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Adriano José Machel

3º Ano

Licenciatura em Ensino Básico

Ficha de Leitura

Universidade Pedagógica
Maputo
2016
Adriano José Machel

3º Ano

Licenciatura em Ensino Básico

Trabalho de Tema Transversal III (Deontologia e


Ética Profissional) a ser entregue na Faculdade de
Ciências de Educação e Psicologia no
Departamento de Ciências de Educação para efeito
de Avaliação sob orientação do docente Dr.
Chadreque Guambe.

Universidade Pedagógica
Maputo
2016
Autor: Aristóteles, Immanuel e KORTE, Gustavo classif
Bibliografia: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 3ª ed. [Trad. Mário da Gama
Cury.] Brasília: Universidade de Brasília, 1992.
KORTE, Gustavo. Iniciação à Ética. São Paulo: Juarez Oliveira, 1999.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes e Outros Escritos.
São Paulo: Martin Claret: 2004.
Titulo: Ética a Nicômaco, Iniciação à Ética e Fundamentação da Metafísica dos
Costumes e Outros Escritos.
pag Conteúdos Observação
A ética e moral segundo Kant
A ética para Kant é autónoma, onde a lei é ditada pela própria consciência moral.
O que o homem procura está dentro dele mesmo, tendo a liberdade de poder
realizar o que achar melhor, o que for mais racional. A ética kantiana consiste num
equilíbrio entre lei e liberdade.
Ela também é considerada moderna, pois confia no homem, na sua razão, e na sua
liberdade. É a ética do homem empreendedor, avessa ao capitalismo consumista,
pois não dá importância ao gozo dos prazeres, e sim dá ênfase aos deveres.
A liberdade para Kant consistia em formar uma lei de validade universal, para
qualquer ser racional, garantindo-se igualdade a esses seres ante a lei moral
universal, ou seja, a moralidade resumia-se num princípio fundamental, onde todos
os deveres e obrigações dela se derivam, princípio este intitulado de imperativo
categórico.
Moral
Para entender a abordagem que Immanuel Kant desenvolveu na sua teoria moral, é
útil começar por uma ideia de senso comum que ele rejeita. Trata-se da ideia de
que a razão tem apenas um papel “instrumental” como guia da acção. A razão não
te diz quais devem ser os teus objectivos; em vez disso, diz-te o que deves fazer
dados os objectivos que já tens. Dizer que a razão é puramente instrumental é dizer
que ela é simplesmente um instrumento que te ajuda a atingir objectivos que foram
determinados por outra coisa diferente da razão.
Esta ideia comum pode ser elaborada vendo as acções como o resultado de crenças
e desejos. Dada a informação disponível, a razão pode dizer-te em que acreditar.
A Lei Moral, segundo Immanuel Kant, é uma lei que manda agir de acordo com o
que a vontade quer que se torne uma lei válida para todos.
Em outras palavras de Kant, cada indivíduo, portador de uma boa vontade, saberia
escolher, dentre suas regras particulares, aquela que pudesse valer para todos os
demais.
Do ponto de vista teológico, é a regra de obediência revelada a Adão, no estado de
inocência, e que é inerente a todo o género humano. Tendo todos os homens,
independente da crença, conhecimento intuitivo do bem e do mal

A ética e moral segundo Aristóteles


Lembrando a afirmação de filósofos como Aristóteles, para o qual o homem é um
animal por natureza social, político, e Thomas Morus, que afirmava que “nenhum
homem é uma ilha”, podemos afirmar que a moral tem um papel social, afinal, é o
conjunto de regras que determinam como deve ser o comportamento dos
indivíduos em grupo, mas, ademais, é preciso ressaltar que ela também está
relacionada com a livre e consciente aceitação das normas. Dessa forma, o homem
ocupa um papel ambíguo, de herdeiro e criador de cultura, só conseguindo ter uma
vida autenticamente moral quando, a partir da moral herdada, é capaz de propor
uma moral forjada em suas experiências de vida.
Já a ética é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e
princípios que fundamentam a vida moral. Essa reflexão pode seguir as mais
diversas direcções, dependendo da concepção de homem que se toma como ponto
de partida e, ao longo da história, filósofos foram responsáveis por diversas
concepções de vida moral, como veremos a seguir.

