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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO


Prof. Bruna Pinotti Garcia. Quanto à etimologia da palavra ética: No grego existem duas
vogais para pronunciar e grafar a vogal e, uma breve, chamada
Advogada e pesquisadora. Sócia da EPS&O Consultoria epsílon, e uma longa, denominada eta. Éthos, escrita com a vogal
Ambiental. Conciliadora do Tribunal de Justiça do Estado de longa, significa costume; porém, se escrita com a vogal breve,
São Paulo. Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro éthos, significa caráter, índole natural, temperamento, conjunto
Universitário Eurípides de Marília (UNIVEM) - bolsista CAPES. das disposições físicas e psíquicas de uma pessoa. Nesse segundo
sentido, éthos se refere às características pessoais de cada um, as
quais determinam que virtudes e que vícios cada indivíduo é capaz
1 ÉTICA E MORAL de praticar (aquele que possuir todas as virtudes possuirá uma
virtude plena, agindo estritamente de maneira conforme à moral)2.
A ética passa por certa evolução natural através da história,
mas uma breve observação do ideário de alguns pensadores do
A ética é composta por valores reais e presentes na sociedade, passado permite perceber que ela é composta por valores comuns
a partir do momento em que, por mais que às vezes tais valores desde sempre consagrados.
apareçam deturpados no contexto social, não é possível falar em Entre os elementos que compõem a Ética, destacam-se a Moral
convivência humana se esses forem desconsiderados. Entre tais e o Direito. Assim, a Moral não é a Ética, mas apenas parte dela.
valores, destacam-se os preceitos da Moral e o valor do justo Neste sentido, Moral vem do grego Mos ou Morus, referindo-se
(componente ético do Direito). exclusivamente ao regramento que determina a ação do indivíduo.
Se, por um lado, podemos constatar que as bruscas Assim, Moral e Ética não são sinônimos, não apenas pela
transformações sofridas pela sociedade através dos tempos Moral ser apenas uma parte da Ética, mas principalmente porque
provocaram uma variação no conceito de ética, por outro, não é enquanto a Moral é entendida como a prática, como a realização
possível negar que as questões que envolvem o agir ético sempre efetiva e cotidiana dos valores; a Ética é entendida como uma
estiveram presentes no pensamento filosófico e social. “filosofia moral”, ou seja, como a reflexão sobre a moral. Moral é
Aliás, um marco da ética é a sua imutabilidade: a mesma ação, Ética é reflexão.
ética de séculos atrás está vigente hoje, por exemplo, respeitar Em resumo:
ao próximo nunca será considerada uma atitude antiética. Outra - Ética - mais ampla - filosofia moral - reflexão
característica da ética é a sua validade universal, no sentido - Moral - parte da Ética - realização efetiva e cotidiana dos
de delimitar a diretriz do agir humano para todos os que vivem valores - ação
no mundo. Não há uma ética conforme cada época, cultura ou No início do pensamento filosófico não prevalecia real
civilização: a ética é uma só, válida para todos eternamente, de distinção entre Direito e Moral, as discussões sobre o agir ético
forma imutável e definitiva, por mais que possam surgir novas envolviam essencialmente as noções de virtude e de justiça,
perspectivas a respeito de sua aplicação prática. constituindo esta uma das dimensões da virtude. Por exemplo,
É possível dizer que as leis éticas dirigem o comportamento na Grécia antiga, berço do pensamento filosófico, embora com
humano e delimitam os abusos à liberdade, estabelecendo deveres variações de abordagem, o conceito de ética aparece sempre ligado
e direitos de ordem moral, sendo exemplos destas leis o respeito ao de virtude.
à dignidade das pessoas e aos princípios do direito natural, a Aristóteles3, um dos principais filósofos deste momento
exigência de solidariedade e a prática da justiça1. histórico, concentra seus pensamentos em algumas bases:
Outras definições contribuem para compreender o que a) definição do bem supremo como sendo a felicidade, que
significa ética: necessariamente ocorrerá por uma atividade da alma que leva
- Ética é a ciência do comportamento adequado dos homens ao princípio racional, de modo que a felicidade está ligada à
em sociedade, em consonância com a virtude. virtude; b) crença na bondade humana e na prevalência da virtude
- A ética é uma disciplina normativa, não por criar normas, sobre o apetite; c) reconhecimento da possibilidade de aquisição
mas por descobri-las e elucidá-las. Seu conteúdo mostra às pessoas das virtudes pela experiência e pelo hábito, isto é, pela prática
os valores e princípios que devem nortear sua existência. constante; d) afastamento da ideia de que um fim pudesse ser bom
- Ética é a doutrina do valor do bem e da conduta humana que se utilizado um meio ruim.
tem por objetivo realizar este valor. Já na Idade Média, os ideais éticos se identificaram com os
- A ética é justamente saber discernir entre o devido e o religiosos. O homem viveria para conhecer, amar e servir a Deus,
indevido, o bom e o mau, o bem e o mal, o correto e o incorreto, diretamente e em seus irmãos. Santo Tomás de Aquino4, um dos
o certo e o errado. principais filósofos do período, lançou bases que até hoje são
- A ética nos fornece as regras fundamentais da conduta invocadas quanto o tópico em questão é a Ética: a) consideração
humana. Delimita o exercício da atividade livre. Fixa os usos e
2 CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São
abusos da liberdade.
Paulo: Ática, 2005.
- Ética é a doutrina do valor do bem e da conduta humana que 3 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução Pietro
o visa realizar. Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2006.
É difícil estabelecer um único significado para a palavra ética, 4 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo
mas os conceitos acima contribuem para uma compreensão geral Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García
de seus fundamentos, de seu objeto de estudo. Rodríguez. Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira.
1 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Edição Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005. v. IV, parte II,
Direito. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. seção I, questões 49 a 114.

Didatismo e Conhecimento 1
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do hábito como uma qualidade que deverá determinar as potências à Moral, mas inerente ao Direito, por exemplo, Kant8 defendeu
para o bem; b) estabelecimento da virtude como um hábito que que a ciência do direito justo é aquela que se preocupa com o
sozinho é capaz de produzir a potência perfeita, podendo ser conhecimento da legislação e com o contexto social em que ela está
intelectual, moral ou teologal - três virtudes que se relacionam inserida, sendo que sob o aspecto do conteúdo seria inconcebível
porque não basta possuir uma virtude intelectual, capaz de levar que o Direito prescrevesse algo contrário ao imperativo categórico
ao conhecimento do bem, sem que exista a virtude moral, que irá da Moral kantiana; sem falar em Locke, Montesquieu e Rousseau,
controlar a faculdade apetitiva e quebrar a resistência para que se que em comum defendiam que o Estado era um mal necessário,
obedeça à razão (da mesma forma que somente existirá plenitude mas que o soberano não possuía poder divino/absoluto, sendo suas
virtuosa com a existência das virtudes teologais); c) presença ações limitadas pelos direitos dos cidadãos submetidos ao regime
da mediania como critério de determinação do agir virtuoso; d) estatal. Tais pensamentos iluministas não foram plenamente
crença na existência de quatro virtudes cardeais - a prudência, a seguidos, de forma que firmou-se a teoria jurídica do positivismo,
justiça, a temperança e a fortaleza. pela qual Direito é apenas o que a lei impõe (de modo que se
No Iluminismo, Kant5 definiu a lei fundamental da razão pura uma lei for injusta nem por isso será inválida), que somente foi
prática, que se resume no seguinte postulado: “age de tal modo que abalada após o fim trágico da 2ª Guerra Mundial e a consolidação
a máxima de tua vontade possa valer-te sempre como princípio de de um sistema global de proteção de direitos humanos (criação da
uma legislação universal”. Mais do que não fazer ao outro o que não ONU + declaração universal de 1948). Com o ideário humanista
gostaria que fosse feito a você, a máxima prescreve que o homem consolidou-se o Pós-positivismo, que junto consigo trouxe uma
deve agir de tal modo que cada uma de suas atitudes reflita aquilo valorização das normas principiológicas do ordenamento jurídico,
que se espera de todas as pessoas que vivem em sociedade. Claro, conferindo-as normatividade.
o filósofo não nega que o homem poderá ter alguma vontade ruim, Assim, a concepção de uma base ética objetiva no
mas defende que ele racionalmente irá agir bem, pela prevalência comportamento das pessoas e nas múltiplas modalidades da
de uma lei prática máxima da razão que é o imperativo categórico. vida social foi esquecida ou contestada por fortes correntes do
Por isso, o prazer ou a dor, fatores geralmente relacionados ao pensamento moderno. Concepções de inspiração positivista,
apetite, não são aptos para determinar uma lei prática, mas apenas relativista ou cética e políticas voltadas para o homo economicus
uma máxima, de modo que é a razão pura prática que determina passaram a desconsiderar a importância e a validade das normas de
o agir ético. Ou seja, se a razão prevalecer, a escolha ética sempre ordem ética no campo da ciência e do comportamento dos homens,
será algo natural. da sociedade da economia e do Estado.
Quando acabou a Segunda Guerra Mundial, consideradas No campo do Direito, as teorias positivistas que prevaleceram
suas graves consequências, o pensamento filosófico ganhou a partir do final do século XIX sustentavam que só é direito aquilo
novos rumos, retomando aspectos do passado, mas reforçando que o poder dominante determina. Ética, valores humanos, justiça
a dimensão coletiva da ética. Maritain6, um dos redatores da são considerados elementos estranhos ao Direito, extrajurídicos.
Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, defendeu que Pensavam com isso construir uma ciência pura do direito e garantir
o homem ético é aquele que compõe a sociedade e busca torná-la a segurança das sociedades.9
mais justa e adequada ao ideário cristão; assim, a atitude ética deve Atualmente, entretanto, é quase universal a retomada dos
ser considerada de maneira coletiva, como impulsora da sociedade estudos e exigências da ética na vida pública e na vida privada,
justa, embora partindo da pessoa humana individualmente na administração e nos negócios, nas empresas e na escola, no
considerada como um ser capaz de agir conforme os valores esporte, na política, na justiça, na comunicação. Neste contexto,
morais. é relevante destacar que ainda há uma divisão entre a Moral e o
Já a discussão sobre o conceito de justiça, intrínseca na do Direito, que constituem dimensões do conceito de Ética, embora
conceito de ética, embora sempre tenha estado presente, com a tendência seja que cada vez mais estas dimensões se juntem,
maior ou menor intensidade dependendo do momento, possuiu caminhando lado a lado.
diversos enfoques ao longo dos tempos. Pode-se considerar que Dentro desta distinção pode-se dizer que alguns autores, entre
do pensamento grego até o Renascimento a justiça foi vista como eles Radbruch e Del Vechio são partidários de uma dicotomia
uma virtude, não como uma característica do Direito. Por sua vez, rigorosa, na qual a Ética abrange apenas a Moral e o Direito.
no Renascimento, o conceito de Ética foi bifurcado, remetendo- Contudo, para autores como Miguel Reale, as normas dos costumes
se a Moral para o espaço privado e remanescendo a justiça como e da etiqueta compõem a dimensão ética, não possuindo apenas
elemento ético do espaço público, no entanto, como se denota pela caráter secundário por existirem de forma autônoma, já que fazem
teoria de Maquiavel7, o justo naquele tempo era tido como o que parte do nosso viver comum.10
o soberano impunha (o rei poderia fazer o que bem entendesse Em resumo:
e utilizar quaisquer meios, desde que visasse um único fim, qual - Posição 1 - Radbruch e Del Vechio - Ética = Moral + Direito
seja o da manutenção do poder). Posteriormente, no Iluminismo, - Posição 2 - Miguel Reale - Ética = Moral + Direito +
retomou-se a discussão da justiça como um elemento similar Costumes

5 KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Tradução 8 KANT, Immanuel. Doutrina do Direito. Tradução
Paulo Barrera. São Paulo: Ícone, 2005. Edson Bini. São Paulo: Ícone, 1993.
6 MARITAIN, Jacques. Humanismo integral. Tradução 9 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução
Afrânio Coutinho. 4. ed. São Paulo: Dominus Editora S/A, 1962. João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
7 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro 10 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo:
Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2007. Saraiva, 2002.

Didatismo e Conhecimento 2
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Para os fins da presente exposição, basta atentar para o
binômio Moral-Direito como fator pacífico de composição da 2 ÉTICA, PRINCÍPIOS E VALORES
Ética. Assim, nas duas posições adotadas, uma das vertentes da
Ética é a Moral, e a outra é o Direito.
Tradicionalmente, os estudos consagrados às relações entre
o Direito e a Moral se esforçam em distingui-los, nos seguintes A área da filosofia do direito que estuda a ética é conhecida
termos: o direito rege o comportamento exterior, a moral enfatiza como axiologia, do grego άξιος “valor” + λόγος “estudo, tratado”.
a intenção; o direito estabelece uma correlação entre os direitos Por isso, a axiologia também é chamada de teoria dos valores. Daí
e as obrigações, a moral prescreve deveres que não dão origem valores e princípios serem componentes da ética sob o aspecto da
a direitos subjetivos; o direito estabelece obrigações sancionadas exteriorização de suas diretrizes. Em outras palavras, a mensagem
pelo Poder, a moral escapa às sanções organizadas. Assim, as que a ética pretende passar se encontra consubstanciada num
principais notas que distinguem a Moral do Direito não se referem conjunto de valores, para cada qual corresponde um postulado
propriamente ao conteúdo, pois é comum que diretrizes morais chamado princípio.
sejam disciplinadas como normas jurídicas.11 De uma maneira geral, a axiologia proporciona um estudo
Com efeito, a partir da segunda metade do século XX (pós- dos padrões de valores dominantes na sociedade, que revelam
guerra), a razão jurídica é uma razão ética, fundada na garantia princípios básicos. Valores e princípios, por serem elementos que
da intangibilidade da dignidade da pessoa humana, na aquisição permitem a compreensão da ética, também se encontram presentes
da igualdade entre as pessoas, na busca da efetiva liberdade, na no estudo do Direito, notadamente desde que a posição dos juristas
realização da justiça e na construção de uma consciência que passou a ser mais humanista e menos positivista (se preocupar
preserve integralmente esses princípios. mais com os valores inerentes à dignidade da pessoa humana do
Assim, as principais notas que distinguem Moral e Direito que com o que a lei específica determina).
são: Os juristas, descontentes com uma concepção positivista,
a) Exterioridade: Direito - comportamento exterior, Moral - estadística e formalista do Direito, insistem na importância
comportamento interior (intenção); do elemento moral em seu funcionamento, no papel que nele
b) Exigibilidade: Direito - a cada Direito pode se exigir uma desempenham a boa e a má-fé, a intenção maldosa, os bons
obrigação, Moral - agir conforme a moralidade não garante direitos costumes e tantas outras noções cujo aspecto ético não pode ser
(não posso exigir que alguém aja moralmente porque também agi); desprezado. Algumas dessas regras foram promovidas à categoria
c) Coação: Direito - sanções aplicadas pelo Estado; Moral - de princípios gerais do direito e alguns juristas não hesitam em
sanções não organizadas (ex: exclusão de um grupo social). Em considerá-las obrigatórias, mesmo na ausência de uma legislação
outras palavras, o Direito exerce sua pressão social a partir do que lhes concedesse o estatuto formal de lei positiva, tal como o
centro ativo do Poder, a moral pressiona pelo grupo social não princípio que afirma os direitos da defesa. No entanto, a Lei de
organizado. ATENÇÃO: tanto no Direito quando na Moral existem Introdução às Normas do Direito Brasileiro é expressa no sentido
sanções, elas somente são aplicadas de forma diversa, sendo que de aceitar a aplicação dos princípios gerais do Direito (artigo 4°).13
somente o Direito aceita a coação, que é a sanção aplicada pelo É inegável que o Direito possui forte cunho axiológico,
Estado. diante da existência de valores éticos e morais como diretrizes
O descumprimento das diretivas morais gera sanção, e do ordenamento jurídico, e até mesmo como meio de aplicação
caso ele se encontre transposto para uma norma jurídica, gera da norma. Assim, perante a Axiologia, o Direito não deve ser
coação (espécie de sanção aplicada pelo Estado). Assim, violar interpretado somente sob uma concepção formalista e positivista,
uma lei ética não significa excluir a sua validade. Por exemplo, sob pena de provocar violações ao princípio que justifica a sua
matar alguém não torna matar uma ação correta, apenas gera a criação e estruturação: a justiça.
punição daquele que cometeu a violação. Neste sentido, explica Neste sentido, Montoro entende que o Direito é uma ciência
Reale12: “No plano das normas éticas, a contradição dos fatos não normativa ética: “A finalidade do direito é dirigir a conduta
anula a validez dos preceitos: ao contrário, exatamente porque a humana na vida social. É ordenar a convivência de pessoas
normatividade não se compreende sem fins de validez objetiva humanas. É dar normas ao agir, para que cada pessoa tenha o que
e estes têm sua fonte na liberdade espiritual, os insucessos e as lhe é devido. É, em suma, dirigir a liberdade, no sentido da justiça.
violações das normas conduzem à responsabilidade e à sanção, ou Insere-se, portanto, na categoria das ciências normativas do agir,
seja, à concreta afirmação da ordenação normativa”. também denominadas ciências éticas ou morais, em sentido amplo.
Como se percebe, Ética e Moral são conceitos interligados, Mas o Direito se ocupa dessa matéria sob um aspecto especial: o
mas a primeira é mais abrangente que a segunda, porque pode da justiça”.
abarcar outros elementos, como o Direito e os costumes. Todas A formação da ordem jurídica, visando a conservação e o
as regras éticas são passíveis de alguma sanção, sendo que as progresso da sociedade, se dá à luz de postulados éticos. O Direito
incorporadas pelo Direito aceitam a coação, que é a sanção criado não apenas é irradiação de princípios morais como também
aplicada pelo Estado. Sob o aspecto do conteúdo, muitas das regras força aliciada para a propagação e respeitos desses princípios.
jurídicas são compostas por postulados morais, isto é, envolvem os Um dos principais conceitos que tradicionalmente se relaciona
mesmos valores e exteriorizam os mesmos princípios. à dimensão do justo no Direito é o de lei natural. Lei natural
11 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria é aquela inerente à humanidade, independentemente da norma
Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000. imposta, e que deve ser respeitada acima de tudo. O conceito de
12 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: 13 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria
Saraiva, 2002. Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

Didatismo e Conhecimento 3
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lei natural foi fundamental para a estruturação dos direitos dos Quando se fala em Direito, notadamente no direito
homens, ficando reconhecido que a pessoa humana possui direitos constitucional e nas normas ordinárias que disciplinam as atitudes
inalienáveis e imprescritíveis, válidos em qualquer tempo e lugar, esperadas da pessoa humana, percebem-se os principais valores
que devem ser respeitados por todos os Estados e membros da morais consolidados, na forma de princípios e regras expressos.
sociedade.14 Por exemplo, quando eu proíbo que um funcionário público receba
O Direito natural, na sua formulação clássica, não é um uma vantagem indevida para deixar de praticar um ato de interesse
conjunto de normas paralelas e semelhantes às do Direito positivo. do Estado, consolido os valores morais da bondade, da justiça e do
Mas é o fundamento do Direito positivo. É constituído por aquelas respeito ao bem comum, prescrevendo a respectiva norma.
Uma norma, conforme seu conteúdo mais ou menos amplo,
normas que servem de fundamento a este, tais como: “deve se pode refletir um valor moral por meio de um princípio ou de uma
fazer o bem”, “dar a cada um o que lhe é devido”, “a vida social regra. Quando digo que “todos são iguais perante a lei [...]” (art.
deve ser conservada”, “os contratos devem ser observados” etc., 5°, caput, CF) exteriorizo o valor moral do tratamento digno
normas essas que são de outra natureza e de estrutura diferente a todos os homens, na forma de um princípio constitucional
das do Direito positivo, mas cujo conteúdo é a ele transposto, (princípio da igualdade). Por sua vez, quando proíbo um servidor
notadamente na Constituição Federal.15 público de “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
Importa fundamentalmente ao Direito que, nas relações indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
sociais, uma ordem seja observada: que seja assegurada a cada mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de
tal vantagem” (art. 317, CP), estabeleço uma regra que traduz os
um aquilo que lhe é devido, isto é, que a justiça seja realizada.
valores morais da solidariedade e do respeito ao interesse coletivo.
Podemos dizer que o objeto formal, isto é, o valor essencial, do No entanto, sempre por trás de uma regra infraconstitucional
direito é a justiça. haverá um princípio constitucional, no caso do exemplo do art. 317
No sistema jurídico brasileiro, estes princípios jurídicos do CP, pode-se mencionar o princípio do bem comum (objetivo da
fundamentais de cunho ético estão instituídos no sistema República segundo o art. 3º, IV, CF - “promover o bem de todos,
constitucional, isto é, firmados no texto da Constituição Federal. sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
São os princípios constitucionais os mais importantes do arcabouço outras formas de discriminação) e o princípio da moralidade (art.
jurídico nacional, muitos deles se referindo de forma específica à 37, caput, CF, no que tange à Administração Pública).
ética no setor público. O mais relevante princípio da ordem jurídica Conforme Alexy17, a distinção entre regras e princípios é uma
distinção entre dois tipos de normas, fornecendo juízos concretos
brasileira é o da dignidade da pessoa humana, que embasa todos para o dever ser. A diferença essencial é que princípios são normas
os demais princípios jurídico-constitucionais (artigo 1°, III, CF). de otimização, ao passo que regras são normas que são sempre
Claro, o Direito não é composto exclusivamente por postulados satisfeitas ou não. Se as regras se conflitam, uma será válida e
éticos, já que muitas de suas normas não possuem qualquer cunho outra não. Se princípios colidem, um deles deve ceder, embora não
valorativo (por exemplo, uma norma que estabelece um prazo de perca sua validade e nem exista fundamento em uma cláusula de
10 ou 15 dias não tem um valor que a acoberta). Contudo, o é em exceção, ou seja, haverá razões suficientes para que em um juízo
boa parte. de sopesamento (ponderação) um princípio prevaleça. Enquanto
A Moral é composta por diversos valores - bom, correto, adepto da adoção de tal critério de equiparação normativa entre
regras e princípios, o jurista alemão Robert Alexy é colocado entre
prudente, razoável, temperante, enfim, todas as qualidades
os nomes do pós-positivismo.
esperadas daqueles que possam se dizer cumpridores da moral. É Em resumo, valor é a característica genérica que compõe de
impossível esgotar um rol de valores morais, mas nem ao menos alguma forma a ética (bondade, solidariedade, respeito...) ao passo
é preciso: basta um olhar subjetivo para compreender o que se que princípio é a diretiva de ação esperada daquele que atende certo
espera, num caso concreto, para que se consolide o agir moral valor ético (p. ex., não fazer ao outro o que não gostaria que fosse
- bom senso que todos os homens possuem (mesmo o corrupto feito a você é um postulado que exterioriza o valor do respeito;
sabe que está contrariando o agir esperado pela sociedade, tratar a todos igualmente na medida de sua igualdade é o postulado
tanto que esconde e nega sua conduta, geralmente). Todos estes do princípio da igualdade que reflete os valores da solidariedade
valores morais se consolidam em princípios, isto é, princípios são e da justiça social). Por sua vez, virtude é a característica que a
pessoa possui coligada a algum valor ético, ou seja, é a aptidão
postulados determinantes dos valores morais consagrados. para agir conforme algum dos valores morais (ser bondoso, ser
Segundo Rizzatto Nunes16, “a importância da existência e solidário, ser temperante, ser magnânimo).
do cumprimento de imperativos morais está relacionada a duas Ética, Moral, Direito, princípios, virtudes e valores são
questões: a) a de que tais imperativos buscam sempre a realização elementos constantemente correlatos, que se complementam
do Bem - ou da Justiça, da Verdade etc., enfim valores positivos; b) e estruturam, delimitando o modo de agir esperado de todas as
a possibilidade de transformação do ser - comportamento repetido pessoas na vida social, bem como preconizando quais os nortes
e durável, aceito amplamente por todos (consenso) - em dever ser, para a atuação das instituições públicas e privadas. Basicamente,
pela verificação de certa tendência normativa do real”. a ética é composta pela Moral e pelo Direito (ao menos em sua
parte principal), sendo que virtudes são características que aqueles
14 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: que agem conforme a ética (notadamente sob o aspecto Moral)
um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. possuem, as quais exteriorizam valores éticos, a partir dos quais é
das Letras, 2009. possível extrair postulados que são princípios.
15 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do
Direito. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. 17 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais.
16 NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de introdução Tradução Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros,
ao estudo do direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 2011.

