Você está na página 1de 7

1

POR: CAMILA MIOTTO FAGUNDES.

RESUMO DO LIVRO DO NILO BATISTA “INTRODUÇÃO


CRÍTICA AO DIREITO PENAL BRASILEIRO”

Capitulo 1 - DIREITO PENAL E SOCIEDADE. SISTEMA PENAL. CRIMINOLOGIA.


POLÍTICA CRIMINAL.

1. Direito penal e a sociedade


Há um questionamento da onde vem o direito e se o estudo que vem sendo produzido e
levado aos alunos sobre a construção do direito é correto e se foi por causa das noções
universalistas de que o homem criou o direito foi possível viver em sociedade.
O autor Tobias Barreto que diz que o "não existe um direito natural, mas uma lei natural
do direito", com isso ele traz a ideia de que o direito é uma adequação a vida em sociedade,
conforme a sociedade foi crescendo e se modificando foi criando jeitos e princípios de viver,
os quais foram traduzidos posteriormente em normas, ou seja, é intrínseco a qualquer
organização social humana dai se da à importância de conhecer a sociologia jurídica.
O direito penal veio para “cumprir funções concretas dentro de e para uma sociedade que
se organizou de determinada maneira.” Tem um caráter finalístico e com um enfoque na
função conservadora para concretizar fins juntamente com uma missão política de estruturar,
preservar e garantir determinada ordem econômica e social.
2. Direito penal e sistema penal
Nessa parte, o autor traz a diferenciação entre o direito penal e o sistema penal e ainda
mais faz uma critica ao último revelando como está sendo um sistema falido e não cumprindo
sua função social, mostrando a realidade em que ele está inserido, uma realidade a qual
deveria atuar de forma igualitária em todos os casos, no entanto atua de forma seletiva
atingindo apenas determinadas pessoas de determinados grupos sociais, agindo
repressivamente no lugar de justo, além de se estigmatizante.
3. Criminologia
2

O saber jurídico- penal e a criminologia estão em constante comunicação, o estudo da


criminologia alcança tanto a sociologia do direito penal como o estudo das origens do
comportamento desviante e delitivo, analisa a reação social compreendendo a psicologia
social, as penas, outras medidas cautelares e as instituições que as executam.
A criminologia positivista trata cada caso penal individualmente e respalda a ordem legal
como ordem natural, não questiona a política do direito penal nem a reação social, há uma
separação entre o ser e o dever ser, assim ela legitima a ordem estabelecida sem criticar nada.
Já a criminologia Critica surgiu nos últimos vinte anos e vem para resolver o impasse da
criminologia positivista com um frente mais ampla, questiona o código penal com perguntas:
como, por quê e para quem este código foi elaborado. Busca verificar o desempenho do
sistema penal como um todo e interessando-se por comportamentos que causam grande
desaprovação social.
4. Política criminal
A política criminal tem a capacidade de interpretar e transformar a realidade, ela
funciona como “conselheira da sanção não penal”, se insere inúmeros princípios, além de se
integrar a politica criminal, a politica da segurança pública, a politica judiciária e a política
penitenciária.
O autor Barratta indica que a política criminal foi feita para as classes dominadas,
agindo como uma transformadora social e institucional, alicerçando a construção de uma
igualdade, democracia e de modos de vida mais humano, mostrando que “esses objetivos
corresponderia uma profunda transformação no processo e na organização judiciara, vem
como na instituição policial”.

Capítulo 2 - A DESIGNACÃO "DIREITO PENAL" E SUAS ACEPCÕES.


PRINCÍPIOS BASÍCOS DO DIREITO PENAL. MISÃO DO DIREITO PENAL. A
CIÊNCIA DO DIREITO PENAL.

5. Direito “penal” ou Direito “criminal”?


O crime é a vinculação da conduta ilícita – ato que é contrário as normas ou produz efeitos
que ela se opõe e gera uma sanção – por meio de uma decisão política/ ato legislativo que o
vincula a uma pena.
Para definir qual seria a melhor definição “direito penal” ou “direito criminal” é
necessário avaliar toda uma história de mudanças de nomes e paradigmas, os quais
dependendo da época designavam um nome para esse estudo e definição de o que é crime.
3

Na acepção doutrinaria também houve diversos questionamentos de qual seria o nome


para designar sobre esse estudo e junto a isso divergências ao longo do tempo. E após muitos
estudos e questionamentos foi definido que a melhor definição seria a de “direito penal” por
dois motivos principais: 1) porque pena é a condição jurídica para existência do crime. 2) a
opinião comum no Brasil de que até mesmo medida de segurança é uma parte do que significa
pena.
Nilo Batista (1990, p. 49) termina dizendo
Por tudo isso, e também porque, histórica e antropologicamente, são
as penas, tais como efetivamente executadas, que definem objetivos e
perfil da categorização jurídica de condutas humanas como crimes e
de seu correspondente tratamento politico, o melhor nome para nossa
disciplina é direito penal.

