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C.

E BENEDITA JORGE

AUTONOMIA DA POLÍTICA
POLÍTICA NA FILOSOFIA
A Filosofia na política é naturalmente uma vertente da disciplina Filosofia, por isso é
importante estudá-la, pois seu objetivo é analisar de maneira mais profunda as questões
a respeito da convivência entre o ser humano e as relações de poder que regem nossa so-
ciedade. Além disso, estudar a política na filosofia nos leva a conhecer melhor respeito da
natureza do Estado, do governo, da justiça, da liberdade e do pluralismo. A política, na filo-
sofia, deve ser entendida num sentido amplo, que envolve as relações entre os habitantes
de uma comunidade e seus governantes e não apenas como sinônimo de partidos políticos.
Enquanto cidadãos, nós fazemos juízo de valor sobre os fatos que marcam nossa socie-
dade, dentre eles os fatos políticos, com a forma que está sendo realizada a administração
da cidade e dos bens públicos. Um juízo de valor seria um juízo sobre o que está ou não cor-
reto, sob o nosso ponto de vista. Fazemos sempre uma análise sobre como está sendo exer-
cido, seja o cargo de um prefeito ou governador, por exemplo; concordamos ou discordamos
sobre algo que é aprovado tanto na câmara dos deputados como no senado, isso seria um
de juízo de valor, o que constantemente emitimos, ainda que sem perceber muitas vezes.

PRINCIPAIS FILÓSOFOS POLÍTICOS


• Aristóteles descreveu a política como o meio pelo qual a coletividade chega à felici-
dade. Para Aristóteles, a Política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana
e está dividida em: ética (que se preocupa com a felicidade individual dos indivíduos
na pólis) e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva
da pólis).
• Nicolau Maquiavel, autor de “O Príncipe”, inaugurou uma forma distinta de pensar a
política. Ele defendeu a ideia de que um estado para ser forte depende de um gover-
nante que seja eficaz, e para que ele seja bom, ele deve ter boas habilidades políticas.
Este governante deve atuar levando em consideração a conveniência do povo e o con-
texto do momento. Defendeu a centralização do poder político e não propriamente
o absolutismo. As opiniões e recomendações que Maquiavel emitiu aos governantes
sobre a melhor maneira de administrar o governo se destacam como a teoria do Es-
tado moderno.
• Jean Jacques Rousseau defendia que a soberania política vinha do povo. Para ele o
povo é soberano e o governante que fosse eleito estaria exercendo uma função de
agente do povo. Neste sentido, Rousseau se destaca como um dos maiores defenso-
res da democracia, que é uma forma de governo onde o poder político deve estar nas
mãos do povo.

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OBSERVAÇÃO

É de extrema importância que os jovens conheçam e se apro-


fundem nas temáticas acerca da política. Assim ocorre um amadu-
recimento na consciência política dos jovens e no exercício de sua
cidadania. Buscando, a partir daí, não somente os seus direitos,
mas também os deveres dentro da sociedade.

POLÍTICA E ÉTICA
A Ética e a Política, sem dúvida alguma, são parte da tradição clássica da filosofia e,
ainda hoje, estão presentes em nossas relações sociais na contemporaneidade. No entanto,
muitos ainda não sabem decifrar as definições sobre Ética e Política e suas relações, sobre-
tudo a Ética.
Mencionamos assim, porque é do conhecimento de todos os cidadãos que no senso co-
mum faz-se ligação entre política e falcatruas, escândalos e corrupção. Por esse motivo, em
nosso país, muitas pessoas desprezam e desconfiam do sistema político e desacreditam na
ética enquanto presente no cenário.

Fonte: https://cursoenemgratuito.com.br/o-que-e-etica/.

O QUE É ÉTICA?