Didatismo e Conhecimento 4
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Por esta dimensão da justiça participativa, resta despertada a
3 ÉTICA E DEMOCRACIA: consciência das pessoas para uma atitude de agir, de falar, de atuar,
EXERCÍCIO DA CIDADANIA de entrar na vida da comunidade em que se vive ou trabalha. Enfim,
busca despertar esta consciência de que há uma obrigação de cada
um para com a sociedade de participar de forma consciente e livre
e de se interar total e habitualmente na vida social que pertence.
Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as Quem deve participar é quem vive na sociedade, é o cidadão,
comunidades de aldeias começaram a ceder lugar para unidades aquele que pode ter direitos. Participar é ao mesmo tempo
políticas maiores, surgindo as chamadas cidades-estado ou polis, um direito e um dever. O cidadão deve participar, esta é uma
como Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmente eram monarquias, obrigação de todo aquele que vive em sociedade. E o cidadão deve
transformaram-se em oligarquias e, por volta dos séculos V e VI ter espaço para participar, o fato de não participar em si já é uma
a.C., tornaram-se democracias. Com efeito, as origens da chamada injustiça. Com a ampliação do conceito de soberania e cidadania e,
democracia se encontram na Grécia antiga, sendo permitida consequentemente, da responsabilidade do cidadão, se torna ainda
a participação direta daqueles poucos que eram considerados mais evidente esta necessidade de participar.
cidadãos, por meio da discussão na polis. A referência à justiça participativa, corolário do conceito de
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de governo
cidadania, é de fundamental importância para o elemento moral
em que o poder de tomar decisões políticas está com os cidadãos,
da noção de ética, no sentido de possibilitar um agir voltado para
de forma direta (quando um cidadão se reúne com os demais e,
o bem da sociedade.
juntos, eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao
cidadão é dado o poder de eleger um representante). Com efeito, é Ninguém é obrigado a suportar desonestidades. A cidadania
um regime de governo em que se garante a soberania popular, que tem um compromisso com a efetivação da democracia participativa.
pode ser conceituada como “a qualidade máxima do poder extraída E participar não é votar a cada eleição, não se interessas pelo
da soma dos atributos de cada membro da sociedade estatal, andamento da política e até se esquecer de quem mereceu seu
encarregado de escolher os seus representantes no governo por sufrágio.
meio do sufrágio universal e do voto direto, secreto e igualitário”18 Com efeito, participar é um direito de todo aquele que é
Uma democracia pode existir num sistema presidencialista cidadão, consolidando o conceito de democracia e reforçando os
ou parlamentarista, republicano ou monárquico - somente importa valores éticos de preservação do justo e garantia do bem comum.
que seja dado aos cidadãos o poder de tomar decisões políticas Mas, afinal, quem é cidadão?
(por si só ou por seu representante eleito). Inicialmente, é preciso levantar alguns conceitos correlatos:
ATENÇÃO: a principal classificação das democracias é a que a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga um
distingue a direta da indireta - a) direta, também chamada de pura, indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a
na qual o cidadão expressa sua vontade por voto direto e individual integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e
em casa questão relevante; b) indireta, também chamada obrigações.
representativa, em que os cidadãos exercem individualmente b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, unidas
o direito de voto para escolher representante(s) e aquele(s) que pelo vínculo da nacionalidade.
for(em) mais escolhido(s) representa(m) todos os eleitores; c) c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado,
semidireta, também conhecida como participativa, em que se tem nacionais ou não.
uma democracia representativa mesclada com peculiaridades e Cidadão, por sua vez, é o nacional, isto é, aquele que possui
atributos da democracia direta (sistema híbrido). o vínculo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que
A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil, goza de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser votado.
considerado o grande número de cidadãos, de modo que a regra Na disciplina constitucional, os direitos políticos garantidos
é a democracia indireta. Na Grécia Antiga se encontra um raro àquele que é cidadão encontram-se disciplinados nos artigos 14
exemplo de democracia direta, que somente era possível porque e 15. Direitos políticos são os instrumentos por meio dos quais
embora a população fosse grande, a maioria dela não era composta
a Constituição Federal permite o exercício da soberania popular,
de pessoas consideradas como cidadãs, como mulheres, escravos
atribuindo poderes aos cidadãos para que eles possam interferir na
e crianças, e somente os cidadãos tinham direito de participar do
condução da coisa pública de forma direta ou indireta19.
processo democrático.
A respeito da democracia brasileira, expõe Lenza20: “estamos
Contemporaneamente, o regime que mais se aproxima dos
ideais de uma democracia direta é a democracia semidireta da diante da democracia semidireta ou participativa, um ‘sistema
Suíça. Uma democracia semidireta é um regime de democracia em híbrido’, uma democracia representativa, com peculiaridades
que existe a combinação de representação política com formas de e atributos da democracia direta. Pode-se falar, então, em
democracia direta. participação popular no poder por intermédio de um processo, no
Democracia é um conceito interligado à Ética no que tange caso, o exercício da soberania que se instrumentaliza por meio do
ao elemento da justiça, valor do Direito. Pode-se afirmar isto se plebiscito, referendo, iniciativa popular, bem como outras formas,
considerados os três conceitos de Aristóteles sobre as dimensões como a ação popular”.
da justiça (distributiva, comutativa e social), dos quais se origina a 19 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
dimensão da justiça participativa. esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
18 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal 20 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
anotada. São Paulo: Saraiva, 2000. esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

Didatismo e Conhecimento 5
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Destaca-se o caput do artigo 14: - O parágrafo descreve os requisitos para que uma pessoa
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio possa ser eleita.
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, § 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
e, nos termos da lei, mediante: § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado
I - plebiscito; e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
II - referendo; substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
III - iniciativa popular. único período subsequente.
- A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, - Não poder se eleger, não significa não poder votar.
porque possibilita a participação popular direta no poder por § 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
intermédio de processos como o plebiscito, o referendo e a República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e
iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, pode-se afirmar os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis
que a democracia indireta é predominantemente adotada no Brasil, meses antes do pleito.
por meio do sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual § 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
valor para todos. cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau
- Sufrágio universal é o direito de todos cidadãos de votar e ser ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio, deverá Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem
ser direto e secreto. os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
- O que diferencia o plebiscito do referendo é o momento salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
da consulta à população: no plebiscito, primeiro se consulta a - Entre outras coisas, visa impedir que se burle a vedação
população e depois se toma a decisão política; no referendo, à reeleição daquele que já ocupou algum destes cargos por 2
primeiro se toma a decisão política e depois se consulta a população. mandatos.
Não obstante, embora os dois partam do Congresso Nacional, o § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
plebiscito é convocado, ao passo que o referendo é autorizado condições:
(art. 49, XV, CF), ambos por meio de decreto legislativo. O que I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
os assemelha é que ambos são “formas de consulta ao povo para da atividade;
que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
constitucional, legislativa ou administrativa”21. autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
- Na iniciativa popular, confere-se à população o poder de da diplomação, para a inatividade.
apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, mediante § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
assinatura de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5 Estados inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger
no mínimo, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um a probidade administrativa, a moralidade para exercício
deles (art. 61, §2°, CF). de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
II - facultativos para: emprego na administração direta ou indireta.
a) os analfabetos; - O §9° é disciplinado pela LC n° 64/90 (Alterada pela LC n°
b) os maiores de setenta anos; 135/10 - Lei da Ficha Limpa).
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. § 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
- Embora os analfabetos não possam se candidatar, possuem Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação,
a faculdade de votar. instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, corrupção ou fraude.
durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. § 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
- Conscritos são os convocados para serviço militar. de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: de manifesta má-fé.
I - a nacionalidade brasileira; Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda
II - o pleno exercício dos direitos políticos; ou suspensão só se dará nos casos de:
III - o alistamento eleitoral; I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; julgado;
V - a filiação partidária; II - incapacidade civil absoluta;
VI - a idade mínima de: III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da durarem seus efeitos;
República e Senador; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
e do Distrito Federal; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual - O inciso V se refere à ação de improbidade administrativa,
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; que tramita para apurar a prática dos atos de improbidade
d) dezoito anos para Vereador. administrativa, estudados adiante, na qual uma das penas
21 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional aplicáveis é a suspensão dos direitos políticos. Obs: os direitos
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. políticos somente são perdidos em dois casos, quais sejam

Didatismo e Conhecimento 6
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
cancelamento de naturalização por sentença transitada em julgado Em geral, as diretivas a respeito do comportamento profissional
(o indivíduo naturalizado volta à condição de estrangeiro) e ético podem ser bem resumidas em alguns princípios basilares.
perda da nacionalidade brasileira em virtude da aquisição de Segundo Nalini23, o princípio fundamental seria o de agir de
outra (brasileiro se naturaliza em outro país e assim deixa de ser acordo com a ciência, se mantendo sempre atualizado, e de acordo
considerado um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). com a consciência, sabendo de seu dever ético; tomando-se como
Nota-se que não há perda de direitos políticos pela prática de princípios específicos:
atos atentatórios contra a Administração Pública por parte do - Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensível na
servidor, mas apenas suspensão. vida pública e na vida particular.
- Princípio da dignidade e do decoro profissional - agir da
melhor maneira esperada em sua profissão e fora dela, com técnica,
4 ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA justiça e discrição.
- Princípio da incompatibilidade - não se deve acumular
funções incompatíveis.
- Princípio da correção profissional - atuação com
A ética está presente em todas as esferas da vida de um
transparência e em prol da justiça.
indivíduo e da sociedade que ele compõe e é fundamental para
- Princípio do coleguismo - ciência de que você e todos os
a manutenção da paz social que todos os cidadãos (ou ao menos
grande parte deles) obedeçam os ditames éticos consolidados. A demais operadores do Direito querem a mesma coisa, realizar a
obediência à ética não deve se dar somente no âmbito da vida justiça.
particular, mas também na atuação profissional, principalmente se - Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo em todas
tal atuação se der no âmbito estatal. funções.
O Estado é a forma social mais abrangente, a sociedade - Princípio do desinteresse - relegar a ambição pessoal para
de fins gerais que permite o desenvolvimento, em seu seio, das buscar o interesse da justiça.
individualidades e das demais sociedades, chamadas de fins - Princípio da confiança - cada profissional de Direito é dotado
particulares. O Estado, como pessoa, é uma ficção, é um arranjo de atributos personalíssimos e intransferíveis, sendo escolhido por
formulado pelos homens para organizar a sociedade de disciplinar causa deles, de forma que a relação estabelecida entre aquele que
o poder visando que todos possam se realizar em plenitude, busca o serviço e o profissional é de confiança.
atingindo suas finalidades particulares.22 - Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da justiça, aos
O Estado tem um valor ético, de modo que sua atuação deve valores constitucionais, à verdade, à transparência.
se guiar pela moral idônea. Mas não é propriamente o Estado que - Princípio da independência profissional - a maior autonomia
é aético, porque ele é composto por homens. Assim, falta ética ou no exercício da profissão do operador do Direito não deve impedir
não aos homens que o compõem. Ou seja, o bom comportamento o caráter ético.
profissional do funcionário público é uma questão ligada à ética - Princípio da reserva - deve-se guardar segredo sobre as
no serviço público, pois se os homens que compõem a estrutura informações que acessa no exercício da profissão.
do Estado tomam uma atitude correta perante os ditames éticos há - Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa-fé e de
uma ampliação e uma consolidação do valor ético do Estado. forma correta, com lealdade processual.
Alguns cidadãos recebem poderes e funções específicas - Princípio da discricionariedade - geralmente, o profissional
dentro da administração pública, passando a desempenhar um do Direito é liberal, exercendo com boa autonomia sua profissão.
papel de fundamental interesse para o Estado. Quando estiver - Outros princípios éticos, como informação, solidariedade,
nesta condição, mais ainda, será exigido o respeito à ética. Afinal, cidadania, residência, localização, continuidade da profissão,
o Estado é responsável pela manutenção da sociedade, que espera liberdade profissional, função social da profissão, severidade
dele uma conduta ilibada e transparente.
consigo mesmo, defesa das prerrogativas, moderação e tolerância.
Quando uma pessoa é nomeada como servidor público, passa
Em suma, respeitar a ética profissional é ter em mente os
a ser uma extensão daquilo que o Estado representa na sociedade,
princípios éticos consagrados em sociedade, fazendo com que cada
devendo, por isso, respeitar ao máximo todos os consagrados
atividade desempenhada no exercício da profissão exteriorize tais
preceitos éticos.
Todas as profissões reclamam um agir ético dos que a exercem, postulados, inclusive direcionando os rumos da ética empresarial
o qual geralmente se encontra consubstanciado em Códigos de na escolha de diretrizes e políticas institucionais.
Ética diversos atribuídos a cada categoria profissional. No caso Vale destacar que, se a Ética, num sentido amplo, é composta
das profissões na esfera pública, esta exigência se amplia. por ao menos dois elementos - a Moral e o Direito (justo); no caso
Não se trata do simples respeito à moral social: a obrigação da disciplina da Ética no Setor Público a expressão é adotada num
ética no setor público vai além e encontra-se disciplinada em sentido estrito - ética corresponde ao valor do justo, previsto no
detalhes na legislação, tanto na esfera constitucional (notadamente Direito vigente, o qual é estabelecido com um olhar atento às
no artigo 37) quanto na ordinária (em que se destacam o Decreto prescrições da Moral para a vida social. Em outras palavras, quando
n° 1.171/94 - Código de Ética - a Lei n° 8.429/92 - Lei de se fala em ética no âmbito do Estado não se deve pensar apenas na
Improbidade Administrativa - e a Lei n° 8.112/90 - regime jurídico Moral, mas sim em efetivas normas jurídicas que a regulamentam,
dos servidores públicos civis na esfera federal). o que permite a aplicação de sanções. Veja o organograma:
22 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. 23 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed.
ed. São Paulo: Método, 2011. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

Didatismo e Conhecimento 7
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem que
ele consolide o bem comum e garanta a preservação dos interesses
da coletividade, se encontram exteriorizados em princípios e regras.
Estes, por sua vez, são estabelecidos na Constituição Federal
e em legislações infraconstitucionais, a exemplo das que serão
estudadas neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n°
8.112/90 e Lei n° 8.429/92. Fato é que todas as diretivas destas leis
específicas partem da Constituição Federal, que estabelece alguns
princípios fundamentais para a ética no setor público. Em outras
palavras, é o texto constitucional do artigo 37, especialmente o
caput, que permite a compreensão de boa parte do conteúdo das
Logo, as regras éticas do setor público são mais do que leis específicas, porque possui um caráter amplo ao preconizar os
regulamentos morais, são normas jurídicas e, como tais, passíveis princípios fundamentais da administração pública. Estabelece a
de coação. A desobediência ao princípio da moralidade caracteriza Constituição Federal:
ato de improbidade administrativa, sujeitando o servidor às
penas previstas em lei. Da mesma forma, o seu comportamento Art. 37. A administração pública direta e indireta de
em relação ao Código de Ética pode gerar benefícios, qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
como promoções, e prejuízos, como censura e outras penas e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
administrativas. A disciplina constitucional é expressa no sentido impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
de prescrever a moralidade como um dos princípios fundadores ao seguinte: [...]
da atuação da administração pública direta e indireta, bem como São princípios da administração pública, nesta ordem:
outros princípios correlatos. Assim, o Estado brasileiro deve se Legalidade
conduzir moralmente por vontade expressa do constituinte, sendo Impessoalidade
que à imoralidade administrativa aplicam-se sanções. Moralidade
Publicidade
Eficiência
5 ÉTICA NO SETOR PÚBLICO Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o
vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Administração
Pública. É de fundamental importância um olhar atento ao
significado de cada um destes princípios, posto que eles estruturam
todas as regras éticas prescritas no Código de Ética e na Lei de
O paradigma da Ética Pública parte da noção de liberdade Improbidade Administrativa, tomando como base os ensinamentos
social, envolta nos valores da segurança, igualdade e solidariedade. de Carvalho Filho25 e Spitzcovsky26:
Neste sentido, cada pessoa deve ter espaço para exercer a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade
individualmente sua liberdade moral, cabendo à ética pública significa a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe.
garantir que os indivíduos que vivem em sociedade realizem Contudo, como a administração pública representa os interesses
projetos morais individuais. da coletividade, ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela
A Ética Pública pode ser vista sob o aspecto da moralidade qual só poderá fazer o que a lei expressamente determina (assim,
crítica e sob o aspecto da moralidade legalizada: quando estuda-se na esfera estatal, é preciso lei anterior editando a matéria para
a lei posta ou a ausência de lei e questiona-se a falta de justiça, que seja preservado o princípio da legalidade). A origem deste
há uma moralidade crítica; quando a regra justa é incorporada ao princípio está na criação do Estado de Direito, no sentido de que o
Direito, há moralidade legalizada ou positivada. próprio Estado deve respeitar as leis que dita.
Sobre a Ética Pública, explica Nalini24: “Ética é sempre b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses
ética, poder-se-ia afirmar. Ser ético é obrigação de todos. Seja que representa, a administração pública está proibida de promover
no exercício de alguma atividade estatal, seja no comportamento discriminações gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma
individual. Mas pode-se falar em ética realçada quando se atua diferente dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este
num universo mais amplo, de interesse de todos. Existe, pois, uma princípio, a administração pública deve tratar igualmente todos
Ética Pública, e apura-se o seu sentido em contraposição com o aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio
de Ética Privada. Um nome pelo qual a Ética Pública tem sido da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a
conhecida é o da justiça” impessoalidade no que tange à contratação de serviços. O princípio
Assim, ética pública seria a moral incorporada ao Direito, da impessoalidade está correlato ao princípio da finalidade, pelo
consolidando o valor do justo. Diante da relevância social de que qual o alvo a ser alcançado pela administração pública é somente
a Ética se faça presente no exercício das atividades públicas, as o interesse público. Com efeito, o interesse particular não pode
regras éticas para a vida pública são mais do que regras morais, influenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar
são regras jurídicas estabelecidas em diversos diplomas do somente a preservação do interesse coletivo.
ordenamento, possibilitando a coação em caso de infração por 25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
parte daqueles que desempenham a função pública. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
24 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 26 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. ed. São Paulo: Método, 2011.

Didatismo e Conhecimento 8
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie de b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos”.
moralidade administrativa, intimamente relacionada ao poder Exatamente por causa desta atribuição que o Código de Ética em
público. A administração pública não atua como um particular, estudo adota a forma de decreto e não de lei, já que as leis são
de modo que enquanto o descumprimento dos preceitos elaboradas pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional).
morais por parte deste particular não é punido pelo Direito (a O Decreto n° 1.171/94 é um exemplo do chamado poder
priori), o ordenamento jurídico adota tratamento rigoroso do regulamentar inerente ao Executivo, que se perfaz em decretos
comportamento imoral por parte dos representantes do Estado. regulamentares. Embora sejam factíveis decretos autônomos27,
O princípio da moralidade deve se fazer presente não só para não é o caso do decreto em estudo, o qual encontra conexão
com os administrados, mas também no âmbito interno. Está com diplomas como as Leis n° 8.112/90 (regime jurídico dos
indissociavelmente ligado à noção de bom administrador, que não servidores públicos federais) e Lei n° 8.429/92 (lei de improbidade
somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos princípios administrativa), além da Constituição Federal.
éticos regentes da função administrativa. TODO ATO IMORAL Disto extrai-se que a adoção da forma de decreto não significa,
SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, de forma alguma, que suas diretrizes não sejam obrigatórias:
daí a intrínseca ligação com os dois princípios anteriores. o servidor público federal que desobedecê-las estará sujeito à
d) Princípio da publicidade: A administração pública é apuração de sua conduta perante a respectiva Comissão de Ética,
obrigada a manter transparência em relação a todos seus atos e a que enviará informações ao processo administrativo disciplinar,
todas informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a podendo gerar até mesmo a perda do cargo, ou aplicará a pena de
publicação em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por censura nos casos menos graves.
exemplo, a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF)
remonta ao ideário de que todos devem tomar conhecimento do DECRETO N° 1.171 DE 22 DE JUNHO DE 1994
processo seletivo de servidores do Estado. Diante disso, como
será visto, se negar indevidamente a fornecer informações ao Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público
administrado caracteriza ato de improbidade administrativa. Civil do Poder Executivo Federal.
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a legalidade
e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições
proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV, que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o
CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado de disposto no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117
segurança. da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12
e) Princípio da eficiência: A administração pública deve da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992,
manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de
gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso DECRETA:
público seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar um Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este
servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando baixa.
o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública
a procura por produtividade e economicidade. Alcança os serviços Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as
públicos e os serviços administrativos internos, se referindo providências necessárias à plena vigência do Código de Ética,
diretamente à conduta dos agentes. inclusive mediante a Constituição da respectiva Comissão de
Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares de
cargo efetivo ou emprego permanente.
5.1 CÓDIGO DE ÉTICA Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será
PROFISSIONAL DO SERVIÇO PÚBLICO - comunicada à Secretaria da Administração Federal da Presidência
DECRETO Nº 1.171/1994 da República, com a indicação dos respectivos membros titulares
e suplentes.
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106°
Considerados os princípios administrativos basilares do art. da República.
37 da CF, destaca-se a existência de um diploma específico que ITAMAR FRANCO
estabelece a ação ética esperada dos servidores públicos, qual seja Romildo Canhim
o Decreto n° 1.171/94.
Vale lembrar que o Código de Ética foi expedido pelo Os principais elementos que podem ser extraídos do preâmbulo
Presidente da República, considerada a atribuição da Constituição do Código de Ética são:
Federal para dispor sobre a organização e o funcionamento da - Trata-se de um diploma expedido pelo Presidente da
administração pública federal, conforme art. 84, IV e VI da República à época e, como tal, permanece válido até que seja
Constituição Federal: “IV - sancionar, promulgar e fazer publicar revogado, isto é, até sobrevir outro de conteúdo incompatível
as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel (revogação tácita) ou até outro decreto ser expedido para substituí-
execução; [...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização 27 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado.
e funcionamento da administração federal, quando não implicar 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

Didatismo e Conhecimento 9
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
lo (revogação expressa). O decreto aceita, ainda, reformas e - Primeiramente, vale compreender o sentido de algumas
revogações parciais: no caso, destaca-se o Decreto n° 6.029/07, palavras do inciso: por dignidade, deve-se entender autoridade
que revogou alguns incisos do Código. moral; por decoro, compostura e decência; por zelo, cuidado e
- Parâmetros para o conteúdo do decreto: os incisos do artigo atenção; por eficácia, a produção do efeito esperado.
84, já citados anteriormente, remetem ao poder regulamentar o - Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama de
Executivo; os artigos da Lei n° 8.112/90 referem-se aos deveres consciência dos princípios morais: sei que devo agir de modo
e proibições do servidor público federal; os artigos da Lei n° que inspire os demais que me rodeiam, isto é, exatamente como
8.429/92 tratam dos atos de improbidade administrativa. o melhor cidadão de bem; no desempenho das minhas funções,
- O decreto conferiu um prazo para cada uma das entidades da devo me manter sério e comprometido, desempenhando cada uma
administração pública federal direta ou indireta para constituir das atribuições recebidas com o maior cuidado e atenção possível,
em seu âmbito uma Comissão de Ética que irá apurar as infrações
evitando erros, de modo que o serviço que eu preste seja o melhor
ao Código de Ética. Com efeito, não há nenhuma facultatividade
que eu puder prestar.
quanto ao dever de respeito ao Código de Ética, pois ele se aplica
tanto na administração direta quanto na indireta. - Não basta que o funcionário aja desta forma no exercício de
- A Comissão de Ética será composta por: três servidores ou suas funções, porque ele participa da sociedade e fica conhecido
empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente. nela. O desempenho de cargo público, por sua vez, faz com que
Isto é, excluem-se servidores temporários. ele seja visto de outra forma pela sociedade, que espera dele uma
- A constituição e a composição da Comissão deverão ser conduta ilibada, ou seja, livre de vícios e compulsões. Discrição
informadas à Secretaria da Administração Federal da Presidência é a palavra-chave para a vida particular do servidor público,
da República. preservando a instituição da qual faz parte. Por exemplo, quem se
sentiria bem em ser atendido por um funcionário que é sempre visto
ANEXO embriagado em bares ou provocando confusões familiares, por
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil mais que os serviços por ele desempenhados sejam de qualidade?
do Poder Executivo Federal II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
CAPÍTULO I elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir
Seção I somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente
Das Regras Deontológicas e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente
entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art.
O Direito como valor do justo é estudado pela Filosofia do
37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.
Direito na parte denominada Deontologia Jurídica, ou, no plano
- Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo conceito
empírico e pragmático, pela Política do Direito28. Deontologia
é uma das teorias normativas segundo as quais as escolhas são de ética que se contrapõem. Com efeito, o servidor deve sempre
moralmente necessárias, proibidas ou permitidas. Portanto inclui- escolher o conveniente, o oportuno, o justo e o honesto. No
se entre as teorias morais que orientam nossas escolhas sobre o caso, parte-se das escolhas de menor relevância para aquelas
que deve ser feito, considerada a moral vigente. Por sua vez, fundamentais, que envolvem a opção pelo justo e honesto. Estes
a deontologia jurídica é a ciência que cuida dos deveres e dos são os principais valores morais exigidos pelo inciso.
direitos dos operadores do Direito, bem como de seus fundamentos - Vale novamente mencionar o artigo 37 da Constituição
éticos e legais, conoslidando o valor do justo. Por isso, os incisos Federal, ao qual o inciso em estudo faz remissão:
que se seguem traduzem o comportamento moral esperado do Art. 37. A administração pública direta e indireta de
servidor público não só enquanto desempenha suas funções, mas qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
também em sua vida social. e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
Para bem compreender o conteúdo dos incisos que se seguem, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
é importante pensar: se eu fosse a pessoa buscando atendimento ao seguinte: [...]
no órgão público em questão, como eu gostaria de ser tratado? § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a
Qual o tipo de funcionário que eu gostaria que fosse responsável suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
pela solução do meu problema? Enfim, basta lembrar da regra indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
de outro da moralidade, pela qual eu somente devo fazer algo se e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
racionalmente desejar que todas as pessoas ajam da mesma forma
No caso, o inciso remete à cabeça do artigo, já analisada, que
- inclusive em relação a mim, ou seja, “age de tal modo que a
traz os princípios da administração pública, que são: Legalidade,
máxima de tua vontade possa valer-te sempre como princípio de
uma legislação universal”29. Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência (LIMPE).
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência Ainda, o inciso faz referência ao §4°, que traz as consequências
dos princípios morais são primados maiores que devem nortear dos atos de improbidade administrativa, que poderão variar
o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora conforme o grau de gravidade (uma das sanções possíveis é a de
dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder obrigar o servidor a devolver o dinheiro aos cofres públicos, o que
estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados se entende por ressarcir o erário).
para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos. III - A moralidade da Administração Pública não se limita à
28 REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de
Paulo: Saraiva, 2002. que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade
29 KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Tradução e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá
Paulo Barrera. São Paulo: Ícone, 2005, p. 32. consolidar a moralidade do ato administrativo.