A concepção de ética e moral ao longo do tempo


No período clássico da filosofia grega, os sofistas rejeitam a tradição mítica ao
considerar que os princípios morais resultam de convenções humanas. Embora na
mesma linha de oposição aos fundamentos religiosos, Sócrates se contrapõe aos
sofistas ao buscar aqueles princípios não nas convenções, mas na natureza, o que
se apreende em inúmeros diálogos de Platão, nos quais são descritas as discussões
socráticas a respeito das virtudes e da natureza do bem. Resulta daí a convicção de
que a virtude se identifica com a sabedoria e o vício com a ignorância: portanto, a
virtude não pode ser aprendida.
Platão, como Sócrates, combate o relativismo moral dos sofistas. Sócrates estava
convencido que os conceitos morais se podiam estabelecer racionalmente mediante
definições rigorosas. Estas definições seriam depois assumidas como valores
morais de validade universal. Platão atribui a estes conceitos ético-políticos o
estatuto de ideias (Justiça, Bondade, Bem, Beleza etc.), pressupondo que os
mesmos são eternos e estão inscritos na alma de todos os homens. Para Platão a
Justiça consiste no perfeito ordenamento das três almas e das respectivas virtudes
que lhe são próprias, guiadas sempre pela razão. A felicidade, portanto, consiste
neste equilíbrio.
Herdeiro do pensamento de Platão, Aristóteles aprofunda a discussão a respeito das
questões éticas, mas, para ele, o homem busca a felicidade, que consiste na vida
teórica e contemplativa cuja plena realização coincide com o desenvolvimento da
racionalidade.
O que há de comum no pensamento dos filósofos gregos é a concepção de que a
virtude resulta do trabalho reflexivo, da sabedoria, do controle racional dos desejos
e paixões.
Além disso, o sujeito moral não pode ser compreendido ainda, como nos tempos
actuais, na sua completa individualidade. Os homens gregos são antes de tudo
cidadãos, membros integrantes de uma comunidade, de modo que a Ética se acha
intrinsecamente ligada à política.
Durante a Idade Média, a visão teocêntrica do mundo fez com que os valores
religiosos impregnassem as concepções éticas, de modo que os critérios de bem e
de mal se achavam vinculados à fé e dependiam da esperança de vida após a morte.
Na perspectiva religiosa, os valores são considerados transcendentes, porque
resultam de doação divina, o que determina a identificação do homem moral com o
homem temente a Deus.
No entanto, a partir da Idade Moderna, culminando no movimento do Iluminismo,
no século, XVIII, a moral se torna laica, ou seja, ser moral e ser religioso não são
pólos inseparáveis, sendo possível um homem ateu ser moral, afinal, o fundamento
dos valores não está em Deus, mas no próprio homem.
O Iluminismo exalta a capacidade humana de conhecer e agir à luz da razão. No
lugar de explicações religiosas, fornece três tipos de justificação para a norma
moral: ela se funda na lei natural (teses jusnaturalistas), no interesse (teses
empiristas, que explicam a acção humana como busca do prazer e evitação da dor)
e na própria razão (tese Kantiana).
A máxima expressão do pensamento iluminista se encontra em Kant, o qual,
analisando os princípios da consciência moral, conclui que a vontade humana é
verdadeiramente moral quando regida por imperativos categóricos, que são assim
chamados por serem incondicionados, absolutos, voltados para a realização da
acção tendo em vista o dever.
Nesse sentido, Kant rejeita as concepções que predominam até então, quer seja da
filosofia grega, quer seja da cristã, e que norteiam a acção moral a partir de
condicionantes como a felicidade ou o interesse. Para Kant, o agir moralmente se
funda exclusivamente na razão. A lei moral que a razão descobre é universal, pois