6. As três acepções da expressão “Direito Penal”


As acepções do direito penal são: o direito penal objetivo, direito penal subjetivo e direito
penal-ciência.
O direito penal objetivo são as normas jurídicas que dispõem a respeito do que é
crime, sua estrutura e elementos, como ocorrerá à aplicação e execução das penas, e outras
medidas previstas.
O direito penal subjetivo diz a respeito da faculdade do estado de ser titular cominar,
aplicar e executar penas.
O direito penal-ciência é o estudo do direito penal, o conhecimento das normas
jurídicas ou das faculdades do estado.
7. O Direito Penal como direito público
O motivo de o direito penal ser visto como direito público vem de concepções
conteudistas e de uma perspectiva formalística. Deve ser visto como direito púbico devido ao
objetivo de suas normas de assegurar os bens essenciais a toda sociedade, defender os
interesses da coletividade e o estado ser o único que detém esse poder de imposição e de
punição.
Essa noção de que o direito penal pertence ao direito público é moldada ao longo dos anos
pelas distinções históricas entre do direito público e do direito privado, pela proteção dos
interesses das classes, pela crítica ao estado numa perspectiva da abstração a-histórica e pela
crítica ao positivismo jurídico-penal.
8. Princípios básicos do Direito Penal
4

Os princípios do direito penal servem como uma plataforma para poder criar um estado
democrático de direito, esses princípios estão elencados tanto em normas expressas como
norma com conteúdo adequado aos princípios, foram reunidos por meio da natureza
axiomática e pela expansão lógica.
Descartam-se as linhas que incluem o pensamento de o direito penal ser um direito
finalista e não geral, e as linhas que tratam o Direito Penal apenas como uma sanção, como se
fosse uma característica essencial.
Há cinco princípios básicos no Direito Penal e eles são: 1) o princípio da legalidade; 2) o
princípio da intervenção mínima; 3) o princípio da lesividade; 4) princípio da humanidade; 5)
o princípio da culpabilidade.
9. O princípio da legalidade
Também conhecido como princípio da reserva legal, surgiu com a revolução burguesa
para combater os abusos do absolutismo. Tem função constitutiva, está previsto no artigo 1°
do Código penal, é a base para um sistema penal racional, justo e que vise à segurança
jurídica. Assegura a possibilidade do prévio conhecimento do crime e das penas, e garante
que o cidadão não seja julgado de maneira diferente do que está predisposto na lei.
O princípio da legalidade possui quatro funções:
 Proibir a retroatividade da lei penal: a lei penal só retroagirá se for em benefício do
réu;
 Proibir a criação de crimes e penas pelo costume: somente lei escrita poderá definir
quais são os crimes e quais são as penas;
 Proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas: só
será permitida a analogia para beneficiar o réu;
 Proibir incriminações vagas e indeterminadas: se as incriminações forem vagas e
indeterminadas dará margem ao arbítrio, para que isso não aconteça não se deve ter: a
ocultação do núcleo do tipo, o emprego de elementos do tipo sem precisão semântica e
as tipificações abertas e exemplificativas.
10. O princípio da intervenção mínima
O princípio da intervenção mínima surgiu na revolução burguesa, assim como o princípio
da legalidade. Não está escrito expressamente na Constituição nem no Código Penal, integra-
se a política criminal. Esse princípio é feito para ser usado como ultima ratio, ou seja, o
direito penal só intervirá nos casos mais graves de perturbação aos bens jurídicos mais
importantes.
5

Há duas características do princípio da intervenção mínima que se relacionam com o do


Direito Penal, eles são a fragmentariedade e a subsidiariedade.
A fragmentariedade diz a respeito das lacunas da lei penal e os efeitos, assim o Código
Penal se torna um sistema descontínuo e ilicitudes, acaba resolvendo apenas as ofensas mais
graves, assim a legislação e a interpretação entram para tentar resolver esse problema. A
subsidiariedade é quando o Direito Penal intervêm quando os demais ramos do direito falham
na proteção do bem jurídico, além disso, ainda questiona a autonomia do Direito Penal, se ele
tem natureza constitutiva ou sancionadora.