Sabemos que a palavra ética vem do grego ethos, que está atrelado aos costumes de um
grupo ou sociedade. A ética também é conhecida como doutrina moral dos indivíduos, uma
norma de conduta e comportamento diante dos demais em sociedade. Na concepção de
Aristóteles, por exemplo, a ética é o elemento primordial para que os indivíduos vivam de
forma virtuosa e, em consequência, sejam felizes.

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No período clássico, os gregos não tinham


a divisão, ou separação entre ética e política,
pois ambas eram primordiais para a harmo-
nia na cidade e a felicidade do povo. A pólis
(Cidade ou Estado) é o espaço em que os in-
divíduos viveriam a felicidade, sendo que ela
é consequência de uma vida ética e virtuosa.
Ou seja, a felicidade para os gregos seria uma
consequência de uma vida ética.

A IMPORTÂNCIA
DA ÉTICA NA POLÍTICA
Fonte: https://medium.com/@isismendes0896/%C3%A-
9tica-no-dia-a-dia-das-rela%C3%A7%C3%B5es-pessoais-
Como já vimos acima, nenhum grupo so- -e-profissionais-275293887747.
cial ou comunidade consegue sobreviver sem
haver normas de conduta e princípios que venham a reger o comportamento dos indivídu-
os, logo, dentro da política, também precisamos de ética como parâmetro de ações para
que haja equidade com a coisa pública, para que as prioridades sejam, de fato, prioridade
na administração sob o povo.

Veja abaixo alguns filósofos que trabalharam com a ética como fonte de estudos:

• Aristóteles: A ética aristotélica é também conhecida como “Ética Teleológica”. Esse


nome vem do original grego TELOS, que é finalidade. A finalidade de todo ser humano
para Aristóteles é ser feliz, todas as buscas e anseios dos indivíduos visam uma vida
boa e feliz, e para ele a felicidade é resultante de uma vida virtuosa, isto é, uma vida
com ética.

• Kant: para ele, a ética seria a competência que os indivíduos teriam naturalmente de
diferenciar o certo do errado, por isso, para ele, a ética não está atrelada à experiên-
cia. Assim, há uma lei dentro de cada um de nós que nos dá uma consciência do que
é ético e antiético. Para agir de forma ética devemos seguir a lei subjetiva, e também
sempre agir para sermos exemplos de forma universal, neste sentido, sempre vamos
acabar agindo eticamente. Então, quando faço uma escolha e ajo de determinada
maneira, devo estar convicto de que esta minha atitude deve servir de exemplo para
todas as pessoas, e elas podem agir assim também na mesma situação.

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E AÍ, VAMOS PRATICAR?


01 - (ENEM2012) É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a li-
berdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é inde-
pendência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem;
se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os
outros também teriam tal poder.
MONTESQUIEU. Do Espirito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado).

A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito


a) Ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo.
b) Ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis.
c) À possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis.
d) Ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das con-
sequências.
e) Ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais.
02 - (ENEM2013) Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o
poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo
dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de
executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos.
Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma indepen-
dente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou
grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do espirito das leis. São Paulo Abril Cultural, 1979 (adaptado).

A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa ha-
ver liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja:
a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
b) consagração do poder político pela autoridade religiosa.
c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.
e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito.
03 - (ENEM/2017) Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele
mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem,
ou antes, o sumo bem. Mas não terá o conhecimento grande influência sobre essa vida? Se
assim é esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e
de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de que o seu es-
tudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte
mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciên-

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cias que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e
até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a
economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as demais ciências e,
por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer, a finalidade dessa
ciência deve abranger as duas outras, de modo que essa finalidade será o bem humano.
ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991 (adaptado)

Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que
a) O bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses.
b) O sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade.
c) A política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade.
d) A educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente.
e) A democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.
04 - (ENEM/2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temi-
do que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil
juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas.
Porque dos homens que se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, si-
muladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus,
oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está
longe; mas quando ele chega, revoltam-se.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políti-


cas, Maquiavel define o homem como um ser
a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos natu-
rais.
e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

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