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FACULDADE CATÓLICA DE BELÉM

CURSO DE FILOSIFA
DICIPLINA DE ÉTICA

RESENHA

ANANINDEUA/PA
2023
DARLEY LIMA CARVALHO

RESENHA

Resenha apresentada à Faculdade Católica de


Belém, como requisito parcial de avaliação na
disciplina Ética I, do curso de Filosofia,
ministrado pelo Prof. Dr. Mário Tito.

ANANINDEUA/PA
2023
PETRINI. João Carlos. Ética e convivência social e política. Revista pessoa e sociedade. São
Paulo: PUC-SP.

Padre João Carlos Petrini é doutor em Ciências Sociais, diretor do Pontifício Instituto
João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família e coordenador do Mestrado em Ciências
da Família da UCSal de Salvador.
Em seu texto publicado na PUC-SP, é possível observar uma análise muito coerente
sobre temas que envolvem a moral. É um texto sucinto, mas que faz-se compreender bastante
em sua abordagem.
No primeiro e breve item de seu texto, ele apresenta uma questão comportamental ligada
a moral, ou melhor, na falta da moral, que seria exatamente da corrupção, da trapaça, da
violência, estes comportamentos tantas vezes praticados na vida em sociedade revelam o caráter
desorientado do ser humano quando não tem um modelo, um ideal, um orientador que mostre
o exemplo de como agir bem. Petrini, ainda faz uma crítica aos fatos sociais e legislativos da
sociedade que considera avanço seguir as normas sem ter um modelo a comparar.
No segundo item, trata do moralismo, este por sua vez, compreende-se como a primeira
desfiguração da moralidade e consiste num conjunto de normas e regras que a racionalidade
define autonomamente, isto é, uma forma de cumprir normas e regras simplesmente pelo
politicamente correto, sem considerar a razão e o porquê dos fatos serem assim e terem chegado
a essa organização. Não há um ponto de referência e de juízo que seja, simultaneamente, externo
ao sujeito e interiorizado por ele. A única preocupação passa a ser o respeito formal dos
compromissos assumidos, mesmo que, de um ponto de vista substancial, efetivo, as coisas
sejam bem diferentes.
O autor continua seu texto com o seguinte subtítulo: na sociedade de espetáculo, o
importante é não ser visto. Nesse item o autor ressalta que a maldade e as mentiras também
existem por debaixo de boa aparência. Existem realidades de pessoas como os políticos que
forjam uma boa aparência e uma boa reputação, porem os mesmo possuem interesses e
segundas intenções em seus projetos e para isso eles utilizam da mentira para enganar os
cidadãos.
Outro subtítulo de Petrini está intitulado: De Maquiavel à emancipação da influência
religiosa. Nesse momento do texto a autor traz a seguinte compreensão. Que o iluminismo tinha
um ideal de destruir a autoridade e autonomia da Igreja e suas intepretações das sagradas
escrituras, os homens ao se esquivarem dessa “opressão” estariam tendo sua própria autonomia
de se guiarem eticamente por meio de suas compreensões. Logo em seguida há uma analogia
com a teoria de Nicolau Maquiavel e o comportamento do príncipe em possuir êxitos em seus
atos.
Nesse ínterim, com a aceitação do mundo moderno a essas teorias, as ações morais dos
homens guiam-se a partir da razão do próprio homem e não mais a partir do viés cristão católico.
Elimina-se o teocentrismo e chega a nova fase do antropocentrismo, é o homem e suas razoes
que dominam e tomam suas próprias decisões. E as ações erradas podem ser corrigidas pela
ciência, não admitindo a linguagem de pecado e de um ser divino que possa curar.
Por ser demasiadamente crítica com relação a tudo o que ameaça a liberdade e a
dignidade da pessoa, a moral cristã começou a apresentar mais problemas do que soluções para
uma sociedade que parece necessitar de outros valores e de outros direitos, quase sempre
divergentes dos consolidados na tradição cristã. O cristianismo deixou, em grande parte, de ser
funcional ao moderno sistema produtivo.
Em seguida, no texto de Petrini contém o próximo subtópico: Uma nova antropologia
no horizonte do mercado. Esse tópico traz a seguinte mensagem. Que o mercado capitalista
trouxe um grande radicalismo, ou seja, destruiu com o que estava em equilíbrio e fomenta cada
vez mais a busca por consumidores de bens, produtos e serviços que venham tornar o homem
uma espécie de marionete.
Prevalecendo o que a ciência venha a afirmar, e cria-se um leque de opiniões e conceitos
que antes estavam bem definidos em uma tranquila compressão, dessa forma, nasce uma nova
antropologia mais correspondente aos novos parâmetros valorativos. Com isso, a moralidade
cristã perde espaço e um radicalismo cheio de distorção sobre o homem, a mulher, a