Didatismo e Conhecimento 10
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
- Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera particular. VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações
O servidor público não deve pensar por uma pessoa, mas por toda policiais ou interesse superior do Estado e da Administração
a sociedade. Assim, não se deve agir de uma forma para beneficiar Pública, a serem preservados em processo previamente declarado
um particular - ainda que isso possa ser um bem para ele, é injusto sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato
para com a sociedade que uma pessoa seja tratada melhor que a administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade,
outra. O fim da atitude do servidor é o bem comum, ou seja, o ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem
bem da coletividade. O coletivo sempre deve prevalecer sobre o comum, imputável a quem a negar.
particular. - Como visto, a publicidade é um princípio basilar da
administração pública, ao lado da moralidade. Como tal, caminha
- Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que é o
lado a lado com ela. Não cabe ao servidor público negar o acesso
respeito ao que a lei determina, e a finalidade, que é a busca do fim da
à informação por parte do cidadão, salvo em situações especiais.
preservação do bem comum. Assim, o respeito à lei é fundamental,
- ATENÇÃO: O dispositivo autoriza que os atos
mas a atitude do servidor não pode cair numa burocratização sem administrativos não sejam públicos em situações excepcionais,
sentido, ou seja, o respeito às minúcias da lei não pode prejudicar quais sejam segurança nacional, investigações policiais e interesse
o bem comum, sob pena de violar a moralidade. superior do Estado e da Administração Pública.
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não
tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da
ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a própria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum
moralidade administrativa se integre no Direito, como elemento Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do
indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam
como consequência, em fator de legalidade. até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a - Mentir é uma atitude contrária à moralidade esperada do
comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio servidor público, ainda mais se tal mentira se referir à função
bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desempenhada, por exemplo, negando a prática de um ato ou
desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio. informando erroneamente um cidadão. Não existe uma hipótese
- O cidadão paga impostos e demais tributos apenas para em que mentir é aceito: não importa se dizer a verdade implicará
que o Estado garanta a ele a prestação do melhor serviço público em prejuízo à Administração Pública.
- Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá se
possível, isto é, a manutenção de uma sociedade justa e bem
eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto ofende
estruturada. O mesmo dinheiro que sai dos bolsos do cidadão,
a integridade dos cidadãos e da própria Nação. Para ser um bom
inclusive do próprio servidor público, é o que remunera os serviços
país, não é preciso se fundar em erros ou mentiras, mas sim se
por ele prestados. Por isso, agir contra a moral é tão insultante, esforçar ao máximo para evitá-los e corrigi-los.
mais que um aproveitamento da máquina estatal, é um desrespeito IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados
ao cidadão honesto que paga parte do que recebe ao Estado. ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar
- Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir conforme mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente
a moralidade administrativa, sob pena de mais que violar a lei, significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a
também desrespeitar o bem comum e prejudicar a sociedade como qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o,
um todo - inclusive a si próprio. por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao
- No mais, os dispositivos chamam atenção à vedação de equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens
que o servidor receba do particular qualquer verba extra: sua de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas
remuneração já é paga pelo particular, por meio dos impostos, esperanças e seus esforços para construí-los.
não devendo pretender mais do que aquilo. Isto não significa - Quem nunca chegou a uma repartição pública ou cartório
que o patrimônio do servidor seja apenas o seu salário - há um e recebeu um tratamento ruim por parte de um funcionário?
patrimônio inerente à boa prestação do serviço, proporcionando a Infelizmente, esta é uma atitude comum no serviço público.
melhoria da sociedade em que vive. Contudo, o esperado do servidor é que ele atenda aos cidadãos
VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional com atenção e boa vontade, fazendo tudo o possível para ajudá-lo,
despendendo o tempo necessário e tomando as devidas cautelas.
e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público.
- Estabelece o artigo 186 do Código Civil: “aquele que, por
Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
vida funcional. comete ato ilícito”. Este é o artigo central do instituto denominado
- Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Ética responsabilidade civil, que tem como elementos: ação ou omissão
lembra que um funcionário público carrega consigo a imagem voluntária (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
da administração pública, ou seja, não é servidor público apenas culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma violação
quando está desempenhando suas funções, mas o tempo todo. Por de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de
isso, não importa ser o melhor funcionário público da repartição se causa e efeito entre a ação/omissão e o dano causado) e dano
a vida particular estiver devassada, isto é, se não agir com discrição, (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou
coerência, compostura e moralidade também na vida particular. coletivo, moral ou material, econômico e não econômico)30.
Isso implica em ser um bom pai/mãe, uma pessoa livre de vícios, 30 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade
um cidadão reservado e cumpridor de seus deveres sociais. Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

Didatismo e Conhecimento 11
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
- Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que busca - O bom desempenho das funções a o agir conforme o esperado
atendimento pode caracterizar dano moral, isto é, gerar tamanho pela sociedade implica numa boa imagem do servidor público, o
abalo emocional e psicológico que implique num dano. Apesar que permite que ele receba apoio dos demais quando realmente
deste dano não ser econômico, isto é, de a dor causada não ter precisar.
meio de compensação financeiro que a repare, o juiz estabelecerá
um valor que a compense razoavelmente. Seção II
- Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteriza Dos Principais Deveres do Servidor Público
dano material. No caso, há um correspondente financeiro direto,
de modo que a condenação será no sentido de pagar ao Estado o XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
equivalente ao bem destruído ou deteriorado. - Embora se trate de outra seção do Código de Ética, há
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera continuidade no tratamento do agir moral esperado do servidor
de solução que compete ao setor em que exerça suas funções, público. No caso, são elencados alguns deveres essenciais que
permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie devem ser obedecidos.
de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou
emprego público de que seja titular;
contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e
dano moral aos usuários dos serviços públicos.
rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver
- Este inciso é um desdobramento do inciso anterior,
situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de
descrevendo um tipo específico de conduta imoral com relação
qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo
ao usuário do serviço público, qual seja a de deixá-lo esperando setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano
por atendimento que seja de sua competência. Claro, a espera moral ao usuário;
é algo natural, notadamente quando o atendimento estiver - Cabe ao servidor público desempenhar todas as atribuições
sobrecarregado. O que o inciso pretende vetar é que as filas se inerentes à posição de que seja titular de forma eficiente.
alonguem quando o servidor enrola no atendimento, enfim, age - Situações procrastinatórias são aquelas que adiam a prestação
com preguiça e desânimo. do serviço público. Procrastinar significa enrolar, adiar, fugir ao
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais dever de prestar o serviço, lerdear. Cabe ao servidor público não
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, deixar para amanhã o que pode fazer no dia e agilizar ainda mais
e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o o seu serviço quando houver acúmulo de trabalho ou de filas,
descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de inclusive para evitar dano moral ao cidadão.
corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade
da função pública. do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas
- Dentro do serviço público há uma hierarquia, que deve opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
ser obedecida para a boa execução das atividades. Seria uma - Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores morais
desordem se todos mandassem e se cada qual decidisse que função consolidados na sociedade, refletindo o caráter da pessoa. O
iria desempenhar. Por isso, cabe o respeito ao que o superior servidor público deve erigir tais valores, sempre fazendo a melhor
determina, executando as funções da melhor forma possível. escolha para a coletividade.
- Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é, é deixar d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição
de fazer aquilo que lhe foi atribuído. As condutas negligentes essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade
devem ser evitadas, de modo que os erros sejam minimizados, a seu cargo;
a atenção seja uma marca do serviço e a retidão algo sempre - Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de todos
presente. Imprudência, por sua vez, é o agir sem cuidado, sem aqueles que cuidam de algo que não lhe pertence. No caso, o
zelo, causando prejuízo ao serviço público. servidor público cuida do patrimônio do Estado. Por isso, sempre
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local deverá prestar contas a respeito deste patrimônio, relatando a sua
situação e garantindo que ele seja preservado.
de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços
quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.
aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com o
- O servidor público tem obrigação de comparecer
público;
religiosamente em seu local de trabalho no horário determinado.
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios
Todas as ausências devem ser evitadas e, quando inevitáveis, éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços
devem ser justificadas. públicos;
- Os demais funcionários e a sociedade sempre ficam atentos g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção,
às atitudes do servidor público e qualquer percepção de relaxo respeitando a capacidade e as limitações individuais de todos os
no desempenho das funções será observada, notadamente no que usuários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito
tange a ausências frequentes. ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião,
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de
organizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, causar-lhes dano moral;
colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade - A atitude ética esperada do servidor público consiste em
pública é a grande oportunidade para o crescimento e o exercer suas funções de forma adequada, sempre atendendo da
engrandecimento da Nação. melhor forma possível os usuários.

Didatismo e Conhecimento 12
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- Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de
igualdade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale lembrar serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas
que o tratamento preconceituoso e mal-educado caracteriza dano funções;
moral, cabendo reparação. - A regulamentação das funções exercidas pelos órgãos
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de administrativos está sempre mudando, cabendo ao servidor
representar contra qualquer comprometimento indevido da público se manter atualizado.
estrutura em que se funda o Poder Estatal; r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto
contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer quanto possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo
favores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações sempre em boa ordem.
imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; - A alínea reflete uma síntese do agir moral esperado do
- O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor público, servidor público, refletindo a prestação do serviço com eficiência e
pois se ele não existisse as atividades seriam desempenhadas de respeito à lei, atendendo ao bem comum.
forma desorganizada, logo, ineficiente. Isso não significa, contudo, s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem
que o servidor deva obedecer a todas as ordens sem questioná- de direito;
las, notadamente quando perceber que a atitude de seu superior - As atividades de fiscalização são usuais no serviço público e,
contraria os interesses do bem comum. por isso, os ficais devem ser bem atendidos, cabendo ao servidor
- São atitudes que não podem ser aceitas por parte dos demonstrar que as atividades atribuídas estão sendo prestadas
superiores ou de pessoas que contratem ou busquem serviços conforme a lei determina.
do poder público: obtenção de favores, benefícios ou vantagens t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
indevidas, imorais, ilegais ou antiéticas. Ao se deparar com estas que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
atitudes, deverá denunciá-las. aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências jurisdicionados administrativos;
específicas da defesa da vida e da segurança coletiva; - Prerrogativas funcionais são garantias atribuídas pela
- O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores lei ao servidor público para que ele possa bem desempenhar
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela suas funções. Não cabe exercê-las a torto e direito, é preciso ter
preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for
razoabilidade, moderação. Assim, quando invocá-las, o servidor
elaborada uma legislação específica para os funcionários públicos,
público será levado a sério.
deverá ser obedecida a lei geral de greve para os funcionários
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder
privados, qual seja a Lei n° 7.783/89.
ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público,
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
mesmo que observando as formalidades legais e não cometendo
sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo
qualquer violação expressa à lei;
negativamente em todo o sistema;
- O servidor público deve agir conforme a lei determina,
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e
qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as observando-a estritamente, preservando assim os interesses da
providências cabíveis; sociedade.
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe
seguindo os métodos mais adequados à sua organização e sobre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu
distribuição; integral cumprimento.
- Os três incisos acima reiteram deveres constantemente - O Código de Ética é o principal instrumento jurídico que
enumerados pelo Código de Ética como o de comparecimento trata das atitudes do servidor público esperadas e vedadas. É
assíduo e pontual no local de trabalho, o de comunicação de atos preciso obedecer suas diretrizes e aconselhar a sua leitura àqueles
contrários ao interesse público (inclusive os praticados por seus que o desconheçam.
superiores) e o de preservação do local de trabalho (mantendo-o
limpo e organizado). Seção III
o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem Das Vedações ao Servidor Público
com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a
realização do bem comum; XV - É vedado ao servidor público;
- Frequentemente, são promovidos cursos de aperfeiçoamento - Nesta seção, são descritas algumas atitudes que contrariam as
pela própria instituição, sem contar aqueles disponibilizados por diretrizes do Código de Ética. Trata-se de um rol exemplificativo,
faculdades e cursos técnicos. Cabe ao servidor público participar ou seja, que pode ser ampliado por um juízo de interpretação das
sempre que for benéfico à melhoria de suas funções. regras éticas até então estudadas.
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao - ATENÇÃO: não será necessário gravar todas estas regras
exercício da função; se o candidato se atentar ao fato de que elas se contrapõem
- A roupa vestida pelo servidor público também reflete sua às atitudes corretas até então estudadas. Por óbvio, não agir da
autoridade moral no exercício das funções. Por exemplo, é absurdo forma estabelecida caracteriza violação dos deveres éticos, o que
chegar ao local de trabalho utilizando bermuda e chinelo, refletindo é proibido.
uma imagem de descaso do serviço público. As roupas devem ser a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo,
sóbrias, compatíveis com a seriedade esperada da Administração posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si
Pública e de seus funcionários. ou para outrem;

Didatismo e Conhecimento 13
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
- O cargo público é para a sociedade, não para o indivíduo. Por j) desviar servidor público para atendimento a interesse
isso, ele não pode se beneficiar dele indevidamente. particular;
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros - Todos os servidores públicos são contratados pelo Estado,
servidores ou de cidadãos que deles dependam; devendo prestar serviços que atendam ao seu interesse. Por isso, um
- Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a ajudar servidor não pode pedir ao seu subordinado que lhe preste serviços
os demais cidadãos que busquem atendimento é uma clara violação particulares, por exemplo, pagar uma conta pessoal em agência
ao dever ético. bancária, telefonar para consultórios para agendar consultas, fazer
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente compras num supermercado.
com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente
autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao
de sua profissão;
patrimônio público;
- Como visto, é dever do servidor público denunciar aqueles - Os bens que se encontram no local de trabalho pertencem
que desrespeitem o Código de Ética, bem como obedecê-lo à máquina estatal e devem ser utilizados exclusivamente para a
estritamente. Não deve pensar que cobrir o erro do outro é algo prestação do serviço público, não podendo o funcionário retirá-los
solidário, porque todos os erros cometidos numa função pública de lá. Se o fizer, responde civil e administrativamente, bem como
são prejudiciais à sociedade. criminalmente por peculato (art. 312, CP).
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito
regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de
ou material; amigos ou de terceiros;
- O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de forma - As informações que são acessadas pelo funcionário público
rápida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou material aos somente devem ser aproveitadas para o bom desempenho das
usuários e ao Estado. funções. Não cabe fazer fofocas, ainda que sem nenhum interesse
- Na esfera penal, pode incidir no crime de prevaricação (art. de obter privilégio econômico, ou seja, apenas para aparentar
319, CP). importância por mera vaidade pessoal. É possível que caracterize
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu crime de violação de sigilo funcional (art. 325, CP).
alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister; n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
- A incorporação da tecnologia aos serviços públicos, habitualmente;
- Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão, valore
aproximando-o da sociedade, é chamada de governança eletrônica.
morais inerentes à boa prestação do serviço público.
Cabe ao servidor público saber lidar bem com tais tecnologias, o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra
pois elas melhoram a qualidade do serviço prestado. a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a
paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o empreendimentos de cunho duvidoso.
público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas - O servidor público, seja na vida privada, seja no exercício
hierarquicamente superiores ou inferiores; das funções, não deve se filiar a instituições que contrariem
- O funcionário público deve agir com impessoalidade na a moral, por exemplo, que incitem o preconceito e a desordem
prestação do serviço, tratando todas as pessoas igualmente, tanto pública. Afinal, o servidor público é um espelho para a sociedade,
os usuários quanto os colegas de trabalho. devendo refletir seus valores tradicionais.
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação CAPÍTULO II
ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer DAS COMISSÕES DE ÉTICA
pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar
outro servidor para o mesmo fim; XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração
- A remuneração do servidor público já é paga pelo Estado, Pública Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em
fomentada pelos tributos do contribuinte. Não cabe ao servidor qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas
pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão de Ética,
buscar bônus indevidos pela prestação de seus serviços, seja
encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional
solicitando (caso que caracteriza crime de corrupção - art. 317, do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio
CP), seja exigindo (restando presente o crime de concussão - público, competindo-lhe conhecer concretamente de imputação ou
art. 316, CP). Caso o faça, se sujeitará às penas cíveis, penais e de procedimento suscetível de censura.
administrativas. - Com efeito, as Comissões de Ética possuem função de
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva orientação e aconselhamento, devendo se fazer presentes em
encaminhar para providências; todo órgão ou entidade da administração direta ou indireta.
- Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas, XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).
incorre na prática do crime de falsificação de documento público, XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos
com aumento de pena pela condição de funcionário público (art. encarregados da execução do quadro de carreira dos servidores,
297, caput e §1° do CP). os registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do fundamentar promoções e para todos os demais procedimentos
atendimento em serviços públicos; próprios da carreira do servidor público.
- Como visto, o funcionário público deve atender com - Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética fornecerá
eficiência o usuário do serviço, prestando todas as informações as informações sobre os funcionários a ela submetidos, tanto para
da maneira mais correta e verdadeira possível, sem mentiras ou instruir promoções, quanto para alimentar processo administrativo
ilusões. disciplinar.

Didatismo e Conhecimento 14
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25). I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de II - ser leal às instituições a que servir;
Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo III - observar as normas legais e regulamentares;
parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
faltoso. manifestamente ilegais;
- A única sanção que pode ser aplicada diretamente pela V - atender com presteza:
Comissão de Ética é a de censura, que é a pena mais branda a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
pela prática de uma conduta inadequada que seja praticada no ressalvadas as protegidas por sigilo;
exercício das funções. Nos demais casos, caberá sindicância ou b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
processo administrativo disciplinar, sendo que a Comissão de
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Ética fornecerá elementos para instrução.
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
entende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão
contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando
permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra
financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer autoridade competente para apuração; 
órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, VII - zelar pela economia do material e a conservação do
as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de patrimônio público;
economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
do Estado. IX - manter conduta compatível com a moralidade
- Este último inciso do Código de Ética é de fundamental administrativa;
importância para fins de concurso público, pois define quem é o X - ser assíduo e pontual ao serviço;
servidor público que se sujeita a ele. XI - tratar com urbanidade as pessoas;
- Elementos do conceito de servidor público:
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por exemplo,
prestação de serviços como jurado ou mesário), contrato poder.
(contratação direta, sem concurso público, para atender a uma - Em resumo, o servidor público deve desempenhar suas
urgência ou emergência) ou qualquer outro ato jurídico (é o caso funções com cuidado, rapidez e pontualidade, sendo leal à
da nomeação por aprovação em concurso público) - enfim, não instituição que compõe, respeitando as ordens de seus superiores
importa o instrumento da vinculação à administração pública, que sejam adequadas às funções que desempenhe e buscando
desde que esteja realmente vinculado; conservar o patrimônio do Estado. No tratamento do público, deve
b) Serviço prestado: permanente, temporário ou excepcional ser prestativo e não negar o acesso a informações que não sejam
- isto é, ainda que preste o serviço só por um dia, como no caso do sigilosas. Caso presencie alguma ilegalidade ou abuso de poder,
mesário de eleição, é servidor público, da mesma forma que aquele deve denunciar.
que foi aprovado em concurso público e tomou posse; com ou sem Parágrafo único.  A representação de que trata o inciso XII
retribuição financeira - por exemplo, o jurado não recebe por será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade
seus serviços, mas não deixa de ser servidor público; superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao
c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à administração
representando ampla defesa.
direta ou indireta, isto é, a qualquer órgão que tenha algum
vínculo com o poder estatal. O conceito é o mais amplo possível, - Caso o funcionário público denuncie outro servidor, esta
abrangendo autarquias, fundações públicas, empresas públicas, representação será encaminhada a alguém que seja superior
sociedades de economia mista, enfim, qualquer entidade ou setor hierarquicamente ao denunciado, que terá direito à ampla defesa.
que vise atender o interesse do Estado.
Capítulo II
Das Proibições
5.2 LEI Nº 8.112/1990 E ALTERAÇÕES:
REGIME DISCIPLINAR (DEVERES Art. 117.  Ao servidor é proibido: 
E PROIBIÇÕES, ACUMULAÇÃO, - Em contraposição aos deveres do servidor público, existem
RESPONSABILIDADES E PENALIDADES) diversas proibições, que também estão em boa parte abrangidas
pelo Decreto n° 1.171/94. A violação dos deveres ou a prática
de alguma das violações abaixo descritas caracterizam infração
administrativa disciplinar.
Título IV I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
Do Regime Disciplinar
autorização do chefe imediato;
Capítulo I
Dos Deveres - Violação do dever de assiduidade.
II  -  retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
Art. 116.  São deveres do servidor: qualquer documento ou objeto da repartição;
- Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90 são em - Violação do dever de zelo com o patrimônio público.
muito compatíveis com os previstos no Código de Ética profissional III - recusar fé a documentos públicos;
do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto n° - Violação do dever de transparência.
1.171/94). Descrevem algumas das condutas esperadas do servidor IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento
público quando do desempenho de suas funções. e processo ou execução de serviço;

Didatismo e Conhecimento 15
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
- Não cabe impedir que o trâmite da administração seja - A percepção de vantagem indevida gerando enriquecimento
alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever de celeridade ilícito também caracteriza ato de improbidade administrativa de
e eficiência. maior gravidade.
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
da repartição; estrangeiro;
- Violação do dever de discrição. - Indicia a intenção de praticar atos contrários ao interesse do
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos Estado ao qual esteja vinculado.
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
- Usura significa agiotagem.
responsabilidade ou de seu subordinado;
XV - proceder de forma desidiosa;
- Quem é designado para o desempenho de uma função
- Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência.
pública deve desempenhá-la, não podendo designar outra pessoa XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
para prestar seus serviços ou de seu subordinado. serviços ou atividades particulares;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se - O aparato da administração pública pertence ao Estado, não
a associação profissional ou sindical, ou a partido político; cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades particulares.
- O direito de associação é livre, não podendo um funcionário XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
forçar o seu subordinado a associar-se sindical ou politicamente. que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de - Cada servidor público tem sua atribuição legal, não cabendo
confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau designá-lo para desempenhar funções diversas salvo em caso de
civil; extrema necessidade.
- É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos, neto ou XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
descendente, é o termo utilizado para designar o favorecimento com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
de parentes (ou amigos próximos) em detrimento de pessoas mais - O exercício de atividades incompatíveis propicia uma
violação ao princípio da imparcialidade.
qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando
elevação de cargos. O Decreto n. 7.203, de 4 de junho de 2010 solicitado.
dispõe sobre a vedação do nepotismo no âmbito da administração - A atualização de dados cadastrais é necessária para manter a
pública federal. administração ciente da situação de seu servidor.
- Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, Parágrafo único.  A vedação de que trata o inciso X do
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: 
até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de I - participação nos conselhos de administração e fiscal
servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou
chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão indiretamente, participação no capital social ou em sociedade
ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e 
Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito
o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição de interesses. 
- Nestes casos, é possível participar diretamente da
Federal.”
administração de sociedade privada, pois o interesse estatal não
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de será comprometido.
outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
- O cargo público serve apenas aos interesses da administração Capítulo III
pública, ou seja, da coletividade, não aos interesses pessoais do Da Acumulação
servidor.
X - participar de gerência ou administração de sociedade Art. 118.  Ressalvados os casos previstos na Constituição, é
privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; - Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal:
- Não cabe ao servidor público administrar sociedade privada, É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
o que pode comprometer sua eficiência e imparcialidade no exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado
exercício da função pública. em qualquer caso o disposto no inciso XI. 
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a a) a de dois cargos de professor; 
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
científico;
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
de cônjuge ou companheiro; saúde, com profissões regulamentadas;
- Não cabe atuar como procurador perante repartições Segundo Carvalho Filho31, “o fundamento da proibição é
públicas de forma profissional. Daí a limitação à atuação como impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o servidor
representante de parente até segundo grau (irmãos, ascendentes e não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Além
descendentes, cônjuges e companheiros). disso, porém, pode-se observar que o Constituinte quis também
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de 31 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
qualquer espécie, em razão de suas atribuições; direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

Didatismo e Conhecimento 16
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
impedir a cumulação de ganhos em detrimento da boa execução de - Segundo Carvalho Filho32, “a responsabilidade se origina de
tarefas públicas. [...] Nota-se que a vedação se refere à acumulação uma conduta ilícita ou da ocorrência de determinada situação fática
remunerada. Em consequência, se a acumulação só encerra a prevista em lei e se caracteriza pela natureza do campo jurídico em
percepção de vencimentos por uma das fontes, não incide a regra que se consuma. Desse modo, a responsabilidade pode ser civil,
constitucional proibitiva”. penal e administrativa. Cada responsabilidade é, em princípio,
§ 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos independente da outra”.
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, - É possível que o mesmo fato gere responsabilidade civil,
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos penal e administrativa, mas também é possível que este gere
Estados, dos Territórios e dos Municípios. apenas uma ou outra espécie de responsabilidade. Daí o fato das
- A proibição vale tanto para a administração direta quanto responsabilidades serem independentes: o mesmo fato pode gerar
para a indireta. a aplicação de qualquer uma delas, cumulada ou isoladamente.
§ 2o   A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica Art. 122.  A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
condicionada à comprovação da compatibilidade de horários. comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário
- Se o Estado pretende que o desempenho de atividade ou a terceiros.
cumulada não gere prejuízo à função pública, correto que exija a § 1o  A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário
comprovação de compatibilidade de horários; somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção de outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos § 2o  Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
remunerações forem acumuláveis na atividade. § 3o  A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores
- Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o agente se e contra eles será executada, até o limite do valor da herança
aposente do serviço público e continue o exercendo, recebendo recebida.
aposentadoria e salário. - O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do
Art. 119.  O servidor não poderá exercer mais de um cargo em direito obrigacional, uma vez que a principal consequência da
comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o, prática de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto
nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação de reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que se
coletiva.  refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em
- Cargo em comissão é aquele que não exige aprovação em omissão que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
concurso público, sendo designado para o exercício por possuir um decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.33
vínculo de confiança com o superior. Somente é possível exercer 1, - A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, podendo
salvo interinamente. Da mesma forma, não cabe remuneração por recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites da herança,
participar de órgão de deliberação coletiva. embora existam reflexos na ação que apure a responsabilidade
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica civil conforme o resultado na esfera penal (por exemplo, uma
à remuneração devida pela participação em conselhos de absolvição por negativa de autoria impede a condenação na esfera
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de cível, ao passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como - Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que, por ação ou
indiretamente, detenha participação no capital social, observado omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
o que, a respeito, dispuser legislação específica.  causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
- O exercício de função em determinados conselhos de ato ilícito”. Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de exceção civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir
ao caput. como não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo
Art. 120.  O servidor vinculado ao regime desta Lei, que do agente (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito
cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os entre a ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo
cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou
de horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas material, econômico e não econômico).
autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. - Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As pessoas
- Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for investido jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
de um cargo em comissão, ficará afastado dos cargos efetivos a não serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
ser que exista compatibilidade de horários e local com um deles, qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
caso em que se afastará de somente um cargo efetivo. contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa
clara a formação de uma relação jurídica autônoma entre o Estado
Capítulo IV e o agente público que causou o dano no desempenho de suas
Das Responsabilidades funções. Nesta relação, a responsabilidade civil será subjetiva,
32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
Art. 121.  O servidor responde civil, penal e administrativamente direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
pelo exercício irregular de suas atribuições. 33 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade
Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

Didatismo e Conhecimento 17
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo dano antijuridicidade); “art. 66. não obstante a sentença absolutória no
causado, ao qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver
de regresso é justamente o direito de acionar o causador direto do sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do
dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada a fato”; “art. 386, IV –  estar provado que o réu não concorreu para
existência de uma relação obrigacional que se forma entre a vítima a infração penal”.
e a instituição que o agente compõe. - Entendem Fuller, Junqueira e Machado35: “a absolvição
- Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente causar dubitativa (motivada por juízo de dúvida), ou seja, por falta
aos membros da sociedade, mas se este agente agiu com dolo de provas, (art. 386, II, V e VII, na nova redação conferida ao
ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago à vítima. O CPP), não empresta qualquer certeza ao âmbito da jurisdição
agente causará danos ao praticar condutas incompatíveis com o civil, restando intocada a possibilidade de, na ação civil de
comportamento ético dele esperado.34 conhecimento, ser provada e reconhecida a existência do direito
- A responsabilidade civil do servidor exige prévio processo ao ressarcimento, de acordo com o grau de cognição e convicção
administrativo disciplinar no qual seja assegurado contraditório e próprios da seara civil (na esfera penal, a decisão de condenação
ampla defesa. somente pode ser lastreada em juízo de certeza, tendo em vista o
- Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com culpa. princípio constitucional do estado de inocência)”.
Havendo ação ou omissão com culpa do servidor que gere dano ao Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado
erário (Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade
o dever de indenizar. superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta,
Art. 123.  A responsabilidade penal abrange os crimes e a outra autoridade competente para apuração de informação
contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. concernente à prática de crimes ou improbidade de que tenha
- A responsabilidade penal do servidor decorre de uma conduta conhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo,
que a lei penal tipifique como infração penal, ou seja, como crime emprego ou função pública.
ou contravenção penal. - Este dispositivo visa garantir que os servidores públicos
- O servidor poderá ser responsabilizado apenas penalmente, denunciem os servidores hierarquicamente superiores. Afinal,
uma vez que somente caberá responsabilização civil se o ato tiver todos teriam receio de denunciar se pudessem ser responsabilizados
causado prejuízo ao erário (elemento dano). civil, penal ou administrativamente por tal denúncia caso no curso
- Os crimes contra a Administração Pública se encontram nos da apuração se verificasse que ela não procedia.
artigos 312 a 326 do Código Penal, mas existem outros crimes
espalhados pela legislação específica. Capítulo V
Art. 124.  A responsabilidade civil-administrativa resulta de Das Penalidades
ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou
função. Art. 127.  São penalidades disciplinares:
- Quando o servidor pratica um ilícito administrativo, a ele é I - advertência;
atribuída responsabilidade administrativa. O ilícito pode verificar- II - suspensão;
se por conduta comissiva ou omissiva e os fatos que o configuram III - demissão;
são os previstos na legislação estatutária. Por exemplo, as sanções IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
aplicadas pela Comissão de Ética por violação ao Decreto n° V - destituição de cargo em comissão;
1.171/94 são administrativas. VI - destituição de função comissionada.
Art. 125.  As sanções civis, penais e administrativas poderão - A advertência é a pena mais leve, um aviso de que o
cumular-se, sendo independentes entre si. funcionário se portou de forma inadequada e de que isso não deve
- Se as responsabilidades se cumularem, também as sanções se repetir. A suspensão é uma sanção intermediária, fazendo com
serão cumuladas. Daí afirmar-se que tais responsabilidades são que o funcionário deixe de desempenhar o cargo por certo período.
independentes, ou seja, não dependem uma da outra. Na demissão, o funcionário não mais exercerá o cargo, sendo assim
Art. 126.  A responsabilidade administrativa do servidor será sanção mais grave. Outras sanções são cassação da aposentadoria
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do ou disponibilidade, destituição do cargo em comissão, destituição
fato ou sua autoria. da função comissionada.
- Determinadas decisões na esfera penal geram exclusão da Art. 128.  Na aplicação das penalidades serão consideradas
responsabilidade nas esferas civil e administrativa, quais sejam: a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
absolvição por inexistência do fato ou negativa de autoria. A provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
absolvição criminal por falta de provas não gera exclusão da atenuantes e os antecedentes funcionais.
responsabilidade civil e administrativa. Parágrafo único.  O ato de imposição da penalidade
- A absolvição proferida na ação penal, em regra, nada prejudica mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção
a pretensão de reparação civil do dano ex delicto, conforme artigos disciplinar. 
65, 66 e 386, IV do CPP: “art. 65. Faz coisa julgada no cível a - De forma fundamentada, justificada, se escolherá por uma
sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado ou outra sanção, conforme a gravidade do ato praticado.
de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de 35 FULLER, Paulo Henrique Aranda; JUNQUEIRA,
dever legal ou no exercício regular de direito” (excludentes de Gustavo Octaviano Diniz; MACHADO, Angela C. Cangiano.
34 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
ed. São Paulo: Método, 2011. (Coleção Elementos do Direito)

Didatismo e Conhecimento 18
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 129.  A advertência será aplicada por escrito, nos casos IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII cargo;
e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio
regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição nacional;
de penalidade mais grave. XI - corrupção;
- Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117. A XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra violação de públicas;
dever funcional que não exija sanção mais grave. - Na verdade, são atos de improbidade administrativa, então
Art. 130.  A suspensão será aplicada em caso de reincidência nem precisariam ser mencionados.
das faltas punidas com advertência e de violação das demais XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de - Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117.
demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias. Art. 133.  Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal
- A suspensão é uma sanção administrativa intermediária, de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que
aplicável se as práticas sujeitas a advertência se repetirem ou em se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua
caso de infração grave que ainda assim não gere pena de demissão.
chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável
§ 1o  Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o
de dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese de
servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido
omissão, adotará procedimento sumário para a sua apuração e
a inspeção médica determinada pela autoridade competente,
regularização imediata, cujo processo administrativo disciplinar
cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a
determinação. se desenvolverá nas seguintes fases:
- Trata-se de hipótese específica em que será aplicada I - instauração, com a publicação do ato que constituir
suspensão. a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis,
§ 2o  Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da
de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% transgressão objeto da apuração;
(cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e
ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço. relatório; 
- Se for inconveniente para a administração pública abrir III - julgamento.
mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu vencimento/ § 1o  A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-
remuneração diário pelo número de dias de suspensão. O servidor se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela
não poderá se recusar a permanecer em serviço. descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em situação
Art.  131.   As penalidades de advertência e de suspensão de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das
terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três)  e 5 datas de ingresso, do horário de trabalho e do correspondente
(cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor regime jurídico.
não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar. § 2o  A comissão lavrará, até três dias após a publicação do
Parágrafo único.  O cancelamento da penalidade não surtirá ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas
efeitos retroativos. as informações de que trata o parágrafo anterior, bem como
- O bom comportamento posterior do servidor faz com que o promoverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por
registro de advertência (após 3 anos) ou suspensão (após 5 anos) intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias,
seja apagado de seu registro, o que não significa que o servidor apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo
poderá requerer, por exemplo, o pagamento referente aos dias que na repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164.
ficou suspenso. § 3o  Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório
Art. 132.  A demissão será aplicada nos seguintes casos: conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor,
I - crime contra a administração pública; em que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre
- Artigos 312 a 326 do Código Penal.
a licitude da acumulação em exame, indicará o respectivo
II - abandono de cargo;
dispositivo legal e remeterá o processo à autoridade instauradora,
III - inassiduidade habitual;
para julgamento.
- Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em excesso.
§ 4o  No prazo de cinco dias, contados do recebimento do
IV - improbidade administrativa;
- Atos descritos na Lei n° 8.429/92. processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão,
V  -  incontinência pública e conduta escandalosa, na aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167.
repartição; § 5o  A opção pelo servidor até o último dia de prazo para
- Ausência de discrição no exercício das funções. defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá
VI - insubordinação grave em serviço; automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo.
- Violação grave do dever de obediência hierárquica. § 6o  Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos,
- Ofensa física a servidor ou administrado que não para se empregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal,
defender. hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação serão
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; comunicados. 