11. O princípio da lesividade


O princípio da lesividade traz que para haja a punição a ação deve ser exteriorizada, ou
seja, é necessário que o comportamento da pessoa lesione o direito de outrem e não apenas
um comportamento pecaminoso ou imoral.
Existem quatro funções no princípio da lesividade:
 Proibir a incriminação de uma conduta interna;
 Proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor;
 Proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais;
 Proibir a incriminação de condutas desviadas que não afetam qualquer bem jurídico;
O bem jurídico resulta na criação da politica do crime, irão expressar os interesses da
classe dominante e no Direito Penal esse bem deve cumprir cinco funções: a axiológica, a
sistemático-classificatória, a exegética, a dogmática e a crítica.
12. O princípio da humanidade
Por inúmeros anos tiveram penas cruéis e desumanas, inclusive no Brasil com as
Ordenações Filipinas que aceitavam penas de morte e de açoite. O princípio da humanidade
vem para mudar essas condições anteriormente empregadas aos presos, busca uma
racionalidade e uma proporcionalidade para a pena.
Esse princípio visa reconhecer o réu como ser humano proibindo penas cruéis e incomuns,
está resguardado pela Constituição Brasileira no art. 5, incisos III, XI, VII, XLVI e XLVII.
13. O princípio da culpabilidade
O princípio da culpabilidade vem para fazer com que haja um fundamento e um limite
para a pena, esta sendo apenas aplicada apenas quando houver conduta reprovável de um
sujeito, não se aplicando pena quanto ao resultado ou responsabilidade objetiva.
6

O princípio da culpabilidade impõe que tenha a subjetividade da responsabilidade penal e


essa subjetividade tem duas consequências: a intranscedência e a individualização da pena. A
primeira diz a respeito da pena não ultrapassar o réu, ou seja, a responsabilidade penal é
pessoal. A segunda é sobre a pena ser única para cada indivíduo, devendo ser adaptada a cada
situação concreta.
Existe a co-culpabilidade, a qual não vê o réu e o crime apenas, analisa toda a experiência
social do réu como seu passado, suas oportunidades, sua responsabilidade no crime, a
responsabilidade do Estado e da sociedade. Assim aplicando um princípio aristotélico que
visa tratar desigualmente os desiguais na medida da sua desigualdade.

14. Um direito penal subjetivo?


Alguns autores aceitam a existência de um Direito Penal subjetivo, o qual se liga as
noções de contrato social e do direito natural, configura-se um jus puniendi e além de dar ao
Estado uma faculdade de agir conforme as normas.
No entanto, esse Direito Penal subjetivo é inútil, pois o Estado não deve ter uma
“faculdade de agir” e sim deve ter o dever de agir. E a pena ser ao réu submetido já que este
tem a obrigação de sofrer a pena.
15. A missão (fins) do Direito Penal
Para saber quais são os fins do Direito Penal deve-se analisar o combo pena/sociedade, o
criminoso antes do crime e, além disso, deve analisar os fins da pena primordialmente no
criminoso depois do crime/pena/sociedade.
A missão do Direito Penal com um cunho propulsor vem o objetivo de resolver casos,
defender a sociedade protegendo os bem/valores/interesses, garantindo a segurança jurídica
ou confirmando a validade das normas. Resumindo- se em proteção do bem jurídico – que são
definidos pela classe dominante –, juntamente com a cominação, aplicação e execução da
pena. E assim agindo na defesa da sociedade.
16. A ciência do Direito Penal
A ciência do Direito Penal trata de conhecer o direito aplicável, é e tem o objetivo: o
estudo do ordenamento jurídico positivo, essa ciência visa a aplicação equitativa e justa da lei
penal.
O método utilizado no estudo da ciência do Direito Penal é a dogmática, cuja não vem
para questionar as normas e sim tem por objetivo conhece-las, busca conhecer os elementos
que integram a lei e organiza-los como um sistema. Na realidade atual a dogmática deve ser
7

aberta e sempre pronta para se renovar e criar novos dogmas incorporando os dados da
realidade e os efeitos sociais concretos. Sendo este o desafio do jurista brasileiro atualmente.

Referências
BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro. 11ª ed. Rio de Janeiro:
Revan, 2007.

Você também pode gostar