maternidade a sexualidade e outras inversões de valores. Alguns autores chamam essa fase de
mutação antropológica.
O autor continua em seu texto com o novo subtítulo: O niilismo, última etapa da
modernidade. Aqui o texto ressalta a crítica feita a era do iluminismo, que tentou trazer novas
compreensões para o benefício dos homens e das ciência, mas trouxe também impasses que
perduram até hoje e tem como resultado o problema da crise da modernidade e do impasse
diante de tantas questões que permanecem sem resposta não se refere a aspectos superficiais da
experiência humana e social. Trata-se da crise da razão, que se tornou instrumento do poder e
do lucro.
Em consequência disso circunstâncias históricas e culturais fazem com que a fase do
Iluminismo chegue ao niilismo, onde tem a teoria de Nietzsche como protagonista. Que faz
críticas a moral, ao conhecimento da verdade e afirma o seguinte: “O mundo é uma realidade
destituída de sentido e de valor”.
O último argumento levantado por Petrini é sobre a ética na política. Aqui o autor
destaca assuntos como no sentido da ética parece ser pouco eficaz na vida política, um vez que
acontece vários tipos de escândalos e os sujeitos envolvidos não correspondem com a
idoneidade moral.
Segundo o autor, existe duas maneiras de perceber a ética na política. A primeira forma
é no ordenamento jurídico, sendo esta, a lei que rege todos o cidadão, independentemente de
sua condição na sociedade. É uma lei civil e democrática, pois está preocupado com a dignidade
de todo e qualquer ser humano naquela sociedade. Para que essas leis aconteçam é necessário
a vigilância e a aplicação delas por parte de todos que estão a ela submetidos, porém encontra-
se alguns impasses na sua efetivação como: infringir as leis e não ser visto no ato de infringi-
las, conseguindo dessa maneira vantagens que respondem aos mesmos interesses.
O segundo impasse é a impunidade. Ou seja, quando alguém é apanhado em flagrante
violando as leis, a justiça não acontece o os infratores sempre se encontram alguma forma de
escapar às sanções ou de reduzir suas penas.
O terceiro empecilho para a aplicação da lei ética que garante a dignidade e justiça a
todos é a manipulação da justiça por meio de personagens políticos de ignoram alguns casos
graves e se passam por juízes, fazendo a inversão dos culpados, simplesmente por pertencerem
ao poderes legislativos ou ao judiciário.
A outra maneira que se nota a ética na política, é a percepção de que as leis só deve
complementar aquilo que deveria ser a busca interna e incansável do homem, que é o bem, o
justo o digno, mas esse pensamento na política se confunde com um pensamento religioso. Por
muito tempo essas duas concepções estiveram juntas, no entanto nos dias de hoje surgiu uma
forte militância contra a religião. Renunciou-se à lealdade do debate racional e democrático,
para criar uma imagem da religião como sendo contrária ao progresso, à inteligência, ao bem.
Uma mentalidade laicista, segundo a qual “Deus, se existe, não interessa", difunde-se
reduzindo, cada vez mais, o espaço de uma ética religiosa.
Por fim Petrini sugere que não se trata de lamentar saudosamente a perda de pontos de
referência éticos na sociedade atual. É necessário que cada um se envolva num movimento
educativo, que recrie o tecido quotidiano da convivência social, subtraída progressivamente à
lógica do mercado e a seus critérios.
Diante do texto de Petrini é possível notar o domínio de conteúdo que ele consegue
apresentar. Em todos os pontos levantados, existem suas verdades incontestáveis, uma vez que
são realidade vistas de perto e não há como negar, a crise moral verdadeiramente existe e ela
não está somente limitada ao espaço político, pois é um assunto de grandes fronteiras. Ao
mesmo tempo que se pode afirmar que o Estado do Pará é um dos estados mais violentos no
Brasil e essa violência é atrelada a falta de ética e de políticas públicas, e de justiça e
acompanhamento político, também é possível dizer que do Monte do Caburaí até no Arroio do
Chuí as realidade não se diferem, pois onde tem ser humano está o animal político, segundo
Aristóteles.
Quando Petrini revela a dualidade existente entre as leis civis e o declínio da
interferência religiosa sobre as leis éticas e os comportamentos humanos, é uma afirmação
coerente. Quando houve na história a separação da Igreja e do Estado, quando as ideias
iluministas tomaram força no mundo, quando o empirismo tomou forças esse mundo não foi
mais o mesmo, tudo isso abriu brechas para a forte inversão de valores e tantas banalidades,
como nunca antes visto na história daquilo de deveria ser a democracia, a ética e a política.

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