Didatismo e Conhecimento 19
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 7o  O prazo para a conclusão do processo administrativo - Conceito de abandono de cargo: ausência intencional por
disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão.
contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, Art. 139.  Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao
admitida a sua prorrogação por até quinze dias, quando as serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
circunstâncias o exigirem. durante o período de doze meses.
§ 8o  O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste - Conceito de inassiduidade habitual, que também gera
artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente, demissão: ausência por 60 dias num período de 12 meses de forma
as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. injustificada.
- O artigo descreve o procedimento em caso de violação do Art. 140.  Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
dever de não acumular cargos ilicitamente. No início, o servidor habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
será notificado para se manifestar optando por um cargo. Se ficar refere o art. 133, observando-se especialmente que: 
omisso ou se recusar fazer a opção, será instaurado processo I - a indicação da materialidade dar-se-á: 
administrativo disciplinar. Nele, o servidor poderá apresentar a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa
defesa no sentido de ser lícita a cumulação. Mas até o último dia do período de ausência intencional do servidor ao serviço superior
do prazo para defesa o servidor poderá optar por um caso, caso em a trinta dias; 
que o procedimento se converterá em pedido de exoneração do
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias
cargo não escolhido, presumindo-se a boa-fé do servidor.
de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou
Art. 134.  Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade
superior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de
do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com
doze meses;
a demissão.
- Supondo que o servidor tenha praticado ato punível com II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará
demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evitará que sua relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do
aposentadoria seja cassada, assim como ele seria demitido se no servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o
exercício das funções. respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de
Art. 135.  A destituição de cargo em comissão exercido por cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a
não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
sujeita às penalidades de suspensão e de demissão. julgamento.
Parágrafo único.  Constatada a hipótese de que trata - Por indicação de materialidade, entenda-se demonstração do
este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será fato. É preciso indicar especificamente os dias faltados.
convertida em destituição de cargo em comissão. - Adota-se o procedimento do art. 133.
- Logo, a destituição do cargo em comissão por quem não Art. 141.  As penalidades disciplinares serão aplicadas:
ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comissionado aplicar I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas
não só os atos sujeitos à pena de demissão, mas também os sujeitos do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-
à pena de suspensão. Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação
Art. 136.  A demissão ou a destituição de cargo em comissão, de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao
nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a respectivo Poder, órgão, ou entidade;
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
prejuízo da ação penal cabível. imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso
- Nos casos de demissão e destituição do cargo em comissão, anterior  quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimento do prejuízo III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma
sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação penal própria. dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de
Art. 137.  A demissão ou a destituição de cargo em comissão, advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo tratar de destituição de cargo em comissão.
prazo de 5 (cinco) anos.
- Presidente da República/Presidentes da Câmara dos
- O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lograr
Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tribunais
proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade
Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Procurador-
da função pública ou que tenha  atuado como procurador ou
Geral da República - demissão ou cassação de aposentadoria/
intermediário, junto a repartições públicas, salvo em hipóteses
específicas, não poderá ser investido em cargo público federal pelo disponibilidade do servidor vinculado ao órgão (sanções mais
prazo de 5 anos. graves).
Parágrafo único.  Não poderá retornar ao serviço público - Autoridade administrativa de hierarquia imediatamente
federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30 dias (sanção de
comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. suspensão, de gravidade intermediária, por maior período).
- Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes casos, - Chefe da repartição e outras autoridades previstas no
não caberá jamais retorno ao serviço público federal, diante da regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias (sanção
gravidade dos atos praticados. de suspensão, de gravidade intermediária, por menor período).
Art. 138.  Configura abandono de cargo a ausência intencional - Autoridade que houver feito a nomeação, em qualquer cargo
do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos. de comissão, independente da pena.

Didatismo e Conhecimento 20
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 142.  A ação disciplinar prescreverá: Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte forma:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passivo) e
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e daqueles que podem praticar os atos de improbidade administrativa
destituição de cargo em comissão; (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação do dano ao lesionado e
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; o ressarcimento ao patrimônio público; após, traz a tipologia dos
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. atos de improbidade administrativa, isto é, enumera condutas de
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em que o tal natureza; seguindo-se à definição das sanções aplicáveis; e,
fato se tornou conhecido. finalmente, descreve os procedimentos administrativo e judicial.
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-
se às infrações disciplinares capituladas também como crime. LEI N° 8.429 DE 2 DE JUNHO DE 1992
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de processo
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos
por autoridade competente. casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo,
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
correr a partir do dia em que cessar a interrupção. fundacional e dá outras providências.
- Prescrição é um instituto que visa regular a perda do direito - O preâmbulo da lei em estudo já traz alguns elementos
de acionar judicialmente. importantes para a sua boa compreensão:
- No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais graves, 2 a) o agente público pode estar exercendo mandato, quando
para as de gravidade intermediária (pena de suspensão) e 180 dias for eleito para tanto; cargo, no caso de um conjunto de atribuições
para as menos graves (pena de advertência) - Contados da data em e responsabilidades conferido a um servidor submetido a regime
que o fato se tornou conhecido pela administração pública. estatutário (é o caso do ingresso por concurso); emprego público,
- Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos pres- se o servidor se submeter a regime celetista (CLT); função pública,
cricionais do direito penal, mais longos, logo, menos favoráveis que corresponde à categoria residual, valendo para o servidor que
ao servidor. tenha tais atribuições e responsabilidades mas não exerça cargo ou
emprego público. Percebe-se que o conceito de agente público que
- Interrupção da prescrição significa parar a contagem do pra-
se sujeita à lei é o mais amplo possível.
zo para que, retornando, comece do zero. Da abertura da sindicân-
b) o exercício pode se dar na administração direta, indireta
cia ou processo administrativo disciplinar até a decisão final pro-
ou fundacional. A administração pública apresenta uma estrutura
ferida por autoridade competente não corre a prescrição. Proferida
direta e outra indireta, com seus respectivos órgãos. Por exemplo,
a decisão, o prazo começa a contar do zero. Passado o prazo, não
são órgãos da administração direta os ministérios e secretarias, isto
caberá mais propor ação disciplinar. é, os órgãos que compõem a estrutura do Executivo, Legislativo ou
Judiciário; são integrantes da administração indireta as autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista.
5.3 LEI Nº 8.429/1992: IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer


A Lei n° 8.429/92 trata da improbidade administrativa, agente público, servidor ou não, contra a administração direta,
que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
desonestidade administrativa. A improbidade é uma lesão ao Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de
princípio da moralidade, que deve ser respeitado estritamente empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para
pelo servidor público. O agente ímprobo sempre será um violador cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
do princípio da moralidade, pelo qual “a Administração Pública mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual,
deve agir com boa-fé, sinceridade, probidade, lhaneza, lealdade serão punidos na forma desta lei.
e ética”36. A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta
improbidade administrativa em três categorias: lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de
a) Ato de improbidade administrativa que importe entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou
enriquecimento ilícito; creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação
b) Ato de improbidade administrativa que importe lesão ao ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de
erário; cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-
c) Ato de improbidade administrativa que atente contra os se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito
princípios da administração pública. sobre a contribuição dos cofres públicos.
ATENÇÃO: os atos de improbidade administrativa não são - “Sujeito passivo é a pessoa que a lei indica como vítima
crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfera cível, do ato de improbidade administrativa”. A lei adota uma noção
não criminal. Por isso, caso o ato configure simultaneamente um ampla, pela qual são abrangidas entidades que, sem integrarem a
ato de improbidade administrativa desta lei e um crime previsto na Administração, possuem alguma espécie de conexão com ela.37
legislação penal, o que é comum no caso do artigo 9°, responderá - O agente público pode ser ou não um servidor público. O
o agente por ambos, nas duas esferas. conceito de agente público é melhor delimitado no artigo seguinte.
36 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional 37 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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- Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou órgão c) Espécie de vínculo: por eleição, nomeação, designação,
que desempenhe diretamente o interesse do Estado. Assim, estão contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
incluídos todos os integrantes da administração direta, indireta mandato, cargo, emprego ou função;
e fundacional, conforme o preâmbulo da legislação. Pode até d) Local do exercício: em qualquer entidade que possa ser
mesmo ser uma entidade privada que desempenhe tais fins, desde sujeito passivo. Por exemplo, o funcionário de uma ONG criada
que a verba de criação ou custeio tenha sido ou seja pública em pelo Estado é considerado agente público para os efeitos desta lei.
mais de 50% do patrimônio ou receita anual. - O terceiro, por sua vez, é aquele que pratica as condutas
- Caso a verba pública que tenha auxiliado uma entidade de induzir ou concorrer em relação ao agente público, ou seja,
privada a qual o Estado não tenha concorrido para criação ou incentivando-o ou mesmo participando diretamente do ilícito.
custeio, também haverá sujeição às penalidades da lei. Em caso de Este terceiro jamais será pessoa jurídica, deve necessariamente ser
custeio/criação pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio pessoa física.
ou receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nestes - Quanto aos agentes políticos, existem 3 posicionamentos
dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o ilícito a respeito da aplicação da Lei n° 8.429/92 a eles, expostos por
repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. Significa que Carvalho Filho39: 1 - “[...] a ação de improbidade prevista na Lei n°
8.429/92 é independente das ações que apuram crimes comuns e
se o prejuízo causado for maior que a efetiva contribuição por
crimes de responsabilidade (ou infrações político-administrativas),
parte do poder público, o ressarcimento terá que ser buscado por
estes regulados pela Lei n° 1.079/50, sendo, portanto, admissível
outra via que não a ação de improbidade administrativa.
a concomitância de ações”; 2 - “estão excluídos da Lei n°
- Basicamente, o dispositivo enumera os principais sujeitos 8.429/92 todos aqueles agentes aos quais a Constituição atribuiu
passivos do ato de improbidade administrativa, dividindo-os expressamente a prática de crimes de responsabilidade, aplicando-
em três grupos: a) pessoas da administração direta, diretamente se-lhes apenas a Lei nº 1.079/50 (STF AGR-RE 579.799-SP,
vinculados a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios; b) 19/12/2008); 3 - “as Leis n° 7.079/50 e 8.429/92 convivem
pessoas da administração indireta, isto é, autarquias, fundações harmoniosamente no sistema, sendo independentes as vias
públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista; c) respectivas, mas será incabível formular na ação de improbidade
pessoa cuja criação ou custeio o erário tenha contribuído com mais pedido de aplicação de sanções de natureza política (perda de cargo,
de 50% do patrimônio ou receita naquele ano. suspensão de direitos políticos), já que elas emanam naturalmente
- No parágrafo único, a lei enumera os sujeitos passivos da ação penal de apuração de crime de responsabilidade”.
secundários, que são: a) entidades que recebam subvenção, Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia
benefício ou incentivo creditício pelo Estado; b) pessoa cuja são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de
criação ou custeio o erário tenha contribuído com menos de 50% legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato
do patrimônio ou receita naquele ano. dos assuntos que lhe são afetos.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, - Trata-se de referência expressa aos princípios do art. 37,
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem caput, CF. Não se menciona apenas o princípio da eficiência, o que
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou não significa que possa ser desrespeitado, afinal, ele é abrangido
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, indiretamente. Explicações sobre o artigo já foram tecidas.
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra integral ressarcimento do dano.
para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente
qualquer forma direta ou indireta. público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao
- Os sujeitos ativos do ato de improbidade administrativa se seu patrimônio.
dividem em duas categorias: os agentes públicos, definidos no art. - Estabelece o artigo 186 do Código Civil: “aquele que, por
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
2°, e os terceiros, enumerados no art. 3°.
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
- “Denomina-se sujeito ativo aquele que pratica o ato de
comete ato ilícito”. Este é o artigo central do instituto denominado
improbidade, concorre para sua prática ou dele extrai vantagens
responsabilidade civil, que tem como elementos: ação ou omissão
indevidas. É o autor ímprobo da conduta. Em alguns casos, voluntária (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
não pratica o ato em si, mas oferece sua colaboração, ciente da culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma violação
desonestidade do comportamento, Em outros, obtém benefícios de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de
do ato de improbidade, muito embora sabedor de sua origem causa e efeito entre a ação/omissão e o dano causado) e dano
escusa”38. (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou
- A ampla denominação de agentes públicos conferida pela coletivo, moral ou material, econômico e não econômico). É a este
lei de improbidade administrativa apenas tem efeito para os fins instituto que se relacionam as sanções da perda de bens e valores e
desta lei, ou seja, visando a imputação dos atos de improbidade de ressarcimento integral do dano.
administrativa. Percebe-se a amplitude pelos elementos do - O tipo de dano que é causado pelo agente ao Estado é o
conceito: material. No caso, há um correspondente financeiro direto, de
a) Tempo: exercício transitório ou definitivo; modo que a condenação será no sentido de pagar ao Estado o
b) Remuneração: existente ou não; equivalente ao prejuízo causado.
38 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 39 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

Didatismo e Conhecimento 22
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
- O agente público e o terceiro que com ele concorra - O grupo mais grave de atos de improbidade administrativa se
responderão pelos danos causados ao erário público com seu caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito + resultante
patrimônio. Inclusive, perderão os valores patrimoniais acrescidos de uma vantagem patrimonial indevida + em razão do exercício
devido à prática do ato ilícito. O dano causado deverá ser ressarcido de cargo, mandato, emprego, função ou outra atividade nas
em sua totalidade. entidades do artigo 1°:
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao a) O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não se
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos ditames
autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar morais, notadamente no desempenho de função de interesse estatal.
ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do
b) Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial
indiciado.
ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o
caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral dano aos cofres públicos (por exemplo, quando um policial recebe
ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial propina pratica ato de improbidade administrativa, mas não atinge
resultante do enriquecimento ilícito. diretamente os cofres públicos).
- Será oferecida representação ao Ministério Público para que c) É preciso que a conduta se consume, ou seja, que realmente
ele postule a indisponibilidade dos bens do indiciado, de modo exista o enriquecimento ilícito devido a uma vantagem patrimonial
a garantir que ele não aliene seu patrimônio para não reparar o indevida.
ilícito. Por indisponibilidade entende-se bloquear os bens para que d) Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer
não sejam vendidos ou deteriorados, garantindo que o dano possa ilicitamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas as
ser reparado quando da condenação judicial. condutas configuram atos dolosos (com intenção).
- A indisponibilidade será suficiente para dar integral e) Não cabe prática por omissão.41
ressarcimento ao dano ou retirar todo o acréscimo patrimonial - Entende Carvalho Filho42 que no caso do art. 9° o requisito
resultante do ilícito.
é o enriquecimento ilícito, ao passo que “o pressuposto exigível
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
do tipo é a percepção de vantagem patrimonial ilícita obtida pelo
público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
desta lei até o limite do valor da herança. exercício da função pública em geral. Pressuposto dispensável
- Caso o sujeito ativo faleça no curso da ação de improbidade é o dano ao erário”. O elemento subjetivo é o dolo pois fica
administrativa, os herdeiros arcarão com o dever de ressarcir o difícil imaginar que um servidor obtenha vantagem indevida por
dano, claro, nos limites dos bens que ele deixar como herança. negligência, imprudência ou imperícia (culpa). Da mesma forma,
é incompatível com a conduta omissiva, aceitando apenas a
CAPÍTULO II comissiva (ação).
Dos Atos de Improbidade Administrativa - ATENÇÃO: todas as condutas descritas abaixo são meros
exemplos de condutas compostas pelos elementos genéricos da
- Como não é possível ser desonesto sem saber que se está cabeça do artigo. Com efeito, estando eles presentes, não importa
agindo desta forma, o elemento comum a todas as hipóteses de a ausência de dispositivo expresso no rol abaixo.
improbidade administrativa é o dolo, que consiste na intenção I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
do agente em praticar o ato desonesto (alguns entendem como
imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta,
inconstitucionais todas as referências a condutas culposas -
a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
inclusive parte do STJ).
- Os atos de improbidade administrativa foram divididos em quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido
três grupos, nos artigos 9°, 10 e 11, conforme a gravidade do ato, ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
indo do grupo mais grave ao menos grave. A cada grupo é aplicada agente público;
uma espécie diferente de sanção no caso de confirmação da prática - Significa receber qualquer vantagem econômica, inclusive
do ato apurada na esfera administrativa. presentes, de pessoas que tenham interesse direto ou indireto em
- Nos três artigos do capítulo II, enquanto o caput traz as que o agente público faça ou deixe de fazer alguma coisa.
condutas genéricas, os incisos delimitam condutas específicas, II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
que nada mais são do que exemplos de situações do caput, facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel,
logo, os incisos são uma relação meramente exemplificativa40, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1°
sendo suficiente bem compreender como encontrar os requisitos por preço superior ao valor de mercado;
genéricos para fins de provas. III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
Seção I
fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam
Enriquecimento Ilícito valor de mercado;
- Tratam-se de espécies da conduta do inciso anterior, na qual
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa o fim visado é permitir a aquisição, alienação, troca ou locação de
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de bem móvel ou imóvel por preço diverso ao de mercado. Percebe-se
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de um ato de improbidade que causa prejuízo direto ao erário.
cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades 41 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: ed. São Paulo: Método, 2011.
40 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 42 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

Didatismo e Conhecimento 23
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
- No inciso II, o Estado que compra, troca ou aluga bem IX - perceber vantagem econômica para intermediar a
móvel ou imóvel para sua utilização acima do preço de mercado; liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
no inciso III, um bem móvel ou imóvel pertencente ao Estado é - Para que as verbas públicas sejam liberadas ou aplicadas
vendido, trocado ou alugado em preço inferior ao de mercado. há todo um procedimento estabelecido em lei, não cabendo ao
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, servidor violá-lo e muito menos receber vantagem por tal violação.
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade Há improbidade, por exemplo, na fraude em licitação.
ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° X - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou
ou terceiros contratados por essas entidades; declaração a que esteja obrigado;
- Todo aparato dos órgãos públicos serve para atender ao - A percepção de vantagem econômica para omitir qualquer
Estado e, consequentemente, à preservação do bem comum na ato que seja obrigado a praticar caracteriza ato de improbidade
sociedade. Logo, quando um servidor público utiliza esta estrutura administrativa.
material ou pessoal para atender aos seus próprios interesses, XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,
causa prejuízo direto aos cofres públicos e obtém uma vantagem rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
indevida (a natural vantagem decorrente do uso de algo que não entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
lhe pertence). XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de art. 1° desta lei.
azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou - Como visto, todo o aparato material e financeiro propiciado
de qualquer outra atividade ilícita, para o desempenho das funções públicas pertencem à máquina
- Nenhum ato administrativo pode ser praticado ou omitido estatal e devem servir ao bem comum, não cabendo a utilização
para facilitar condutas como lenocínio (explorar, estimular ou em proveito próprio, o que gera uma natural vantagem econômica,
facilitar a prostituição), narcotráfico (envolver-se em atividades sob pena de incidir em improbidade administrativa.
no mundo das drogas, como venda e distribuição), contrabando Seção II
(importar ou exportar mercadoria proibida), usura (agiotagem, Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam
fornecer dinheiro a juros absurdos) ou qualquer outra atividade Prejuízo ao Erário
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
ilícita. Se, ainda por cima, se obter vantagem indevida pela
lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que
tolerância da prática do ilícito, resta caracterizado um ato de
enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento
improbidade administrativa da espécie mais grave, ora descrita
ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no
neste art. 9° em estudo.
art. 1º desta lei, e notadamente:
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
- O grupo intermediário de atos de improbidade administrativa
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição
se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário ou aos
ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou
cofres públicos + gerando perda patrimonial ou dilapidação do
sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica
patrimônio público. Assim como o artigo anterior, o caput descreve
de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades a fórmula genérica e os incisos algumas atitudes específicas que
mencionadas no art. 1º desta lei; exemplificam o seu conteúdo.43
- Da mesma forma, é vedado o recebimento de vantagens para a) Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: desvio,
fazer declarações falsas na avaliação de obras e serviços em geral. que é o direcionamento indevido; apropriação, que é a transferência
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, indevida para a própria propriedade; malbaratamento, que significa
cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo desperdício; e dilapidação, que se refere a destruição.44
valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda b) É preciso que seja causado dano a uma das pessoas do art.
do agente público; 1° da lei. No entanto, o enriquecimento ilícito é dispensável.
- A desproporção entre o rendimento percebido no exercício c) O crime pode ser praticado por ação ou omissão.
das funções e o patrimônio acumulado é um forte indício da - O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público, em
percepção indevida de vantagens. Claro, se comprovada que todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a ocorrência de
a desproporção se deu por outros motivos lícitos, não há ato de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
improbidade administrativa (por exemplo, ganhar na loteria ou - Este artigo admite expressamente a variante culposa, o
receber uma boa herança). que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n°
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitucionalidade do
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ consolidou a tese de que
tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação é indispensável a existência de dolo nas condutas descritas nos
ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante artigos 9º e 11 e ao menos de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas
a atividade; quais o dano ao erário precisa ser comprovado. De acordo com o
- O agente público não pode trabalhar em funções incompatíveis ministro Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente
com as que desempenha para o Estado, notadamente quando isso 43 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
influenciar nas atitudes por ele tomadas no exercício das funções ed. São Paulo: Método, 2011.
públicas. Afinal, aceitando uma posição que comprometa sua 44 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
imparcialidade, o agente prejudicará o interesse público. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

Didatismo e Conhecimento 24
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com negligência, VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”45. Para Carvalho observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
Filho46, não há inconstitucionalidade na modalidade culposa, à espécie;
lembrando que é possível dosar a pena conforme o agente aja com - A realização de operações financeiras, como a liberação de
dolo ou culpa. verbas e o investimento destas, e a concessão de benefícios são
- O ponto central é lembrar que neste artigo não se exige que papéis muito importantes desempenhados pelo agente público, que
o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas, basta o dano deverá cumprir estritamente a lei.
ao erário. Se tiver recebido vantagem indevida, incide no artigo VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo
anterior. Exceto pela não percepção da vantagem indevida, os tipos indevidamente;
exemplificados se aproximam muito dos previstos nos incisos do - Processo licitatório é aquele em que se realiza a licitação,
art. 9°. procedimento detalhado prescrito em lei pelo qual o Estado
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a contrata serviços, adquire produtos, aliena bens, etc. A finalidade
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou de cumprir o procedimento legal de forma estrita é garantir a
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo preservação do interesse da sociedade, não cabendo ao agente
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; público passar por cima destas regras (Lei n° 8.666/93).
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do autorizadas em lei ou regulamento;
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta - Todas as despesas que podem ser assumidas pelo Poder
lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares Público encontram respectiva previsão em alguma lei ou diretriz
aplicáveis à espécie; orçamentária.
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda,
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio
bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das público;
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das - A arrecadação de tributos é essencial para a manutenção da
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie; máquina estatal, não podendo o agente público ser negligente (se
omitir, deixar de ser zeloso) no que tange ao levantamento desta
- Todos os bens, rendas, verbas e valores que integram a
renda.
estrutura da administração pública somente devem ser utilizados
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das
por ela. Por isso, não cabe a incorporação de seu patrimônio
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
ao acervo de qualquer pessoa física ou jurídica e mesmo a
aplicação irregular;
simples utilização deve obedecer aos ditames legais. Quem agir,
- Para que as verbas públicas sejam aplicadas é preciso
aproveitando da função pública, de modo a permitir tais situações,
obedecer o procedimento previsto em lei, preservando o interesse
incide em ato de improbidade administrativa, ainda que não receba
estatal.
nenhuma vantagem por seu ato (havendo enriquecimento ilícito, - Dos incisos VI a XI resta clara a marca desta categoria
está presente um ato do art. 9°, categoria mais grave). intermediária de atos de improbidade administrativa: que seja
- Aliás, nem ao menos importa se o ato é benéfico, por causado prejuízo ao erário, sem que o agente responsável
exemplo, uma doação. O patrimônio público deve ser preservado pelo dano receba vantagem indevida. A questão é preservar o
e sua transmissão/utilização deve obedecer a legislação vigente. interesse estatal, garantindo que os bens e verbas públicas sejam
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de corretamente utilizados, arrecadados e investidos.
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte enriqueça ilicitamente;
delas, por preço inferior ao de mercado; - Como visto, quanto o agente público obtém vantagem
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de própria, direta ou indireta, incide nas hipóteses mais graves do
bem ou serviço por preço superior ao de mercado; artigo anterior. Caso concorde com o enriquecimento ilícito de
- Incisos diretamente correlatos aos incisos II e III do artigo terceiro, por exemplo, seu superior hierárquico, ou colabore
anterior, exceto pelo fato do sujeito ativo não perceber vantagem para que ele ocorra, também cometerá ato de improbidade
indevida pela sua conduta. Aliás, é exatamente pela falta deste administrativa, embora de menor gravidade.
elemento que o ato se enquadra na categoria intermediária, e não XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,
mais grave, dentro da classificação das improbidades. veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer
VI - realizar operação financeira sem observância das natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das
normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho
ou inidônea; de servidor público, empregados ou terceiros contratados por
45 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade essas entidades.
administrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. - Não se deve permitir que terceiros utilizem do aparato da
Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/ máquina estatal, tanto material quanto pessoal, mesmo que não se
engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 obtenha vantagem alguma com tal concessão.
mar. 2013. XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha
46 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. associada sem observar as formalidades previstas na lei;

Didatismo e Conhecimento 25
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem - Com efeito, são deveres funcionais: praticar atos visando
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as o bem comum, agir com efetividade e rapidez, manter sigilo a
formalidades previstas na lei. respeito dos fatos que tenha conhecimento devido a sua função,
- A celebração de contratos de qualquer natureza compromete tornar públicos os atos oficiais, zelar pela boa realização de atos
diretamente o orçamento público, causando prejuízo ao erário. administrativos em geral (como a realização de concurso público),
Por isso, deve-se obedecer as prescrições legais que disciplinam prestar contas, entre outros.
a celebração de contratos administrativos, deliberando com
responsabilidade a respeito das contratações necessárias e úteis ao CAPÍTULO III
bem comum. Das Penas

Seção III Art. 12.  Independentemente das sanções penais, civis


Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra e administrativas previstas na legislação específica, está o
os Princípios da Administração Pública responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente,
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta de acordo com a gravidade do fato:
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos
contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano,
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três
- O grupo mais ameno de atos de improbidade administrativa se
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar
caracteriza pela simples violação a princípios da administração com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do sujeito ativo que ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
viole os ditames éticos do serviço público. Isto é, o legislador de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
pretende a preservação dos princípios gerais da administração dez anos;
pública.47 II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano,
a) O objeto de tutela são os princípios constitucionais; perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
b) Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis se concorrer esta circunstância, perda da função pública,
o enriquecimento ilícito e o dano ao erário; suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento
c) Somente é possível a prática de algum destes atos com dolo de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de
(intenção); contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
d) Cabe a prática por ação ou omissão. fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
- Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
para não permitir a caracterização de abuso de poder, diante do prazo de cinco anos;
conteúdo aberto do dispositivo. III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se
- Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos
quando o ato de improbidade administrativa não tiver gerado de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes
obtenção de vantagem indevida ou dano ao erário. o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
diverso daquele previsto, na regra de competência; fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
ofício; prazo de três anos.
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o
das atribuições e que deva permanecer em segredo; juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o
IV - negar publicidade aos atos oficiais; proveito patrimonial obtido pelo agente.
- As sanções da Lei de Improbidade Administrativa são de
V - frustrar a licitude de concurso público;
natureza extrapenal e, portanto, têm caráter civil.
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-
- Como visto, no caso do art. 9°, categoria mais grave, o
lo;
agente obtém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de
indevida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá não
terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida só reparar eventual dano causado mas também colocar nos cofres
política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem públicos tudo o que adquiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar
ou serviço. somente o que enriqueceu indevidamente ou este valor acrescido
- É possível perceber, no rol exemplificativo de condutas do do valor do prejuízo causado aos cofres públicos (quanto o Estado
artigo 11, que o agente público que pratique qualquer ato contrário perdeu ou deixou de ganhar). No caso do artigo 10, não haverá
aos ditames da ética, notadamente os originários nos princípios enriquecimento ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual
administrativos constitucionais, pratica ato de improbidade será reparado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito,
administrativa. devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Já no artigo
47 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. 11, o máximo que pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido
ed. São Paulo: Método, 2011. ressarcimento.

