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FICHA DE RESUMO / CONTEÚDO INDIVIDUAL

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INSTITUIÇÃO: Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Letras e Ciências Sociais – Departamento de Ciência Política e Administração Pública

Curso de Licenciatura em Ciência Política Ano: II Período: Laboral

Disciplina: Teorias de Estado Docente: Dr. Jaime Guiliche (PhD Semestre: I


Candidate)

Número de Estudante: 20230563 Nome do Estudante: SanaShamir Faruk Daud

IDENTIFICAÇÃO DO TEXTO

Título do capítulo ou artigo: TGE: Noção, objeto e Método Editora/Publicadora: Local de edição:

Capítulo do Programa da cadeira: Princípios Gerais do Estado: Editora Saraiva


Conceitos e elementos constitutivos
Subtema da cadeira: Origem Histórica do Estado

Autor(a/as/es) Dalmo de Abreu Dalari Ano Páginas Resumidas

1998

INDICAÇÃO DAS PALAVRAS-CHAVE DO TEXTO (no máximo 5)


Palavras-chave: Estado, ciência política, interdisciplinaridade.

NOTAS SOBRE O AUTOR

Dalmo de Abreu Dallari (Serra Negra, 31 de dezembro de 1931 – São Paulo, 8 de abril de 2022) foi um jurista, advogado
e professor universitário brasileiro, conhecido principalmente por suas obras sobre direito público. Foi professor emérito
da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, pela qual se graduou e da qual foi diretor. Entre suas obras,
destaca-se o livro Elementos de Teoria Geral do Estado.
ASSUNTO
A interdisciplinaridade e o Objeto de estudo da Teoria Geral do Estado.

RESUMO/ARGUMENTO

Ao iniciarmos o estudo da Teoria Geral do Estado (TGE), nos deparamos com a advertência de Ralph Fuchs, enfatizada
por Edgar Bodenheimer: a necessidade de preparar o profissional do Direito para ser mais do que um mero manipulador
de formalidades. A TGE busca formar juristas conscientes, com conhecimento das instituições e dos problemas da
sociedade contemporânea, capazes de aplicar técnicas para a busca de soluções eficazes. Embora seja uma disciplina
relativamente nova, com raízes no final do século XIX, a TGE se baseia em estudos presentes desde a antiguidade
greco-romana. Autores como Platão, Aristóteles e Cícero, mesmo sem o rigor científico moderno, já se preocupavam
com a organização social e a melhor forma de convivência.
Na Idade Média, autores como Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino justificavam a ordem existente a partir de
considerações teológicas. Já no fim da Idade Média, Marsilio de Pádua defendia a separação entre Igreja e Estado.
Maquiavel, no início do século XVI, é considerado o pai da ciência política moderna. Através da observação rigorosa
dos fatos políticos e da busca por generalizações universais, ele lançou as bases para o estudo científico do Estado.
No século XIX, a TGE se desenvolveu como disciplina autônoma, principalmente na Alemanha. A obra de Georg
Jellinek, “Teoria Geral do Estado”, publicada em 1900, foi fundamental para a consolidação da TGE como campo de
estudo independente.
A TGE se caracteriza por ser uma disciplina de síntese, que reúne conhecimentos jurídicos, filosóficos, sociológicos,
políticos, históricos e antropológicos, entre outros, para construir uma visão holística do Estado. Seu objetivo central é
aperfeiçoar o Estado como um fato social e uma ordem, buscando alcançar seus fins com eficiência e justiça.
Ao longo da história, a TGE recebeu diferentes denominações, como Diritto Pubblico Generale (Itália), Théorie
Générale de l'État/Doctrine de l'État (França), Derecho Político (Espanha) e Ciência Política (Portugal e, recentemente,
Brasil). É importante ressaltar que a TGE e o Direito Constitucional, embora intimamente relacionados, são disciplinas
autônomas com objetos próprios. Mantê-las autônomas é mais conveniente do ponto de vista científico e didático.
Embora a Teoria Geral do Estado (TGE) e a Ciência Política sejam disciplinas distintas, ambas são cruciais para a
formação de juristas completos. Desde 1994, o ensino da TGE no Brasil é obrigatório nos cursos jurídicos, mas agora
sob a denominação “Ciência Política (com Teoria do Estado)”. Essa mudança, apesar da obscuridade, não elimina a
obrigatoriedade da TGE, mas a conecta com a Ciência Política.
Na prática, a TGE e a Ciência Política se entrelaçam. A Ciência Política, como o estudo do poder e da organização
social, não pode ignorar o Estado, enquanto a TGE, para compreender o Estado, precisa da análise das relações de poder
e da dinâmica social.
A TGE é fundamental para a formação de juristas por diversas razões:
• Compreensão do Estado: A TGE fornece um conhecimento abrangente sobre o Estado, sua origem, organização,
funcionamento e finalidades; Limitação do Poder Estatal: A TGE fundamenta a limitação jurídica do poder do
Estado, reconhecendo-o como sujeito de direitos e obrigações; Interpretação do Direito: A TGE contribui para a
interpretação do Direito, contextualizando as normas jurídicas dentro da estrutura e dos fins do Estado.
A TGE estuda o Estado em sua totalidade, sob diferentes perspectivas: Filosofia do Estado: Busca a justificativa do
Estado em função dos valores éticos da pessoa humana; Sociologia do Estado: Analisa a gênese do Estado e sua
evolução em seu contexto social; Direito Constitucional: Estuda a organização jurídica do Estado e seus mecanismos
de funcionamento.
Essas perspectivas, embora distintas, se complementam para uma compreensão holística do Estado. Autores como
Miguel Reale e Alexandre Groppali defendem essa visão multifacetada, integrando as dimensões filosófica, sociológica
e jurídica do Estado.
A TGE utiliza diversos métodos de estudo, como indução, dedução e analogia, adaptando-os à perspectiva específica
em análise. A integração dos resultados obtidos por esses métodos é fundamental para construir uma visão completa do
Estado. A TGE se caracteriza por sua interdisciplinaridade, dialogando com diversas áreas do conhecimento como a
Filosofia, a Sociologia, a Ciência Política e o Direito. Essa complexidade exige um estudo abrangente e rigoroso,
essencial para a formação de juristas capazes de enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.
TRANSCRIÇÃO DE CITAÇÕES MAIS RELEVANTES

“Quanto ao objeto da Teoria Geral do Estado pode-se dizer, de maneira ampla, que é o estudo do Estado sob todos os
aspectos, incluindo a origem, a organização, o funcionamento e as finalidades, compreendendo-se no seu âmbito tudo
o que se considere existindo no Estado e influindo sobre ele.” (Dalari, 1998).
CRÍTICA E CONTRIBUIÇÃO

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