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NOME DO ALUNO
RICARDO DE LIMA SÁ – Nº 840616
MATUTINO 32B
RIBEIRÃO PRETO
2º SEMESTRE – 2023
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Introdução
A relevância do pós-positivismo na contemporaneidade
Além disso a nova corrente empírica vem demonstrar que a verificação objetiva do
Direito não é possível, pois o Direito não é simplesmente uma fórmula matemática. Nesse
contexto o pós-positivismo surge reconhecendo a influência das teorias e das interpretações
individuais na construção do conhecimento jurídico, porém também, destaca a importância da
subjetividade, em contextos sociais na prática jurídica cotidiana, admitindo dessa forma que a
objetividade completa pode ser inatingível. Essa perspectiva busca uma compreensão mais
centralizada e contextualizada do Direito. A partir desse ponto de vista o pós-positivismo
pode ajudar os juízes a tomar decisões mais justas e equitativas, pois permite que eles levem
em consideração os valores e interesses da sociedade.
Como resposta a essas crises, o pós-positivismo jurídico defende que o direito não se
limita às normas positivadas, mas também é influenciado por fatores subjetivos, como a
moral, os valores e os contextos sociais. O pós-positivismo busca uma compreensão mais
reflexiva e contextualizada do direito, que seja capaz de atender às necessidades da sociedade
moderna.
Se há uma demarcação histórica que pode ser identificada como catalisadora para o
surgimento de teorias pós-positivistas, esse marco foi a Segunda Guerra Mundial e a própria
transformação na configuração do novo Estado Constitucional de Direito. Estado esse que
parte do pressuposto que dentro do ordenamento jurídico todos deverão ser iguais perante a
lei, dá ênfase em equidade de gêneros, igualdade racial, responsabilidade social,
conscientização ambiental entre outros tantos paradigmas que foram reconsiderados fazem
com que estado democrático de direito e o pós-positivismo caminhem em sentido único
tornando assim intrínseca essa relação
Como afirma Ana Paula Teixeira Delgado, no artigo “Perspectivas para a justiça
constitucional em tempos de pós-positivismo: legitimidade, discricionariedade e papel dos
princípios” o novo constitucionalismo, que emergiu após a segunda metade do século XX,
trouxe consigo uma série de desafios para a teoria do direito. Dentre esses desafios, destacam-
se:
De acordo com, José Afonso da Silva. Em seu livro “Curso de direito constitucional
positivo”, “a Constituição é um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que
regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício do poder,
o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem
e as suas respectivas garantias”. Em síntese, a Constituição é o conjunto de normas que
organiza os elementos constitutivos do Estado O direito constitucional é o ramo do direito que
se ocupa da organização do Estado na totalidade e também dos direitos fundamentais dos
indivíduos. O positivismo jurídico teve uma grande influência no desenvolvimento do direito
constitucional, pois contribuiu para a consolidação do Estado de Direito, que é um modelo de
Estado baseado na legalidade e na separação de poderes.
No entanto, a rigidez do modelo positivista o afasta da finalidade do estado que seja
promover o bem comum, quando o excesso de regras e seus normativismos rígidos com seus
dogmas em muitas vezes dificulta isso. Tendo em vista a prescrição do positivismo que
separa, por exemplo, direito e moral, dando o pressuposto que o direito pode ser injusto ou
imoral desde que as regras sejam estabelecidas pelo estado. Outra questão seria em casos em
que não há previsão legal como deve agir o judiciário? No positivismo isso acaba levando a
arbitrariedades por conta de decisões de juízes ou tribunais.
Falar sobre cultura e ética, inevitavelmente, causa certa confusão quanto à definição
dessas duas matérias, Ética e cultura são conceitos relacionados, mas não idênticos. A ética é
influenciada pela cultura, mas não é determinada por ela. Nesse sentido Bittar, E. C. (2017).
Curso de ética jurídica é categórico em dizer que: a ética e a cultura são indissociáveis. Para
compreendermos a ética, é preciso estudar a antropologia, ou seja, a origem do homem,
evolução, caracteres, etc., pois a cultura é o registro coletivo das práticas humanas
determinadas no tempo e no espaço. No entanto mais adiante faz algumas ressalvas e através
delas fica estabelecido que ética não é sinônimo de cultura, um pouco além afirma, ainda, que
a ética pode romper com a cultura e trazer um novo padrão cultural entre os homens.
