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Política – Palavra de origem grega [πολιτικος, politikós] que vem de polis (cidade). É
a ciência da governação da cidade, do interesse pela cidade, ou em sentido mais lato,
de tudo quanto diz respeito aos cidadãos.
Embora este uso mais atual e corrente diga respeito ao governo dos Estados, a política
também existe noutras instituições (académicas, empresariais, religiosas…).
Podemos considerar que existe em todos os grupos organizados, pois em todos eles há
a necessidade de tomar decisões coletivas e estabelecer relações de poder. Na sua obra
A montanha mágica, o escritor alemão Thomas Mann escreve que “Tudo é político”.
Desde então até hoje, a política esteve sempre presente no mundo. Entretanto o ser
humano, com a sua curiosidade natural, teve vontade de estudá-la e analisá-la. Nasce,
dessa forma, a Ciência Política.
A Ciência Política é uma ciência social e humana que tem por objeto as questões
relativas ao poder político, ao modo como ele é exercido e aos limites ao seu
exercício, as questões relativas ao Estado, a sua natureza, as suas funções e a sua
legitimidade, e ainda os problemas relativos às formas como o exercício do poder
político e a organização do Estado se refletem na vida quotidiana dos cidadãos.
uma consideração sobre esta ciência: ela tem um objeto complexo, volúvel, como
todas as ciências sociais.
Tendo em conta que a política afeta todas as áreas da vida coletiva de uma sociedade,
a Ciência Política relaciona-se com várias outras áreas do saber: História,
Economia, Sociologia, Filosofia, Antropologia, Psicologia, Direito, Estatística,
Cultura… partilhando com algumas delas métodos e técnicas de análise.
Como qualquer ciência, a Ciência Política observa e recolhe dados, que depois estuda
e analisa, visando obter generalizações/sistematizações, isto é, regras abrangentes.
Já vimos que o objeto de estudo da Ciência Política tem fronteiras difusas. Outra
dificuldade inerente a muitas ciências humanas é a inexistência de um “meio
laboratorial” que permita isolar variáveis para as estudar. Outro obstáculo com que
frequentemente o politólogo se depara é a dificuldade em obter certas informações. O
jogo político implica, muitas vezes, segredo. Este pode partir dos atores políticos,
raramente dispostos a “mostrar o jogo”, mas também dos cidadãos, sensíveis na
proteção das suas convicções.
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Perspetiva histórica
A Ciência Política nasce muito ligada à filosofia. Surge nas cidades da Grécia Antiga
– onde também nasceu, recordemos, o termo política – e tem, de início, um caráter
muito normativo, isto é, procura estabelecer o que deve ser a governação ideal de um
Estado perfeito, mais do que observar o fenómeno político tal como se desenrola.
Os nomes mais sonantes da Ciência política neste período são os dos filósofos Platão
(427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.). O primeiro escreveu A República, um
texto sobre a cidade-Estado ideal, justa e perfeita. Aristóteles, no livro A Política,
defendeu que o homem é um “animal político”. Embora mais observador e analista do
que Platão, Aristóteles também não resistiu a tentar definir o que é o bom governo.
Considerava, de resto, que “a política é a continuação da ética”.
Outros autores da Grécia antiga que se pronunciaram de algum modo sobre a política
foram Homero, Hesíodo, Tucídides, Xenofonte e Eurípides.
Mais tarde, durante o Império Romano, Políbio, Lívio e Plutarco escreveram sobre a
República romana e outras formas de organização das nações. Outro nome a reter é o
de Cícero (106-43 a.C.), que se centrou sobretudo nas questões jurídicas e no direito,
que considerava abranger todos os cidadãos. Os pensadores romanos eram muito
influenciados pelos gregos (como toda a sociedade romana, veja-se o caso da adoção
dos deuses gregos pelos romanos), particularmente pelo pensamento estoicista. Os
estoicos defendiam que a “perfeição moral e intelectual” não admitia que um
indivíduo cedesse às emoções e sustentavam que uma pessoa era melhor avaliada pelo
seu comportamento do que pelo seu discurso. Curiosamente, nem alguns dos
membros desta corrente – como Séneca e Marco Aurélio – conseguiram escapar às
contradições entre as aspirações e a vida real.
Na Idade Média, uma das principais mudanças foi o surgimento das religiões
monoteístas (cristã, muçulmana, judaica). Neste período a autoridade volta a estar
muito concentrada e as igrejas são locais de poder e de saber (recordemos que a
maioria das pessoas não sabia ler nem escrever). Santo Agostinho (354-430 d.C.)
escreve A cidade de Deus, que funde as filosofias pré-existentes, no que à política diz
respeito, com a tradição da igreja cristã. Mais do que as leis comuns a todos, para
Agostinho o que unia uma comunidade era uma dimensão mais afetiva, de
propriedade comum (ou comunhão).
Mais tarde, São Tomás de Aquino (1225-1274) irá pegar nas ideias de Cícero e dos
gregos (escreveu uma recensão à Política de Aristóteles, In Libros Politicorum
Aristotelis Expositio), mas submetendo a política – e todas as restantes ciências e artes
– à teologia.
Na mesma altura, e apenas para terem noção de que não era só a Europa que pensava,
a Ciência Política dava os primeiros passos noutras zonas do globo. Na Índia,
Chanakya (350-283 a.C.) escreveu Arthashastra, um tratado politico-económico que
refletia sobre assuntos tão variados como política monetária e fiscal, relações
internacionais, Estado social, estratégias bélicas, etc. Na Pérsia, encontramos reflexão
sobre governação nos poemas épicos de Ferdowsi (940-1020) e até nas Rubaiyat
(odes ao vinho) de Omar Khayyam (1048-1141). No Médio Oriente, nomes como
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Na mesma altura (1848), Karl Marx publica O capital, tentativa de explicar o poder e
a política do ponto de vista das relações económicas e da luta de classes.
É apenas no final do século XIX, nos EUA, que a Ciência Política começa a ser
ensinada nas Universidades. Muito interligada a outras áreas do saber, tardou em
conseguir o seu espaço, nunca livre de contestação. A Europa ganha um interesse
especial por esta área do pensamento após a II Guerra Mundial, possivelmente
angustiada com os dois conflitos globais que tinham tido origem no seu solo.
Teoria política – estudo dos conceitos e ideias políticas (liberdade, poder, igualdade,
democracia, justiça, direitos, leis, etc.), procurando estipular como deve ser a vida
coletiva;
Políticas Públicas – estudo das ações e medidas tomadas pelo Estado numa
determinada área, supostamente em nome do bem coletivo (leis, medidas, atribuição
de fundos); estudo do processo de decisão que tal implica, tendo em conta todos os
intervenientes;
Política Comparada – mais distinta pelo método do que pelo conteúdo, trata-se de
uma abordagem empírica baseada em comparações entre várias realidades políticas,
explicando semelhanças e diferenças.