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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE LETRAS E HUMANIDADES

CURSO DE FILOSOFIA

CALTON BELITO LAMPIÃO VICTORINO

REVISTA FILOSOFIA CAPITAL: ÉTICA NA POLÍTICA É


UMA NECESSIDADE E/OU OBRIGAÇÃO?

Quelimane

2022
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CALTON BELITO LAMPIÃO VICTORINO

REVISTA FILOSOFIA CAPITAL: ÉTICA NA POLÍTICA É UMA


NECESSIDADE E/OU OBRIGAÇÃO?

Trabalho de carácter avaliativo, a ser


apresentado no Curso de Licenciatura
em Ensino de Filosofia na Faculdade de
Letras e Humanidades na cadeira de
Ética Política

Orientador: Dr. Guido Muamuiro

Quelimane

2022
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Índice

1. Introdução .............................................................................................................. 3

1.1. ÉTICA NA POLÍTICA É UMA NECESSIDADE E/OU OBRIGAÇÃO? ....... 4

1.2. Ética na política ................................................................................................. 5

1.3. Os fins justificam os meios? .............................................................................. 7

1.4. O papel das Instituições ..................................................................................... 9

2. Conclusão ............................................................................................................ 11

2.1. Bibliografia ...................................................................................................... 12


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1. Introdução

O trabalho, busca analisar a ética na política, com o objetivo de avaliar se é possível essa
compatibilização. Por outro lado, compreender-se-á se é necessário ou é uma obrigação
que os agentes políticos sejam éticos. O tema que me cabe apresentar e responder é de
caracter filosófico, na medida em que discute questões ligadas à ética, à moral, à ética na
política, aos agentes políticos e ao papel das instituições, por outro lado, também pelo seu
cunho reflexivo. Ao longo do texto, veremos abordagens dos filósofos e pensadores:
Arendt, Aristóteles, Cultrera, Cícero, Estlund, Kant, Maquiavel, Mouffe, Rawls, Stirn,
Tugendhat, dentre outros. A problemática começa quando a população está descrente
quanto ao comportamento de seus políticos em decorrência das notícias frequentes nos
meios de comunicação em massa, a respeito de condutas inadequadas dos agentes
políticos, e seus envolvimentos em atos censuráveis. Contudo, parece-nos que pouco tem
sido feito para restringir essas atitudes, fato esse que provoca mais incredulidade. Diante
do exposto, surgem alguns questionamentos: como compatibilizar a ética na política?
Qual deve ser a conduta de um agente político? Qual é o papel das instituições? Até que
ponto as relações divergentes entre os indivíduos podem interferir? Os fins justificam os
meios na política? No primeiro capítulo, faremos algumas observações quanto à moral e
a ética e sua importância para vivermos em sociedade, pois serve de regra quanto à
conduta a ser seguida. É o que será discutido.
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1.1. ÉTICA NA POLÍTICA É UMA NECESSIDADE E/OU OBRIGAÇÃO?

Começaremos por elucidar o conceito de ética e moral. Etimologicamente, as duas


palavras possuem origens distintas e significados idênticos. Moral vem do latim mores,
que quer dizer costume, conduta, modo de agir; enquanto ética vem do grego ethos e, do
mesmo modo quer dizer costume modo de agir. Essa identidade existente entre elas marca
a tendência de serem tratadas como a mesma coisa. Conforme menciona Mora “a ética
foi definida com frequência como a doutrina dos costumes, sobretudo nas correntes de
orientação empirista” Contudo, alguns pensadores admitem que, apesar do estreito
vínculo que as une, elas são diferentes. Respostas distintas têm sido dadas por alguns
filósofos acerca da ética e da moral.

Tugendhat assegura que os termos: ética e moral, não são adequados para nos nortearmos,
ocorreram também erros de traduções desses conceitos. Ao mesmo tempo outros
pensadores empregam o conceito de ética e moral como sinônimos e outros escritores
contemporâneos fazem diferença entre ‘ética e moral’. Ainda, de acordo com Tugendhat:
“não podemos tirar nenhuma conclusão para os termos moral e ética a partir de sua
origem”, de tal modo originalmente tinham outros sentidos e na tradição filosófica foram
empregadas como equivalentes, preferindo afirmar que elas são congruentes. Kant no
livro ‘Crítica da razão prática’, analisa o problema da moral. A vida moral é apresentada
como uma forma por meio da qual se pode conhecer a liberdade.

