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POLÍTICA EXTERNA
O mundo hoje conta com mais de 190 países que se relacionam de forma
pensada e planejada, de acordo com seus interesses e objetivos. Esse
planejamento é chamado de política externa. A política externa é uma política
pública, ou seja, um conjunto definido de medidas, decisões e programas
utilizado pelo governo de um país. O objetivo dessa política é projetar e
direcionar suas ações políticas no exterior. Uma política externa pode
ter objetivos concretos, por exemplo, visando negociações ou o estabelecimento
de acordos comerciais. Mas, pode também ter objetivos abstratos, como uma
aproximação política e cultural.
A política é vista por Kant como uma arte difícil, que muitas vezes abandona os
critérios da moral, tomando para a determinação da ação as artes da prudência.
Contudo, a política deve se subordinar à moral, pois se ela for, para os homens em
suas relações externas, determinada unicamente pelo princípio da prudência, sob a
justificativa da incapacidade da natureza humana de fazer o bem, de agir conforme o
direito, haveria discrepância entre política e moral8. Portanto, “[...] não pode existir
nenhum conflito entre a política, enquanto teoria do direito aplicado, e a moral, como
teoria do direito, mas teórica.” (KANT, 1995e, p. 151). É, aliás, tendo em mente a
dissolução desse conflito que Kant diz que a política deve ser subordinada à
moralidade, e que é preciso distinguir o político moral do moralista político. O primeiro
é aquele que, diante de determinadas circunstâncias em que não se pode agir
imediatamente conforme o que determina a moral, assume os princípios da prudência
política de modo que possam coexistir com a moral. O segundo é aquele que forja uma
moral segundo o que lhe é conveniente, tem como ponto de partida um fim material,
que se refere ao bem modelo na ideia da razão.” Ele considera unicamente o princípio
formal da liberdade na relação exterior, buscando agir de maneira que o direito dos
homens, nas relações externas, guie toda a política. Por maior que sejam as
dificuldades apresentadas ao poder estatal, o direito não pode ser deixado de lado, ao
contrário, deve se impor como o critério a ser observado na atividade do estadista.9
Ademais, diante de circunstâncias desfavoráveis que obrigam o político a proceder de
acordo com as normas de prudência, elas não podem subjugar o direito à mera
conveniência, em vez disso, é um dever empregar todos os esforços para que a política
se harmonize com o direito. Kant (1995e, p. 164) diz, inclusive, que: O direito dos
homens deve considerar-se sagrado, por maiores que sejam os sacrifícios que ele custa
ao poder dominante: aqui não se pode realizar uma divisão em duas partes e inventar
a coisa intermédia (entre direito e utilidade) de um direito pragmaticamente
condicionado, mas toda a política deve dobrar os seus joelhos diante do direito,
podendo, no entanto, esperar alcançar, embora lentamente, um estádio em que ela
brilhará com firmeza. bem-estar ou à felicidade. Ainda quanto ao primeiro (o político
moral), Kant (1995e, p. 154) diz que ele se esforça ao máximo para “[...] corrigir e
coadunar-se com o direito natural, tal como oferece aos nossos olhos.
John Mearsheimer tem suas ideias distintas de autores realistas como Kenenth
Waltz a partir do momento em que se acredita em uma perspectiva estatal em busca
de aumento de poder, enquanto Waltz acreditava na concepção de que os Estados se
estabeleciam em uma posição defensiva no cenário internacional. Devido a essa
estrutura, as grandes potências são obrigadas a competirem entre si em termos de
segurança, segurança definida no realismo ofensivo como capacidade bélica, muitas
das vezes possibilitando o início de uma guerra. A partir deste pensamento, é admitida
a percepção de que as intenções dos oponentes são imprevisíveis e inconfiáveis,
portanto, é necessária a busca gradativa pelo domínio. Os Estados estão a todo
momento buscando a maximização de seu poder, a fim de alcançar a hegemonia, fator
que garante a sobrevivência estatal em um sistema extremamente
inseguro. Mearsheimer adentra na abordagem da posição de poder dos Estados
Unidos em contrapartida com a ascensão da China, e analisa a probabilidade de existir
uma competição entre potências equivalentes, propiciando o advento da guerra. De
acordo com as premissas do realismo ofensivo, a ascensão da China não provocaria
uma instabilidade no sistema internacional, pois sua perspectiva de crescimento se
reflete em uma hegemonia regional, visto que o alcance de uma hegemonia global é
inviável e até irreal. Nesse caso, a China se estabeleceria em seus respectivos tópicos
de prioridades como economia e segurança, e maximizaria seu acúmulo de poder
como visa o realismo ofensivo. Desta forma, o Realismo Ofensivo de John J.
Mearsheimer busca, dentre outros propósitos, o esclarecimento do comportamento
agressivo dos Estados no Sistema Internacional diante de sua estrutura anárquica, e
disponibiliza meios de percepção da motivação pela busca incessante de poder por
parte dos Estados, e seus reflexos na estrutura do Sistema Internacional.
REFERÊNCIAS
LAFER, C. A diplomacia globalizada. Valor Econômico. Set. 2000
LAFER, C. Novas dimensões da política externa brasileira. Revista Brasileira de Ciências
Sociais, ANPOCS, 1987.
RUSSEL, R. Política exterior y toma de decisiones em America Latina. Buenos Aires:
GEL, 1990.
WILHELMY, M. Politica Internacional: enfoques y realidades. Buenos Aires: GEL, 1988.
Lloyd E. Ambrosius, Wilsonianism
(2002), p. 21.
Dias, Mónica,«Uma visão intempestiva um legado intemporal» Woodrow Wilson e a
irresistível tentação da paz democrática»
Doyle, M (1997) Ways of War and Peace: Realism, Liberalism, and Socialism. New
York: Norton.
Wendt, Alexander (1992) “Anarchy Is What States Make of It: The Social
Construction of Power Politics”, in International Organization. Vol 46, no 2, pp. 391-
426.
Wendt, Alexander (1999) Social Theory of International Politics. Cambridge:
Cambridge University Press.