Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/351334960
CITATIONS READS
0 1,106
4 authors:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Uso e Conhecimento de Cactos por moradores do semiárido da Paraíba Brasil View project
All content following this page was uploaded by Ulysses Paulino de Albuquerque on 04 May 2021.
MÉTODOS DE PESQUISA
ETNO
QUALITATIVA PARA
BIO
LO
GIA 1ª edição - 2021
Recife/PE
Primeira edição publicada em 2021 por NUPEEA
www.nupeea.com
Copyright© 2021
Editor-chefe: Diagramação
Ulysses Paulino de Albuquerque Erika Woelke | www.canal6.com.br
NUPEEA
Recife – Pernambuco – Brasil
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO 3
Esta obra atende a essa demanda, trazendo novas contribui-
ções, em especial as que tratam de métodos qualitativos, visando
contribuir com o ensino e a pesquisa no Brasil e em outros países
de língua portuguesa, servindo como referência para pesquisas que
investigam as relações dos seres humanos com a biodiversidade. Ao
longo dos anos a etnobiologia foi se fortalecendo no Brasil e, como
resultado disso, temos a presença cada vez maior como disciplina
acadêmica nos cursos de graduação e pós-graduação de diferen-
tes universidades nas mais distintas regiões brasileiras. Assim, es-
peramos que este pequeno livro siga sendo útil para todas as pes-
soas que se fascinam com as complexas interações entre humanos e
biodiversidade.
179 EDITORES
181 AUTORES
CONSIDERAÇÕES ÉTICAS E LEGAIS
PARA A PESQUISA ETNOBIOLÓGICA
Procedimentos éticos
2. Princípio de autodeterminação
O PICL tem o direito à autodeterminação (ou determinação local para
comunidades tradicionais e locais), e os pesquisadores e organizações
devem reconhecer e respeitar esses direitos em suas relações com esses
povos e comunidades.
3. Princípio da Inalienabilidade
Os direitos dos PICL em relação aos seus territórios tradicionais e
aos recursos naturais dentro deles e aos conhecimentos tradicionais
associados são inalienáveis. Esses direitos são coletivos por natureza,
6. Divulgação integral
Os PICL têm o direito de serem plenamente informados sobre a natureza,
o escopo e o objetivo final da pesquisa proposta (incluindo objetivo,
metodologia, coleta de dados e disseminação e aplicação dos resultados).
Esta informação deve ser dada em formas que são entendidas e úteis
a nível local, considerando as preferências culturais e modos de
transmissão desses povos e comunidades.
9. Princípio do Respeito
Este princípio reconhece a necessidade dos pesquisadores respeitarem a
integridade, moralidade e espiritualidade da cultura, tradições e relações
do PICL com seus mundos.
Procedimentos legais
Sistema Nacional de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos
2. Identificação da pesquisa
Título da pesquisa, objetivos, justificativa e procedimentos devem ser
identificados, sempre escritos de forma clara e objetiva.
3. Métodos de Pesquisa
Como os dados serão coletados? Quem vai fazer as entrevistas? O que será
incluído na entrevista? Como esses dados serão gravados ou registrados?
5. Acompanhamento de pesquisa
Além do pesquisador, quem mais fará a pesquisa? O pesquisador deve
fornecer o nome do seu orientador e das pessoas que ajudarão na coleta
de dados e suas respectivas instituições.
6. Sigilo
O pesquisador precisa explicar como os dados serão armazenados e
garantir o anonimato do entrevistado.
8. Riscos e Benefícios
Riscos da pesquisa são comumente negligenciados na formulação
do TCLE. Mesmo que sua coleta de dados envolva uma entrevista, é
necessário considerar o cansaço e o tédio durante a participação na
pesquisa, bem como constrangimento, desconforto e até mesmo quebra
de confidencialidade. Este último, mesmo que involuntário, deve ser
incluído no TCLE. Reembolso e indenização também devem ser garantidos
no caso de qualquer dano resultante da pesquisa. Quanto aos benefícios,
espera-se que toda a pesquisa científica traga algum benefício para
a sociedade. Podemos então explicar o que esperamos alcançar em
relação a benefícios tangíveis e intangíveis a curto e longo prazo. Além
disso, dependendo do tipo de benefício, como aqueles que resultam
em resultados monetários da pesquisa, você precisará descrever em
detalhes como isso será assegurado ao colaborador.
9. Consentimento / acordo
O TCLE deve conter um campo para registro da aceitação para colaborar com a
pesquisa. Quando o colaborador for menor de idade, analfabeto ou apresentar
alguma deficiência intelectual, o documento deverá solicitar o consentimento
dos pais ou responsável legal. O TCLE não precisa necessariamente ser
obtido por escrito: outras mídias são permitidas (ver CNS 510/16).
1. Projeto de pesquisa.
2. Modelo do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE); veja as
diretrizes no Quadro 3.
3. Autorizações de organismos competentes no caso de coleta da flora e
fauna.
4. Autorização de líderes comunitários (se aplicável).
5. Declaração de autorização da(s) instituição(ões) participante(s):
declaração da(s) instituição(ões) envolvida(s) autorizando a pesquisa
assinada pelo responsável da(s) instituição(ões).
6. Preenchimento do formulário com detalhes da pesquisa na Plataforma
Brasil.
7. Folha de rosto gerada dentro da Plataforma Brasil: ao final do
preenchimento do formulário, será disponibilizada uma folha de rosto,
que deverá ser assinada pelo coordenador da pesquisa e pela pessoa
responsável pela instituição proponente.
Compartilhando resultados
Agradecimentos
Referências
Albuquerque UP, Hanazaki N, Santilli J. 2013. Acess and benefit-sharing in Brazil: towards
the appropriation of the commons. In: Boef WS, Subedi A, Peroni N, Thijssen M,
O’Keeffe MTE. (eds.) Community Biodiversity Management: Promoting resilience and
the conservation of plant genetic resources. New York, Routledge. p. 328-333.
Brasil. 2004. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Manual operacional para
comitês de ética em pesquisa. Brasília: Ministério da Saúde. http://conselho.saude.gov.
br/biblioteca/livros/manual_operacional_miolo.pdf 16 Maio 2018.
CIOMS. 1993. International ethical guidelines for biomedical research involving humans
subjects. Geneva: WHO.
