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Biblioteca Virtual Consuelo Pondé - Governo da Bahia


TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA (ILHÉUS/BA): PROTAGONISMO E (RE)EXISTÊNCIA

 
HISTÓRIA, ESTADO E POVOS ORIGINÁRIOS3

Partimos do princípio que os Tupinambá de Olivença, assim como os Povos Indígenas brasileiros, vivenciam mais de cinco séculos de
violações de direitos. A principal destas transgressões é em relação ao direito indígena originário e congênito à terra. Esta violação é
um dos traços mais marcantes das relações entre o estado brasileiro (colonial, imperial e republicano, incluindo a ditadura militar e na
atualidade) e as populações originárias.

Na nossa compreensão para tentar legitimar esta transgressão constantemente aqueles que assim atuam buscam apagar e silenciar a
presença indígena na história brasileira. Por isto, por vezes, a escrita oficial e consagrada da história nacional procura congelar a
imagem dos Povos Indígenas nos séculos iniciais do processo de colonização.

É comum assinalar que todos os povos possuem dinâmica cultural e, portanto, não estão congelados em seus processos históricos.
Entretanto, no Brasil, quando tratamos de Povos Originários a impressão que fica é: para ser Índio é necessário ter conservado os
traços socioculturais e genéticos existentes nos primeiros séculos da colonização.

Nessa perspectiva, Maria Regina Celestino de Almeida analisa:


(...) os desafios metodológicos que envolvem a tarefa de repensar as histórias indígenas


numa ótica interdisciplinar, apresentando novas abordagens sobre o processo de
transformações dos grupos étnicos indígenas. Essa análise nos leva a uma postura
diferente do consagrado “dualismo simplista” que classifica e divide os índios como
“aculturados” e “índios puros”4.

Qualquer desvio dos traços idealizadores sobre os Povos Indígenas serve como argumentação para descaracterizar a indianidade de
um determinado grupo originário e, como consequência, negar o direito ancestral à terra. Por isto pensamos que a tentativa de
congelar a presença indígena e sua importância para formação nacional nos primeiros séculos da colonização (XVI – XVII), bem como
não considerar a dinâmica cultural destas populações, é uma forma de negar o direito à terra.

Esquematicamente assinalamos que esta intenção tem marcado as formas pelas quais as transgressões de direitos indígenas
ocorreram e ocorrem historicamente na formação do estado e da sociedade nacional brasileira. Por um lado, uma ação de longo prazo
de assimilar e civilizar as populações indígenas – o que chamamos de tentativa de etnocídio; por outro lado a procura por criminalizar e
eliminar fisicamente as populações originárias – o que denominamos de tentativa de genocídio. Aqui escrevemos tentativas de
etnocídios e genocídios porque ocorreram (re) existências, como é o caso do Povo Tupinambá.

Começo pelas ações de longo prazo de assimilar e civilizar as populações indígenas, “tolerando” algumas de suas reminiscências.
Aliás, de acordo com o Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tolerância pode significar: “tendência a admitir, nos outros,
maneiras de pensar, de agir e de sentir diferentes ou mesmo diametralmente opostas às nossas”. Não obstante, também representa:
“ato ou efeito de tolerar; indulgência, condescendência”5.

Ou seja, a tolerância do estado em relação aos Povos Indígenas não significa, no nosso entender, aceitação da diferença e sim uma
tentativa de transformar os que são obrigados a serem tolerados: assimilando e civilizando conforme padrões estabelecidos. Exemplar
neste sentido, são as tentativas de catequização e evangelização, principiado pelos Aldeamentos Indígenas/Jesuíticos do século XVI e
que ainda permanece através de diferenciadas ações de ordens e organizações religiosas.

Também expressivas foram as ações de assimilação à sociedade nacional promovidas pelo Serviço de Proteção aos Índios – SPI e as
ações do Marechal Cândido Rondon, desde a primeira metade do século XX6. A Fundação Nacional do Índio - FUNAI foi criada em
substituição ao SPI em 05/12/1967. Apesar de encontrarmos práticas diferenciadas, este órgão, criado durante a ditadura militar
brasileira, pelo menos em seu início seguiu muitos dos parâmetros de atuação estabelecidos pelo SPI. Por fim, o Estatuto do Índio
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promulgado pela Lei nº 6.001 de 19 de Dezembro de 1973, em plena ditadura militar-civil, é um outro exemplo na busca pela
integração nacional do Índio.