A partir desse pensamento podemos observar que o direito antes de tudo é um código
que vamos gerando a partir de nossos relacionamentos humanos através do tempo. Em
determinada sociedade o que é considerado ético para outra nem sempre será, pois suas
vivencias suas necessidades a moldaram de tal forma que não se pode julgar de modo
simplório um ato de uma cultura diferente da nossa.
sociedade em que está inserido. Essa perspectiva contrasta com o positivismo jurídico, que
defende que o direito deve ser interpretado e aplicado apenas com base nas normas jurídicas.
No Brasil, existem diversos casos julgados em tribunais nacionais que levaram em
consideração a perspectiva do culturalismo jurídico. Um exemplo importante é o caso Raposa
Serra do Sol, julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2009. Nesse caso, o STF
decidiu que as terras indígenas devem ser demarcadas com base nos direitos originários dos
povos indígenas, que são reconhecidos pela Constituição Federal. Para fundamentar sua
decisão, o STF levou em consideração os valores e a cultura dos povos indígenas, que têm um
vínculo especial com a terra.
Outro exemplo importante é o caso da adoção de crianças por casais homoafetivos,
julgado pelo STF em 2011. Nesse caso, o STF decidiu que casais homoafetivos têm o direito
de adotar crianças, equiparando-os aos casais heterossexuais. Para fundamentar sua decisão, o
STF levou em consideração os valores de igualdade e não discriminação, que são
fundamentais para uma sociedade democrática.
A seguir, são apresentados outros casos julgados em tribunais nacionais que levaram
em consideração a perspectiva do culturalismo jurídico:
Caso da prisão perpétua, julgado pelo STF em 2012. Nesse caso, o STF decidiu que a
prisão perpétua é inconstitucional no Brasil, levando em consideração os valores de dignidade
da pessoa humana e de reinserção social.
Caso da criminalização da homofobia, julgado pelo STF em 2019. Nesse caso, o STF
decidiu que a homofobia é crime, levando em consideração os valores de igualdade e não
discriminação.
Caso da demarcação das terras quilombolas, julgado pelo STF em 2020. Nesse caso,
o STF decidiu que as terras quilombolas devem ser demarcadas com base nos direitos
originários dos povos quilombolas, levando em consideração os valores de justiça social e de
reconhecimento da diversidade cultural brasileira.
Esses casos demonstram que os tribunais nacionais estão cada vez mais considerando
a perspectiva do culturalismo jurídico em seus julgamentos. Essa tendência é positiva, pois
permite que o direito seja interpretado e aplicado de forma mais justa e inclusiva, levando em
consideração os valores e a cultura da sociedade em que está inserido.
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7. REFERENCIAS
1. Bittar, E. C. (2017). Curso de ética jurídica. São Paulo: Saraiva Educação SA.
2. Bobbio, N. (1995). O positivismo jurídico. Lições de Filosofia do Direito.
Tradução e notas de Márcio Pugliesi. São Paulo: Ícone.
3. Delgado, A. P. T. (2018). Perspectivas para a justiça constitucional em tempos
de pós-positivismo: legitimidade, discricionariedade e papel dos princípios. Revista
Interdisciplinar do Direito - Faculdade de Direito de Valença, 9(1), 239–254. Disponível em:
https://revistas.faa.edu.br/FDV/article/view/516. Acesso em: 3 dez. 2023.
4. Ferrajoli, L. (2014). Direito e razão: teoria do garantismo penal. 4. ed. rev.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais.
5. KIM, R. P. Pós-positivismo e alguns paradoxos sobre a interpretação
constitucional. Revista de Direito Constitucional e Internacional, São Paulo, v. 20, n. 80, p.
495-510, abr./jun. 2012.
6. Querino, A. C., & Silva, J. B. (2014). Diversidade Cultural: Proteção e Tutela
na Pós-Modernidade/Diversidad Cultural: Protección y Tutela en la Post-Moderna. Revista
Direito e Liberdade, 16(3), 11-35.
7. Silva, J. A. da. (2022). Curso de direito constitucional positivo. 44. ed., rev. e
atual. até a Emenda Constitucional n. 125, de 14.7.2022. São Paulo: Malheiros. 936 p.