Contreras EJC, Medinaceli A, Diago OLS, Villamar AA. 2015. Código de Ética para la
investigación, la investigación-acción y la colaboración etnocientífica en América
Latina Versión Dos. Etnobiología 13 (1): 3-30.
Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO. 2001. International
Treaty on Plant Genetic Resources for Food and Agriculture. http://www.fao.org/3/a-
i0510e.pdf 16 Maio 2018.
Freita CBD, Hossne WS. 2002. O papel dos comitês de ética em pesquisa na proteção do ser
humano. Revista Bioética 10(2):129-46.
Gross AR. 2013. Diálogo sobre o Protocolo de Nagoia entre Brasil e União Europeia.
Brasília: MMA. 29 p.
Liporacci HSN, Miaranda TM, Hanazaki N, Peroni N. 2015. How are legal matters related
to the access of traditional knowledge being considered in the scope of ethnobotany
publications in Brazil? Acta Botanica Brasilica 29(2): 251-261. doi: 10.1590/0102-
33062014abb0007
Miranda JPR. 2017. Estabelecimento de isenções para pesquisa. In: Moreira ECP, Porro NM,
Da Silva LA (Org) A “nova” Lei n.º 13.123/2015 no velho marco legal da biodiversidade:
Entre Retrocessos e Violações de Direitos Socioambientais. São Paulo: Inst. O direito
por um Planeta Verde: 152-159.
Sardenberg T, Müller SS, Pereira HR, Oliveira De RA, Hossne WS. 1999. Análise dos
aspectos éticos da pesquisa em seres humanos contidos nas instruções aos autores de
139 revistas científicas brasileiras. Revista da Associação Médica Brasileira. Brasil 45(4):
295-302.
Shuster E. 1997. Fifty Years Later: The Significance of the Nuremberg Code. New England
Journal of Medicine 337:1436-1440.
Vandebroek I. 2017. Ethical aspects of working with local communities and their biological
resources. In: McCreath SB, Delgoda R. Pharmacognosy: Fundamentals, Applications
and Strategies. Academic Press: 645-651.
Método pesquisa-ação
Etnografia
Fenomenologia
1- Etapa exploratória
Após definição dos questionamentos do estudo, o primeiro passo da TF é
exploratório, realizando entrevistas piloto com os primeiros informantes
do estudo para coletar os relatos das experiências pessoais sobre o
uso de lenha — a seleção dos participantes é intencional e direcionada
ao contexto e à pergunta investigativa do trabalho — (Charmaz 2006).
As entrevistas podem ser individuais ou em grupo focais. As perguntas
devem ser abertas, do tipo: “fale um pouco sobre como você coleta lenha”,
“a quanto tempo você coleta?”, “quais as maiores dificuldades na coleta?”,
“como você resolve essas dificuldades?”, “quais os locais que têm
maior quantidade de lenha?”. O uso de gravadores de áudio e escrita de
memorandos, notas de campo e relatórios das observações participantes
são fortemente recomendados para enriquecer a análise dos códigos
(Flick 2014).
2- Etapa de codificação
Após transcrição das informações obtidas, a segunda etapa da TF é a
codificação inicial e focada linha-por-linha (ver Seidel and Recker 2009).
As informações passam por um processo de codificação e comparação
de categorias que vai indicando possíveis discursos sobre temas
principais que são semelhantes entre os participantes. Por exemplo,
pode-se identificar os seguintes temas: como o conhecimento sobre
lenha é adquirido da geração anterior, consciência sobre a diminuição da
disponibilidade de lenha, segurança na coleta dentre outros temas (ver o
trabalho de D’Avigdor et al. 2014).
4- Etapa de teorização
Nessa última etapa, o pesquisador chega a uma possível explicação das
relações encontradas entre as categorias. Essa etapa é resultado de um
minucioso processo de coleta e análise do fenômeno e apresenta um
conjunto estruturado das relações sobre o ambiente e permite que os
pesquisadores discutam suas características ou proponha melhorias
para problemas identificados nos dados. Ao fim de nossa pesquisa com os
coletores de lenha, poderíamos concluir, por exemplo, que a habilidade e
o tempo de experiência são os principais fatores que influenciam a pouca
interação entre os coletores.
Estudo de caso
Agradecimentos
Almagor E, Skinner J. 2013 Ancient ethnography: New approaches, 1nd edn. Bloomsbury
Publishing Pic, London, UK, p 296.
Anggerainy SW, Wanda D, Hayati H. 2017. Combining Natural Ingredients and Beliefs:
The Dayak Tribe’s Experience Caring for Sick Children with Traditional Medicine.
Comprehensive Child and Adolescent Nursing 40(1):29–36.
Anthea WA. 2015. Guide to phenomenological resource. Art & science. Research series
29(34):38-43.
Bath C. 2009. When does the action start and finish? Making the case for an ethnographic
action research in educational research. Educational Action Research 17(2):213–224.
Bass AE, Milosevic I. 2016. The Ethnographic Method in CSR Research: The Role and
Importance of Methodological Fit. Business & Society 57(1):1–42.
Baxter P, Jack S. 2008. Qualitative case study methodology: Study design and implementation
for novice researchers. The Qualitative Report 13(4):544-559.
Beal XV. 2011. ¿Cómo hacer investigación cualitativa? Una guía prática para saber qué es
la investigación en general y cómo hacerla, con énfasis en las etapas de la investigación
cualitativa, 1nd edn. ETXETA, Jalisco, MX, p 138.
Berlin EA, Berlin B. 2005. Some Field Methods in Medical Ethnobiology. Field Methods
17(3):235–268.
Charmaz K. 2008. Grounded Theory as an Emergent Method. In: Hesse-Biber SN, Leavy P
(eds) Handbook of Emergent Methods. The Guilford Press, New York, USA, pp. 155–170.
Creswell JW. 2007. Qualitative inquiry and research design: Choosing among five
traditions, 2nd edn. SAGE, Thousand Oaks, CA, p 448.
Creswell JW. 2013. Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods
approaches, 4nd edn. SAGE, Thousand Oaks, CA, p 273.
Flick U. 2014. An introduction to qualitative research, 5nd edn. Sage, Thousand Oaks, CA,
p 616.