Outra atuação recorrente do estado brasileiro em relação aos Povos Indígenas é a procura de integração ao chamado
desenvolvimento econômico nacional. Isto ocorre, por vezes, de forma forçada como a implementação da Lei de Terras de 1850.
Outros exemplos nesta direção ocorreram durante o desenvolvimentismo econômico promovido pela ditadura militar e a
implementação de alguns dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC7.

Ao mesmo tempo, em relação as populações originárias que não aceitavam/aceitam a catequização/evangelização, assimilação,
integração e as supostas ações “civilizadoras”, ocorriam/ocorrem as chamadas “guerras justas” e um permanente/secular processo de
criminalização e genocídio. Estas ações aconteciam/acontecem de forma velada ou mesmo autorizadas, inicialmente pela coroa
portuguesa e posteriormente pelos diferentes governos brasileiros durante o império e a república para dizer que eram “justas” as
guerras e ações contra aqueles que de alguma forma resistiam às imposições.

É a partir destas breves considerações historiográficas que pensamos a história e (re) existência do Povo Tupinambá de Olivença e
Serra do Padeiro, localizado entre os munícipios de Ilhéus, Una e Buerarema no Sul da Bahia.

TUPINAMBÁ: EXEMPLO DA RESISTÊNCIA A MAIS DE 500 ANOS

Em nome das “guerras justas” e da criminalização eram cometidos genocídios sistemáticos e prisões em relação aos Povos
Originários. De certa forma isto ainda ocorre e são vários os exemplares históricos destas ações. Porém, iremos nos deter mais
particularmente aos relacionados ao Povo Tupinambá.

Um exemplo destas fortes repressões genocidas foi a que se abateu em relação às populações indígenas que participaram da
chamada “Confederação dos Tamoios”, entre 1554 e 1567. Esta revolta foi comandada pelos Tupinambá, somados à outros grupos
originários, contrários a colonização portuguesa e jesuítica. Após a revolta a repressão foi tão violenta que levou muitos considerarem
os Tupinambás como extintos.
Modelar neste sentido também foi o genocídio que ocorreu em Olivença durante o Massacre do Cururupe (onde hoje fica parte do
Território Tupinambá), quando o governador geral do Brasil, Mem de Sá, narra em “Notícia a el-rei de Portugal, em 31 de março de
1560” as ações violentas que cometeu em nome de “guerras justas”.

Mem de Sá relatou sua crueldade genocida da seguinte forma:

(...) duas horas dei n’aldeia e a destroi e matei todos os que quiseram resistir e a vinda
vim queimando e destroindo todas as aldeias que ficaram atraz e por se o gentio ajuntar
e me vir seguindo ao longo da praia lhe fiz algumas ciladas onde os cerquei e lhes foi
forçado deitarem-se a nado mar costa brava mandei outros índios traz êles e gente solta
que os seguiram perto de duas léguas e lá no mar pelejaram de maneira que nenhum
topenequim ficou vivo, e todos os trouxeram a terra e os pozeram ao longo da praia por
ordem que tomavam os corpos perto de uma légua fiz outras muitas saidas em que
destroi muitas aldeias fortes e pelejei com êles outras vezes em que foram muitos mortos
e feridos e já não ousavam estar senão pelos montes e brenhas onde matavam os cães e
galos e constrangidos da necessidade vieram a pedir misericórdia (...)8.

