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Conceito da Moral

 Por Moral entende-se o conjunto de dos princípios, das normas, dos juízos ou dos valores
de carácter ético-normativo vigentes numa dada sociedade e aceites pelos membros dessa
mesma sociedade;
 Ensina as regras que se devem seguir para praticar o bem e evitar o mal;
 É o conjunto de regras de conduta e de valores no seio de uma sociedade ou de um grupo;
 Moral são normas, valores, ideias através das quais os Homens regulam o seu
comportamento;
 Moral pode ser definida de forma breve como ciência dos bons costumes;

. Ética

Conceito

Ética do latim ethiké, disciplina filosófica que tem por objecto de estudo os julgamentos de
valores na medida em que estes se relacionam com a distinção entre o bem e o mal.
Leonardo Boff define a éticade uma forma muito precisa, onde pra ele a palavra ética vem do
grego ethos, e essa palavra se escreve de duas formas, com eta ( a letra e em tamanho pequeno) e
com o épsilon ( a letra E em tamanho grande). Ethos com e pequeno significa a morada, o abrigo
permanente, seja de animais ( estábulo) seja de seres humanos ( casa), porém o ethos não é algo
acabado, mas algo aberto a ser feito, refeito e cuidado. Ethos se traduz então por ética, é uma
realidade da ordem dos fins, viver bem, morar bem; “Ética tem a ver com fins fundamentais
(com poder morar bem), com valores imprescindíveis ( como defender a vida especialmente a do
indefeso), com princípios fundamentais de acções ( dar de comer quem tem fome)”. No entanto,
o centro de ethos ( moradia) é para Platão o bem que permite alcançar o nosso fim e criar
hábitos,normas e maneiras de agir; para Aristóteles é a felicidade, entendida como estado de
autonomia vivido no nosso nível pessol e social.
Ethos com E grande ( o épsilon, em grego) significa os custumes e valores, isto é, conjunto de
valores e de hábitos consagrados pela tradição cultural dum povo. Ethos como conjunto dos
meios ordenados ao fim ( bem, autorealização) se traduz comumente por moral. Moral ( mos-
mores, em latim) significa os custumes e valores de uma determinada cultura e como são muitos
e próprios de cada cultura, tais valores e hábitos fundam várias morais, “como se depreende, o
ethos⁄moral está sempre no plural, enquanto que o ethos⁄casa no singular”.
Por isso, existe uma intrinsica relação entre ética e moral, onde “os hábitos e
costumes(ethos⁄moral) visam fazer a moradia e o meio social sustentáveis, autónomos e
habitáveis (ethos⁄ética) para todos”
Partindo dessa relação, podemos afirmar que uma pessoa possui ética quando ela regese por
princípios e possui uma opção fundamental de vida e possui moral qundo tem virtudes.

 Entende-se por Ética a reflexão sobre a esfera de conduta humana a que se dá o nome da
moral;
 Chama-se Ética a teoria que tem por objecto a moral ou seja a experiência e o
comportamento dos seres humanos considerados sob o prisma da bondade ou da

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maldade, da justiça ou da injustiça, do recto ou do não recto, do obrigatório ou do
proibido;
 Ética é um tratado da moral ; é uma ciência da moral;
 È capitulo da filosofia que estuda as relações da moral, formas de comportamento,
valores, normas e concepções do mundo pelo Homem;
 Ética é também definida como conduta humana perante o ser e seus semelhantes.
A ética envolve estudos de aprovação ou desaprovação da acção dos Homens e a
consideração de valor como medição do que é real no campo de acções virtuosas.

Moral e Ética não são a mesma coisa, são sim duas dimensões distintas. Não obstante serem
disciplinas da filosofia e se completarem no campo do ser e conduta humana.

A Moral é da ordem dos factos, isto é observa normas, princípios, valores que cada
sociedade cada cultura tem.

À Ética exige-se-lhe esclarecimento, caracterização da natureza dessa experiência humana e


do comportamento humano.

A Ética procura justificar as acções humanas com a finalidade e pretensão de as considerar


como boas ou justas; faz a discussão sobre a legitimidade ou não dos enunciados moral-
normativos vigentes na sociedade.

Princípios Fundamentais da Ética

A Ética é a possibilidade de reflectir de se responsabilizar, muitas vezes de ousar, ousar pensar,


questionar, ao outro e a si.

É uma reflexão sobre os costumes e as acções humanas, que ocorre dentro de um contexto
sócio-político-económico-cultural.
Falar da Ética é falar de liberdade, de normas, de leis, de respeito, de responsabilidade, de
subjectividade, de opções, de arte, de cultura.

A Ética implica em uma interiorização das normas ao longo da vida, tendo como suporte as
relações afectivas.
Explora-se a importância da relação interpessoal, enquanto modelo no qual essas condutas
éticas se expressam e consolidam, viabilizando o caminho da reflexão.