Didatismo e Conhecimento 26
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
- Além disso, em todos os casos há perda da função pública. do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração
- Nas três categorias, são estabelecidas sanções de suspensão do agente). A natureza da multa é de sanção civil, não possuindo
dos direitos políticos, multa e vedação de contratação ou percepção caráter indenizatório, mas punitivo.
de vantagem, graduadas conforme a gravidade do ato: e) Proibição de receber benefícios: não se incluem as
imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio
Artigo 9° Artigo 10 Artigo 11 majoritário da instituição vitimada.
f) Proibição de contratar: o agente punido não pode participar
Suspensão de de processos licitatórios.
8 a 9 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos
direitos políticos
Até 100X CAPÍTULO IV
Até 3X o en- Até 2X o o valor da Da Declaração de Bens
Multa riquecimento dano cau- remune-
experimentado sado. ração do Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
agente condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores
que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no
Vedação de
serviço de pessoal competente.
contratação ou 10 anos 5 anos 3 anos
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes,
vantagem
dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores
patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for
- Vale lembrar a disciplina constitucional das sanções por
o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge
atos de improbidade administrativa, que se encontra no art. 37,
ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob
§ 4º, CF: Os atos de improbidade administrativa importarão a
a dependência econômica do declarante, excluídos apenas os
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
objetos e utensílios de uso doméstico.
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
data em que o agente público deixar o exercício do mandato,
ATENÇÃO: a única sanção que se encontra prevista na LIA mas
cargo, emprego ou função.
não na CF é a de multa. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
inconstitucionalidade disto, pois nada impediria de o legislador
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público
infraconstitucional ampliasse a relação mínima de penalidades da
que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo
Constituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a lei
determinado, ou que a prestar falsa.
é o instrumento adequado para tanto48.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da
- Carvalho Filho49 tece considerações a respeito de algumas
declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita
das sanções:
Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda
a) Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
e proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações,
os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se
para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.
alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem escora
- Para que uma pessoa tome posse e exerça o cargo de agente
constitucional. Além disso, o acréscimo deve derivar de origem
público deve apresentar declaração de bens que deverá ser renovada
ilícita”.
anualmente (§2°) sob pena de demissão (§3°). Assim, trata-se de
b) Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que
condição para o exercício das atribuições de agente público.
engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária e
- A finalidade é a de assegurar que o agente público não receba
juros de mora.
vantagens indevidas, possuindo instrumento para fiscalizá-lo caso
c) Perda de função pública: “se o agente é titular de mandato,
o faça.
a perda se processa pelo instrumento de cassação. Sendo servidor
- Os bens abrangidos pela declaração não são apenas os do
estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço público. Havendo
agente público, mas também os de seus dependentes. Por isso,
contrato de trabalho (servidores trabalhistas e temporários), a
não adiantará nada o agente colocar os bens decorrentes do
perda da função pública se consubstancia pela rescisão do contrato
enriquecimento ilícito em nome de pessoas que dele dependam, e
com culpa do empregado. No caso de exercer apenas uma função
não em seu nome.
pública, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação da
designação”. Lembra-se que determinadas autoridades se sujeitam
CAPÍTULO V
a procedimento especial para perda da função pública, ponto em
Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial
que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa.
d) Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas
- Desde logo, destaca-se que o procedimento na via
flexibilidade dentro deste limite, podendo o julgados nesta margem
administrativa não tem idoneidade para ensejar a aplicação de
optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de
sanções de improbidade. Após o encerramento do processo
cálculo, conforme o tipo de ato de improbidade (a base será o valor
administrativo, deverá ser ajuizada ação de improbidade
48 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de administrativa. Na sentença judicial será possível aplicar as
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. sanções da lei de improbidade administrativa.50
49 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 50 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

Didatismo e Conhecimento 27
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a
administrativa competente para que seja instaurada investigação comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria
destinada a apurar a prática de ato de improbidade. do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do
- O artigo 14 repete um direito assegurado na Constituição seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
Federal, qual seja o direito de representação, previsto no art. 5°, ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
XXXIV, a: “são a todos assegurados, independentemente do § 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o
pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação,
[...]. Logo, se o art. 14 não existisse, ainda seria possível que o o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações
particular representasse o agente público. financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e e dos tratados internacionais.
assinada, conterá a qualificação do representante, as informações - Se existirem indício veementes da prática do ato de
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha improbidade administrativa, a comissão processante poderá
conhecimento. representar ao Ministério Público ou ao órgão jurídico da pessoa
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, lesada para que estes postulem o sequestro/arresto de bens do
em despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades terceiro ou agente que tenham enriquecido ilicitamente.
estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a - O arresto parece ser uma medida mais adequada (arts. 813
representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta a 821, CPC), por ser uma garantia geral dos credores, ou seja, por
lei. ser mais abrangente.
- O §1° delimita o conteúdo da representação que, se não - Vale lembrar a possibilidade prevista no art. 7° desta lei
respeitado, será rejeitado pela autoridade administrativa (§2°). no sentido de representar ao Ministério Público para postular a
Ainda assim, em caso de rejeição, será possível representar ao indisponibilidade de bens.
Ministério Público. Supondo, por exemplo, que a pessoa não queira - Este artigo e o artigo 7° abrem possibilidade para que seja
se identificar - a representação será rejeitada, mas o Ministério tomada qualquer medida cautelar que vise impedir a deterioração
Público poderá apurar o fato. e a dilapidação do patrimônio do causador do dano, assegurando
- As exigências do §1° servem para evitar denúncias sua reparação futura.
irresponsáveis e coibir acusações levianas. Somente o Ministério - O procedimento administrativo se encontra disciplinado dos
Público poderá instaurar procedimento para apurar uma denúncia artigos 14 a 16, encerrando-se neste ponto. A partir daqui, trata-se
anônima. da ação de improbidade administrativa que deve tramitar na via
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade judicial (artigos 17 e 18).
determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será
de servidores federais, será processada na forma prevista nos proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
em se tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos
regulamentos disciplinares. - “Ação de improbidade administrativa é aquela que
- O §3° remete à existência de regras próprias do processo pretende o reconhecimento judicial de condutas de improbidade
administrativo disciplinar para as diferentes categorias de da Administração, perpetradas por administradores públicos e
servidores. Por exemplo, aos servidores públicos federais será terceiros, e a consequente aplicação das sanções legais, com o
aplicada a Lei n° 8.112/90. escopo de preservar o princípio da moralidade administrativa. Sem
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao dúvida, cuida-se de poderoso instrumentos de controle judicial
Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da sobre atos que a lei caracteriza como de improbidade”52.
existência de procedimento administrativo para apurar a prática - Caso tenha sido postulada alguma medida cautelar, o prazo
de ato de improbidade. para que seja ajuizada a ação de improbidade administrativa é de
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal 30 dias, sob pena de perda da eficácia da medida (bens e verbas
ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar são desbloqueados).
representante para acompanhar o procedimento administrativo. - A legitimidade ativa é concorrente, porque a ação pode ser
- A lei fala em comissão processante, mas o órgão encarregado proposta tanto pelo Ministério Público quanto pela pessoa jurídica
do processo de investigação pode receber outra nomenclatura interessada.
conforme o sistema funcional de cada entidade51. - A legitimidade passiva é daquele que cometeu o ato de
- O importante é saber que este órgão terá que informar improbidade.
ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas a existência do - No pedido, se postulará, primeiro, o reconhecimento do ato
procedimento administrativo apurando o ato de improbidade, que de improbidade administrativa, depois, a aplicação das sanções
poderão designar representante para acompanhá-lo. O objetivo da cabíveis.
lei foi contribuiu para a formação da convicção dos representantes § 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações
destes órgãos desde logo. de que trata o caput.
51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de 52 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

Didatismo e Conhecimento 28
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
- Não é permitido fazer acordos porque a apuração do ato de - Se a petição inicial preencher os requisitos do parágrafo
improbidade administrativa é de interesse público, sobre o qual anterior e os demais requisitos processuais civis, o requerido será
não se pode transacionar. Seria absurdo alguém prejudicar o erário notificado para se manifestar por escrito e, se quiser, apresentar
e se livrar da condenação judicial apenas por ter aceitado um documentos.
acordo quando descoberto seu ato. § 8o  Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias,
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da
as ações necessárias à complementação do ressarcimento do inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou
patrimônio público. da inadequação da via eleita.
- Caso não tenha sido totalmente recomposto o patrimônio § 9o  Recebida a petição inicial, será o réu citado para
com a ação de improbidade, a Fazenda Pública ajuizará ação apresentar contestação.
própria. - Se o juiz se convencer com as informações da manifestação
§ 3°  No caso de a ação principal ter sido proposta pelo do requerido, rejeitará a ação; se não, receberá definitivamente a
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do petição inicial e determinará a citação do réu para contestar a ação.
§ 10  Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo
art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.
de instrumento.
- Dispõe o art. 6°, §3° da Lei n° 4.717/65: “A pessoa jurídica
- Agravo de instrumento é o recurso interposto contra decisões
de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de
que não colocam fim no processo.
impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá
§ 11 Em qualquer fase do processo, reconhecida a
atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo
público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente”. sem julgamento do mérito.
Significa que é possível inverter a legitimidade, sendo que a - Durante o processo o juiz pode perceber que a ação de
pessoa jurídica inicia o processo como legitimado passivo, mas, improbidade administrativa não deveria ter sido aceita, caso em
como é invertido o interesse processual, passa para o polo ativo. que a extinguirá.
No entanto, como pessoa jurídica não figura como ré de ação § 12.  Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos
de improbidade administrativa, somente cabe a aplicação do processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o,
dispositivo no sentido de autorizar que a pessoa jurídica reforce do Código de Processo Penal.
o pedido de reconhecimento de improbidade e de aplicação de - Dispõem o artigo 221, caput e §1° do CPP: “O Presidente e o
sanções ao lado do Ministério Público. Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais,
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios,
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos
nulidade. Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais,
- A atuação do Ministério Público nos processos judiciais pode os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos
ser como parte, quando ajuizar a ação, e como fiscal da lei, quando Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal,
outro legitimado o fizer. No caso, como também a pessoa jurídica bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia
de direito público prejudicada pode ajuizar a ação, se o fizer, o e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. § 1° O Presidente
Ministério Público atuará como fiscal da lei, sob pena de nulidade. e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado
§ 5o  A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal
para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito,
mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas
- Tornar o juízo prevento é assegurar que todas as ações que pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício”. Percebe-se que os
sejam propostas com mesma causa de pedir (fatos e fundamentos dispositivos tratam da tomada de depoimentos de determinados
jurídicos) ou mesmo objeto sejam julgadas pelo mesmo juízo. Será agentes públicos.
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de
prevento o juízo em que primeiro for proposta a ação.
reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos
§ 6o  A ação será instruída com documentos ou justificação
ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens,
que contenham indícios suficientes da existência do ato de
conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo
improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de
ilícito.
apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação - Na verdade, este dispositivo apenas lembra algumas
vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do das sanções que poderão ser aplicadas na sentença da ação de
Código de Processo Civil. improbidade administrativa. Não significa que as demais sanções
- A ação de improbidade administrativa será instruída previstas nesta lei não sejam aplicáveis.
com provas do ato de improbidade administrativa praticado,
geralmente o processo administrativo que tramitou anteriormente. CAPÍTULO VI
Todas estas provas serão explicadas, fundamentando porque restou Das Disposições Penais
caracterizado o ato de improbidade.
§ 7o  Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará Art. 19. Constitui crime a representação por ato de
autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos quando o autor da denúncia o sabe inocente.
e justificações, dentro do prazo de quinze dias. Pena: detenção de seis a dez meses e multa.

Didatismo e Conhecimento 29
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica
sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço
à imagem que houver provocado. público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
- A legislação pretende que as denúncias de atos de improbidade - Prescrição é um instituto que visa regular a perda do direito
administrativas sejam sérias e fundamentadas, não levianas. O de acionar judicialmente.
art. 19 introduz um tipo penal, ele não faz parte exatamente das - A ação de improbidade administrativa não poderá ser
outras penalidades da lei, por isso exatamente que está apartado proposta se: a) prescrição no caso de cargo provisório - passados 5
das demais. anos após o término do exercício de mandato, cargo em comissão
- Este crime será denunciado e apurado perante um juízo ou função de confiança pelo réu; b) prescrição no caso de cargo
criminal, fora da ação de improbidade administrativa. O artigo 19 definitivo - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica
é um crime a ser denunciado em ação penal pública proposta pelo para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço
Ministério Público, único legitimado. público (por exemplo, na esfera federal, o prazo é de 5 anos a
- Na verdade, ele não passa de uma forma específica da contar da data em que o fato se tornou conhecido).
denunciação caluniosa do Código Penal (art. 339 - “Dar causa
à instauração de investigação policial, de processo judicial, CAPÍTULO VIII
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou Das Disposições Finais
ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-
lhe crime de que o sabe inocente. Pena - reclusão de 2 a 8 anos e Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
multa”). Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença em contrário.
condenatória. Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa 104° da República.
competente poderá determinar o afastamento do agente público
do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução 6 LEI Nº 9.784/1999: PROCESSO
processual. ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
- Não cabe, em regra, tomar medida cautelar para suspender
direitos políticos e determinar a perda da função pública. O máximo
que é possível, visando garantir a instrução processual, é afastar o
agente público do exercício do cargo sem prejuízo da remuneração CAPÍTULO I
enquanto tramita a ação de improbidade administrativa. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo
quanto à pena de ressarcimento; administrativo no âmbito da Administração Federal direta
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
- Não importa se o ato praticado pelo agente não causou dano - Processo é “a relação jurídica integrada por algumas pessoas,
ao erário, tanto que existem os atos da categoria mais leve (artigo que nela exercem várias atividades direcionadas para determinado
11). fim”. Tratando-se de uma relação administrativa, a relação
- Também é irrelevante se o Tribunal de Contas aprovou ou jurídica traduzirá um processo administrativo. Logo, processo
rejeitou as contas prestadas pelo agente, embora isto sirva de administrativo é “o instrumento que formaliza a sequência
elemento de prova. ordenada de atos e de atividades do Estado e dos particulares a fim
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o de ser produzida uma vontade final da Administração”53.
Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade - A Lei n° 9.784/99 estabelece as regras para o processo
administrativa ou mediante representação formulada de acordo administrativo e institui um sistema normativo que fornece
com o disposto no art. 14, poderá requisitar a instauração de uniformidade aos diversos procedimentos administrativos em
inquérito policial ou procedimento administrativo. trâmite.
- O Ministério Público poderá requisitar a instauração de § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos
inquérito policial ou procedimento administrativo de ofício, a dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no
pedido da autoridade administrativa ou mediante representação. desempenho de função administrativa.
- Vale para as três esferas de poder.
CAPÍTULO VII § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
Da Prescrição I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da
Administração direta e da estrutura da Administração indireta;
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade
previstas nesta lei podem ser propostas: jurídica;
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de 53 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
cargo em comissão ou de função de confiança; direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

Didatismo e Conhecimento 30
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de XI - proibição de cobrança de despesas processuais,
poder de decisão. ressalvadas as previstas em lei;
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, prejuízo da atuação dos interessados;
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, XIII - interpretação da norma administrativa da forma que
segurança jurídica, interesse público e eficiência. melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige,
- Legalidade é o respeito estrito da lei; finalidade é a prática vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
de todo e qualquer ato visando um único fim, o interesse público; - Se o entendimento mudar, não atinge casos passados.
motivação é a necessidade de fundamentação de todas as decisões;
razoabilidade é a tomada de decisões racionais e corretas; CAPÍTULO II
proporcionalidade é o equilíbrio que deve se fazer presente na DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
tomada de decisões; moralidade é o conhecimento das leis éticas
que repousam no seio social; ampla defesa é a necessidade de Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a
se garantir meios para a pessoa responder acusações e buscar Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
as reformas previstas em lei para decisões que a prejudiquem; I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores,
contraditório é a oitiva da outra pessoa sempre que a que se que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento
encontra no outro polo da relação se manifestar; segurança jurídica de suas obrigações;
é a garantia social de que as leis serão respeitadas e cobrirão o mais II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos
vasto rol re relações socialmente relevantes possível; interesse em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter
público é o interesse de toda a coletividade; eficiência é a junção cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões
da economicidade com a produtividade, aliando gastos sem que se proferidas;
perca em qualidade da atividade desempenhada. III - formular alegações e apresentar documentos antes
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão
observados, entre outros, os critérios de: competente;
I - atuação conforme a lei e o Direito;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia
quando obrigatória a representação, por força de lei.
total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização
- Quando for parte num processo administrativo a pessoa
em lei;
tem direito a ser tratada com respeito, a obter informações sobre
- O interesse coletivo deve sempre predominar.
o trâmite, a nele se manifestar e juntar documentos e, apenas se
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada
quiser, ser assistida por advogado. Logo, é opcional a presença de
a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
advogado.
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e
boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas CAPÍTULO III
as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
- Neste sentido, o art. 5°, XXXIII, CF: “todos têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo I - expor os fatos conforme a verdade;
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de III - não agir de modo temerário;
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e
estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; colaborar para o esclarecimento dos fatos.
- A única razão para o Estado interferir é em razão do interesse - O administrado não pode tentar se aproveitar da
da coletividade. Administração, trazendo fatos irreais, tumultuando e confundindo
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que o processo. Deve sempre proceder para esclarecer os fatos de
determinarem a decisão; maneira verdadeira.
- Não basta que a decisão indique os fundamentos jurídicos,
devendo também associá-los aos fatos apurados. CAPÍTULO IV
VIII - observância das formalidades essenciais à garantia dos DO INÍCIO DO PROCESSO
direitos dos administrados;
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou
adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos a pedido de interessado.
administrados; - A autoridade responsável pelo processamento pode iniciar o
- Respeito às formalidades não significa excesso de processo administrativo, mas um interessado também pode pedir
formalismo. que o faça.
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em
de alegações finais, à produção de provas e à interposição de que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e
recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas conter os seguintes dados:
situações de litígio; I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;

Didatismo e Conhecimento 31
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
II - identificação do interessado ou de quem o represente; CAPÍTULO VI
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de DA COMPETÊNCIA
comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos
fundamentos; órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante. casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa - Se a um órgão administrativo foi atribuído o dever de apurar
imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor determinadas matérias por processo administrativo, ele não pode
orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas. se omitir.
Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se
elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência
que importem pretensões equivalentes. a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em
tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
formulados em um único requerimento, salvo preceito legal em jurídica ou territorial.
contrário. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à
- As regras a respeito do início do processo administrativo delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
mostram que a Administração tem interesse de que o administrado presidentes.
tenha acesso à via decisória administrativa. Por isso, embora exija Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
formalidades, se coloca numa posição de esclarecedora de falhas I - a edição de atos de caráter normativo;
e de responsável por direcionamentos quanto ao conteúdo dos II - a decisão de recursos administrativos;
requerimentos. Não obstante, aceita requerimento coletivo se o III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
conteúdo e o fundamento dele for idêntico. autoridade.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser
publicados no meio oficial.
CAPÍTULO V
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes
DOS INTERESSADOS
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e
os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter
Art. 9o São legitimados como interessados no processo
ressalva de exercício da atribuição delegada.
administrativo:
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares
autoridade delegante.
de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar
representação;
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos
delegado.
ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; - Delegação é a transferência da competência para decidir,
III - as organizações e associações representativas, no não havendo lei que a proíba. O ato de delegação não pode ser
tocante a direitos e interesses coletivos; genérico, devendo delimitar qual a abrangência da transferência
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas (matérias e poderes). Tal delegação pode ser cancelada a qualquer
quanto a direitos ou interesses difusos. tempo.
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos
os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de
normativo próprio. competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
- “Além das pessoas físicas ou jurídicas titulares de direitos - Avocar é trazer de volta para si aquilo que delegou a outrem,
e interesses diretos, podem ser interessadas pessoas que possam o que poderá ocorrer por um período de tempo.
ter direitos ameaçados em decorrência da decisão do processo; Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão
também as organizações e associações representativas podem publicamente os locais das respectivas sedes e, quando
defender interesses coletivos e as pessoas ou associações legítimas conveniente, a unidade fundacional competente em matéria de
podem invocar a tutela de interesses difusos”54. interesse especial.
- Interesses coletivos são os que pertencem a um grupo que Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo
não se sabe o número total mas cujo numero total é possível ser administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor
definido pois os critérios para definir quem faz parte dele são claros, grau hierárquico para decidir.
sendo necessário que o número de atingidos seja relevante (sob
pena de se caracterizar apenas interesse individual homogêneo). O CAPÍTULO VII
interesse coletivo se difere do interesse difuso porque no interesse DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
difuso não é possível estabelecer com clareza quem faz parte do
grupo e quem não faz.  Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o
54 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de servidor ou autoridade que:
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;

Didatismo e Conhecimento 32
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
II - tenha participado ou venha a participar como perito, úteis (segunda a sábado), no horário regular de funcionamento
testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto da repartição. O prazo para a prática dos atos é de cinco dias,
ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; prorrogáveis para 10 mediante justificação (na prática, não é o que
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o acontece porque a Administração é sobrecarregada de processos e
interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. não há sanção pelo descumprimento do prazo).
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento
deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de CAPÍTULO IX
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
atuar.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo
impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. administrativo determinará a intimação do interessado para
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum § 1o A intimação deverá conter:
dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade
parentes e afins até o terceiro grau. administrativa;
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser II - finalidade da intimação;
objeto de recurso, sem efeito suspensivo. III - data, hora e local em que deve comparecer;
- No impedimento é vedada a participação porque intensa IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se
a possibilidade de que não se permaneça isento na condução representar;
do processo, na suspeição o risco é menor mas - ainda assim - V - informação da continuidade do processo
o afastamento é conveniente55 (por isso o processo continua em independentemente do seu comparecimento;
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
andamento se a alegação de suspeição for afastada e dela se
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três
recorrer). dias úteis quanto à data de comparecimento.
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo,
CAPÍTULO VIII por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por
de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. meio de publicação oficial.
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância
vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado
da autoridade responsável. supre sua falta ou irregularidade.
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o
somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito
pelo administrado.
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será
ser feita pelo órgão administrativo. garantido direito de ampla defesa ao interessado.
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo
sequencialmente e rubricadas. que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus,
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos
no horário normal de funcionamento da repartição na qual de outra natureza, de seu interesse.
tramitar o processo. - Intimação é o ato pelo qual se dá ciência ao interessado
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal de alguma decisão ou do dever de comparecer para prestar
os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do informações. Ela possui um conteúdo específico e deve ser feita
procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração. pessoalmente, a não ser quando o interessado for indeterminado,
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão desconhecido ou com domicílio desconhecido, caso em que se
ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados aceitará intimação por edital. Não obedecidas as formalidades, a
que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, intimação é nula, de forma que é como se os atos do processo que
deveriam ser cientificados não o tivessem sido, fazendo com que
salvo motivo de força maior.
ele volte ao estágio em que a pessoa deveria ter sido intimada. O
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser desatendimento de uma intimação não faz com que se presuma que
dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação. o intimado estava errado. Destaque para o art. 28, que delimita as
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se espécies de situações em que cabe intimação.
preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o interessado
se outro for o local de realização. CAPÍTULO X
- Não existem muitas formalidades que cercam os atos do DA INSTRUÇÃO
processo administrativo, mas é preciso que eles sejam escritos
em vocabulário adequado com data, local e assinatura. Diante Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e
da dispensa de formalidades, não seria razoável sempre exigir comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-
reconhecimento da assinatura. Os atos são praticados em dias se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo
55 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor
direito processual civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 1. atuações probatórias.