Outra ação que demonstra um pouco deste processo de tentativa de genocídio e criminalização do Povo Tupinambá ocorreu entre as
décadas de 1920-1940. Neste período foi quando aconteceu uma revolta liderada pelo Índio Caboclo Marcelino, segundo os anciões
Tupinambá:
(...) a “Revolta de Marcelino” ocorreu por causa da construção da ponte sobre o Rio
Cururupe, que ele era contra. Marcelino sabia que a ponte facilitaria mais invasões em
nossas terras e, por isso, ele lutava para evitar o contato entre brancos e os índios de
Olivença. Marcelino foi um grande líder Tupinambá e, por ele, temos muito respeito e
admiração. Mantemos viva a sua memória para fortalecermos os nossos guerreiros de
hoje com o seu espírito de coragem e dignidade. Marcelino está presente em nossa luta,
com muito orgulho!
  (...) ele passou a ser muito perseguido pelos políticos e coronéis de Ilhéus. Os anciões
explicam que Marcelino era um índio bom, que ajudava todos os parentes, sendo
considerado um “Lampião” nas redondezas. Mas como Marcelino era o único índio que
sabia ler e escrever, isso incomodava ainda mais os poderosos da época. Para eles,
Marcelino era um criminoso por organizar o movimento indígena e reivindicar os direitos.
Por causa de sua luta, passou a ser procurado pela polícia que torturava os parentes
para “darem conta de Marcelino”. “Os policiais chegavam arrombando as portas,
queimando as ocas e matando os animais. Arrancavam as unhas, cortavam a língua, as
orelhas... Maltratavam de todo jeito para capturarem Marcelino.” Muitos parentes tiveram
que fugir para as matas para não morrerem. Um dos índios que a polícia pegou foi Duca
Liberato. Pediram para ele contar o paradeiro de Marcelino. Calado ele ficou. Então, a
polícia arrancou suas unhas e orelhas e disse que, da próxima vez, o mataria se
ajudasse Marcelino. (...)
Os soldados armaram uma cilada. Houve tiroteio e um tenente foi atingido na perna. A
polícia, então, recuou. Mas vendo o sofrimento dos parentes que eram torturados por lhe
protegerem, Marcelino acabou se entregando. Passou um tempo preso e depois
conseguiu fugir e se esconder na reserva Caramuru-Paraguassú. Na primeira

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oportunidade, voltou para Olivença. Dizem que a polícia o pegou novamente e aí, deu o
sumiço nele. Até hoje, ninguém sabe o que fizeram com ele9.
Este continuo processo de criminalização e tentativa de genocídio pensamos como prolongamento das “guerras justas” da coroa
portuguesa contra os Índios que não aceitavam as imposições e tentativas de etnocídio. Um processo que, na nossa compreensão,
permanece na atualidade. O que acontece na atualidade com o Povo Tupinambá de Olivença (Ilhéus/Bahia), além de outros Povos
Originários, é uma demonstração da perenidade deste procedimento e da forma violenta como o estado e os mandatários do poder
econômico atuam contra os Povos Originários.

No caso do Povo Tupinambá, após a publicação em 20 de abril de 2009 no Diário Oficial da União do Relatório Demarcatório do
Território Indígena Tupinambá de Olivença (FUNAI, 20/04/2009), aumentou a situação de difamação, perseguição, repressão e morte
de indígenas na região. Vale destacar que até o presente momento (novembro de 2017) a demarcação do Território Indígena
Tupinambá de Olivença ainda não foi oficializada pelo estado brasileiro. Esta situação tem feito com que os Tupinambá realizem o que
chamam de autodemarcação territorial, colocando em risco suas próprias vidas.

Desde 2009, quando do Relatório Demarcatório do Território Indígena Tupinambá, ocorreram prisões, mortes de indígenas na região e
ações de reintegração de posse naquele Território. Em 2014 o Território Tupinambá de Olivença vivenciou a presença de soldados do
exército brasileiro que se somaram aos contingentes da Força de Segurança Nacional e da Policia Federal. Pensamos que somente a
decisão pela demarcação daquele Território Indígena, conforme o Relatório Demarcatório publicado em 20 de abril de 2009, será a
solução para o fim dos conflitos existentes.

PROTAGONISMOS INDÍGENAS E (RE) EXISTÊNCIA NA LONGA NOITE

Por isto preferimos mesmo falar que existe uma história dos Povos Indígenas que se diferencia das narrativas históricas
costumeiramente escritas sobre o Brasil e seu “povo”. Como possibilita analisar John Monteiro (1995), foram e são “múltiplos
processos de interação entre essas sociedades [indígenas] e as populações que surgiram a partir da colonização europeia”.

Ainda conforme Monteiro, uma perspectiva da história do Brasil a partir da história indígena que, caso um dia seja aprofundada pode
fazer com que “páginas inteiras da história do país” sejam “re-escritas”10. Um processo de interatividades, em grande parte,
impositivas, mas que não tornaram as trajetórias dos Povos Indígenas resultantes passivas de injunções.