Hancock DR, Algozzine B (2006) Doing Case Study Research: A Practical Guide for
Beginning Researchers, 1nd edn. Teachers College Press, New York, USA, p 121
Hannigan GG. 1997. Action Research: Methods That Make Sense. Medical Reference
Services Quarterly 16(1):53–58.
Jones JS. 2010. Origins and ancestors: A brief history of ethnography. In: Jones JS, Watt S
(eds) Ethnography in social science practice. Routledge, London, pp 13–27.
Kenny M, Fourie R. 2014. Tracing the History of Grounded Theory Methodology: From
Formation to Fragmentation. The Qualitative Report 19(52):1–9.
Lingard L, Albert M, Levinson W. 2008. Grounded theory, mixed methods, and action
research. BMJ 337(567):459–461.
Markey K, Tilki M, Taylor G. 2014. Reflecting on the challenges of choosing and using a
grounded theory approach. Nurse Researcher 22(2):16–22.
Oliveira RD, Oliveira MD. 1990. Pesquisa social e ação educativa: conhecer a realidade para
poder transformá-la. In: Brandão CR (org) Pesquisa Participante. Editora Brasiliense,
São Paulo, BRA, pp 17-33.
Paley J. 2014. Heidegger, lived experience and method. Journal of Advanced Nursing
70:1520–1531.
Sandberg J, Tsoukas H. 2011. Grasping the logic of practice: Theorizing through practical
rationality. Academy of Management Review 36(2):338-360.
Seidel S, Recker J. 2009. Using Grounded Theory for Studying Business Process Management
Phenomena. 17th European Conference on Information Systems 1–13.
Silva CC, Medina P, Pinto IM. 2012. The phenomenology and their contributions to
Research in education. InterMeio 18:50-63
Urquhart C, Lehmann H, Myers MD. 2010. Putting the “theory” back into grounded
theory: Guidelines for grounded theory studies in information systems. Information
Systems Journal 20(4):357–381.
Waal K. 2009. Getting going: Organizing Ethnographic Fieldwork. In: Ybema S, Yanow D,
Wels H, Kamsteeg F (eds). Organizational Ethnography: Studying the Complexity of
Everyday Life. SAGE, Los Angeles, USA, pp 23-39.
Wilson V. 2013. Research methods: Action research. Evidence Based Library and
Information Practice 8(4):160–162.
Revisão de protocolos
Considerações finais
Referências
Albuquerque UP, Ramos MA, Lucena RFP, Alencar NL. 2014. Methods and techniques
used to collect ethnobiological data. In: Methods and techniques in Ethnobiology and
Ethnoecology. Human Press, New York, NY. p. 15-37.
Aaker DA, Kumar V, Day GS. 2001. Marketing Research. Inc. New York.
Beatty PC, Willis GB. 2007. Research synthesis: The practice of cognitive interviewing.
Public Opinion Quarterly 71:287-311.
Brink PJ. 1991. Issues of Reability and Validity. In: Morse JM (ed.) Qualitative Nursing
Research: A Contemporary Dialogue. Sage Publications. p. 344.
Canhota C. 2008. Qual a importância do estudo piloto. In: Silva EE (ed.) Investigação Passo
a Passo: Perguntas e Respostas Para Investigação Clínica. Lisboa: APMCG. p. 69-72.
Combessie JC. 2004. O Método Em Sociologia: O Que É, Como Se Faz. Paris: Loyola.
Hurst S, Arulogun OS, Owolabi MO, Akinyemi R, Uvere E, Warth S, Ovbiagele B. 2015.
Pretesting qualitative data collection procedures to facilitate methodological adherence
and team building in Nigeria. International journal of qualitative methods 14: 53-64.
Long T, Johnson M. 2000. Rigour, reliability and validity in qualitative research. Clinical
Effectiveness in Nursing 4: 30-37.
Mackey A, Gass S. 2015. Second Language Research: Methodology and Design. Routledge.
Quetulio-Navarra M, van der Vaart W, Niehof A. 2015. Can Third-party Help Improve Data
Quality in Research Interviews? A Natural Experiment in a Hard-to-study Population.
Field methods 27: 426-440.
Roberts P, Priest H, Traynor M. 2006. Reliability and validity in research. Nursing Standard
20: 41-45.
Salmond SS. 2008. Evaluating the Reliability and Validity of Measurement Instruments.
Orthopaedic Nursing 27: 28-30.
Slattery EL, Voelker CCJ, Nussenbaum B, Rich JT, Paniello RC, Neely JG. 2011. A Practical
Guide to Surveys and Questionnaires. Otolaryngology-Head and Neck Surgery 144:
831-837.
Sousa VEC, Matson J, Dunn Lopez K. 2017. Questionnaire Adapting: Little Changes Mean
a Lot. Western Journal of Nursing Research 39: 1289-1300.
Willis G. 2006. Cognitive Interviewing as a Tool for Improving the Informed Consent
Process. Journal of Empirical Research on Human Research Ethics 1: 9-23.
Zambrana NYP, Bussmann RW, Hart RE, et al. 2018. To list or not to list? the value and
detriment of freelisting in ethnobotanical studies. Nature Plants 4: 201-204.
Transcrição de dados
Estrutura
Processador de texto Microsoft Word 2016
Fonte Times New Roman 12
Margem Esquerda 2cm, direta 5cm
Espaçamento 1,5cm
Numeração Acima e a direita de cada página
Entrevistador Símbolo: PESQ
Entrevistados Símbolo: INFn
Linha-por-linha
Texto Codificação
“Eu crio minhas cabras desde menino. (...) ‘Domesticação de animais’
Não gosto de depender dos outros, (...), ‘Padrões de personalidade’
o problema todo é quando o tempo muda ‘Mudanças climáticas’
muito, as secas são terríveis”.
Comparação caso-a-caso
Atitude em relação ao código
Informante Biografia
“Domesticação de animais’
Triangulação
Agradecimentos
Basit TN. 2003. Manual or electronic? The role of coding in qualitative data analysis. Educ
Res 45:143–54.
Beal XV. 2011. ¿Cómo hacer investigación cualitativa? Una guía prática para saber qué es
la investigación en general y cómo hacerla, con énfasis en las etapas de la investigación
cualitativa. ETXETA, Jalisco, MX.
Chambliss DF, Schutt RK. 2013. Making sense of the social world: methods of investigation.