Kant afirma que a lei moral provém da idéia de liberdade, sendo, desta forma, parte da
razão prática. Há neste sentido, a apresentação da autonomia da vontade como único
princípio de todas as leis morais e, segundo Chauí “essa autonomia consiste na
independência em relação a toda a matéria da lei e na determinação do livre-arbítrio
mediante a simples forma legislativa universal de que atualmente, vem sendo noticiado
com frequência por intermédio dos meios de comunicação em massa sobre as condutas
antiéticas de nossos agentes políticos e seus envolvimentos e atos ilícitos. Porém, parece-
nos que pouco tem sido feito para puni-los, passando certa sensação de impunidade e
incredulidade em relação as suas condutas. Desse modo, fica o questionamento: haveria
de ter regras mais rígidas para reduzir essas condutas impróprias? Segundo Aristóteles
“as pessoas em sua maioria não obedecem naturalmente ao sentimento de honra, mas
somente ao de temor, e não se abstém da prática de más ações por causa da baixeza destas,
mas por temer a punição”.
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Para Mouffe, ao se tratar de moralidade e política adverte:

É óbvio que o que está realmente em causa é o estatuto do político e esta discussão revela
a nossa actual incapacidade para considerarmos o político de forma moderna, ou seja, de
uma forma que não seja simplesmente instrumental o que implica tomar em consideração
tudo o que está envolvido na ideia de um bem político, da ética própria da política -, mas
sempre respeitando a moderna separação entre moralidade e política.

Em uma de suas considerações, na concepção antiga: “o político estava, na realidade,


subordinado ao ético e é isto que explica a tendência de certos críticos comunitaristas
influenciados por Aristóteles” usualmente acreditam que “para governar em termos de
bem comum é necessário encorajar uma visão moral única e rejeitar o pluralismo liberal”.
No transcorrer de suas argumentações recomenda que no quadro da modernidade do
liberalismo e das vitórias alcançadas na revolução democrática “Embora ainda tenha
muito para nos ensinar, a concepção clássica já não é aplicável”, consequentemente:

A emergência do individual, a separação entre a Igreja e o Estado, o princípio da


tolerância religiosa, o desenvolvimento da sociedade civil todos estes elementos nos
levaram a distinguir entre o domínio da moralidade e o bem comum e da virtude cívica,
mas isto deve ser feito de maneira moderna, sem postular um bem moral único. Nem
devemos desprezar as conquistas do liberalismo, nem a crítica do individualismo implica
quer o abandono da noção de direitos, que a de pluralismo.

Logo, teríamos que verificar quais são os princípios claros e não modificáveis, que
possam orientar a conduta dos políticos, para que eles tenham compromisso com a
sociedade, imparcialidade, transparência e que valorizem e dignifiquem o exercício de
seu cargo público.

1.2. Ética na política

Em uma comparação feita por Cícero na qual busca o que mais obrigaria ao homem
quanto ao seu dever, primeiramente seria a pátria e nossos pais, aos quais devemos muito.
Nesse sentido, a princípio todos teríamos o dever de ter uma conduta ética condizente.
Porém, quando se trata de ética e política não encontramos respostas com facilidade,
como afirma Arendt:

não encontraram nenhuma resposta filosoficamente válida para a pergunta: o que é


política? Mais ainda: para todo o pensamento científico existe apenas o homem na
biologia ou na psicologia, na filosofia e na teologia, da mesma forma como para a
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zoologia só existe o leão. Os leões seriam, no caso, uma que só interessaria aos leões. É
surpreendente a diferença de categoria entre as filosofias políticas e as obras de todos os
grandes pensadores até mesmo de Platão. A política jamais atinge a mesma profundidade.
A falta de profundidade de pensamento não revela outra coisa senão a própria ausência
de profundidade, na qual a política está ancorada.

Alguns pensam que ética e política não se misturam, pois são incompatíveis, outros
buscam os resultados a qualquer custo, minimizam os atos políticos a qualquer avaliação
moral, acham que ela está restrita à vida privada, dissociando o indivíduo da coletividade.