Os Povos Originários foram/são também protagonistas de suas histórias: conformando, reelaborando e/ou resistindo à mais de cinco
séculos de ditaduras. Mesmo quando, aparentemente, as interações ocorriam/ocorrem somente de forma impositiva
aconteciam/acontecem “metaforizações” que constituíam/constituem reelaborações e formas distintas de resistências.

Uma dinâmica nem sempre clara para muitos que não conseguem alcançar as diferentes linguagens indígenas. Quando acentuamos
isto pensamos nas ponderações conceituais de alguns autores, entre eles Michel de Certeau11, mas acima de tudo na forma como os
Povos Indígenas reelaboram as diferentes formas de dominação e (re) existiram.

Um processo designado de diversas maneiras: etnogênese, etnicização, reetinização e (re) emergência étnica. No entanto, optamos
por compreende-lo como indianização e/ou indianidade por ser de (re)existência indígena. Partirmos do campo conceitual referente à
interculturalidade crítica, à descolonialização e à (re) existência.

Como explica Catherine Walsh, a tentativa é de acompanhar [...] como pelas lutas que os
movimentos indígenas e afrodescendentes estão conseguindo firmar na perspectiva da
construção de sociedades, Estados e humanidade radicalmente diferentes, em confronto
com racismos solapados e estratégias – cada vez mais sofisticadas – que se opõem e
mobilizam contínuos processos de manipulação e cooptação”12.

Uma demonstração neste sentido são alguns Povos, por vezes considerados como instintos (re)existirem e se apresentarem como
tais, lutando pelo ancestral direito à terra. São muitos os exemplos neste sentido como: o Povo Tupinambá, Povo Murá, Povo Guató,
entre outros, cujo desparecimento foi apresentado, por alguns autores, ainda entre os séculos XVI – XVII.

No entanto, os dados censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE também são reveladores desta (re)existência.
Ocorre no presente um intenso contexto de indianização e fortalecimento da indianidade de algumas populações originárias. Conforme
estes números a população indígena no Brasil cresceu de 250 mil pessoas (1993) para 897 mil índios (2010). Um crescimento
vinculado a natividade, mas também ao auto-reconhecimento que chamamos de indianização.

Ainda segundo os dados do IBGE para 2010 existiam no Brasil 305 Povos Indígenas, falando 274 línguas. Pensamos até que estes
números são maiores. Em todo caso revelam como foram diferenciadas a formas de (re)existência das populações indígenas frente ao
autoritarismo do estado brasileiro.

Estes dados também assinalam como ocorreram as (re)existências realizadas de forma clara corporal e espiritual. A forma como o
estado em diferentes épocas tratou e ainda trata aqueles que rejeitam as imposições se de um lado revela as “guerras justas”,
criminalização, perseguições e mortes; por outro lado assinala para as (re)existências física e espiritual dos Povos Originários diante
da opressão secular.
Por isso assinalamos que após estes mais de quinhentos de luta, precisamos unir força para uma mudança estrutural na forma como
ocorre o processo demarcatório no sentido de oferecer agilidade, garantias as demarcações e respeito a consulta
livre/prévia/informada. Um processo respeitando a autodeterminação e alteridade de cada povo, como bem estabelece a Convenção
169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT e a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas13.

Por fim indagamos: isto seria possível no atual sistema econômico, político e social? Ou precisamos de uma outra sociedade a
exemplo da que é construída pelo Movimento Indígena Zapatista em Chiapas.

El misticismo y la fuerza de los pueblos indigenas brasileños, asi como de Abya Yala,
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viene de la naturaleza: “Madre Tierra” – Pachamama y de los Anciões. La lucha por las
tierras tradicionales no es para la obteción de propriedades. Es la lucha por lo sagrado,
por la naturaleza (expresiones de Tupã) e por aquellos que más la preservan: los índios.
Cuando el índio está em la naturaleza él no está solo. Com él están: Tupã, Jacy, Guaracy,
Jurema, Janaina, Uyara, sus ancestrales, parientes muertos y vivos14.