4a Edition. Thousand Oaks, Sage.
Creswell JW. 2007. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2a Ed.,
Porto Alegre, RS, Artmed.
Galvin R. 2015. How many interviews are enough? Do qualitative interviews in building
energy consumption research produce reliable knowledge? J Build Eng 1:2–12.
Gibbs G. 2008. Analyzing Qualitative Data. The SAGE Qualitative Research Kit London,
UK
Glaser BG, Strauss AL. 1967. The Discovery of Grounded Theory: Strategies for Qualitative
Research. Aldine Transaction
Guest G, Bunce A, Johnson L (2006) How Many Interviews Are Enough? Field methods
18:59–82. http://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1525822X05279903
Hagaman AK, Wutich A. 2017. How Many Interviews Are Enough to Identify Metathemes
in Multisited and Cross-cultural Research? Another Perspective on Guest, Bunce,
Johnson’s. 2006. Landmark Study. Field methods 29:23–41. http://journals.sagepub.
com/doi/10.1177/1525822X16640447
Saldaña J. 2009. The coding manual for qualitative researches. Los Angeles, CA: Sage
Publications Ltd.
A observação participante
O diário de campo
Categorias
Análise de Conteúdo
Considerações finais
Referências
Angrosino M. 2007. Doing Ethnographic and Observational Research. London, Sage
Publications.
Arthur S, Nazroo J. 2003. Designing Fieldwork Strategies and Materials. In: Ritchie J,
Lewis J. (eds.) Qualitative Research Practice: A Guide for Social Science Students and
Researchers. London, Sage Publications. p.109-137.
Bernard HR. 1988. Research Methods in Cultural Anthropology. Newbury Park, Sage
Publications.
Berreman GD. 1962. Behind many masks: ethnography and impression management in a
Himalayan village. New York, Ithaca.
Brigard E. 1995. The History of Ethnographic Film. In: Hockings P. (ed.) Principles of
Visual Anthropology. New York, Mouton de Gruyter. p.13-43.
Fuller RJ. 2007. Guidelines for using video to document plant practices. Ethnobotany
Research and Applications 5:219-231.
Harper D. 2002. Talking about pictures: a case for photo elicitation. Visual studies 17(1):13-
26.
Lewgoy AMB, Arruda MP. 2004. Novas tecnologias na prática profissional do professor
universitário: a experiência do diário digital. Revista Textos e Contextos 2:115-130.
Malinowski B. 1922. Argonauts of the Western Pacific. London, Routledge & Kegan Paul
Ltd.
Malinowski B. 1967. A diary in the strict sense of the term. London, Routledge & Kegan
Paul Ltd.
Minayo MCS, Deslandes SF, Neto OC, Gomes R. 2002. Pesquisa Social: Teoria, Método e
Criatividade. Petrópolis, Editora Vozes.
Minayo MCS. 2000. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo,
Hucitec. Rio de Janeiro, Abrasco.
Pineda MC, Leyva-Moral JM, Moya JLM. 2011. El análisis de los datos cualitativos: Un
proceso complejo. Index de Enfermería 20(1-2):96-100.
Richardson RJ, Peres JAS, Wanderley JCV, Correia LM, Peres MHM. 2012. Pesquisa Social:
Métodos e Técnicas. São Paulo, Atlas.
Ritchie J. 2003. The Applications of Qualitative Methods to Social Research. In: Ritchie J,
Lewis J. (eds.) Qualitative Research Practice: A Guide for Social Science Students and
Researchers. London, Sage publications. p.24-46.
Rychlak JF. 1996. An enquiry into the hermeneutic-dialectic method of inquiry. Journal of
Social Distress and the Homeless 5(3):305-317.
Selltiz W, Wrightsman LS, Cook SW. 1987. Métodos de Pesquisa nas Relações Sociais. São
Paulo, EPU.
Silva TC, Chaves LS, Albuquerque UP. 2016. What is Environmental Perception? In:
Albuquerque UP, Alves RRN. (eds.) Introduction to Ethnobiology. London, Springer.
p.93-97.
Snape D, Spencer L. 2003. The foundations in qualitative research. In: Ritchie J, Lewis
J. (eds.) Qualitative Research Practice: A Guide for Social Science Students and
Researchers. London, Sage Publications. p.2-23.
Soilo AN. 2012. A arte da fotografia na antropologia: o uso de imagens como instrumento
de pesquisa social. Habitus 10(2):72-79.
Spradley JP. 2016. Participant Observation. Reissue edition. Illinois, Waveland Press.
Weber F. 2009. A entrevista, a pesquisa e o íntimo, ou por que censurar seu diário de
campo? Horizontes antropológicos 15(32):157-170.
Whyte WF. 1943. Street Corner Society: The Social Structure of an Italian Slum. Chicago,
University of Chicago Press.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISAS ETNOBIOLÓGICAS 113
menos, foi assim até a década de 60, com o surgimento de periódi-
cos dedicados exclusivamente aos métodos qualitativos, bem como
à defesa da abordagem qualitativa por expoentes dos estudos das
ciências naturais e exatas (Godoy 1995).
Além dos estudos etnográficos, notoriamente reconheci-
dos como qualitativos, tem-se ainda os estudos de caso (histórias
de vida) e as pesquisas documentais (reportagens, filmes, fotos, de-
senhos) que podem ser consideradas apropriadamente como pes-
quisas qualitativas. Assim, na atualidade, a abordagem qualitativa
é amplamente utilizada e reconhecida no meio acadêmico, tendo se
consolidado gradativamente como uma forma lídima de produzir
dados. No que concerne ao tratamento desses dados, há duas formas
clássicas ou usuais – embora não sejam as únicas – de conceber a
análise em pesquisas qualitativas: a análise de conteúdo e a análise
de discurso (Bauer & Gaskell 2015).
A análise de conteúdo (AC) surgiu antes mesmo da própria
consolidação dos estudos qualitativos, sendo, portanto, tradicio-
nalmente, um método quantitativo, ancorado em processos que
norteiam sua aplicação de forma lógica e sequencial. Esse tipo de
método foi utilizado originalmente para analisar matérias jornalís-
ticas veiculadas durante períodos de conflitos armados, apontan-
do variáveis e frequências de citação. Ou seja, era aplicado ao texto
escrito. Na atualidade, alguns autores conferiram uma abordagem
qualitativa à AC, reconhecendo a necessidade de ir além da palavra
escrita e adotando concepções teóricas para fundamentar melhor as
análises (Krippendorff & Bock 2009).