Didatismo e Conhecimento 33
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e
autos os dados necessários à decisão do processo. de outros meios de participação de administrados deverão ser
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados apresentados com a indicação do procedimento adotado.
devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a
- Atividades de instrução são as atividades de produção de audiência de outros órgãos ou entidades administrativas poderá
provas no processo. Sob o aspecto objeto, prova é “o conjunto ser realizada em reunião conjunta, com a participação de
de meios produtores da certeza jurídica ou o conjunto de meios titulares ou representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a
utilizados para demonstrar a existência de fatos relevantes para o respectiva ata, a ser juntada aos autos.
processo”; sob o aspecto subjetivo, prova “é a própria convicção Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha
que se forma no espírito do julgador a respeito da existência ou alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente
inexistência de fatos alegados no processo”56. para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão
provas obtidas por meios ilícitos. registrados em documentos existentes na própria Administração
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o
interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção
dos documentos ou das respectivas cópias.
motivado, abrir período de consulta pública para manifestação
- O interessado deve provar o que alegou, salvo quando a prova
de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo
estiver em documento que esteja em poder da Administração, caso
para a parte interessada.
em que ela deverá de ofício provê-los (ou cópias).
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da
pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer
possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à
alegações escritas. matéria objeto do processo.
§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por § 1o  Os elementos probatórios deverão ser considerados na
si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito de motivação do relatório e da decisão.
obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão
comum a todas as alegações substancialmente iguais. fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando
- Consulta Pública é um sistema criado com o objetivo sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.
de auxiliar na elaboração e coleta de opiniões da sociedade - O interessado tem direito à prova, juntando documentos
sobre temas de importância. Esse sistema permite intensificar a e requerendo diligências e perícias, mas não pode abusar deste
articulação entre a representatividade e a sociedade, permitindo direito, requerendo provas não autorizadas pelo direito, que não
que a sociedade participe da formulação e definição de políticas tenham a ver com o caso ou que apenas visem prorrogar o processo.
públicas. O IBAMA costuma utilizar deste recurso na tomada de Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações
suas decisões57. ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo,
diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência forma e condições de atendimento.
pública para debates sobre a matéria do processo. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá
- “Audiência pública é um instrumento que leva a uma decisão o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de
política ou legal com legitimidade e transparência. Cuida-se de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão.
uma instância no processo de tomada da decisão administrativa ou Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao
legislativa, através da qual a autoridade competente abre espaço interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado,
para que todas as pessoas que possam sofrer os reflexos dessa o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a
decisão tenham oportunidade de se manifestar antes do desfecho respectiva apresentação implicará arquivamento do processo.
do processo. É através dela que o responsável pela decisão tem - O interessado deve ser intimado quando for necessária a
apresentação de informações ou provas e, não comparecendo
acesso, simultaneamente e em condições de igualdade, às mais
perante a Administração, embora não se presuma que ela esteja
variadas opiniões sobre a matéria debatida, em contato direto com
correta, será feito o arquivamento do processo. Diante disso, o
os interessados”58. 
interessado poderá, no futuro, abri-lo novamente.
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou
relevante, poderão estabelecer outros meios de participação diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis,
de administrados, diretamente ou por meio de organizações e mencionando-se data, hora e local de realização.
associações legalmente reconhecidas. Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão
56 LOPES, João Batista. A prova no Direito Processual consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de
Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de
57 http://www.ibama.gov.br/servicos/consulta-publica maior prazo.
58 SOARES, Evanna. A audiência pública no processo § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser
administrativo. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 58, 1 ago. 2002 emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a
. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/3145>. Acesso respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao
em: 26 mar. 2013. atraso.

Didatismo e Conhecimento 34
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser VI - decorram de reexame de ofício;
emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão
ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
de quem se omitiu no atendimento. VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
- As situações são diferentes conforme o parecer obrigue que a convalidação de ato administrativo.
decisão seja tomada num determinado sentido (vinculante) ou não. § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente,
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser podendo consistir em declaração de concordância com
previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou
e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
responsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes. pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos
manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo interessados.
for legalmente fixado. § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e
- Produzidas as provas, antes da decisão, o interessado poderá comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de
se manifestar. termo escrito.
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública - A Administração não pode impor arbitrariamente suas
poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a decisões, devendo justificá-las. Quando da decisão de um processo
prévia manifestação do interessado. administrativo deverá explicar em que normas jurídicas se baseou
- Providências acautelatórias são aquelas que deveriam ser e como elas se interligam aos fatos apurados. É possível fazer
tomadas num determinado momento do processo mas, para evitar remissões a pareceres, informações, decisões ou propostas, mas
que ela se torne impossível posteriormente, ela é antecipada. Por é preciso fazê-lo de forma explícita, clara e congruente. O uso de
exemplo, oitiva de uma testemunha que está no leito de morte. tecnologias otimiza os serviços, mas é preciso atenção a cada caso,
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a não prejudicando direito ou garantia do interessado. Toda decisão
obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos deverá ser transcrita, caso seja proferida oralmente.
que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros
protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à CAPÍTULO XIII
imagem.
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para
PROCESSO
emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido
inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita,
proposta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o
desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda,
processo à autoridade competente.
renunciar a direitos disponíveis.
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia
CAPÍTULO XI
atinge somente quem a tenha formulado.
DO DEVER DE DECIDIR
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso,
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração
emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações considerar que o interesse público assim o exige.
ou reclamações, em matéria de sua competência. Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão
Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.
prorrogação por igual período expressamente motivada. - Caso o interessado não queira prosseguir com o processo
- A autoridade competente não pode se eximir de decidir, poderá desistir dele por completo ou de parte dele, mas se o
possuindo um prazo de 30 dias após o fim do processo interesse público for maior a Administração poderá continuar (por
administrativo para tanto. exemplo, indícios de que o interessado praticou um ilícito contra
a Administração). Se existir mais de um interessado, a desistência
CAPÍTULO XII só atinge o que desistiu.
DA MOTIVAÇÃO - Extinção é o término do processo, que se dará quando sua
finalidade tiver acabado ou quando seu objeto se tornar impossível
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com inútil ou prejudicado.
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; CAPÍTULO XIV
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
III - decidam processos administrativos de concurso ou
seleção pública; Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos,
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por
licitatório; motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
V - decidam recursos administrativos; adquiridos.

Didatismo e Conhecimento 35
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Art. 54. O direito da Administração de anular os atos § 1o  Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente.
praticados, salvo comprovada má-fé. § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. - Se a lei não dispuser de modo diverso, a parte tem até 10 dias
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer para recorrer e, do recebimento dos autos, a autoridade tem até 30
medida de autoridade administrativa que importe impugnação à     dias para julgar, os quais podem ser prorrogados por mais 30.
validade do ato. Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não
própria Administração. tem efeito suspensivo.
- Os atos viciados, ou seja, que tenham sido praticados Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil
contrários às formalidades legais, deverão ser anulados. ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade
Poderão também ser anulados atos não viciados no exercício recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a
da discricionariedade administrativa, mas para tanto é preciso pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
respeitar os direitos adquiridos dos interessados. - Significa que a decisão recorrida será cumprida,
independentemente de haver recurso pendente. No entanto, tal
CAPÍTULO XV efeito suspensivo pode ser concedido, conforme a exceção do
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO parágrafo único.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no
de razões de legalidade e de mérito. prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a - Antes de decidir se irá apreciar o recurso, ou seja, dar início
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o ao seu processamento, as partes devem ser ouvidas no prazo de 5
encaminhará à autoridade superior. dias.
§ 2o  Salvo exigência legal, a interposição de recurso Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
administrativo independe de caução. I - fora do prazo;
§ 3o  Se o recorrente alegar que a decisão administrativa II - perante órgão incompetente;
contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade III - por quem não seja legitimado;
prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, IV - após exaurida a esfera administrativa.
antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a
aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
- O recurso poderá questionar se houve correta aplicação da § 2o O não conhecimento do recurso não impede a
lei ou se houve correta interpretação dos fatos. Ele será interposto Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não
para a autoridade que proferiu a decisão, que poderá reconsiderar ocorrida preclusão administrativa.
em 5 dias e, caso não o faça, encaminhará à autoridade superior. - Por não conhecimento entende-se a não apreciação do mérito
- Súmula vinculante é uma espécie de orientação proferida do recurso porque ele não preencheu alguma das formalidades
pelo Supremo Tribunal Federal de observância obrigatória em legais.
todas instâncias de julgamento, judiciais ou administrativas. Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a
três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo
administrativo: puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no cientificado para que formule suas alegações antes da decisão.
processo; - Se a situação do recorrente puder piorar, deverá ele ser
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente cientificado para se manifestar.
afetados pela decisão recorrida; Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enunciado da
III - as organizações e associações representativas, no tocante súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso
a direitos e interesses coletivos; explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou súmula, conforme o caso.
interesses difusos. Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a
- Para recorrer a parte tem que ter interesse, de forma que reclamação fundada em violação de enunciado da súmula
algum direito ou garantia que ela estava defendendo no processo vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão
tenha obtido uma decisão contrária. competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena
prazo para interposição de recurso administrativo, contado a de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e
partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida. penal.

Didatismo e Conhecimento 36
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
- Ao julgar procedente a reclamação, o STF anulará o Art. 69-A.  Terão prioridade na tramitação, em qualquer
ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, órgão ou instância, os procedimentos administrativos em que
determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação da figure como parte ou interessado:
súmula, conforme o caso. Também se dará ciência à autoridade I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;
prolatora para que passe a decidir conforme a Súmula VInculante II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
violada. III - (VETADO)
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose
sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível
ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada. espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante),
agravamento da sanção. contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência
- Se surgirem novos fatos ou circunstâncias um processo já adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da
encerrado pode ser revisto, mas eventual sanção aplicada não medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída
poderá ser agravada. após o início do processo.
§ 1o  A pessoa interessada na obtenção do benefício,
CAPÍTULO XVI juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade
DOS PRAZOS administrativa competente, que determinará as providências a
serem cumpridas.
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da § 2o  Deferida a prioridade, os autos receberão identificação
cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.
e incluindo-se o do vencimento. § 3o  (VETADO) 
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia § 4o  (VETADO) 
útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
expediente ou este for encerrado antes da hora normal. - A Lei nº 9.784/99 é apenas subsidiária às demais leis que de
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. alguma forma abordem os processos administrativos. Ou seja, será
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data usada quando não houver regulamentação específica.
a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o  da Independência e
àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês. 111  da República.
o

Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado,


os prazos processuais não se suspendem. EXERCÍCIOS
- Publicados oficialmente os atos, o prazo começa a correr,
excluído o dia da publicação e incluído o dia do vencimento. Ex: 1. (CESPE - 2010 - Caixa - Técnico Bancário) Acerca da
prazo de 10 dias - decisão proferida dia 1º, começa a contar do relação entre ética e moral, assinale a opção correta.
dia 2º, indo até o dia 11, dia do vencimento, que é incluído. Se a) A partir do estudo da ética, pode-se considerar uma visão
dia 2º não fosse dia útil, começaria a se contar do 1º dia útil que utilitarista, em que a verdade de uma proposição consiste no fato
o seguisse, assim como se dia 11 não o fosse somente haveria de que ela é útil, tendo alguma espécie de êxito ou satisfação.
vencimento no 1º dia útil que o seguisse. b) A ética reflexiva se dedica exclusivamente à reflexão sobre
- Somente se suspende um prazo por motivo de força maior. os deveres das pessoas contidos nos códigos específicos dos
grupos sociais.
CAPÍTULO XVII c) A ética é equivalente à moral porque ambos os preceitos
DAS SANÇÕES investigam os princípios fundamentais do comportamento humano.
d) A ética é temporal, enquanto a moral é permanente.
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade e) A simples existência da moral significa a presença explícita
competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão
obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o direito que discute, problematiza e interpreta o significado dos valores
de defesa. morais.
- As sanções aplicadas serão: pagamento de quantia certa, ou R: A
seja, de valor em dinheiro; ou então obrigação de fazer ou não
fazer algo. 2. (CESPE - 2010 - Caixa - Advogado) A respeito das
classificações da ética como campo de estudo, assinale a opção
CAPÍTULO XVIII correta.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS a) Na abordagem da ética absoluta, toda ação humana é boa
e, consequentemente, um dever, pois se fundamenta em um valor.
Art. 69. Os processos administrativos específicos b) De acordo com a ética formal, não existem valores
continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas universais, objetivos, mas estes são convencionais, condicionados
subsidiariamente os preceitos desta Lei. ao tempo e ao espaço.

Didatismo e Conhecimento 37
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
c) Segundo a ética empírica, a distinção entre o certo e o errado b) O direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade
ocorre por meio da experiência, do resultado do procedimento, da delimitada pelas fronteiras do Estado.
observação sensorial do que de fato ocorre no mundo. c) As leis têm uma base territorial, elas valem apenas para
d) Quanto ao aspecto histórico, a ética empírica possui a aquela área geográfica onde uma determinada população ou seus
razão como enfoque para explicar o mundo, na medida em que delegados vivem.
ela constrói a teoria explicativa e vai ao mundo para ver sua d) Alguns autores afirmam que o direito é um subconjunto
adequação. da ética. Esta perspectiva pode gerar a conclusão de que toda a
e) Em todas as classificações da ética, ela se torna equivalente lei é moralmente aceitável. Inúmeras situações demonstram a
à moral porque direciona o comportamento humano para ações existência de conflitos entre a ética e o direito.
consideradas positivas para um grupo social. e) A desobediência civil ocorre quando argumentos morais
R: C impedem que uma pessoa acate uma determinada lei. Este é um
exemplo de que a moral e o direito, apesar de referirem-se a uma
3. (CESPE - 2010 - Caixa - Advogado) Acerca da relação mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes.
entre ética e moral, assinale a opção correta. R: D
a) O entendimento ético discorre filosoficamente, em épocas
diferentes e por vários pensadores, dando conceitos e formas de 6. (ASPERH - 2010 -   Professor auxiliar ética profissional)
alusão ao termo ética. Sobre moralidade administrativa e a constituição federativa
b) Durante as Idades Média e Moderna, a ética era considerada
é incorreto afirmar:
uma ciência, portanto, era ensinada como disciplina escolar. Na
a) A carta magna faz menção em diversas oportunidades ao
Idade Contemporânea, a ética assumiu uma nova conotação,
princípio da moralidade. Uma delas, prevista no art. 5º, LXXIII,
desvinculando-se da ciência e da filosofia e sendo vinculada às
práticas sociais. trata da ação popular contra ato lesivo à moralidade administrativa
c) A simples existência da moral significa a presença explícita b) Em outra, o constituinte determinou a punição mais rigorosa
de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão da imoralidade qualificada pela improbidade (art. 37, §4º)
que discute, problematiza e interpreta o significado dos valores c) Há ainda o art. 14, §9º, onde se visa proteger a probidade
morais. e moralidade no exercício de mandato, e o art. 85, V, que
d) A ética não tem por objetivo procurar o fundamento do considera a improbidade administrativa como crime de atividade
valor que norteia o comportamento, tendo em vista a historicidade administrativa
presente nos valores. d) O princípio da moralidade, com o advento da Carta
e) O conhecimento do dever está desvinculado da noção de Constitucional de 1988 foi alçado, pela vez primeira em nosso
ética, pois este é consequência da percepção, pelo sujeito, de que direito positivo a princípio constitucional, nos termos do artigo37,
ele é um ser racional e, portanto, está obrigado a obedecer ao caput, o qual estabelece diretrizes à administração pública
imperativo categórico: a necessidade de se respeitar todos os seres e) Também o artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal,
racionais na qualidade de fins em si mesmos. prevê a possibilidade de anulação de atos lesivos à moralidade
R: A administrativa
R: C
4. (ASPERH - 2010 -   Professor auxiliar ética profissional)
Sobre moral e ética é incorreto afirmar: 7. (ASPERH - 2010 -   Professor auxiliar ética profissional)
a) A moral é a regulação dos valores e comportamentos Referente a principio constitucional da moralidade administrativa
considerados legítimos por uma determinada sociedade, um povo, e administração publica é incorreto afirmar:
uma religião, uma certa tradição cultural etc. a) O principio constitucional da moralidade administrativa
b) Uma moral é um fenômeno social particular, que tem configura um vigoroso instrumento à função de controle de
compromisso com a universalidade, isto é, com o que é válido e de legalidade, legitimidade e economicidade dos atos administrativos
direito para todos os homens. Exceto quando atacada: justifica-se  dos quais resultam despesas públicas
se dizendo universal, supostamente válida para todos. b) O principio atua positivamente, impondo à Administração
c)  A ética á uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas
Publica o dever de bem gerir e aumentando os demais deveres
ela não é puramente teoria. A ética é um conjunto de princípios e
de conduta administrativa, tais como os de agir impessoalmente,
disposições voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo
garantir a ampla publicidade de seus atos, pautar-se com
objetivo é balizar as ações humanas.
d) A moral é um conjunto de regras de conduta adotadas pelos razoabilidade, motivar seus atos e decisões, agir com eficiência
indivíduos de um grupo social e tem a finalidade de organizar as e observar a compatibilidade entre o objetivo de suas ações e o
relações interpessoais segundo os valores do bem e do mal. ato praticado para operacionalizar tal objetivo ou finalidade. Bem
e) A moral é a aplicação da ética no cotidiano, é a prática assim, configura cânone de interpretação e integração de norma
concreta. jurídicas e/ou atos administrativos
R: B c) O princípio atua negativamente, impondo limites ao
exercício da discricionariedade e permitindo a correção dos atos
5. (ASPERH - 2010 -   Professor auxiliar ética profissional) praticados em desvio de finalidade, mediante o seu expurgo do
Sobre a ética, moral e direito é incorreto afirmar: mundo jurídico através da invalidação
a) Tanto a moral como o direito baseiam-se em regras que d)  O princípio geralmente ‘”aplicável” isoladamente,
visam estabelecer uma certa previsibilidade para as ações humanas. compondo-se e articulando-se, algumas vezes, com outros
Ambas, porém, se diferenciam. princípio jurídicos

Didatismo e Conhecimento 38
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
e) O princípio consubstancia “norma jurídica” e, portanto, ao b) É condição de elegibilidade dos parlamentares possuir
utilizá-lo no exercício das funções constitucionais de controle dos nacionalidade brasileira e nesse caso tanto faz ser brasileiro nato
atos administrativos que geram despesas públicas sob os prismas ou naturalizado.
de legalidade e da legitimidade, não desborda o Tribunal de Contas c) As inelegibilidades possuem justificativa de ordem ética,
de sua competência constitucional daí porque, segundo a Constituição Federal são inelegíveis o
R: D cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o 2o grau ou por
  adoção dos senadores e deputados federais.
8. (ASPERH - 2010 -   Professor auxiliar ética profissional) d) Dar-se-á a suspensão dos direitos políticos para os
Observando as descrições abaixo, indique as características da condenados criminais com sentença transitada em julgado cujo
ética (E) e da moral (M), apresentando a sequencia correta: gozo pleno se restabelecerá após a reabilitação criminal.
Permanente, temporal / Universal, Cultural / Regra, Conduta e) A cassação dos direitos políticos pode ocorrer, dentre
de regra / Teoria, Prática / Princípios, Aspectos de conduta outros casos, quando ocorrer a incapacidade civil absoluta como
específicos na interdição.
a) E,M / E,M / E.M / E,M / E,M R: B
b) M,E / M,E / M,E / M,E / M,E
c) M,E / E,M / E,M / M,E / E,M 11. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Técnico Judiciário) Considerando
d) E,M / M,E / M,E / E,M / M,E a ética no serviço público, assinale a opção correta.
e) E,M / E,M / M,E / M,E / M,E a) O servidor público deve demonstrar cortesia em situações
R: A de atendimento ao público, com destaque para aquelas pessoas
com quem já tenha familiaridade.
9. (ASPERH - 2010 -   Professor auxiliar ética profissional) b) A dignidade é o principal valor que norteia a ética do
Antígona, por razões de Estado, havia sido proibida de dar servidor público.
sepultura a seu irmão. No entanto, mesmo correndo o risco de ser c) Com relação à administração pública, a moralidade limita-
condenado à morte por haver descumprido essa proibição legal, se à distinção entre o bem e o mal.
resolve piedosamente enterrar seus parente, e é então indagada d) Espera-se que o servidor público sempre atue com respeito
pela autoridade civil (Creonte): à hierarquia.
e) A boa vontade deve estar sempre presente no comportamento
Creonte: - ...Confessas ou negas ter feito o que ele diz?
do servidor público em quaisquer situações e em qualquer tempo
Antígona: - Confesso o que fiz! Confesso-o claramente!
de seu cotidiano.
Creonte: - Sabias que, por uma proclamação, eu havia proibido
o que fizeste?
12. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Técnico Judiciário) Em sua
Antígona: -Sim, eu sabia! Por acaso poderia ignorar, se era
atuação profissional, o servidor público deve
uma coisa pública?
a) prestar informações sigilosas à sociedade, visto que toda
Creonte: -E, apesar disso, tiveste a audácia de desobedecer a
pessoa tem direito à verdade.
essa determinação? b) colaborar com seus colegas apenas quando solicitado.
Antígona: - Sim, porque não foi Júpiter que a promulgou; e a c) realizar suas atividades com afinco e resolutividade.
Justiça... jamais estabeleceu tal decreto entre os humanos; nem eu d) realizar suas atividades com rapidez, mesmo que ocorram
creio que teu édito tenha força bastante para conferir a um mortal algumas imperfeições ou erros.
o poder de infringir as leis divinas, que nunca foram escritas, mas e) abster-se de exercer sua função em situações de insegurança
são irrevogáveis, não são escritas a partir de ontem ou de hoje, são profissional.
eternas, sim” E ninguém sabe desde quando elas vigoram. - Tais
decretos, eu, que não temo o poder de homem algum, posso violar 13. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Técnico Judiciário) O
sem que por isso me venham punir os deuses!...” comportamento profissional do servidor público deve ser
Este texto indica a existência de uma lei moral natural - orientador por princípios e valores orientados a
universal no tempo e no espaço, imutável, inscrita no coração dos a) ganhar sempre para o crescimento e engrandecimento da
homens, indicando em seu íntimo o bem e o mal, irrevogável pelas nação.
leis humanas - foi expressa de uma maneira poética na tragédia b) resolver os problemas imediatos e depois pensar nos
grega Antígona: futuros.
a) de Aristóteles c) aproveitar as oportunidades, mesmo com incidência de
b) de Platão risco de improbidade.
c) de Sócrates d) agir, se comportar e demonstrar atitudes relacionadas à
d) de Sófocles tradição dos serviços públicos.
e) de Xenofonte e) realizar suas atribuições em um ritmo confortável para si e
R: D buscar ter qualidade de vida sempre.

10. (FCC - 2009 - DPE-SP - Defensor Público) A respeito dos 14. (FCC - 2012 - INSS - Perito Médico Previdenciário)
direitos políticos, assinale a alternativa correta: Considere duas hipóteses:
a) Percebe-se que o sufrágio universal, o voto e o escrutínio I. Fernanda, servidora pública civil do Poder Executivo
são sinônimos que integram a teoria dos direitos políticos positivos Federal, tem sido vista embriagada, habitualmente, em diversos
e a idéia nuclear da democracia. locais públicos, como eventos, festas e reuniões.

Didatismo e Conhecimento 39
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
II. Maria, também servidora pública civil do Poder Executivo d) transferir o servidor público infrator, com a devida
Federal, alterou o teor de documentos que deveria encaminhar fundamentação.
para providências. e) fornecer os registros sobre a conduta ética dos servidores
Nos termos do Decreto no 1.171/1994, aos organismos encarregados da execução do quadro de carreira.
a) ambas as servidoras públicas não se sujeitam às disposições
previstas no Decreto no 1.171/1994. 18. (CESGRANRIO - 2011 - FINEP - Analista - Jurídica) João
b) apenas o fato descrito no item II constitui vedação ao Paulo, cidadão brasileiro, foi maltratado em um órgão público
servidor público; o fato narrado no item I não implica vedação, do Executivo Federal. O servidor público que o atendeu não foi
vez que a lei veda embriaguez apenas no local do serviço. solícito e nem tentou ajudá-lo a encontrar a informação desejada.
c) apenas o fato descrito no item I constitui vedação ao O servidor justificou sua atitude dizendo que aquela não era sua
servidor público, desde que ele seja efetivo. função e que não tinha a obrigação de fazer o trabalho de outro
d) ambos os fatos não constituem vedações ao servidor servidor que se encontrava de licença. Em vista do ocorrido, João
público, embora possam ter implicações em outras searas do Paulo deve
Direito. a) aguardar o retorno do funcionário responsável pela área
e) ambos os fatos constituem vedações ao servidor público. específica, visto que não pode denunciar o servidor apenas porque
foi maltratado.
b) denunciar à Comissão de Ética do respectivo órgão o
15. (FCC - 2012 - INSS - Perito Médico Previdenciário) Nos
servidor que agiu de modo aético ao ser descortês e não buscar
termos do Decreto n° 1.171/1994, a pena aplicável ao servidor
agilizar o trabalho de seu setor.
público pela Comissão de Ética é a de censura e sua fundamentação c) instaurar um processo por dano moral contra o servidor
a) não é necessária para a aplicação da pena; no entanto, infrator, uma vez que não pode, enquanto cidadão, provocar a
exige-se ciência do faltoso. atuação da Comissão de Ética do respectivo órgão.
b) constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus d) buscar outro funcionário do setor que possa fazer por ele a
integrantes, com ciência do faltoso. denúncia à Comissão de Ética do respectivo órgão.
c) constará do respectivo parecer, assinado apenas pelo e) retornar com um advogado para certificar-se de que a
Presidente da Comissão, com ciência do faltoso. conduta do servidor está de acordo com a lei, visto que somente
d) não é necessária para a aplicação da pena, sendo dispensável poderá denunciá-lo à Comissão de Ética se comprovada a
também a ciência do faltoso. ilegalidade.
e) constará do respectivo parecer, assinado apenas pelo
Presidente da Comissão, sendo dispensável a ciência do faltoso. 19. (INSTITUTO CIDADES - 2009 - UNIFESP - Analista
de Tecnologia da Informação) Nos termos do Código de Ética
16. (CESGRANRIO - 2011 - FINEP - Técnico - Apoio Adm Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal,
e Secretariado) Dentre as regras deontológicas do Código de assinale a alternativa CORRETA:
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo a) A moralidade da Administração Pública se limita à distinção
Federal, destaca-se o(a) entre o bem e o mal.
a) dever de garantir a publicidade de todo e qualquer ato b) O servidor não pode omitir ou falsear a verdade, ainda
administrativo, ensejando sua omissão comprometimento ético que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da
contra o bem comum Administração Pública.
b) dever de exercer suas funções com cortesia e boa vontade, c) É facultado ao servidor se manter atualizado com as
sob pena de causar dano moral ao cidadão maltratado. instruções, normas de serviço e legislação pertinentes ao órgão
c) dever de exercer sua função pública com zelo e dignidade, onde exerce suas funções.
sendo sua vida privada independente do seu bom conceito na vida d) É direito do servidor público o uso do cargo ou função,
funcional. facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter
qualquer favorecimento, para si ou para outrem.
d) obrigação de decidir não apenas entre o legal e o ilegal, mas
entre o honesto e o desonesto, consoante os valores éticos que cada
20. (FUNIVERSA - 2010 - MTur - Agente Administrativo)
indivíduo possui.
Em relação ao Código de Ética Profissional do Servidor Público
e) obrigação de dizer a verdade, salvo quando contrária aos Civil do Poder Executivo Federal, de que tratam o Decreto nº
interesses da pessoa interessada ou da Administração Pública. 1.171/1994 e o Decreto nº 6.029/2007, assinale a alternativa
correta.
17. (CESGRANRIO - 2011 - FINEP - Analista - Jurídica) A a) Se um servidor houver de avaliar a prática de ato inerente
comissão de ética, prevista no Código de Ética Profissional do à sua função e verificar que se trata de ato legal e oportuno, saberá
Servidor Público, Decreto n° 1.171/1994, é encarregada de que, automaticamente, terá sido atendido o elemento ético do ato.
a) criar novas diretrizes que contribuam para aplicação do b) Apesar de relevante, o componente da moralidade do ato
Código de Ética do respectivo órgão. administrativo está fora do universo da legalidade; é aspecto
b) encaminhar cópia dos autos às autoridades competentes extralegal do ato.
quando estas constatarem a possível ocorrência de ilícitos penais c) Para que um ato atenda aos princípios éticos, não basta
ou civis, suspendendo o servidor infrator até o fim do processo levar em conta o aspecto da economicidade.
judicial. d) Em virtude da proteção constitucional à privacidade, os atos
c) aplicar a pena de suspensão do servidor público infrator, com da vida particular do servidor público não devem ser considerados
fundamentação escrita e assinada por todos os seus integrantes. para nenhum efeito funcional.