não se trata de descoberta subjectiva (mas do homem enquanto ser racional), e é
necessária, pois é ela que preserva a dignidade dos homens, o que pode ser
sintetizado na seguinte afirmação: “Age de tal modo que a máxima de tua acção
possa sempre valer como princípio universal de conduta”.
No século XIX, as relações entre capitalistas e proletariados atingiram níveis
agudos de antagonismo, fazendo surgir os movimentos de massa e a tentativa de
teorização desses fenómenos. Deriva daí a preocupação empírica em examinar a
situação concreta vivida pelos homens nas suas relações sociais. Para Marx, “o
modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social,
política e intelectual em geral”. Isso significa que as expressões da consciência
humana – inclusive a moral – são o reflexo das relações que os homens
estabelecem na sociedade para produzirem sua existência, e, portanto, mudam
conforme mudam os meios de produção.
Ainda no século XIX, Nietzsche faz a análise histórica da moral, critica Sócrates
por ter encaminhado pela primeira vez a reflexão moral em direcção ao controle
racional das paixões, pois, segundo Nietzsche, “nasce aí o homem desconfiado de
seus instintos”, e denuncia a incompatibilidade entre a moral e a vida, afinal, para
ele, o homem sob o domínio da moral se enfraquece, tornando-se doentio e
culpado.
Ao criticar a moral tradicional, Nietzsche preconiza a “transvaloração de todos os
valores”. Denuncia a falsa moral, “decadente”, “de rebanho”, “de escravos”, cujos
valores seriam a bondade, a humildade, a piedade e o amor ao próximo. Contrapõe
a ela a moral “de senhores”, uma moral positiva que visa à conservação da vida e
dos seus instintos fundamentais.
Também do século XIX, Sartre afirma que:
“O conteúdo da moral é sempre concreto e, por conseguinte, imprevisível; há
sempre invenção. A única coisa que conta é saber se a invenção que se faz, se faz
em nome da liberdade”. A decorrência desse pensamento é a dificuldade em
estabelecer os critérios para a fundamentação da moral. Sartre prometeu e não
conseguiu cumprir a elaboração de uma ética que não sucumbisse ao
individualismo e relativismo já que, segundo ele, “cada homem é responsável por
toda humanidade”.
No mundo contemporâneo, a situação da moral e da ética, em síntese, nos lança
diante de um impasse: de um lado prevalece a ordem subjectiva das vivências e
emoções, a anarquia dos princípios ou a simples ausência deles; de outro lado, a
razão dominadora, instrumento de repressão, como nos denuncia Marx e
Nietzsche, entre outros.

Nota reflexiva
Kant passou a vida inteira buscando os fundamentos últimos, necessários e universais do espírito
humano. Exaltou o homem enquanto ser dotado de razão, liberdade, vontade, capaz de criar uma
lei universal com base na sua moralidade.
No contexto de suas ideias a ética cumpriu papel importante, ao que se retrata em sua obra
"Crítica da Razão Prática", onde Kant diz que o céu estrelado sobre ele e a lei moral são as duas
coisas que enchem o ânimo de admiração e veneração, quando reflectidas.
A preocupação ética residia no dever, como regra racional e universal, expressado num
imperativo categórico.
Dessa forma, conclui-se que, apesar de serem etimologicamente semelhantes, a moral e a ética
são distintas, tendo a moral um carácter prático imediato e restrito, visto que corresponde a um
conjunto de normas que regem a vida do indivíduo e, consequentemente, da sociedade,
apontando o que é bom e o que é mal, influenciando os juízos de valores e as opiniões. Em
contrapartida, a ética caracteriza-se como uma reflexão filosófica de carácter universalista sobre
a moral, a fim de analisar os princípios, as causas, mas, também as consequências das acções dos
indivíduos para a sociedade.

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