Por sua vez, a análise de discurso (AD), fundamenta-se em
três eixos históricos principais: a linguística, o marxismo e a psi-
canálise, tendo como seu principal expoente Michel Pêcheux,
O método
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISAS ETNOBIOLÓGICAS 115
originado de conteúdos discursivos de indivíduos distintos. Dito em
termos simples, o DSC é a junção de discursos individuais, gerados
por meio de uma pergunta aberta, que expressa eficazmente o pen-
samento de uma coletividade (Lefèvre & Lefèvre 2005b).
Nesse sentido, através dessa proposta do DSC de tabulação
de dados qualitativos oriundos de natureza verbal, torna-se possível
que cada indivíduo entrevistado no estudo possa contribuir para a
construção do pensamento coletivo. Esse procedimento metodoló-
gico está respaldado na perspectiva empírica de que o caráter co-
letivo do pensamento social pode ser mensurado pela quantidade
de escolhas de um determinado grupo de pessoas que pertencem a
uma dada comunidade, por isso pode ser considerado socialmente
compartilhado, embora expresso de maneira individual (Lefèvre &
Lefèvre 2012).
De acordo com Lefèvre & Lefèvre (2005b), o DSC sustenta-se
na hipótese de que os indivíduos, quando em sociedade, comparti-
lham crenças, valores e representações sociais. Conseguintemente,
elaborou-se um processo metodológico capaz de gerenciar uma or-
ganização das expressões verbais geradas pelas pesquisas sociais que
utilizam instrumentos abertos para a coleta de dados.
Esse processo metodológico orienta-se sistematicamente por
meio de elementos específicos para o seu desenvolvimento, denomi-
nados de operadores, sendo eles a Ideia Central, as Ancoragens, as
Expressões Chave e os DSC como produto final Lefèvre & Lefèvre
2005b).
Segundo Lefèvre e Lefèvre (2005b, p. 17) “as expressões-cha-
ve (ECH) são transcrições literais do discurso que revelam a es-
sência dos depoimentos, conduzindo até sua significação, propria-
mente dita, evidenciando a ideia central que permeia determinado
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISAS ETNOBIOLÓGICAS 117
Onde:
DSC = Discurso do Sujeito Coletivo;
ECH = Expressão-Chave;
IC = Ideia Central;
AC = Ancoragem;
n = participante da pesquisa.
Tabela 1. Relação entre ideia central da pergunta X, proporção das respostas de acor-
do com os participantes da pesquisa e DSC para a questão X.
Informantes
Ideias Centrais
N %
A
B
C
...
Total de informantes = *
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO
DSC – Ideia Central A: […]
CSD – Ideia Central B: […]
CSD – Ideia Central C: […]
* Um discurso pode apresentar mais de uma ideia central.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISAS ETNOBIOLÓGICAS 119
variável qualitativa do DSC. Contudo, após a construção do discur-
so-síntese, torna-se possível identificar a variável quantitativa para
cada DSC. Essa variável possui dois atributos, a saber: intensidade e
amplitude (Lefèvre & Lefèvre 2006).
Dessa forma, Lefèvre e Lefèvre (2006) caracterizam intensi-
dade como o número ou percentual de indivíduos que contribuíram
com ECH e IC que esboçaram semelhanças ou se complementaram
em determinado momento para a confecção dos diferentes discur-
sos-síntese. No que diz respeito à amplitude, pode ser compreendi-
da como a medida da presença do DSC considerando o campo ou
universo.
Pode-se dizer, desse modo, que o DSC é apropriadamente
uma técnica qualiquantitativa, pois a pesquisa de resgate de repre-
sentações sociais é de natureza qualitativa no sentido do seu objeto
de investigação, ou seja a busca pelo pensamento coletivo, que não
pode, imediatamente, ser identificado por recursos meramente
quantificáveis (Lefèvre & Lefèvre 2006).
Todavia, após a identificação das ideias centrais, expressões-
-chaves, ancoragens e confecção do DSC, é possível aplicar um tra-
tamento quantitativo. Uma vez que a dimensão quantitativa da opi-
nião se faz a partir de uma integração indissociável com a dimensão
qualitativa, tendo em vista que dizem respeito à quantidade de indi-
víduos ou de respostas que contribuíram para a confecção de cada
discurso-síntese (Lefèvre & Lefèvre 2005a).
Portanto, ao contrário do que alguns pesquisadores apre-
goam, quantidade e qualidade são conceitos complementares e não
mutuamente excludentes. Na técnica do DSC, por exemplo, há uma
fusão inerente entre qualidade e quantidade, conforme defendem os
autores (Lefèvre & Lefèvre 2005b).
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISAS ETNOBIOLÓGICAS 121
estudos que utilizem o DSC para a análise de dados (Lefèvre &
Lefèvre 2014b).
O software é composto por cadastros (possibilitando arqui-
var dados e bancos de dados relativos a entrevistados, pesquisas
e perguntas, entre outros); análises (são quadros e processos que
tornam possível a realização das etapas pertinentes à construção dos
Discursos do Sujeito Coletivo); ferramentas (responsáveis pela ex-
portação e importação de dados, bem como dos resultados de pes-
quisa) e relatórios (realizam a organização e permitem a impressão
dos resultados da pesquisa) (Lefèvre & Lefèvre 2014b).
Todavia, salienta-se, em especial pelo Instituto de Pesquisa do
Discurso do Sujeito Coletivo (IPDSC), que o QualiQuantiSoft pode
ser classificado corretamente como um facilitador e não substituto,
em nenhuma instância, do trabalho que deve ser realizado pelo pes-
quisador. Sendo, de fato, o referido software um auxílio relevante
para o investigador.
Assim, o Qualiquantisoft permite produzir o DSC adotando
procedimentos mais fidedignos, sistemáticos, explícitos e padroni-
zados, construindo, por meio da fala dos indivíduos, a fala do social,
almejada pelo pesquisador. Esse processo, realizado com o uso do
software, representa uma maior eficácia da atividade investigativa,
além da economia de tempo para o pesquisador.
