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TEORIA GERAL DO ESTADO

Profa. Ma. Denise Albuquerque


POR QUE ESTUDAR A TEORIA
GERAL DO ESTADO?

• Da mesma forma que a Biologia, a Anatomia e tantas outras


matérias congêneres constituem a base dos estudos específicos
no campo das Ciências Médicas, a Teoria Geral do Estado, a
Introdução ao Estudo do Direito, a Sociologia e a Economia visam
propiciar conhecimentos básicos para a compreensão e a própria
justificação de disciplinas mais específicas, como o Direito
Administrativo, o Direito Penal e o Direito Tributário, entre tantas
outras (ACQUAVIVA, 2010, p. 1)
O PROFISSIONAL DE DIREITO DEVE SER MAIS
QUE UM MANIPULADOR DE UM PROCESSO
TÉCNICO, FORMALISTA E LIMITADO A FINS
IMEDIATOS (DALLARI, 2018)

• “O de que mais se precisa no preparo dos juristas de hoje é fazê-los


conhecer bem as instituições e os problemas da sociedade
contemporânea, levando-os a compreender o papel que representam na
atuação daqueles e aprenderem as técnicas requeridas para a solução
destes. Evidentemente – acrescenta Bodenheimer – certas tarefas a
serem cumpridas com relação a esse aprendizado terão de ser deixadas
às disciplinas não jurídicas da carreira acadêmica do estudante de
Direito”. (BODENHEIMER apud DALLARI, 2018, p. 13)
DESSE MODO, SEGUNDO DALLARI
(2018, P. 13):

• A) É necessário o conhecimento das instituições, pois quem vive numa


sociedade sem consciência de como ela está organizada e do papel que nela
representa não é mais do que um autômato, sem inteligência e sem vontade;
• B) É necessário saber de que forma e através de que métodos os problemas
sociais deverão ser conhecidos e as soluções elaboradas, para que não se
incorra no gravíssimo erro de pretender o transplante, puro e simples, de
fórmulas importadas, ou aplicação simplista de ideias consagradas, sem a
necessária adequação às exigências e possibilidades da realidade social;
• C) Esse estudo não se enquadra no âmbito das matérias
estritamente jurídicas, pois trata de muitos aspectos que
irão influir na própria elaboração do direito.
EM SÍNTESE, A TEORIA GERAL DO
ESTADO:

• É uma disciplina de síntese, que sistematiza conhecimentos jurídicos,


filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, antropológicos, econômicos,
psicológicos, valendo-se de tais conhecimentos para buscar o
aperfeiçoamento do Estado, concebendo-o, ao mesmo tempo, como um
fato social e uma ordem, que procura atingir os seus fins com eficácia e com
justiça (Idem, p. 14).
A DISCIPLINA

• A denominação Teoria Geral do Estado, proveniente da expressão alemã


Altgemeine Staatslehre, criada em 1672 pelo holandês Ulric Huber, sempre
recebeu críticas pelo adjetivo geral que contém, pecando por redundância,
uma vez que, não podendo haver ciência do particular, uma teoria é,
inevitavelmente, geral. Daí as vertentes Teoria do Estado (Staatslehre), adotada
por Hermann Heller, e Doutrina do Estado, preferida por Alessandro Groppali.
Todavia, ingleses e norte-americanos denominam essa disciplina Political
Science, e os franceses, Science Politique (ACQUAVIA, 2010, p. 2)
A DISCIPLINA

• Sendo eminentemente teórica, a Teoria Geral do Estado é especulativa, e não


prática, sendo seu objeto não a análise de um Estado concreto, específico, mas o
estudo do Estado em abstrato, como instituição universal, sob os mais
variados pontos de vista, como origem, evolução, organização e ideologias
políticas (Idem).
A DISCIPLINA

• Daí a precisa definição da Teoria Geral do Estado formulada por Paulo Jorge
de Lima apud ACQUAVIVA (2010, p. 2):
• “disciplina de caráter teórico e geral, que tem por objeto o estudo do Estado
como fenômeno social e histórico, não só quanto ao seu conteúdo
econômico-social como no tocante às suas formas jurídicas e, inclusive, às
suas manifestações ideológicas”.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
DISCIPLINA