Didatismo e Conhecimento 40
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
e) A fim de preservar as pessoas envolvidas e os legítimos b) encaminhar as informações ao MP, que poderá oferecer, ou
interesses do poder público, os atos administrativos, em princípio, não, a denúncia ao Poder Judiciário.
não devem ser divulgados. c) deverá, em função do espírito de solidariedade, chamar esse
subordinado para conversar e dar-lhe uma nova oportunidade.
21. (FUNIVERSA - 2011 - EMBRATUR - Técnico d) encaminhar a situação para o comitê de ética, que apreciará
Especializado II) O Código de Ética do Servidor Público Civil o caso concreto.
do Poder Executivo Federal informa que a conduta dos agentes e) retirar o servidor da função que exerce e, a partir desse
públicos deve ser pautada pelas “regras deontológicas”. Acerca momento, acompanhá-lo, evitando que exerça qualquer outra
desse tema, assinale a alternativa correta. função.
a) A legalidade deve ser o princípio ainda predominantemente
utilizado como baliza de julgamento para a prática dos atos 25. (CESGRANRIO - 2008 - ANP - Técnico Administrativo)
administrativos. Qual das afirmações a seguir está em DESACORDO, com o Código
b) A conduta de um servidor público em sua vida privada de Ética, Decreto no 1.171, de 22 de junho de 1994, incluídas suas
somente a ele diz respeito e não afeta seu conceito funcional, em alterações posteriores, e com a Constituição Federal de 1988?
face da falta de conexão entre as referidas esferas. a) O trabalho de uma comissão de ética pública deve ser
c) O Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder pautado pelos princípios constitucionais da administração pública,
Executivo Federal reconhece expressamente a ocorrência de grave pelos princípios legais atinentes aos processos administrativos
dano moral aos usuários de serviços públicos nos casos de demora e pelos princípios específicos de sua norma regulamentar
na prestação desses serviços. constituitiva, dentre outros.
d) A ausência ao trabalho de um servidor invariavelmente b) O Código de Ética dispõe que deve haver tratamento cortês
provoca a desmoralização da imagem do serviço público, em e com boa vontade aos administrados.
face da desordem nas relações humanas a que são submetidos os c) O Código de Ética é aplicável não somente aos servidores
administrados. públicos, mas também àqueles que sejam, de alguma forma,
e) A publicidade de todos os atos administrativos constitui ligados ao órgão federal, mesmo que excepcionalmente.
requisito de eficácia e moralidade deles. d) Uma comissão de ética pública, após a devida instrução
preliminar, pode decidir pela pena de suspensão de um servidor,
22. (UFF - 2009 - UFF - Assistente Administrativo) De acordo por falta de urbanidade.
com o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do e) Um cidadão pode dirigir uma petição, com reclamação
Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171/94, a sobre falta de urbanidade no tratamento recebido em órgão federal
pena aplicável ao servidor pela Comissão de Ética é de:
a) advertência; 26. (CESGRANRIO - 2008 - ANP - Analista Administrativo
b) aposentadoria compulsória; - Contabilidade) Tendo como referência o Código de Ética,
c) censura; aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, incluídas
d) demissão; suas alterações posteriores, bem como as disposições pertinentes
e) suspensão. da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, consolidada com as
suas várias alterações posteriores, analise as afirmações a seguir.
23. (CESPE - 2010 - DPU - Agente Administrativo) Assinale I - O referido código só é aplicável aos servidores efetivos,
a opção correta acerca da comissão de ética prevista no Código de não vinculando os servidores temporários.
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo II - A comissão de ética tem como atribuição fornecer
Federal. dados, para utilização nos processos de progressão funcional dos
a) As ações de ética não devem guardar correlação com servidores.
outros procedimentos administrativos da organização, como, por III - A formação de uma comissão de ética específica, no
exemplo, a promoção de servidores. âmbito dos diversos órgãos federais, é compulsória.
b) Para fins de apuração de comprometimento ético entende-se IV- A comissão de ética pode aplicar a pena de suspensão,
como servidor apenas o concursado, mesmo que ainda não estável. prevista na Lei nº 8.112, de 1990, considerada sua alteração no
c) A comissão de ética deve ser formada, preferencialmente, referido Decreto.
pelos dirigentes da organização. É(São) verdadeira(s) APENAS a(s) afirmativa(s)
d) À comissão de ética é vedado fornecer informações acerca a) I.
dos registros da conduta ética dos servidores. b) I e III.
e) Qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições c) I e IV.
delegadas pelo poder público deverá criar uma comissão de ética. d) II e III.
e) II e IV.
24. (CESPE - 2010 - DPU - Agente Administrativo) Ao tomar
ciência de que um subordinado seu praticou ato que contraria o 27. (FUNRIO - 2009 - MPOG - Analista Administrativo)
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Comissão de Ética do Servidor Público, nos termos do Decreto
Executivo Federal, a despeito de não se tratar de uma ilegalidade 1171/94, indaga qual a punição que pode ser aplicada, quando
propriamente dita, o servidor deverá constatada conduta passível de punição no âmbito da Comissão?
a) instaurar um inquérito administrativo visando apurar o a) Suspensão até 30 dias.
desvio ético. b) Suspensão até 90 dias.

Didatismo e Conhecimento 41
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
c) Demissão. e) deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de
d) Censura, com ciência do faltoso do ato da Comissão. solução que compete ao setor em que exerça suas funções,
e) Censura com publicação no Diário Oficial, para ciência de permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie
todos. de atraso na prestação do serviço, é comum e normal e, portanto,
não causa dano moral aos usuários dos serviços públicos e nem
28. (FCC - 2010 - DNOCS - Agente Administrativo) Com mesmo configura atitude contra a ética ou ato de desumanidade.
relação às Comissões de Ética dispostas no Código de Ética Pro-
fissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, 30. (FUNIVERSA - 2009 - ADASA - Advogado) O servidor que
considere: trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando
I. Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber
Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer colaboração. A atividade pública é a grande oportunidade para
órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder pú- o crescimento e o engrandecimento da Nação. Em busca desse
blico, deverá ser criada uma Comissão de Ética. objetivo, o Código de Ética veda alguns comportamentos por parte
II. Incumbe ao servidor fornecer seu registro da sua conduta do servidor, entre os quais não se inclui
ética para a Comissão de Ética, encarregada da execução do qua- a) participar de movimentos grevistas, principalmente aqueles
dro de carreira dos servidores, para o efeito de instruir e fundamen-
em que há pressões de superiores hierárquicos, contratantes ou
tar promoções e para todos os demais procedimentos próprios da
interessados.
carreira do servidor público.
b) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
III. A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de
Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação
parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer
faltoso. pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar
IV. Para fins de apuração do comprometimento ético, entende- outro servidor para o mesmo fim.
-se por servidor público, exclusivamente, a pessoa que, por força c) retirar da repartição pública, sem estar legalmente
de lei, preste serviços de natureza permanente condicionada ao autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao
recebimento de salário e esteja ligado direta ou indiretamente a patrimônio público.
qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias e as fundações d) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra
públicas. a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana.
Está correto o que consta APENAS em e) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente
a) I e III. com erro ou infração ao Código de Ética ou ao Código de Ética de
b) I e II. sua profissão.
c) II e III.
d) II e IV. 31. (FUNIVERSA - 2009 - ADASA - Advogado) Acerca das
e) III e IV. condutas éticas previstas no Código de Ética do Servidor Público
Civil, assinale a alternativa incorreta.
29. (FCC - 2010 - DNOCS - Agente Administrativo) No que a) A eficácia e a consciência dos princípios morais são
concerne às Regras Deontológicas estabelecidas no Código de primados maiores que devem nortear o servidor público no
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo exercício do cargo ou função.
Federal, é correto afirmar que b) O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento
a) o trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a co- ético de sua conduta.
munidade deve ser entendido como obrigação, independentemen- c) O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta
te do seu próprio bem- estar, já que, como funcionário público, do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato
integrante do Poder Executivo, o êxito desse trabalho é requisito administrativo.
essencial à manutenção de seu cargo, não dizendo respeito ao seu
d) A publicidade de todo ato administrativo constitui requisito
patrimônio e a sua vida particular.
indispensável à sua eficácia e moralidade, ensejando sua omissão
b) a remuneração do servidor público é custeada pelos tributos
comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem
pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por
isso se exige, como contra- partida, que a moralidade administra- a negar.
tiva se integre no Direito, sendo dissociável de sua aplicação e de e) A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao
sua finalidade. serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal
c) a moralidade da Administração Pública não se limita à dis- ao administrado pode causar-lhe dano moral.
tinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que
o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a 32. (FUNIVERSA - 2009 - ADASA - Advogado) O Decreto
finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar n.º 1.171/1994, que cria o Código de Ética do Servidor Público
a moralidade do ato administrativo. Civil, prevê a constituição de uma comissão de ética a fim de
d) toda pessoa tem direito à verdade, sendo que o servidor po- implementar as novas disposições a serem observadas. Acerca
derá omiti-la, caso seja contrária aos interesses da própria pessoa dessa comissão, assinale a alternativa correta.
interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode a) Será integrada apenas por servidores públicos.
crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo da opressão, que b) Será integrada por servidores de carreira.
sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a c) Será integrada por três servidores ou empregados titulares
de uma Nação. de cargo efetivo.

Didatismo e Conhecimento 42
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
d) Será integrada por três empregados com mais cinco anos IV. devem informar aos organismos encarregados da execução
no cargo. do quadro de carreira dos servidores, os registros relativos às
e) Será integrada por três servidores com mais de cinco anos infrações de natureza ética apuradas.
no cargo. V. têm competência para aplicar a pena de censura ao faltoso.
Estão corretas
33. (ESAF - 2009 - ANA - Analista Administrativo) De acordo a) apenas as afirmativas I, II, IV e V.
com o Decreto n. 1.171/1994 (Código de Ética Profissional do b) as afirmativas I, II, III, IV e V.
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal), é vedado ao c) apenas as afirmativas I, II, III, e V.
servidor público: d) apenas as afirmativas I, II e V.
I. aceitar ajuda financeira, para si ou para familiares, fornecida e) apenas as afirmativas II e III.
pela parte interessada, para fins de praticar ato regular e lícito,
inserido em sua esfera de atribuições;
36. (ESAF - 2006 - CGU - Analista de Finanças e Controle -
II. fazer uso de informação privilegiada obtida no âmbito
Área - Correição) De acordo com o Código de Ética Profissional
interno do seu serviço, salvo quando a informação afetar interesse
do próprio servidor; do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado
III. utilizar, para fins particulares, os serviços de servidor pelo Decreto n. 1.171, de 22.6.1994, é vedado ao servidor público:
público subordinado; I. receber gratificação financeira para o cumprimento de sua
IV. utilizar-se da influência do cargo para obter emprego para missão.
um parente próximo; II. ser sócio de empresa que explore jogos de azar não-
V. procrastinar a decisão a ser proferida em processo de sua autorizados.
competência porque tem antipatia pela parte interessada. III. informar, a um seu amigo de muitos anos, do conhecimento
Estão corretas: que teve, em razão das funções, de uma minuta de medida
a) as afirmativas I, II, III, IV e V. provisória que, quando publicada, afetará substancialmente as
b) apenas as afirmativas I, II, III e IV. aplicações financeiras desse amigo.
c) apenas as afirmativas I, II, III e V. IV. permitir que simpatias ou antipatias interfiram no trato
d) apenas as afirmativas I, III, IV e V. com o público.
e) apenas as afirmativas III, IV e V. V. ser, em função do seu espírito de solidariedade, conivente
com seu colega de trabalho que cometeu infração de natureza ética.
34. (ESAF - 2006 - CGU - Analista de Finanças e Controle Estão corretas:
- Área - Correição) Estão subordinados ao Código de Conduta a) apenas as afirmativas I, II, IV e V
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
b) as afirmativas I, II, III, IV e V.
Federal, aprovado pelo Decreto n. 1.171, de 22.6.1994:
c) apenas as afirmativas I, II, III, e V.
I. os empregados das empresas públicas federais.
II. os empregados das empresas privadas que prestam serviços d) apenas as afirmativas I, II e V.
aos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal mediante e) apenas as afirmativas I e II.
contrato de prestação de serviços (serviços terceirizados, tais como
segurança, limpeza, etc.). 37. (ESAF - 2006 - CGU - Analista de Finanças e Controle -
III. os que prestam serviço de natureza temporária na Área - Correição) De acordo com o Código de Ética Profissional
Administração Pública federal direta, sem remuneração. do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado
IV. os servidores do Poder Legislativo. pelo Decreto n. 1.171, de 22.6.1994, são deveres fundamentais do
V. os servidores do Poder Judiciário. servidor público:
Estão corretas I. abster-se de exercer as prerrogativas funcionais do cargo de
a) as afirmativas I, II, III, IV e V. forma contrária aos legítimos interesses dos usuários do serviço
b) apenas as afirmativas I, IV e V. público.
c) apenas as afirmativas I e III. II. quando estiver diante de mais de uma opção, escolher
d) apenas as afirmativas I, II e III. aquela que melhor atenda aos interesses do governo.
e) nenhuma das afirmativas está correta. III. exigir de seus superiores hierárquicos as providências
cabíveis relativas a ato ou fato contrário ao interesse público que
35. (ESAF - 2006 - CGU - Analista de Finanças e Controle - tenha levado ao conhecimento deles.
Área - Correição) As comissões de ética previstas no Código de
IV. facilitar a fiscalização de todos os atos ou serviços por
Ética Profi ssional do Servidor Público Civil do Poder Executivo
quem de direito.
Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22.6.1994:
I. devem orientar os servidores do respectivo órgão ou V. materializar os princípios éticos mediante a adequada
entidade sobre a ética no serviço público. prestação dos serviços públicos.
II. podem instaurar, de ofício ou mediante representação, Estão corretas
processo destinado a apurar infração de natureza ética, cometida a) as afirmativas I, II, III, IV e V.
por servidor do órgão ou entidade a que pertençam. b) apenas as afirmativas I, III, IV e V
III. podem conhecer de consulta formulada por jurisdicionado c) apenas as afirmativas I, II, IV e V.
administrativo, sobre determinado assunto cuja análise seja d) apenas as afirmativas I e IV.
recomendável para resguardar o exercício da função pública. e) apenas as afirmativas I, IV e V.

Didatismo e Conhecimento 43
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
38. (ESAF - 2006 - CGU - Analista de Finanças e Controle - a) Publicidade.
Área - Correição) De acordo com o Código de Ética Profi ssional b) Disciplina.
do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado c) Hierarquia.
pelo Decreto n. 1.171, de 22.6.1994 “o servidor público não poderá d) Moralidade.
jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá e) Eficiência.
que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o R: C
conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas
principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras 42. (FCC - 2013 - TRT - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário
contidas no art. 37, caput, e § 4o, da Constituição Federal”. Esse - Área Administrativa) Pedro, servidor público federal, foi eleito
enunciado expressa vereador na cidade onde reside e desempenha as atribuições de seu
a) o princípio da legalidade na Administração Pública. cargo. Deseja permanecer no cargo público, concomitantemente
b) a regra da discricionariedade dos atos administrativos. ao exercício do mandato eletivo. De acordo com as disposições da
c) a impossibilidade de um ato administrativo, praticado de Lei no 8.112/90, tal pretensão é
acordo com a lei, ser impugnado sob o aspecto da moralidade. a) legal, desde que requeira licença para tratar de interesses
d) um valor ético destinado a orientar a prática dos atos particulares, que não poderá exceder 5 (cinco) anos.
administrativos. b) ilegal, importando a investidura no mandato de vereador na
e) que todo ato legal é também justo. imediata exoneração do cargo público.
c) legal, devendo afastar-se do cargo público quando não
39. (ESAF - 2006 - CGU - Analista de Finanças e Controle houver compatibilidade de horário com as funções de vereador,
- Área - Correição) O Código de Ética Profissional do Servidor hipótese que deverá optar por uma das remunerações.
Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto d) ilegal, salvo se o servidor afastar-se do cargo com prejuízo
n. 1.171, de 22.6.1994, exalta alguns valores que devem ser da remuneração, independentemente da compatibilidade de
observados no exercício da função pública, a saber: horário com as funções de vereador.
I. verdade, como um direito do cidadão, ainda que contrária e) legal, podendo o servidor afastar-se do cargo sem prejuízo
aos seus interesses ou da Administração. da remuneração, pelo prazo máximo do mandato de vereador,
independentemente de compatibilidade de horários.
II. dignidade, que deve estar refletida em comportamentos
R: C
e atitudes direcionados à preservação da honra e da tradição dos
serviços públicos.
43. (FCC - 2013 - TRT - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área
III. moralidade, representada pelo equilíbrio entre a legalidade
Administrativa) Ana, servidora pública ocupante de cargo efetivo
e a finalidade do ato.
e com função comissionada de chefia em órgão da Administração
IV. decoro, que deve ser mantido pelo servidor não apenas no pública federal recusou-se, injustificadamente, a atualizar seus
local de trabalho, mas, também, fora dele. dados cadastrais na forma regularmente solicitada pelo órgão de
V. cortesia, boa vontade e respeito pelo cidadão que paga os pessoal. Diante de tal conduta, sujeita-se à penalidade disciplinar
seus tributos. de
Estão corretas a) advertência, aplicada por escrito.
a) apenas as afirmativas II, III, IV e V. b) suspensão, com prazo máximo de 15 (quinze) dias.
b) as afirmativas I, II, III, IV e V. c) destituição da função comissionada.
c) apenas as afirmativas I, II, III e V. d) suspensão da função comissionada, pelo prazo máximo de
d) apenas as afirmativas I, III, IV e V. 15 (quinze) dias.
e) apenas as afirmativas III, IV e V. e) suspensão ou, no caso de reincidência, demissão.
R: A
40. (ESAF - 2006 - CGU - Analista de Finanças e Controle -
Área - Correição) Para os fins do Código de Conduta do Servidor 44. (FCC - 2013 - TRT - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário -
Público Civil do Poder Executivo Federal, entende-se por servidor Execução de Mandados) Quando se determina ao servidor público
público: que ele exerça com zelo e dedicação as atribuições de seu cargo e
I. os servidores públicos titulares de cargo efetivo. atenda com presteza o público, está-se diante de
II. os titulares de cargo em comissão. a) obrigação legal implícita, na medida em que são decorrentes
III. os empregados de sociedades de economia mista. da interpretação dos direitos e deveres dos servidores que constam
IV. os que, temporariamente, prestam serviços à Administração na legislação vigente.
Pública Federal, desde que mediante retribuição financeira. b) deveres morais, que somente podem ser utilizados para
Estão corretos os itens: punição disciplinar na hipótese de haver positivação da regra na
a) I, II, III e IV unidade de classificação do servidor.
b) II, III e IV c) recomendação disciplinar implícita, punível, na reiteração,
c) I, III e IV com demissão.
d) I, II e IV d) recomendação moral a todos os servidores públicos, não
e) I, II e III havendo possibilidade de punição disciplinar em decorrência do
desatendimento, a não ser pela análise de desempenho.
41. (ESAF - 2012 - MF - Assistente Técnico - Administrativo) e) deveres legalmente expressos, de modo que o
Assinale a opção que contenha o fundamento do dever de desatendimento possibilita a adoção de providências por parte da
obediência do servidor público, disposto no inciso IV, art. 116 da Administração pública.
Lei n. 8.112/90. R: E

Didatismo e Conhecimento 44
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
45. (VUNESP - 2011 - TJM-SP - Oficial de Justiça) Extingue- d) suspensão ou, em caso de reincidência da mesma falta,
se a punibilidade pela prescrição da falta sujeita à pena de: demissão.
a) repreensão, demissão e suspensão, em 4 (quatro) anos. e) demissão, salvo se comprovada boa-fé e ausência de
b) demissão e de cassação da aposentadoria, em 10 (dez) anos. prejuízo à Administração.
c) advertência, suspensão ou multa, em 2 (dois) anos. R: A
d) repreensão, expulsão ou multa, em 5 (cinco) anos.
e) repreensão, suspensão ou multa, em 2 (dois) anos. 49. (CESPE - 2013 - TRE-MS - Analista Judiciário) No que se
R: E refere às vedações e penalidades previstas para o servidor público
federal, assinale a opção correta.
46. (FCC - 2008 - TRF - 5ª REGIÃO - Técnico Judiciário a) O servidor público federal não pode manter sob sua chefia
- Área Administrativa) É correto afirmar que o servidor público imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro
federal substituto assumirá automática e cumulativamente, sem ou parente até o segundo grau civil, sob pena de sofrer pena de
prejuízo do cargo que ocupa, o exercício, entre outros, da função advertência.
de direção, nos impedimentos legais ou regulamentares do titular, b) O servidor penalizado com suspensão pode optar por
hipótese em que converter a pena em multa, na base de 50% do salário por dia de
a) deverá continuar recebendo a remuneração do cargo de vencimento ou remuneração e, assim, continuar trabalhando.
provimento efetivo. c) A pena máxima prevista para o servidor que proceder de
b) receberá os vencimentos da função em substituição durante forma desidiosa é a suspensão por cento e vinte dias.
um período de 30 (trinta) dias. d) É vedado ao servidor público federal exercer o comércio,
c) deverá optar pela remuneração de um deles durante o inclusive na qualidade de acionista ou cotista.
respectivo período. e) A pena disciplinar para a acumulação ilegal de cargos
d) deverá optar pelo vencimento de um deles a ser recebido públicos é a de suspensão.
pelo período de 60 (sessenta) dias. R: A
e) receberá o vencimento da função em substituição durante o
respectivo período. 50. (CESPE - 2013 - TRE-MS - Analista Judiciário) Manoel,
R: C servidor público estável de uma fundação pública, faltou ao
serviço por diversos dias sem qualquer justificativa, razão pela
qual seu superior hierárquico determinou que o fato fosse apurado,
47. (VUNESP - 2012 - SPTrans - Advogado Pleno -
com posterior aplicação da Lei n.º 8.112/1990 no que se refere ao
Administrativo) Sobre a responsabilidade dos servidores públicos,
processo administrativo disciplinar. Uma comissão de sindicância,
é correto afirmar que
após regular processamento, ouvido o servidor, concluiu que
a) em face da presunção de inocência, garantida pela
as faltas de Manoel ao serviço eram habituais e sem qualquer
Constituição Federal, a Administração deve aguardar o desfecho
justificativa legal.
de processo criminal antes de proceder à punição disciplinar do
Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta.
servidor pela mesma falta.
a) A materialidade da infração de Manoel ficará caracterizada
b) a absolvição criminal afastará o ato punitivo no âmbito
pela indicação dos dias de falta ao serviço sem justificativa, por
administrativo se ficar provada, na ação penal, a inexistência do período igual ou superior a sessenta dias intercalados, num de
fato ou que o acusado não foi o seu autor. prazo de doze meses.
c) a condenação do servidor no âmbito civil implica b) A inassiduidade habitual somente fica caracterizada se for
automaticamente o reconhecimento das responsabilidades comprovado que Manoel faltou ao serviço de forma intencional
administrativa e criminal, posto que a primeira é mais ampla que por mais de trinta dias.
as duas últimas. c) A penalidade aplicada para o caso de inassiduidade habitual
d) a extinção da pena administrativa pode se dar pelo seu é a advertência e desconto dos dias não trabalhados.
cumprimento ou pela prescrição, sendo vedada extinção por meio d) A abertura de sindicância suspende o curso do prazo de
do perdão por parte da Administração Pública. prescrição até a decisão final da autoridade competente.
e) o entendimento, atualmente, é que, nas ações de reparação e) A administração tem o prazo máximo de dois anos, a contar
de danos contra a Fazenda Pública, por responsabilidade objetiva, do conhecimento do fato, para aplicar a penalidade a Manoel.
esta é obrigada a denunciar à lide o servidor que causou os danos. R: A
R: B
51. (FCC - 2012 - PGE-SP - Procurador) A greve no setor
48. (FCC - 2012 - TRT - 18ª Região - Juiz do Trabalho) Servidor público é direito
público federal recusou-se, injustificadamente, a dar andamento a a) exercitável por todos os servidores públicos, civis ou
processo cuja instrução estava completa, não obstante tenha sido militares, observados os limites da Lei de greve aplicável aos
instado a tanto. De acordo com as disposições da Lei no 8.112/90, trabalhadores do setor privado, até que seja suprida a omissão
sujeita-se à pena de legislativa.
a) advertência ou, em caso de reincidência da mesma falta, b) assegurado ao militar dos Estados, embora seja vedado aos
suspensão. membros do Exército.
b) suspensão, que não pode exceder 60 (sessenta) dias. c) também exercitável pelos servidores públicos em estágio
c) suspensão, de até 30 (trinta) dias, conversível em multa. probatório.