Nesta visão sobre a relação entre ética e política, eles desconsideram que a moral também
seria um fator social e como tal, não pode se limitar a consciência dos indivíduos. Mesmo
que a moral se manifeste pelo comportamento do indivíduo, ela proclamaria uma
exigência da sociedade, na qual poderíamos citar os códigos de ética e regras. Assim, não
se levaria em conta se a política nega ou afirma certa moral, pois, parece-nos que a política
inclusive é avaliada pelo comportamento e entendimento moral dos cidadãos.

Desse modo, se a política almeja legitimidade não pode dispensar o consenso dos
cidadãos. Conforme o pensamento de Estlund, que trata legitimidade como
consentimento moral do Estado de emissão e de fazer respeitar o seu governo, em
consequência do processo pelo qual foi produzido.

Do ponto de vista de Cultrera a fragilidade ética de vários políticos “deve-se à opinião de


que a política é regida por regras diferentes das da moral pessoal; mas deve-se, também,
à ausência, na esfera política, de evidências éticas socialmente compartilhadas”. Cultrera
argumenta ainda, que devidas as diversas modificações socioculturais profundas em um
tempo tão curto, já são motivos para gerar graves tensões na política. “A elas se somam
as mudanças da economia mundial, as mutações do cenário internacional; dar-nosemos
conta de como é difícil, para a política, assimilar e integrar-se ao próprio percurso tantas
questões e instâncias éticas novas”. Cultrera formula que:

Diante da fragilidade moral de que muitos políticos nacionais têm dadas abundantes
provas, duas são as atitudes prevalentes. A primeira, emotiva, é de condenação global,
sem apelo. Com boa paz dos moralistas de plantão, essa atitude é infantil; ela ajuda a
obter votos, mas muito menos a construir um projeto ético-político. A segunda procura
compreender as causas da degradação moral, para poder intervir, que em nível global,
social, quer em nível mais estritamente político. Não basta apelar para uma moral pública
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exigente, não basta promover um senso ético forte; é indispensável procurar também
soluções políticas, institucionais, jurídicas, administrativas.

De tal modo, em Aristóteles a política é a principal extensão da vida humana, e não é


possível dissociar no mundo ético o aspecto subjetivo do cidadão. Portanto, Aristóteles
ao destacar a íntima ligação entre a constituição da polis e o costume de vida dos cidadãos
admitiu que “Por esta razão sua educação e suas ocupações devem ser reguladas por lei,
pois elas não serão penosas se se tiverem tornado habituais”, ou seja, educar para a
cidadania.

Contudo, para Maquiavel como menciona Russell:

Quanto às normas morais convencionais, O Príncipe explicita claramente que os


governantes não são obrigados a segui-las; a menos que a conveniência exija a obediência
às leis morais, um governante pode violá-las todas. Em realidade, deve fazê-lo com
freqüência, se quiser continuar no poder. Ao mesmo tempo, deve parecer virtuoso aos
demais. Só mediante esta duplicidade um governante pode conservar a sua posição.

Entretanto, Arendt corrobora “Em nosso tempo, ao se pretender falar sobre política, é
preciso começar por avaliar os preconceitos que todos temos contra a política visto não
sermos políticos profissionais”. Continuando sua explanação, Arendt adverte quanto aos
nossos preconceitos, já que eles confundem aquilo que seria o fim da política com a
política em si, e apresentam aquilo que seria uma catástrofe como inerente à própria
natureza da política e sendo, por conseguinte, inevitável.

1.3. Os fins justificam os meios?

No capítulo XV do ‘Príncipe’ Maquiavel afirma que é de seu ‘intento’:

Escrever coisa útil para os que se interessarem, pareceu-me mais conveniente procurar a
verdade pelo efeito das coisas, do que pelo que delas se possa imaginar. E muita gente
imaginou repúblicas e principados que nunca se viram nem jamais foram reconhecidos
como verdadeiros. Vai tanta diferença entre o como se vive e o modo por que se deveria
viver, que quem se preocupar com o que se deveria fazer em vez do que se faz aprende
antes ruina própria.