No mais, o uso do Qualiquantisoft torna possível realizar
o trabalho de pesquisa com amostras relativamente numerosas –
quando se considera a realidade de pesquisas qualitativas – além
de cadastros de dados importantes e a aplicação de filtros de acordo
com as diferentes variáveis consideradas.
Destaca-se que, atualmente, está disponível outro software
para pesquisas com o DSC, o DSCsoft, considerado o novo software
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISAS ETNOBIOLÓGICAS 123
pesquisa em diferentes discursos representativos, não excluindo sua
subjetividade, característica de pesquisas qualitativas, ao mesmo
tempo em que torna viável uma avaliação fidedigna e quantitati-
va das ideias expressas, a partir de um método específico, claro e
reprodutível.
Logo, considerando todas as razões apresentadas, que partem
da gênese da análise de discurso firmando-se como método, da fun-
damentação teórica do DSC, bem como da aplicabilidade da técni-
ca, reforça-se que o DSC é apropriado para a análise de dados em
pesquisas etnobiológicas. Vejamos apenas alguns exemplos nesse
sentido.
Em estudo conduzido no município de Igarassu, na Mata
Atlântica, estado de Pernambuco, Brasil, Silva et al. (2010) buscaram
identificar as percepções da paisagem local pela visão de alunos do
quinto ao oitavo ano, sendo o discurso do sujeito coletivo utilizado
como uma das abordagens metodológicas para a análise dos dados,
provavelmente, essa foi a publicação pioneira na utilização do DSC
no campo das pesquisas em etnobiologia.
Assim, no referido estudo, foram identificadas doze ideias
centrais, juntamente com as expressões-chave correspondentes,
apresentadas em tabelas, sendo possível traçar um panorama do
pensamento coletivo das crianças acerca da paisagem local. Alguma
importantes IC foram: I love the forest; We are happy because we
have forests, they have many types of life; We are killing the fores-
ts, we have to preserve; People are destroying the forests and that
is bad. We have to have preservation. Essas IC foram expressas por
alunos da quinta, sexta, sétima e oitava séries, respectivamente
(Silva et al. 2010).
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISAS ETNOBIOLÓGICAS 125
faz de plantas ou de partes de animais no tratamento das doenças de
seus filhos? Conte como foi. Apenas para essa pergunta, emergiram
nove IC. Dentre elas destacam-se: Sim, mas fui repreendida (o) e não
falei mais; Não, porque tive medo e/ou vergonha; Já tentei, mas eles
não deram atenção; Não, porque eles não perguntam, não demons-
tram interesse e Não, porque eles não acreditam na eficácia desse
tipo de tratamento (Lemos, 2015).
Assim, de acordo com a autora, os resultados oriundos das
análises pelo DSC tornaram possível evidenciar que considerar as-
pectos culturais na abordagem assistencial à saúde da criança é rele-
vante, uma vez que são recursos largamente utilizados pelas famílias
e encarados como opções terapêuticas eficazes para uma gama de
sintomas e de situações de saúde no contexto das doenças prevalen-
tes na infância (Lemos, 2015).
No artigo de Sousa et al. (2017), conduzido em uma comuni-
dade quilombola do nordeste do Brasil, o DSC também foi o método
de escolha para organização e análise dos dados, o objetivo da pes-
quisa foi investigar as formas de uso e de armazenamento de plantas
encontradas na comunidade. Diferentemente dos exemplos anterio-
res mencionados, para esse estudo os dados foram elencados dando
ênfase apenas aos DSC como os principais operadores do método e
focando, exclusivamente, na análise qualitativa dos discursos.
Alguns trechos particularmente interessantes do estudo de
Sousa et al. (2017) e que podem ser pontuados nos discursos repre-
sentados são: “Eu aprendo com os mais velhos daqui [...] Minha avó
foi uma benção, foi uma bênção para pessoas daqui e do Coqueiro.
Minha tia orou aqui e minha mãe é [...] uma curandeira para as
crianças” – sobre com quem aprendeu a utilizar as plantas (p. 233);
“Eu planto aqui no quintal. Eu planto e cuido para que não morra
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISAS ETNOBIOLÓGICAS 127
isso ficou evidente através do uso de plantas em detrimento ao tra-
tamento convencional, conforme reportado por alguns moradores
(Alves 2017).
Vale mencionar ainda a pesquisa de Brasil et al. (2017), que
buscou avaliar a preferência entre fármacos ou plantas para o
manejo da dor em uma comunidade quilombola. Nesse aspecto, o
estudo adotou o DSC como método de análise das expressões ver-
bais dos participantes, aliando variáveis qualitativas e quantitativas,
com uma amostra expressiva – no contexto dos métodos qualitati-
vos para análise – de cinquenta e dois residentes.
Assim, a pesquisa de Brasil et al. (2017), concluiu que a maio-
ria dos participantes do estudo utilizavam chás para o manejo da
dor e, embora alguns utilizassem medicamentos convencionais,
atribuíam às plantas uma maior eficácia no tratamento da dor. Um
aspecto notório da pesquisa foi a utilização da representação clássica
na expressão dos dados, com todas as IC elencadas para cada per-
gunta e todos os DSC expressos para uma visualização mais fidedig-
na dos pensamentos representados pela comunidade.
Frisa-se que foram vinte e seis IC distribuídas para um corpo
de quatro perguntas subjetivas. Por exemplo, para a questão que ver-
sava sobre a opinião dos moradores no que tange ao preparo caseiro
com plantas para o tratamento da dor, as IC prevalentes foram: “É
bom porque é eficaz/ funciona”, expressa por 61,54% e “É bom, mas
depende do tipo de dor”, foi indicada por 21,15% dos participantes
(Brasil et al., 2017).
Para a pergunta que tratava acerca da visão dos moradores
no que diz respeito aos fármacos convencionais, a IC mais pontua-
da foi: Eles são eficazes, mas o chá é melhor, para 38,46% da amos-
tra. Sobre o uso em associação das plantas e dos fármacos, 88,46%
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISAS ETNOBIOLÓGICAS 129
básicos, quer na forma textual escrita simples, ou utilizando tabelas
e quadros.
Em parte, esse problema deve-se à internalização das formas
mais comuns de análise de dados qualitativos, bem como sua
apresentação. No entanto, esse fato pode comprometer, como fri-
sado, a compreensão dos resultados, assim como não evidenciar
características próprias do método, o que seria lamentável. Atrela-se a
essa problemática, também, a falta de domínio da operacionalização
do DSC.
Outro fato que contribui para uma organização e apresenta-
ção ineficaz dos dados é a não utilização dos softwares específicos
para o DSC. Embora, frise-se, não seja um requisito, é largamente
aconselhável a utilização do Qualiquantisoft e, mais recentemen-
te, do DSCsoft, como ferramentas auxiliares no processo de análise
pelo DSC, possibilitando uma melhor organização e tabulação dos
resultados, aliando aspectos objetivos e subjetivos.
Outro aspecto que precisa ser melhorado nas publicações
que se valem do DSC é a consideração da fundamentação teórica
do método, ancorada na Teoria das Representações Sociais (Lefèvre
& Lefèvre 2014), quando alijada do contexto das análises, essas tor-
nam-se superficiais e não elucidadoras, fornecendo apenas uma
visão pragmática e descritiva dos achados. Assim, o DSC não pode
ser dissociado das considerações teóricas que permeiam o método,
caso contrário, estaríamos analisando somente conteúdos, numa
perspectiva clássica, e não discursos.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISAS ETNOBIOLÓGICAS 131
tipo de associação qualitativa e quantitativa, como também eviden-
cia a necessidade de um tratamento misto dos dados (Lefèvre &
Lefèvre 2012).
Dessa forma, diante de todas as características salientadas
para o DSC e sua singularidade no âmbito das análises de dados dos
estudos qualitativos, reforça-se que sua utilização em pesquisas et-
nobiológicas tem o potencial para enriquecer as análises subjetivas
de pensamentos, de crenças e de conceitos.
Assim, quando vamos ao campo, realizar nossos levantamen-
tos, nossas anotações e registros, há sempre uma presença que per-
passa por esses dados objetivos, quer seja antes da pesquisa, durante
a condução do estudo ou após as impressões iniciais e as avaliações
de impactos, essa presença é a presença humana, rica em relatos
subjetivos, experiências e valores.
Esses aspectos qualitativos, que se confundem historicamen-
te com o próprio surgimento de estudos etnográficos com Boas e,
mais notoriamente, Malinowski, podem ser explícitos ou implícitos
e desconsiderá-los não nos aproxima de uma análise mais robusta e
cientificista, mas afasta-nos de um dos aspectos centrais de nossos
estudos etnobiológicos e que repousa no berço da Antropologia: as
próprias relações e representações humanas.
Agradecimentos
Bauer MW, Gaskell G. 2015. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual
prático (Pt.). Petrópolis: Editora Vozes.
Brasil AX, Barbosa MO, Lemos ICS, Lima CNF, Delmondes GA, Lacerda GM, Monteiro
AB, Dias DQ, Silva AA, Fernandes GP, Barbosa R, Menezes IRA, Coutinho HDM,
Felipe CFB, Kerntopf MR. 2017. Preference analysis between the use of drugs and plants
in pain management in a quilombola community of the state of Ceará, Brazil. Journal
of Medicinal Plants Research 11:770-777.
Figueiredo MZA, Chiari BM, Goulart BNG. 2013. Discourse of Collective Subject: a brief
introduction to a qualitative-quantitative research tool. Distúrbios da Comunicação 25:
129-136.
Krippendorff K, Bock MA (Ed). 2009. The content analysis reader. California: Sage
Publications. p. 234-242.
Lefèvre F, Lefèvre AMC. 2005. O discurso do sujeito coletivo: um novo enfoque em pesquisa
qualitativa (desdobramentos). Caxias do Sul: EDUSC. (b)
Lefèvre F, Lefèvre AMC. 2006. O sujeito coletivo que fala. Interface 10: 517-524.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO COMO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS EM PESQUISAS ETNOBIOLÓGICAS 133
Lemos ICS. 2015. Uso de recursos naturais para o tratamento de doenças prevalentes
na infância: contribuições da Etnomedicina ao estudo da Medicina Tradicional.
Dissertação (mestrado em Bioprospecção Molecular). Departamento de Química
Biológica, Universidade Regional do Cariri, Crato, Brasil.
Pêcheux M. Apresentação da AAD. 1990. In: Gadet F & Hak H. Por uma análise automática
do discurso (Uma introdução à obra de Michel Pêcheux). Campinas: Pontes.
Silva TC, Medeiros PM, Sousa TA, Albuquerque UP. 2010. Northeastern Brazilian
students’ representations of Atlantic Forest fragments. Environment, Development and
Sustainability 12: 195-211.
Sousa GM, Fernandes GP, Kerntopf MR, Barbosa R, Lemos ICS, Alves DA, Oliveira DR.
2017. Ethnobotanical study of Arruda quilombo community in the State of Ceará,
Brazil. Journal of Medicinal Plants Research 11:232-238.
Entrevistas
Quadro 1. Etapas, com adaptações, usadas por Taylor & Peace (2015) para acessar
a percepção ambiental de crianças e entender como elas agem diante de eventos
inundações na comunidade local.
Fase 1
Elaboração de perguntas-chaves para direcionar as crianças no momento
da pesquisa que estejam diretamente relacionadas ao objetivo da
pesquisa.
Quadro 2. Etapas para analisar o conteúdo dos desenhos, adaptado de Silva et al.
(2016a).
Classificação Número de
Informantes Fatores de risco Sj
(r) fatores (n)
I 1 Escassez de 4 1
2 alimento 1,33
3 Falta de água 1,66
4 Pragas agrícolas 2
Falta de
saneamento
II 1 Falta de 2 1
2 saneamento 2
Falta de água
III 1 Escassez de 3 1
2 alimento 1,5
3 Falta de água 2
Falta de
saneamento
Índice de
Fatores de risco Incidência do Risco (I)
Severidade (S)
Escassez de alimento 1 0,66
Falta de água 1,61 1
Falta de saneamento 1,66 1
Pragas agrícolas 1,66 0,33
Agradecimentos
Araújo TAS, Almeida ALS, Melo JG, Medeiros MFT, Ramos MA, Silva RRV, Almeida
CFCBR, Albuquerque UP. 2012. A new technique for testing distribuition of knowledge
and to estimate sampling sufficiency in ethnobiology studies. Journal of Ethnobiology
and Ethnomedicine 8: 11.
Baird TD, Leslie PW, Mccabe JT. 2009. The effect of wildlife conservation on local
perceptions of risk and behavioral response. Hum Ecol 37: 463-474.
Bell S. 2001. Landscape pattern, perception and visualization in the visual management of
forest. Lands Urb Plan 54: 201-211.
García-Mira R, Real JE. 2005. Environmental perception and cognitive maps. International
Journal of Psychology 40 (1): 1-2.
Hume C, Salmon J, Ball K. 2005. Children’s perception of their home and neighborhood
environments, and their association with objectively measured physical activity: a
qualitative and quantitative study. Health Education Research 20 (1): 1-13.
Oliveira RCS, Albuquerque UP, Silva TLL, Ferreira Jr WS, Chaves LS, Araújo EL. 2017.
Religiousness/ spirituality do not necessarily matter: effect on risk perception and
adaptative strategies in the semi-arid region of NE Brazil. Global Ecology and
Conservation 11: 125-133.
Oliveira RCS, Schmidt IB, Conceição AA. 2013. Uso e conhecimento do candombá. 1ª ed,
Feira de Santana, Editora UEFS.
Pellier A, Well JA, Abram NK, Gaveau D, Meijaard E. 2014. Through the eyes of children:
Perceptions of environmental change in tropical forests. Plos One 9 (8): e103005.
Quinn CH, Huby M, Kiwasila H, Lovett JC. 2003. Local perceptions of risk to livelihood in
semi-arid Tanzania. J Environ Manage 68: 111-119.
Silva TC, Cruz MP, Araújo TAS, Schwarz ML, Albuquerque UP. 2014. Methods in research
of environmental perception. In: Albuquerque UP, Cunha LVFC, Lucena RFP, Alves
RRN (eds) Methods and techniques in ethnobiology and ethnoecology. Springer
Protocols Handbooks, Humana Press. p. 99-109.
Silva TC, Ferreira Jr WS, Santoro FR, Araújo TAS, Albuquerque UP. 2016b. Risk perception.
In: Albuquerque UP, Alves RRN (eds) Introduction to ethnobiology. Springer
International Publishing Switzerland. p. 111-116.
Sjöberg L. 2000b. The methodology of risk perception research. Quality & Quantity 34:
407-418.
Smith K, Barrett CB, Box PW. 2000. Participatory Risk Mapping for targeting research and
assistance: with an example from east African pastoralists. World Dev 28: 1945-1959.
Smith K, Barrett CB, Box PW. 2001. Not necessarily in the same boat: heterogeneous risk
assessment among east African pastoralists. The Journal of Development Studies 37:
51-30.
Taylor H, Peace R. 2015. Children and cultural influences in a natural disaster: Flood
response in Surakarta, Indonesia. International Journal of Disaster Risk Reduction 13:
76-84.
United Nations Children’s Fund. 2008. Climate Change and Children: A Human Security
Challenge. Policy Review Paper. UNICEF Innocenti Research Centre, Florence.
Available from: /http://www.unicef-irc.org/publications/pdf/ climate_change.pdf.
(accessed 25.04.18).
United Nations Office for Disaster Risk Reduction. 2009. Global Assessment Report on
Disaster Risk Reduction: Risk and poverty in a changing climate. UNISDR, Geneva,
Switzerland.
Wang S, Cao W. 2015. Climate change perspectives in an Alpine area, Southwest China: a
case analysis of local residents’ views. Ecological Indicators 53: 211-219.
1 Caso o objetivo da pesquisa seja desenvolver uma análise minuciosa dos sistemas
socioculturais locais, uma etnografia convencional de vários meses ou anos pode
Tabela 1. Proposta de roteiro para grupos focais. Em nosso estudo, as plantas ali-
mentícias biodiversas foram o foco, conforme apresentado na questão número dois,
a seguir. Este guia pode ser adaptado ao propósito específico de cada pesquisa (por
exemplo, sobre animais silvestres, fungos comestíveis etc.). As informações entre
colchetes são fornecidas para orientar quem está entrevistando.
Conclusões
Referências
Andrea P, Nebel S, Santoro RF, Heinrich M. 2005. Food for Two Seasons: Culinary
Uses of Non-Cultivated Local Vegetables and Mushrooms in a South Italian Village.
International Journal of Food Sciences and Nutrition 56 (4): 245–272.
Bentley M, Pelto G, Straus W, et al. 1988. Rapid Ethnography Assessment: Applications in a
Diarrhea Management Program. Social Science & Medicine 27 (1): 107–116.
Campos JLA, Silva TC, Albuquerque UP. 2019. Participant Observation and Field Journal:
When to Use and How to Analyse. In Albuquerque UP, Lucena R, Cunha L, Alves RR
(eds.) Methods and Techniques in Ethnobiology and Ethnoecology. 2nd ed. New York,
NY: Springer Nature. p. 25–34.
Carmody RN, Weintraub GS, Wrangham RW. 2011. Energetic Consequences of Thermal
and Nonthermal Food Processing. Proceedings of the National Academy of Sciences of
the United States of America 108 (48): 19199–19203.
Chopra M, Galbraith S, Darnton-Hill I. 2002. A Global Response to a Global Problem: The
Epidemic of Overnutrition. Bull. World Health Org. 80 (12): 952–958.
Contreras J. 2012. Ethnodiététique. In Poulain JP (ed.) Dictionnaire Des Cultures
Alimentaires, Paris: PUF. p. 516–523
Creswell JW. 1998. Qualitative Inquiry and Research Design: Choosing among Five
Traditions. London: Sage Publications, Inc.
Cruz MP, Medeiros PM, Combariza IS, Peroni N, Albuquerque UP. 2014. I Eat the Manofê
so It Is Not Forgotten: Local Perceptions and Consumption of Native Wild Edible Plants
EDITORES 179
Ulysses Paulino de Albuquerque
Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas. Mestre e Doutor em
Biologia Vegetal. Atualmente é professor titular do Departamento
de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco.
AUTORES 181
Irwin Rose Alencar de Menezes – Professor Adjunto do
Departamento de Química Biológica, Universidade Regional do
Cariri.
AUTORES 183
Taline Cristina da Silva – Professora da Universidade Estadual de
Alagoas.