NOTAS

1
Carlos José Ferreira dos Santos - Casé Angatu
Professor na Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC Ilhéus/BA; Doutor pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo – FAU/USP; Mestre em História pela PUC/SP; Historiador pela UNESP; carlos.josee@uol.com.br
2Vanessa Rodrigues dos Santos - Ayra Tupinambá
Professora da Rede Municipal de Ilhéus; Geografa graduada pela UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB-
Vitória da Conquista/BA- bisarte@hotmail.com
3Estamos utilizando o termo Povos Originários como também relativo aos Povos Indígenas e/ou Índios. Ou seja, Povos Originários são
aqueles que habitavam originariamente o atual território brasileiro antes da chegada dos europeus. Vale ainda ressaltar que muitos
recusam os termos indígena e/ou índio que são fruto de uma imposição europeia. Aqui iremos adotar estar termologia com esta
ressalva, ponderando que os mesmos foram ressignificados ao longo da história. Essa denominação é também utilizada por parte do
que se chama movimento indígena como forma de garantir o direito originário à terra, possuindo definição jurídica e constitucional. De
acordo com a Constituição de 1988: “Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens” (BRASIL, República Federativa do Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:
Congresso Nacional, 5 de outubro de 1988).
4
Carlos José F. dos Santos. "História e Culturas Indígenas - Alguns Desafios no Ensino e na Aplicação da Lei 11.645/2008: De Qual
História e Cultura Indígena Estamos Falando?". In: Revista História & Perpectiva do Núcleo de Pesquisa e Estudos em História, Cidade
e Trabalho do Curso de Graduação e Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Uberlândia: UFU,
2015, p. 192.
5Dicionário Houaiss. Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Disponível em http://houaiss.uol.com.br/busca?
palavra=toler%25C3%25A2ncia e Acesso em14/08/2017.
6O Serviço de Proteção aos Índios - SPI foi criado no ano de 1910 pelo presidente Nilo Peçanha através do Decreto. 8.072, criando o
SPILTN – Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais. Futuramente passou a denominar somente
como 6Serviço de Proteção aos Índios – SPI. Segundo as pesquisas que realizamos e orientamos, ponderando sobre a legislação da
criação e regulamentação do SPI o estado procurava ingerir sobre as vivências das populações indígenas, impondo uma outra
ordenação social, cultural e territorial.
7“Criado em 2007 o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) promoveu a retomada do planejamento e execução de grandes
obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país, contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentável”
(Ministério do Planejamento. Sobre o PAC. Disponível em http://www.pac.gov.br/sobre-o-pac e Acesso em 14/08/2017.
8
Mem de Sá. “Notícia a el-rei de Portugal”, em 31 de março de 1560. In: Casé Angatu e Katu Tupinambá. “Mãe Terra Olivença:
Território de Nossa Ancestralidade Sagrada”. In: Coletivo Indígena. Memória da Mãe Terra. Território Indígena de Olivença/Ilhéus:
Thydêwá, Disponível em http://www.thydewa.org/downloads1/, p. 06 – 09 Acesso em em 14/08/2017.
9Casé Angatu e Katu Tupinambá. “Marcelino Vive em Nós”. In: Coletivo Indígena. Memória - Índios na visão dos índios: Memória.
Território Indígena de Olivença/Ilhéus, Disponível em http://www.thydewa.org/downloads1/2012, p. 06 – 09 e Acesso em 14/08/2017.
10John Manuel Monteiro. “O Desafio da História Indígena no Brasil”. In: Aracy Lopes e Silva &Luis Donisete Benzi Grupioni
(Organização). A Temática Indígena na Escola – Novos Subsídios para Professores de 1º. e 2º. Graus. Brasília: UNESCO, 1995, p.
221-228.
11Michel de Certeau. A invenção do cotidiano: 1, Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.
12
Catherine Walsh. “Interculturalidade Crítica e Pedagogia Decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver”. In: Vera Maria Candau. Educação
Intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009.
13
Organização Internacional do Trabalho - OIT. Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT. Disponível em
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Convencao_169_OIT.pdf e Acesso em 07 de junho de 2017. / Organização das
Nações Unidas - ONU. Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Disponível em
http://www.un.org/esa/socdev/unpfii/documents/DRIPS_pt.pdf e Acesso em 13 de setembro de 2017.
14Casé Angatu. “Jornada El mal-estar em la cultura: la soledad”. In: Arnaldo Domínguez Oliveira de (Tradução). Proyecto Etcétera y
Tal...Psiconálisis y Sociedad. General Pico, La Pampa-Argentina, Digitado, 2011.

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