Assim, ele afirma uma regra de comportamento e assegura que não se devem perder
oportunidades, pois “Aqueles que, por suas virtudes semelhantemente a estes, se tornam
príncipes, conquistam o principado com dificuldade, mas se mantêm facilmente”. No
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capítulo VI do ‘Príncipe’ podemos observar que as leis das pessoas comuns não se
aplicam ao príncipe, pois ele tem que manter o Estado independente e forte a qualquer
custo. No exemplo de ‘Hierão’ após ser eleito capitão, tornou-se príncipe de Siracusa
“Extinguiu a antiga milícia, organizou a nova, deixou as amizades antigas, conquistou
outras, e, como tivesse amizades e soldados seus, pôde, sobre tais alicerces, edificar as
obras que quis, tanto que teve muito trabalho para conquistar, mas mouco para manter-
se”. No comando deve-se usar inclusive o artifício da crueldade para manter-se no poder,
visto que “Bem usadas se podem chamar aquelas (se é que se pode dizer bem do mal) que
são feitas de uma só vez, pela necessidade de prover alguém à própria segurança, e depois
são postas à margem, transformando-se o mais possível em vantagem para os súditos”.
Nesse governo justifica:

Deve, sobretudo, abster-se de se aproveitar dos bens dos outros, porque os homens
esquecem mais depressa a morte do pai do que a perda de seu patrimônio. Além disso,
não faltam nunca ocasiões para pilhar o que é dos outros, e aquele que começa a viver de
rapinagem sempre as encontra, o que já não sucede quanto às ocasiões de derramar
sangue.

Para bem desempenhar suas funções de governo é necessário, “para se manter, que
aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade”.
Ou seja, ele tem que ter certo número de qualidades pessoais e se portar como tal
autoridade. Deve-se também, preocupar-se com “a arte da guerra e praticá-la na paz ainda
mais mesmo que na guerra, e isto pode ser conseguido por duas formas: pela ação ou
apenas pelo pensamento”. Ao observarmos a política em sua obra com vários exemplos
retirados da história sugere-nos ser cruel, porém foram fatos acontecidos e serviram de
modelos à sua teoria. Parece-nos que Maquiavel não introduziu as práticas amorais na
política, porque já existiam tais acontecimentos.

Para bem desempenhar suas funções de governo é necessário, “para se manter, que
aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade”.
Ou seja, ele tem que ter certo número de qualidades pessoais e se portar como tal
autoridade. Deve-se também, preocupar-se com “a arte da guerra e praticá-la na paz ainda
mais mesmo que na guerra, e isto pode ser conseguido por duas formas: pela ação ou
apenas pelo pensamento”. Ao observarmos a política em sua obra com vários exemplos
retirados da história sugere-nos ser cruel, porém foram fatos acontecidos e serviram de
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modelos à sua teoria. Parece-nos que Maquiavel não introduziu as práticas amorais na
política, porque já existiam tais acontecimentos.

1.4. O papel das Instituições

Ao pensarmos no papel das instituições, temos que lembrar de sua representabilidade e


das interferências que ela provoca na sociedade, uma vez que Rawls assegura o quanto:

a forma institucional da sociedade afeta seus membros e determina, em grande parte, o


tipo de pessoas que querem ser, bem como o tipo de pessoas que são. A estrutura social
também limita de diversas formas as ambições e esperanças das pessoas, pois, em parte,
elas verão a si mesmas, e como razão, de acordo com a posição que ocupam nessa
estrutura, e levarão em conta os meios e as oportunidades que podem realisticamente
esperar dispor.

Podemos encontrar vários problemas ao analisarmos a ética numa democracia pouco


pluralista, principalmente num país extenso. De acordo com Mouffe, a necessidade de
“oportunizar o dissenso e instituições através das quais ele possa se manifestar. Sua
sobrevivência depende das identidades coletivas formadas em torno de posições
claramente diferenciadas, assim como da possibilidade de escolha entre alternativas
reais”55. Assim sendo, essas diferenças de interesses entre grupos, os quais aceitam ou
rejeitam comportamentos éticos e como conseguem ou não representatividade nas
instituições públicas, podem ser fatores complicadores no sentido de aperfeiçoar a ética
nessa democracia. Cabe ressaltar, que esses problemas não acontecem apenas em nosso
país e se manifestam de várias maneiras, até por questões raciais e culturais diferentes.

