológicas.