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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE DIREITO

O PENSAMENTO POLITICO DE PLATÃO

FELIZ FERNANDO SINGANO

NAMPULA

2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE DIREITO

O PENSAMENTO POLÍTICO DE PLATÃO

FELIZ FERNANDO SINGANO

Trabalho de carácter avaliativo da


cadeira de Ciência Politica, referente ao
2º semestre, curso de Direito, 1º na,
turma A, Diurno. Leccionada pelo
Docente: Rute dos Santos.

NAMPULA

2020
Índice
Introdução...................................................................................................................................1

1. O Pensamento Politico de Platão............................................................................................2

1.1 Vida e Obra de Platão...........................................................................................................2

1.1.1 Platão e Sócrates................................................................................................................2

2. O Pensamento Politico de Platão............................................................................................3

2.1 Visão Politica de Platão em relação os regimes políticos.....................................................4

2.2 A Pólis ideal e a justiça.........................................................................................................5

3. As formas de governo.............................................................................................................5

Conclusão....................................................................................................................................7

Bibliografia.................................................................................................................................8
Introdução
O presente trabalho é referente a cadeira de ciência politica e tem como tema
pensamento político de Platão, assim sendo visa fazer uma abordagem sintética e esgotada do
tema acima referido, e como nota introdutória convém ter presente que o pensamento político
de Platão está sobretudo nas obras A República e Leis. Ele os escreveu em diálogos, tendo o
seu mestre Sócrates como principal interlocutor. Sempre foi fascinado pela política, apesar de
ter sofrido pesados reveses. Na Sicília, tentou em vão convencer Dionísio, o Velho, a respeito
de suas teorias políticas. Inicialmente bem recebido, após sérias desavenças Platão acabou
sendo vendido como escravo e só por sorte foi reconhecido e libertado por um rico armador.
Nem por isso desistiu, retornando outras duas vezes à Sicília, mais cauteloso, porém sem
sucesso. A amargura dessas tentativas frustradas transparece nas Leis, sua última obra. Para
Platão, somente a teoria política poderia ser capaz de orientar a técnica governamental. Platão
critica a democracia, descrevendo uma cidade em que a liberdade permite que se faça o que
quiser, a igualdade é injusta porque trata da mesma maneira o igual e o desigual.

Objectivo Geral:
 Analisar o pensamento político de Platão.
Objectivos específicos:
 Dar a conhecer a vida e obra de Platão.
 Descrever o seu pensamento politico;
 Dar a conhecer época que teve influencia o seu pensamento;
 Descrever a relação entre o seu pensamento e o estágio actual da política.

E, para melhor compreensão do trabalho este obedece a seguinte estrutura:


Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e Bibliografia.

1
1. O Pensamento Politico de Platão
1.1 Vida e Obra de Platão
Platão (427-347 a.C.) foi um filósofo grego da antiguidade, considerado um dos
principais pensadores da história da filosofia. Era discípulo do filósofo Sócrates. Sua filosofia
é baseada na teoria de que o mundo que percebemos com nossos sentidos é um mundo
ilusório, confuso. O mundo espiritual é mais elevado, eterno, onde o que existe
verdadeiramente são as ideias, que só a razão pode conhecer.1

Platão nasceu em Atenas, Grécia, provavelmente no ano 427 a.C. Pertencia a uma das
mais nobres famílias de Atenas. Como todo aristocrata de sua época, recebeu educação
especial, estudou leitura e escrita, música, pintura, poesia e ginástica Era excelente atleta,
participou dos jogos olímpicos como lutador. Seu nome verdadeiro era Arístocles, mas
recebeu o apelido de “Platão”, que em grego significa “ombros largos”. Por tradição de
família, Platão desejava dedicar-se à vida pública e fazer uma brilhante carreira politica, como
descreveu em uma de suas muitas cartas.2

1.1.1 Platão e Sócrates


Para aquele que conhece a política sabe que é impossível falar de Platão sem falar de
Sócrates, isto porque desde cedo, Platão tornou-se discípulo de Sócrates, aprendendo e
discutindo com esse filósofo os problemas do conhecimento do mundo e das virtudes
humanas. Quando Sócrates foi condenado à morte sob a acusação de “perverter a juventude”,
Platão desiludiu-se da política e resolveu voltar-se inteiramente para a filosofia. Sua amizade
com Sócrates quase lhe custou a vida. Foi obrigado a deixar a cidade, retirou-se para Megara,
onde conviveu com Euclides. Viajou por Cirene, Itália e Egipto, entrando em contacto com
grandes mentalidades da época. Foram doze anos aprendendo, e criando sua própria filosofia.3

1.1.2 Obras de Platão

Cerca de trinta obras de Platão chegaram até nossos dias, entre elas:

 República (sobre a justiça e o Estado Ideal)


 Protágoras (sobre o ensinamento da virtude)
1
AMARAL, Diogo Freitas Do, História das Ideias Políticas, Vol. I, Almedina, Coimbra, 1998, p. 54.
2
Idem, p. 54.
3
PRÉLOT, Marcel; Georges Lescuyer, História das Ideias Políticas, Vol. I, Editorial Presença, Lisboa, 2000.p
76.
2
 Banquete (sobre o amor)
 Apologia de Sócrates (autodefesa de seu mestre diante dos juízes)
 Fédon (sobre a imortalidade da alma e sobre a doutrina das ideias)

 As Leis (uma nova concepção do Estado)4

2. O Pensamento Politico de Platão


Sócrates sempre primou pelas leis e, por isso, opôs-se às decisões políticas ilegais do
povo e dos tiranos. Sua defesa às leis valeu-lhe a própria vida. Para Sócrates, as leis são
sempre justas, e se há injustiça, ela se dá porque os homens julgaram injustamente. A injustiça
ocorre quando os homens se esquecem que juraram não “favorecer o que lhes parece bom,
mas julgar segundo as leis.5

Quando Sócrates aceita sua própria condenação, mostra sua integridade e, ao mesmo
tempo, a iniquidade dos juízes; mostra que as leis devem ser respeitadas acima de tudo. E, se
por lei, ainda assim proferindo uma sentença injusta, o juiz tem autoridade em julgar, então,
tal julgamento deve ser respeitado. Esse legalismo socrático se explica pela relação entre a
cidade e os cidadãos exposta no diálogo Críton. Segundo Sócrates, existe uma homologia
entre a cidade, considerada como uma pátria e os cidadãos, que se situam assimetricamente
com relação à cidade, a saber, estando a ela filiados e subordinados.6

Essa relação na concepção de que são as leis que garante que todos estão igualmente
submetidos e que todos podem estar unidos.

 A cidade, através das leis, precede o indivíduo.


 O indivíduo, em sua cidadania é gerado pela cidade e, neste sentido, tem todos os seus
direitos garantidos, mas também o dever de cumprir tudo o que exigi a cidade. O
indivíduo, em outras palavras, pertence à cidade não perdendo com isso sua liberdade.

Há a escolha de ser persuadido, logo, obedecer a lei, ou persuadir em mudar a lei. Tomar tal
decisão é exercer a cidadania e, para que a decisão seja a melhor, que ela seja filosófica. É tal
cidadania que permite a prática da filosofia. Sócrates é um cidadão ateniense, ele pôde se
entregar livremente à filosofia. Um estrangeiro pode ser sofista um homem de opiniões, mas

4
GIANFRANCO, Pasquino, Princípios ideológicos políticos, Princípia, Cascais, 2002, p. 23.
5
Idem, p. 24.
6
Idem, p. 24.
3
não filósofo. Porque Atenas era democrática foi possível nascer o pensamento filosófico. Não
que a prática política democrática levasse às ideias filosóficas, mas porque tal contexto
sociopolítico dava liberdade para se ser filósofo. Platão, na República, VIII, diz que a
democracia, por sua confusão anárquica, permite que cada um viva como queira, inclusive o
filósofo.

2.1 Visão Politica de Platão em relação os regimes políticos


Segundo Platão, os regimes políticos se distinguem pelo número e pela qualidade dos
que governam, a saber:

Na monarquia, o governo é de um só (monas) cuja qualidade é a honrar a nobreza de


sua linhagem;

Na aristocracia, o poder pertence a uma elite, um pequeno grupo ou os melhores


(aristoi) cuja qualidade é a virtude guerreira.

Na democracia, em que o poder poder pertence ao povo (demos), cujos cidadãos


possuem liberdade de decisão política.

A política não é uma técnica, mas uma ciência e que, portanto, pode ser ensinada. Ou
seja, a finalidade da política não é o exercício do poder, mas a realização da justiça como um
bem comum para a cidade. Platão critica os sofistas por eles defenderem que a educação
política se realize pela retórica e que a política não passa de uma boa técnica de governo,
completamente avessa à concepção puramente teórica de bons governos. Para Platão, somente
a teoria política poderia ser capaz de orientar a técnica governamental.7

Platão critica a democracia, descrevendo uma cidade em que a liberdade permite que
se faça o que quiser, a igualdade é injusta porque trata da mesma maneira o igual e o desigual.
Reina a anomia, isto é, a falta de respeito às leis e a anarquia, isto é, a falta de governo.
Prevalece a desordem moral, a injustiça, o domínio dos mais fortes e o subjugo dos mais
fracos. A anarquia está contida na essência da democracia, por isso, quando se governa mal
em um regime democrático, a consequência inevitável é a anarquia.8

7
GIANFRANCO, Pasquino, Princípios ideológicos políticos, Princípia, Cascais, 2002, p. 28.
8
Idem, p. 28.
4
2.2 A Pólis ideal e a justiça
Para Platão, os seres humanos e a pólis possuem a mesma estrutura. Platão entendia
o homem como sendo corpo e alma. Esta, que antes era livre no mundo das ideias, agora vive
prisioneira no corpo, esquecendo-se de tudo que já havia contemplado. Os humanos são
dotados de três almas ou três princípios de actividade:9

1ª A alma apetitiva ou desejante -  (situada nas entranhas ou no baixo-ventre), representada


pelos desejos carnais de sobrevivência e reprodução, que busca satisfação dos apetites do
corpo, tanto os necessários à sobrevivência como os que apenas causam prazer;

2ª A alma irascível, emotiva ou colérica - (situada no peito ou no coração), representada


pelas emoções e que defende o corpo contra as agressões do meio ambiente e de outros
humanos, reagindo à dor para proteger nossa vida; e

3ª A alma racional ou intelectual -  (situada na cabeça)  representada pela inteligência, que


se dedica ao conhecimento.

Um homem, diz Platão, é injusto quando a alma desenjante (os apetites e prazeres) é
mais forte do que as outras duas, dominando-as. Também é injusto quando a alma colérica (a
agressividade) é mais poderosa do que a racional, dominando-a. O que é, pois, o homem
justo? Aquele cuja alma racional é mais forte do que as outras duas almas, impondo à alma
desejante a virtude da temperança (ou moderação) e à alma colérica, a virtude da coragem,
que deve controlar a raiva. O homem justo é o homem virtuoso; a virtude, domínio racional
sobre o desejo e a cólera. A justiça ética é a hierarquia das almas, em que a racional domina as
inferiores.10

3. As formas de governo
Com a utopia, Platão critica a política do seu tempo e recusa as formas de poder
degeneradas. A aristocracia, por exemplo, pode se corromper em timocracia, quando o culto
da virtude é substituído pela forma guerreira; ou em oligarquia, quando prevalece o gosto
pelas riquezas, e o censo é a medida de capacidade para o exercício do poder.11

No livro VIII de A República, Platão explica como essas formas degeneradas podem
fazer surgir a democracia. Como vimos, a democracia não corresponde aos ideais platônicos
9
AMARAL, Diogo Freitas Do, História das Ideias Políticas, Vol. I, Almedina, Coimbra, 1998, p. 87.
10
GIANFRANCO, Pasquino, Princípios ideológicos políticos, Princípia, Cascais, 2002, p. 31.
11
AMARAL, Diogo Freitas Do, História das Ideias Políticas, Vol. I, Almedina, Coimbra, 1998, p. 293.
5
porque, por definição, o povo é incapaz de possuir a ciência política. Quando o poder pertence
ao povo, é fácil prevalecer a demagogia, característica do político que manipula e engana o
povo (etimologicamente, “o que conduz o povo”).12

Platão critica a noção de igualdade na democracia, pois para ele a verdadeira igualdade é de
ordem geométrica, porque se baseia no valor pessoal que é sempre desigual (já que uns são
melhores do que outros), não considerando todos igualmente cidadãos. Por fim, a democracia
levaria fatalmente à tirania, a pior forma de governo, exercido pela força por um só homem e
sem ter como objectivo o bem comum. O tirano é a antítese do rei-filósofo. Platão não via a
democracia como um bom regime, foi a democracia que matou o mais sábio dos homens. E
foi a democracia que levou Atenas à guerra e à ruía.13

Conclusão

Depois de ter feito o presente trabalho cheguei a conclusão que a política não é uma técnica,
mas uma ciência e que, portanto, pode ser ensinada. Ou seja, a finalidade da política não é o
exercício do poder, mas a realização da justiça como um bem comum para a cidade. Platão

12
AMARAL, Diogo Freitas Do, História das Ideias Políticas, Vol. I, Almedina, Coimbra, 1998, p. 267.
13
Idem, p. 267.
6
critica os sofistas por eles defenderem que a educação política se realize pela retórica e que a
política não passa de uma boa técnica de governo, completamente avessa à concepção
puramente teórica de bons governos. Para Platão, somente a teoria política poderia ser capaz
de orientar a técnica governamental. Platão critica a democracia, descrevendo uma cidade em
que a liberdade permite que se faça o que quiser, a igualdade é injusta porque trata da mesma
maneira o igual e o desigual. Reina a anomia, isto é, a falta de respeito às leis e a anarquia,
isto é, a falta de governo.

Prevalece a desordem moral, a injustiça, o domínio dos mais fortes e o subjugo dos mais
fracos. A anarquia está contida na essência da democracia, por isso, quando se governa mal
em um regime democrático, a consequência inevitável é a anarquia. É tal cidadania que
permite a prática da filosofia. Sócrates é um cidadão ateniense, ele pôde se entregar
livremente à filosofia. Um estrangeiro pode ser sofista um homem de opiniões, mas não
filósofo. Porque Atenas era democrática foi possível nascer o pensamento filosófico. Não
que a prática política democrática levasse às ideias filosóficas, mas porque tal contexto
sociopolítico dava liberdade para se ser filósofo. Platão, na República, VIII, diz que a
democracia, por sua confusão anárquica, permite que cada um viva como queira, inclusive
o filósofo.

Bibliografia
AMARAL, Diogo Freitas Do, História das Ideias Políticas, Vol. I, Almedina, Coimbra,
1998.

GIANFRANCO, Pasquino, Princípios ideológicos políticos, Princípia, Cascais, 2002, p. 31.

7
PRÉLOT, Marcel; Georges Lescuyer, História das Ideias Políticas, Vol. I, Editorial
Presença, Lisboa, 2000.p 76.

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