A ética nas instituições não se caracteriza como valor abstrato nem alheio aos que
vigoram na sociedade. Ao contrário, as pessoas que as constituem, sendo sujeitos
históricos e sociais, levam para elas as mesmas crenças e princípios que aprenderam
enquanto membros de uma determinada coletividade. Ética nas instituições denota forma
de ser e modo de agir, não de maneira mecânica, mas como fruto da reflexão que combina
com a cultura e normas da instituição. Ela visa tornar compreensível a moral vigente nos
órgãos institucionais, através de estudos que contemplem também as questões de tempo
e espaço, assim como foi observado anteriormente. Os valores organizacionais mudam
também com as mudanças histórico-sociais e as relações humanas acabam seguindo a
mesma tendência. Podem ocorrer conflitos em instituições, em decorrência de choques
entre interesses individuais e, muitas vezes, entre esses e os da própria instituição, de
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modo que a ética servirá para regular essas relações, colocando limites e parâmetros a
serem seguidos. Essas orientações também são responsáveis pela garantia da probidade
dos indivíduos que vivem o cotidiano de uma instituição. Permitindo que tenham bem
estar com o que fazem, fortalecendo o compromisso com a organização, renovando e
colocando em prática o poder criativo e produtivo que possuem a imparcialidade, a
transparência61, e outras condições necessárias à sustentação da organização em sua
plenitude. Contudo, Estlund adverte quanto ao fato de desejarmos certas teorias que
mantêm os indivíduos e instituições dentro de padrões elevadíssimos, pois é fácil
confundir padrões que são impossíveis de se encontrar, com padrões que não serão
encontrados ou seguidos. Argumenta ainda, que se encontrarmos uma teoria com
exigências mais brandas e ela encontrar as condições de sustentação, ela terá vantagem
em relação às outras teorias. Portanto, as instituições devem possuir uma orientação para
dar-lhe a direção. Porque ela define a missão institucional, seus objetivos, sua forma de
gestão, os papéis a serem desempenhados, prescreve as normas a serem seguidas e os
comportamentos admitidos ou impróprios, dentre outros. Conforme Rawls comenta:
“numa sociedade em boa ordem, uma efetivamente regulada por uma concepção de
justiça compartilhada, há também uma compreensão pública para o que é justo ou
injusto”. Em síntese, é essa concepção que define o funcionamento de uma organização
consciente ou não. Tal concepção é constituída como uma destinação natural do ser
humano, conforme Cícero expõe, “o conhecimento da verdade, é o mais natural no
homem. Com certeza, sustenta-nos abrasador desejo de saber e de conhecer”, dessa forma
quem aspira procurar sentido para sua prática, tende buscar a veracidade como um fim
em si, acaba buscando uma conduta apropriada e digna ao desempenho de sua função na
instituição e na vida privada.
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2. Conclusão

Portanto em vista dos argumentos apresentados e no cotidiano podem-se verificar-se que


a opinião pública afirma frequentemente à descrença quanto ao comportamento ético de
seus agentes políticos, muitas vezes esse preconceito é agravado pelas notícias nos meios
de comunicação em massa (principalmente a televisão, o rádio e o jornal), pois é notório
o fortalecimento dos mesmos e sua importância para se viver numa democracia. Desse
modo as questões éticas e políticas continuam a nos incomodar, e por não encontrarmos
soluções simples, aumentam nossa inquietude e as perguntas se multiplicam sem
respostas, por falta de ações mais rígidas de nossas instituições, uma vez que já existem
inúmeras regras como: códigos de ética, regimes disciplinares e legislações específicas
para delimitar o comportamento a ser seguido. Nota-se que desde a antiguidade, a ética
vem sendo discutida por vários pensadores e, em geral, as abordagens quanto ao assunto
concentram-se na consciência pessoal exteriorizando-se ao meio social, havendo assim
uma integração entre os homens. Porém, ultimamente parece-nos que ocorreu a
relativização dos valores morais ou à diminuição da importância dada a alguns princípios,
sobretudo no meio político que está repleto de ditames, os quais visam fins eleitoreiros
ou benefícios próprios. Nesse sentido a ética leva à conscientização do indivíduo ao
social.
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2.1. Bibliografia

Corrêa, R. S. (2010): Ética na Política é uma necessidade e/ou obrigação?. Revista


Filosofia Capital. Vol. 5, Edição 11.

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