• ANTIGUIDADE GRECO-ROMANA – encontram-se as obras Platão


(429-347 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.) e Cícero (106-43 a.C.), embora
Aristóteles seja considerado seu fundador, devido ao seu tratado Política (de
polis, cidade), em que analisa as origens do Estado e as formas de governo
existentes em seu tempo. Conta-se que Aristóteles visitou nada menos do
que 150 países, estudando suas instituições e leis, do que resultou a mais
famosa de suas obras.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
DISCIPLINA

• Idade Média – destacam-se Santo Agostinho (354-430), com o tratado A


cidade de Deus, e Santo Tomás de Aquino (1225-1274), cujos escritos
apresentam robusto matiz político, o primeiro buscando conciliar o
platonismo com os dogmas cristãos, a inteligência com a fé; e o segundo
enaltecendo a ortodoxia católica, sendo suas obras principais a Suma teológica
e a Suma contra os gentios. Ambos dissertaram sobre temas referentes às
relações entre o poder social e o poder espiritual.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
DISCIPLINA

• Fins da Idade Média – surge Marsílio de Pádua, reitor da Universidade de


Paris, com a obra Defensor pacis (1324), na qual recomenda a separação e a
mútua independência entre Igreja e Estado.
• Idade Moderna - A evolução histórica da Teoria Geral do Estado recebe
considerável impulso com Nicolau Maquiavel (ou Machiavelli), célebre
escritor político florentino que viveu entre 1469 e 1527, como se constata
em suas obras O príncipe e Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
DISCIPLINA

• Idade Moderna - Após Maquiavel, destacam-se Thomas Hobbes (1588-


1679), com Leviatã e Do cidadão, John Locke (1632-1704), com Tratado sobre o
governo civil, Montesquieu (1689-1755), com O espírito das leis, e Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778), com O contrato social, que buscaram revelar o
fundamento do poder político e da sociedade na própria natureza humana e
na vida social.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
DISCIPLINA

• Século XIX- na Alemanha, com Georg Jellinek (1851-1911), jurista emérito


e fundador do Direito Público alemão, a Teoria Geral do Estado tornou- se
uma disciplina independente.
• No Brasil, até 1940 não se falava em Teoria Geral do Estado, mas em Direito
Público e Constitucional. Nesse ano ocorreu a separação: a Teoria Geral do
Estado passou a ser disciplina autônoma e o Direito Público e Constitucional
a denominar-se apenas Direito Constitucional.
CONCEITO

• A Teoria Geral do Estado corresponde à parte geral do Direito


Constitucional. Não é uma ramificação, mas o próprio tronco deste ramo
eminente do direito público (MALUF, 2018, p. 25)
• A matéria política, sem dúvida, é predominante na Teoria Geral do Estado,
decorrendo deste fato as denominações de ciência política, scienza politica,
Science politique e political science, muitas vezes adotadas entre os povos
latinos e ingleses. Já Aristóteles definia: Política é a Ciência do Estado (Idem).
CONCEITO

• O progresso da cultura humana, que trouxe o desdobramento da Ciência do


Estado em vários ramos autônomos (direito internacional, direito
administrativo, economia política, ciências das finanças, direito do trabalho
etc.) fez com que tal confusão fosse rejeitada (Ibidem).

• Sem embargo do seu conteúdo parcial de natureza política, ou mesmo da


predominância da matéria política, a Teoria Geral do Estado não objetiva a
aplicação do que é estritamente político (Ibidem).
CONCEITO

• É uma ciência cultural, de fundo eminentemente sociológico, com a finalidade


precípua de investigar a específica realidade da vida estatal, nas suas mais
amplas conexões. Aspira compreender o Estado na sua estrutura e funções, o
seu devir histórico e as tendências da sua evolução (Ibidem).
• A Teoria Geral do Estado, na sua exata conceituação, compreende um
conjunto de ciências aplicadas à compreensão do fenômeno estatal,
destacando-se principalmente a Sociologia, a Política e o Direito (Ibidem).
OBJETO

• Quanto ao objeto da Teoria Geral do Estado pode-se dizer, de


maneira ampla, que é o estudo do Estado sob todos os aspectos,
incluindo a origem, a organização, o funcionamento e as finalidades,
compreendendo-se no seu âmbito tudo o que se considere
existindo no Estado e influindo sobre ele.
REFERÊNCIAS

• ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Teoria Geral do Estado,


3ª edição. São Paulo: Manole, 2010.
• DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral
do estado. 28ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
• MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. 32. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.

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