Didatismo e Conhecimento 45
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
d) assegurado pelo STF, que garantiu o exercício do direito b) As denúncias sobre irregularidades devem ser apuradas
de greve do servidor público, observada a legislação aplicável aos mediante a instauração de sindicância, ainda que o fato narrado
trabalhadores do setor privado, restringindo o exercício do direito, não configure evidente infração disciplinar, sendo necessários,
no entanto, aos contratados pelo regime da CLT. para a referida instauração, a identificação e o endereço do
e) garantido pelo legislador constitucional de forma não denunciante e a formulação por escrito das denúncias, confirmada
limitada, ressalvados apenas os serviços essenciais. a sua pertinência.
R: C c) A jurisprudência do STF firmou o entendimento de que é
obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo
52. (FCC - 2012 - TRT - 1ª REGIÃO - Juiz do Trabalho) De administrativo disciplinar.
acordo com as disposições da Lei no 8.112/90, a alternativa que d) Para o atendimento do interesse público e a proteção dos
apresenta a correlação correta é: direitos dos particulares, os atos do processo administrativo estão
a) Conduta de servidor público - inassiduidade habitual = sujeitos a formas determinadas, e, para a garantia da autenticidade
Sanção aplicável - demissão e da segurança dos autos processuais, a legislação exige, como
b) Conduta de servidor público - manter sob sua chefia regra, o reconhecimento de firma e a autenticação dos documentos
imediata, em função de confiança, cônjuge ou parente até o apresentados em cópia.
segundo grau = Sanção aplicável - demissão e) O processo administrativo disciplinar deve ser conduzido
c) Conduta de servidor público - cometer à pessoa que não por comissão composta de três servidores estáveis designados pela
integra a repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho autoridade competente, vedada a apuração por entidade ou órgão
de atribuição de sua responsabilidade = Sanção aplicável - diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularidade.
suspensão R: A
d) Conduta de servidor público - coagir subordinado a filiar-
se a sindicato = Sanção aplicável - demissão 55. (CESPE - 2012 - TJ-AC - Juiz) A respeito da representação
e) Conduta de servidor público - participar de gerência ou administrativa, do pedido de reconsideração, do recurso e da
administração de sociedade privada = Sanção aplicável - demissão prescrição no âmbito da administração pública, assinale a opção
e inabilitação para investidura em novo cargo público pelo prazo correta.
de 5 anos a) Tratando-se de ato praticado por dirigente de autarquia,
R: A
considera-se recurso hierárquico impróprio o recurso interposto
perante o ministério a que a entidade se encontre vinculada.
53. (MPE-SP - 2012 - MPE-SP - Promotor de Justiça) É vedada
b) A administração pode decretar, a qualquer tempo, a nulidade
a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando
de atos que contenham vício, não havendo, portanto, prazo para
houver compatibilidade de horários, observado, em qualquer caso,
que ela anule os atos administrativos, ainda que deles decorram
o teto remuneratório do funcionalismo público, nas hipóteses de
efeitos favoráveis para os destinatários.
acumulação de dois cargos de
c) Cabe à administração, em face de representação que solicite
a) professor; a de um cargo de professor com outro, técnico ou
científico, e a de dois cargos ou empregos privativos de médicos. a aplicação de sanção administrativa contra servidores públicos
b) professor; a de um cargo de professor com outro, técnico ou acusados de cometer abuso de autoridade, aferir a oportunidade
científico; a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de apurar, ou não, a irregularidade denunciada; entretanto, no caso
de saúde, com profissões regulamentadas. de a denúncia ser feita perante órgãos de controle, como o MP e
c) professor; a de um cargo de professor com outro, cargo os tribunais de contas, esses órgãos têm o dever de promover a
ou emprego privativo de profissionais de saúde, com profissões imediata apuração dos fatos.
regulamentadas; e a de dois cargos ou empregos privativos de d) À luz do que dispõe a Lei n.º 8.112/1990, considera-se
médicos. pedido de reconsideração a solicitação de reexame do ato dirigida
d) professor do ensino médio ou fundamental; a de um cargo à autoridade superior à que proferiu inicialmente o referido ato.
de professor com outro, técnico ou científico; e a de dois cargos e) Podem interpor recurso administrativo os titulares de
ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões direitos e interesses que forem parte no processo, bem como
regulamentadas. aqueles cujos interesses forem indiretamente afetados pela decisão
e) professor; a de dois cargos de professor com outro, técnico recorrida, desde que não se trate de direitos ou interesses difusos,
ou científico; e a de dois cargos ou empregos privativos de para cuja defesa apenas o MP dispõe de legitimidade.
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. R: A
R: B
56. (FCC - 2013 - TRT - 9ª REGIÃO - Técnico Judiciário)
54. (CESPE - 2012 - TJ-AC - Juiz) Em face da disciplina Felipe, servidor público ocupante de cargo em comissão no
estabelecida nas Leis nº 8.112/1990 e nº 9.784/1999, assinale a âmbito do Ministério da Fazenda, revelou a empresários com os
opção correta a respeito do regime administrativo disciplinar e do quais mantinha relações profissionais anteriormente ao ingresso
processo administrativo. no serviço público, teor de medida econômica prestes a ser
a) O prazo de conclusão de processo disciplinar, cujas fases divulgada pelo Ministério, tendo em vista que a mesma impactaria
são a instauração, o inquérito administrativo e o julgamento, não diretamente os preços das mercadorias comercializadas pelos
pode exceder sessenta dias, contados da data de publicação do referidos empresários. A conduta de Felipe
ato que constituir a comissão, admitida sua prorrogação por igual a) é passível de caracterização como ato de improbidade
prazo, quando as circunstâncias o exigirem. administrativa, desde que comprovado efetivo prejuízo ao erário.

Didatismo e Conhecimento 46
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
b) não é passível de caracterização como ato de improbidade 59. (COPESE - UFT - 2012 - DPE-TO - Assistente
administrativa, podendo, contudo, ensejar a responsabilização de Defensoria Pública) Nos termos da Lei de Improbidade
administrativa do servidor por violação do dever de sigilo Administrativa (Lei nº 8.429/92) marque a alternativa CORRETA:
funcional. I. Constitui ato de improbidade administrativa que importa
c) somente é passível de caracterização como ato de em enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem
improbidade administrativa se comprovado que recebeu vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
econômica direta ou indireta em decorrência da revelação. função, emprego ou atividade exercida na Administração Pública;
d) não é passível de caracterização como ato de improbidade II. Reputa-se agente público todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
administrativa, tendo em vista o agente não ser ocupante de cargo
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura
efetivo. ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função na Administração
e) é passível de caracterização como ato de improbidade Pública direta ou indireta;
administrativa que atenta contra os princípios da Administração, III. Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio
independentemente de eventual enriquecimento ilícito. público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade
R: E administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério
Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado;
57. (FCC - 2013 - TRT - 9ª REGIÃO - Técnico Judiciário) IV. Independentemente das sanções penais, civis e
Dentre as possíveis providências expressamente constantes da Lei administrativas previstas na legislação específica, o responsável
n° 8.429/92, que cabem à autoridade administrativa responsável pelo ato de improbidade fica sujeito às cominações legais impostas
pela citada Lei, que podem ser aplicadas somente de forma isolada
diante de ato de improbidade que cause lesão ao patrimônio
e independente da gravidade do fato;
público está a) Somente os itens I, III e IV estão corretos.
a) o dever de representar ao Ministério Púbico para viabilizar b) Somente os itens II, III e IV estão corretos.
a indisponibilidade dos bens do indiciado. c) Somente os itens I, II e III estão corretos.
b) o dever de, em se tratando de indiciado servidor público, d) Todos os itens estão corretos.
colocá-lo em disponibilidade não remunerada, contingenciando- R: C
se os vencimentos para eventual ressarcimento dos danos.
c) a obrigação de promover arrolamento cautelar de bens do 60. (CESGRANRIO - 2013 - BNDES - Profissional Básico
indiciado para a recomposição do dano causado. - Direito) A Lei n° 8.429, de 02/06/1992, disciplina o artigo
d) a faculdade de providenciar diretamente a indisponibilidade 37, §4°, da Constituição da República, dispondo a respeito das
sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de improbidade
dos bens do indiciado no inquérito, mediante comunicação aos
administrativa. A respeito de tal importante mecanismo de controle
órgãos públicos oficiais. da administração pública, considere as assertivas a seguir.
e) a faculdade de providenciar o sequestro de bens suficientes I. A caracterização dos atos de improbidade que importam
a garantir o prejuízo apurado. enriquecimento ilícito, que causam prejuízo ao erário ou que
R: A atentam contra os princípios da Administração Pública exige a
demonstração do elemento subjetivo consubstanciado no dolo do
58. (FCC - 2013 - TJ-PE - Juiz) Nos termos da Lei Federal n° agente.
8.429/92, II. A ocorrência de dano ao patrimônio público não é elemento
a) ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, imprescindível para a aplicação das sanções previstas na Lei de
desde que dolosa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral Improbidade Administrativa, ressalvados os casos de pena de
ressarcimento do dano ressarcimento.
III. A sanção de perda da função pública somente se efetiva
b) no caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público com o trânsito em julgado da sentença condenatória, mas o agente
ou terceiro beneficiário o quíntuplo dos bens ou valores acrescidos público pode ser afastado do exercício do cargo, emprego ou
ao seu patrimônio. função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer
c) reputa-se agente público, para os efeitos daquela lei, necessária à instrução processual.
todo aquele que exerce, necessariamente de modo permanente e
remunerado, por eleição, nomeação, designação, contratação ou É correto APENAS o que se afirma em
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, a) I
emprego ou função nas entidades da Administração direta ou b) II
indireta. c) III
d) suas disposições são aplicáveis, no que couber, àquele d) I e II
e) II e III
que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para
R: E
a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer
forma direta ou indireta. 61. (TRT - 2008 - TRT - 8ª Região - Juiz) Em relação à
e) os agentes públicos são obrigados a velar pela estrita improbidade administrativa, marque a alternativa INCORRETA:
observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, a) Constitui ato de improbidade administrativa, que atenta
moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos, contra os princípios da Administração Pública, revelar ou permitir
exceto se ocupantes de cargo ou emprego que não exija formação que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva
superior. divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de
R: D afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.

Didatismo e Conhecimento 47
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
b) A percepção de vantagem patrimonial ilícita, obtida pelo b) a improbidade administrativa pautada em ato que causa
exercício da função pública, bem como o dano ao erário são lesão ao erário ocorrerá apenas por conduta dolosa;
pressupostos exigíveis para a caracterização do enriquecimento c) o sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público
ilícito gerado pela conduta de improbidade. não está sujeito às cominações da Lei de Improbidade, uma vez
c) Ao ímprobo, na hipótese de improbidade administrativa que a conduta ilegal não se comunica a quem não concorreu para
que importe enriquecimento ilícito, pode ser aplicada a pena de a prática do ato ilícito;
suspensão dos direitos políticos, pelo prazo máximo de dez anos. d) não constitui improbidade administrativa o mero fato de
d) Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço o agente público revelar a terceiros, antes da divulgação oficial,
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público medida econômica que repercutirá no valor das ações de uma
que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo sociedade de economia mista;
determinado, ou que a prestar falsa. e) será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
e) Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público, o agente público que se recusar a prestar declaração dos
público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade bens, dentro do prazo fixado.
administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério R: E
Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado, que recairá
sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou 65. (FCC - 2013 - TRT - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário)
sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito. Determinada empresa privada recebeu subvenção do Poder Público
R: B para desenvolver e implantar programa de irrigação em áreas
carentes de município do nordeste atingido por estiagem. Dirigente
62. (FEPESE - 2013 - DPE-SC - Analista Técnico) Assinale dessa empresa aplicou os recursos oriundos da subvenção estatal
a alternativa incorreta de acordo com a Lei n° 8429/92 – Lei de em área de sua propriedade e em área de propriedade do servidor
Improbidade Administrativa. público responsável pela liberação da subvenção, deixando de
a) Qualquer pessoa poderá representar à autoridade cumprir as obrigações assumidas com o poder público. De acordo
administrativa competente para que seja instaurada investigação com as disposições da Lei n° 8.429/92, que trata dos atos de
destinada a apurar a prática de ato de improbidade. improbidade administrativa,
b) A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta a) apenas a conduta do servidor é passível de caracterização
pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro como ato de improbidade.
de trinta dias da efetivação da medida cautelar. b) ambas as condutas, do servidor e do dirigente, são passíveis
c) A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações de caracterização como ato de improbidade desde que configurado
necessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio enriquecimento ilícito.
público. c) apenas a conduta do dirigente é passível de caracterização
d) A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para como ato de improbidade, sendo a do servidor passível de apuração
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma disciplinar.
causa de pedir ou o mesmo objeto. d) apenas a conduta do servidor é passível de caracterização
e) Homologada a transação, acordo ou conciliação, o termo como ato de improbidade, desde que configurado enriquecimento
surtirá efeitos após a sua publicação. ilícito e violação de dever funcional.
R: E e) ambas as condutas, do servidor e do dirigente, são passíveis
de caracterização como ato de improbidade, limitada a sanção
63. (TRT - 2008 - TRT - 15ª Região - Juiz do Trabalho) A patrimonial à repercussão do ilícito sobre o montante da subvenção.
respeito da normatização relativa à improbidade administrativa, R: E
assinale a alternativa correta:
a) a autoridade judicial ou administrativa competente poderá 66. (FCC - 2013 - TRT - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário)
determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, Determinado administrador público adquiriu, sem licitação, dois
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a veículos para uso da repartição pública que chefia. Em decorrência
medida se fizer necessária à instrução processual; dessa aquisição, obteve desconto considerável na aquisição de
b) aplicada uma das sanções de natureza civil, não poderá outro veículo, com recursos próprios, para sua utilização. Em
haver sanção penal para a mesma conduta; razão dessa conduta,
c) a prática de ato administrativo que atenta apenas contra os a) pode restar configurado ato de improbidade, desde que reste
princípios da administração pública não tipifica improbidade; comprovado prejuízo pecuniário.
d) as sanções civis somente serão aplicadas se ficar b) não poderá ser configurado ato de improbidade, salvo no
comprovado efetivo dano ao patrimônio público; que concerne à aquisição do veículo com recursos próprios, pois
e) a perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos se valeu de vantagem obtida em razão do cargo.
independem do trânsito em julgado da sentença condenatória. c) pode restar configurado ato de improbidade,
R: A independentemente da ocorrência de prejuízo pecuniário.
d) não pode configurar ato de improbidade, mas pode
64. (TRT - 2010 - TRT - 15ª Região - Juiz do Trabalho) configurar ilícito penal, independentemente da ocorrência de
Em relação à improbidade administrativa, assinale a alternativa prejuízo pecuniário.
correta: e) fica configurado ato de improbidade, devendo ser
a) não poderá figurar como sujeito ativo de ato de improbidade responsabilizado o agente estatal independentemente de dolo ou
o terceiro que apenas concorreu para a prática do ato lesivo ao culpa, mas devendo ser comprovado prejuízo pecuniário.
patrimônio público; R: C

Didatismo e Conhecimento 48
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
67. (FCC - 2013 - TRT - 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário) Paulo, e) O agente público que se recusar a prestar declaração de
servidor público federal, deixou de praticar, deliberadamente, ato bens do seu patrimônio, dentro do prazo determi­nado, ou que
de ofício que era de sua competência. A referida conduta a prestar falsa, será punido com a pena de demissão, a bem do
a) poderá caracterizar ato de improbidade administrativa, serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
desde que comprovado que o servidor auferiu vantagem indevida R: E
para a sua prática.
b) configura ato de improbidade administrativa que atenta 70. (TRT - 2012 - 24ª REGIÃO - Juiz) É CORRETO afirmar:
contra os Princípios da Administração pública, passível da a) A improbidade administrativa, quanto à natureza das
aplicação da pena de perda da função pública. medidas previstas em dispositivo constitucional específico, pode
c) não configura ato de improbidade administrativa, sendo ter consequências na esfera criminal, se o ato estiver tipificado
passível, contudo, punição disciplinar. no Código Penal como crime, com a concomitante instauração de
d) não configura ato de improbidade administrativa, salvo se processo criminal e na esfera administrativa com a perda da função
comprovado, cumulativamente, enriquecimento ilícito e dano ao pública e instauração de processo administrativo, caracterizando
erário. também um ilícito de natureza civil e política, por poder implicar
e) configura ato de improbidade administrativa, passível de a suspensão dos direitos políticos, a indisponibilidade dos bens e o
aplicação de pena de multa, exclusivamente. ressarcimento dos danos causados ao erário.
b) A regra da responsabilidade objetiva do Estado por danos
R: B
causados a terceiros inserta na Constituição Federal exige que se
trate apenas de pessoa jurídica de direito público, excluindo-se a
68. (FCC - 2011 - TCE-SE - Analista de Controle Externo
pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços públicos.
- Coordenadoria Jurídica) Em se tratando de improbidade
c) A relevância da ação civil pública acarretou a submissão de
administrativa, a Lei no 8.429/92 estabelece que: seu ajuizamento à realização obrigatória do inquérito civil público
a) para que se configure ato de improbidade administrativa a ser promovido pelo Ministério Público, mesmo que existam
deve haver prejuízo ao erário. provas satisfatórias.
b) aquele que se enriqueceu ilicitamente sujeita-se às d) O Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que faculta a
cominações patrimoniais da Lei no 8.429/92, mas não o seu possibilidade de uma composição preventiva da instauração de
sucessor. processo judicial (ação civil pública), não tem eficácia de título
c) as penalidades da Lei aplicam-se aos atos praticados contra executivo extrajudicial.
o patrimônio de entidade que receba benefício fiscal de órgão e) O inquérito civil público não pode ser arquivado após
público, no limite da repercussão sobre a contribuição dos cofres sua abertura, mesmo que se conclua quanto à inexistência de
públicos. fundamento para a propositura da ação civil pública.
d) a simples celebração de contrato de rateio de consórcio R: A
público sem prévia e suficiente dotação orçamentária não constitui
ato de improbidade administrativa. 71. (COPESE - UFT - 2012 - DPE-TO - Analista Jurídico)
e) a não prestação de contas pelo agente obrigado a fazê-lo Conforme previsto na Lei nº 8.429/92, NÃO constitui ato de
representa uma ilicitude, mas não constitui propriamente ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário:
improbidade administrativa. a) Permitir ou facilitar a aquisição permuta ou locação de bem
R: C ou serviço por preço superior ao de mercado.
b) Qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
69. (VUNESP - 2012 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário) honestidade, imparcialidade e lealdade às instituições.
A Lei nº 8.429/92 estabelece as penas para quem comete atos c) Realizar operação financeira sem observância das normas
de Improbidade Administrativa. Nesse sentido, considerando­se legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea.
o disposto, expressamente, no referido diploma legal, assinale a d) Frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo
alternativa correta. indevidamente.
a) Quando o ato de improbidade ensejar enriquecimento R: B
ilícito, caberá à autoridade administrativa, responsá­ vel pelo
72. (CETRO - 2012 - TJ-RJ - Titular de Serviços de Notas e
inquérito, decretar a indisponibilidade dos bens do indiciado.
de Registros) A respeito da moralidade na Administração Pública,
b) Dependendo da gravidade do ato, as penas que po­dem ser
analise as assertivas abaixo.
impostas ao infrator são, entre outras, perda dos bens ou valores
I. Responde nos termos da Lei de Improbidade as pessoas que,
acrescidos ilicitamente ao patri­mônio, ressarcimento integral do mesmo não sendo agentes públicos, induzam ou concorram para
dano, quando hou­ver, perda da função pública e cassação dos a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer
direitos políticos. forma direta ou indireta.
c) As cominações previstas na Lei são personalíssimas, II. Para os fins de aplicação da Lei de Improbidade, reputa-
não podendo atingir os sucessores daquele que causar lesão ao se agente público todo aquele que exerce, por eleição, nomeação,
patrimônio público ou se enriquecer ilicita­mente. designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura
d) As penas previstas na Lei de Improbidade não são apli­ ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades
cáveis a quem não é agente público, mesmo que tenha concorrido da administração direta, indireta ou fundacional, salvo se
para a prática do ato de improbidade. transitoriamente ou sem remuneração.

Didatismo e Conhecimento 49
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
III. A responsabilidade pela lesão ao patrimônio público não Ill. Dirigentes de sindicatos estão sujeitos às penalidades
se estende a herdeiros. da Lei 8.429/92, quando praticarem atos de improbidade contra
É correto o que se afirma em o patrimônio da respectiva entidade, se esta recebe subvenção,
a) I, apenas. benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público.
b) II, apenas. IV. As disposições da Lei 8.429/92 são aplicáveis, no que
c) III, apenas. couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou
d) I e III, apenas. concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie
e) I, II e III. sob qualquer forma direta ou indireta.
R: A Assinale a alternativa correta:
a) Apenas a proposição I é incorreta.
73. (VUNESP - 2012 - SPTrans - Advogado Pleno) “Os atos de b) Apenas a proposição Il é correta.
improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou c) Apenas a proposição ll é incorreta.
não, contra a administração direta,____________ou fundacional d) Apenas as proposições I e IV são corretas.
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito e) Apenas as proposições Il e lll são corretas.
Federal, dos Municípios, de Território, de________ incorporada R: A
ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio
o haja concorrido ou concorra com mais de____________porr 76. (FCC - 2012 - MPE-AL - Promotor de Justiça) NÃO é
cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma medida de natureza cautelar prevista na Lei de Improbidade
desta lei.” (Art. 1.º da Lei n.º 8.429/92). Administrativa (Lei n° 8.429/92)
Assinale a alternativa que contempla os vocábulos que a) a suspensão de contrato administrativo que beneficie o
preenchem, correta e respectivamente, as lacunas do referido indiciado.
dispositivo legal. b) o afastamento do agente público do exercício do cargo,
a) autárquica, pessoa, Estado, sessenta emprego ou função, quando necessário à instrução processual.
b) indireta, pessoa, tesouro, cinquenta c) o sequestro de bens do indiciado.
c) autárquica, empresa, erário, sessenta d) o bloqueio de contas bancárias do indiciado.
d) autárquica, empresa, tesouro, cinquenta e) a investigação sobre aplicações financeiras mantidas pelo
e) indireta, empresa, erário, cinquenta indiciado no exterior.
R: E R: A

74. (FUNCAB - 2012 - PC-RJ - Delegado de Polícia) Levando 77. (MOVENS - 2009 - PC-PA - Escrivão de Polícia
em conta a jurisprudência atualmente predominante do Superior Civil) De acordo com a Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade
Tribunal de Justiça sobre a improbidade administrativa, é correto Administrativa), os agentes públicos de qualquer nível ou
afirmar: hierarquia, no trato dos assuntos que lhes são afetos, são obrigados
a) Em nenhuma hipótese, a configuração da improbidade a velar pela estrita observância dos princípios abaixo relacionados,
administrativa exige a ocorrência de dolo por parte do acusado. EXCETO:
b) Às pessoas jurídicas não se pode atribuir a prática de ato de a) Princípio da Legalidade.
improbidade, ante à necessidade de se comprovar a supostamá-fé b) Princípio da Cumplicidade.
do acusado. c) Princípio da Impessoalidade.
c) É imprescindível a presença, no polo passivo da ação de d) Princípio da Moralidade.
improbidade, dos sócios da pessoa jurídica beneficiada ilicitamente. R: B
d) A decretação cautelar da indisponibilidade dos bens não
exige prévia demonstração de risco de dano irreparável, uma vez 78. (MOVENS - 2009 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil)
que o periculum in mora , nas ações de improbidade, é presumido. Considerando que a Lei n.º 8.429/1992, conhecida como Lei de
e) A configuração da improbidade administrativa pressupõe a Improbidade Administrativa, tem o condão de definir sanções
ocorrência de dano ao Erário. aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento
R: D ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na
administração pública direta, indireta ou fundacional, assinale a
75. (ESPP - 2012 - TRT - 9ª REGIÃO - Juiz do Trabalho) opção correta.
Tendo em conta a Lei de Improbidade Administrativa (Lei a) Os agentes públicos que tiverem bens ou valores acrescidos
8.429/92), analise estas proposições: ao seu patrimônio, em decorrência de enriquecimento ilícito, perdê-
I. Nunca estão sujeitos às penalidades da Lei 8.429/92 os los-á, o mesmo não ocorrendo em relação a terceiros beneficiários,
atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade já que estes não são diretamente envolvidos.
privada. b) O órgão da administração pública que teve seu patrimônio
II. São atos de improbidade administrativa os praticados por lesionado por ato de improbidade administrativa de servidor,
agente público, servidor ou não, contra a administração direta, já indiciado em inquérito, deverá representar junto aos órgãos
indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos de repressão policial no sentido de tornar indisponíveis os bens
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território. daquele servidor.

Didatismo e Conhecimento 50
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO
c) Estará livre das sanções da referida lei o sucessor de pessoa 81. (MPE-SP - 2012 - MPE-SP - Promotor de Justiça) Atos
que cometeu ato de improbidade administrativa que tenha causado de improbidade administrativa são aqueles que devidamente
lesão ao patrimônio público ou ensejado obtenção de qualquer tipo tipificados em lei federal, ferem direta ou indiretamente os
de vantagem patrimonial indevida, importando enriquecimento princípios constitucionais e legais da Administração pública,
ilícito. possuindo natureza
d) Estão enquadrados como puníveis por essa lei os atos de a) civil, independentemente de importarem enriquecimento
improbidade praticados por agente público, servidor ou não, contra ilícito ou de causarem prejuízo material ao erário público.
a administração de qualquer dos poderes da União, do Distrito b) penal, independentemente de importarem enriquecimento
Federal, dos estados e municípios, de empresa incorporada ao ilícito ou de causarem prejuízo material ao erário público.
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o c) civil, desde que importem enriquecimento ilícito ou causem
erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio prejuízo material ao erário público.
ou da receita anual. d) penal, desde que importem enriquecimento ilícito e causem
R: D prejuízo material ao erário público.
e) civil, desde que importem enriquecimento ilícito e causem
79. (CESPE - 2013 - TRE-MS - Analista Judiciário) Assinale prejuízo material ao erário público.
a opção correta, a respeito dos agentes administrativos e dos atos R: A
de improbidade administrativa estabelecidos na Lei nº 8.429/1992.
a) A posse no cargo público confere ao servidor o direito a 82. (MPE-PR - 2012 - MPE-PR - Promotor de Justiça)
percepção de retribuição pecuniária como contraprestação pelo Sobre a Lei de Improbidade Administrativa, assinale a alternativa
desempenho das funções inerentes ao cargo. incorreta:
b) Considera-se agente público todo aquele que exerce, a) A aplicação das sanções previstas independe de efetiva
exclusivamente com remuneração, função pública como preposto ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de
do Estado. ressarcimento;
c) O agente público que auferir vantagem patrimonial b) Tratando-se de cargo em comissão ou função de confiança,
indevida em razão de consultoria prestada a pessoa física cujo as ações destinadas a levar a efeito as sanções previstas podem ser
interesse possa ser atingido por ação decorrente das atribuições propostas em até 5 (cinco) anos contados da data do fato;
daquele agente, no desempenho de suas atividades, incorre em ato c) A aplicação das sanções independe de aprovação ou rejeição
de improbidade administrativa que importa em enriquecimento das contas pelo Tribunal de Contas;
ilícito. d) No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público
d) O ato de improbidade administrativa que cause lesão ao ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu
erário sujeitará o responsável apenas ao ressarcimento integral do patrimônio;
dano. e) Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
e) O recrutamento para o regime de emprego público não contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
exige prévia aprovação em concurso público, uma vez que o omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
vínculo laboral estabelecido entre a administração e o agente tem legalidade e lealdade às instituições.
natureza contratual. R: B
R: C
GABARITO
80. (CESPE - 2012 - DPE-AC - Defensor Público) A respeito
da improbidade administrativa, assinale a opção correta. 1 A
a) A responsabilidade civil decorrente do ato de improbidade
2 C
administrativa é objetiva, ou seja, não se analisa dolo ou culpa,
porque o prejuízo sempre será do poder público. 3 A
b) Ação contrária aos princípios da administração pública não 4 B
gera improbidade administrativa quando não causa prejuízo ao 5 D
erário. 6 C
c) Ato de improbidade é definido como o ato lesivo ao
ordenamento jurídico praticado exclusivamente por servidor 7 D
público, no exercício de sua função, contra a administração direta, 8 A
indireta ou fundacional de qualquer dos poderes da União, dos 9 D
estados, do DF e dos municípios. 10 B
d) A probidade administrativa configura norma difusa, visto
que os bens pertencentes ao Estado constituem res publica, 11 D
devendo ser coibido qualquer desvio de destinação desses bens. 12 C
e) As sanções legalmente previstas para atos de improbidade 13 D
administrativa não incluem a proibição de contratar com o poder
público. 14 E
R: D 15 B

Didatismo e Conhecimento 51
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

16 B 61 B
17 E 62 E
18 B 63 A
19 B 64 E
20 C 65 E
21 C 66 C
22 C 67 B
23 E 68 C
24 D 69 E
25 D 70 A
26 D 71 B
27 D 72 A
28 A 73 E
29 C 74 D
30 A 75 A
31 D 76 A
32 C 77 B
33 D 78 D
34 D 79 C
35 B 80 D
36 B 81 A
37 B 82 B
38 D
39 B
40 E ANOTAÇÕES
41 C
42 C
43 A
44 E
—————————————————————————
45 E
—————————————————————————
46 C
47 B —————————————————————————
48 A —————————————————————————
49 A
—————————————————————————
50 A
51 C —————————————————————————
52 A —————————————————————————
53 B
—————————————————————————
54 A
55 A —————————————————————————
56 E —————————————————————————
57 A —————————————————————————
58 D
—————————————————————————
59 C
60 E —————————————————————————

Didatismo e Conhecimento 52
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

ANOTAÇÕES

————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
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Didatismo e Conhecimento 53
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 54

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