Idade Antiga

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Antiguidade Clássica

 Grécia Antiga
 Esparta
 Atenas
 Desenvolvimento da Escrita
 Aparecimento da Escola
 A educação moral é uma virtude exigível entre os povos

Antiguidade Oriental

Egípto Fenício
Babilónia Palestina, Pérsia

 Império Romano – Octávio César Augusto


 Império Grego –Romano
 Império Bisantino do Ocidente
 As formas de Educação moral são as mais evoluídas de sempre
 O ensino de História Natural, Medicina, Geometria, Retórica e Filosofia traz pela
primeira vez a Ética como disciplina da Filosofia

O Problema Crítico da Ética

O problema crítico impõe-se por si, enquanto os códigos morais prescrevem deveres,
estabelecem leis, ditam normas, que os membros de uma determinada sociedade estão obrigados
a observar.

Foi sempre uma preocupação da filosofia moral dos sofistas, de Sócrates, Platão, Aristóteles e
outros questionar: Quem estabeleceu tais códigos? Que valor têm? Se podem ser mudados?
Quem os pode substituir por outros? Se compete a sociedade ou aos governantes?

O contacto dos gregos com os outros povos, através de intercâmbios comerciais, políticos e
culturais contribuiu bastante para que estes tornassem conhecimento de estilos de vida,
constituições civis, culturas diferentes dos seus. E consequentemente, contribuíram para uma
nova reflexão sobre a problemática da moral.

Perante, este facto, os sofistas chegaram a conclusão que o fundamento das normas reguladoras
da conduta humana, não residia na natureza humana mas sim nas convenções sociais.

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E que os estados e sociedades fixaram para seus cidadãos as convenções que julgam mais
oportunas ao seu bem-estar individual e social. Os sofistas estavam profundamente convencidos
que os gregos possuíam convenções morais mais elevadas do que qualquer outro povo. E porque
não são princípios morais inatos mas sim adquiridos deve-se ensiná-los a juventude através de
uma instrução e educação adequadas. Por esta razão, os sofistas chamaram a si a
responsabilidade de ensinar a educação moral e apresentavam-se como “mestre de virtude”.

I. Sócrates (469 – 399 a.C)

 Filósofo da Grécia Antiga;


 Filho de um reputado escultor de Atenas e de mãe parteira,
 Não deixou nenhuma escrita de seus estudos;
 Não possuía nenhuma escola suas sessões de aulas decorriam nas ruas e praças de
Atenas;
 Amava mais a natureza humana;
 Rival dos filósofos sofistas e portanto a retórica não era o seu forte, preferia a
dialéctica dos discursos longos;
 Mestre de Platão deu uma grande contribuição á cultura grega graças aos seus
métodos, ironia e maiéutica – conhecidos por métodos socratístas;
 Foi condenado a morte aos 70 anos de idade, acusado de impiedade e corrupção
moral da juventude.

 Retomou o fundamento dos códigos e dos costumes morais e aprofundou-os.


 É considerado o criador da filosofia moral e do desenvolvimento do pensamento ético
grego.
 Sócrates começa por atacar as teses básicas dos sofistas segundo as quais:
a) Os códigos morais, as convicções éticas, os conceitos fundamentais da ética, com
“bom”, “justo” e “honesto”, etc. São fruto de convenções sociais;
b) As idéias e os princípios morais aprendem-se através do ensino.

Em relação à primeira, Sócrates sustenta que estes encontram o seu fundamento na própria
natureza das coisas e do homem.

E para a segunda, argumenta que o ensino pressupõe a posse desses princípios e idéias,
contribuindo no máximo à tomada de consciência em relação aos outros.

Sócrates fez análises mais profundas sobre avaliações morais para justificar a legitimidade dos
valores morais. Por exemplo “o justo” e o “injusto”, interroga-se o que são “a justiça” e a
injustiça” ou melhor, o que aqueles valores em base dos quais se diz um procedimento é justo ou
injusto e justificar essa avaliação.

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Sócrates, com esta atitude procura o fundamento último da moralidade enquanto tal.

Ele mostra que o homem está na posse de um critério supremo de moralidade que o ajuda a
diferenciar o bem do mal. Os homens consideram boas coisas diferentes: Um coloca seu bem na
riqueza, um outro, nas glórias, um outro nos prazeres.

Sócrates, observa, nenhum dirá que o bem é o mal e que o mal é o bem; cada um procurará
aquilo que ele considera bem e fingira daquilo que considera mal. Portanto, em cada homem há a
noção ou conceito de bem e de mal em si mesma sempre igual com a explicação diversa.

Protágoras (488 – 290 a.C)

 Filósofo sofista da Grécia Antiga; Pai de célebre figura emblemática da Retória;


 Suas sessões de aulas decorriam nos palácios, casa de luxo da aristocracia grega
(governo de pessoas importantes na sociedade; pessoas nobres);
 As pessoas que concorriam a essas aulas eram pessoas que aspiravam cargos
políticos da Polis (Cidade/Estado), que aprendiam a Retória para se habilitar a
produzir bons discursos públicos e a argumentar suas ideias;
 Cobrava apenas suas aulas.

Doutrina dos Sofistas

 Para os sofistas a virtude (aretê) era a característica essencial para personalidade


ética de um ser Humano (Homem) e podia ser ensinada ou transmitida de Homem
para Homem;
 Consideravam que não existiam apenas uma virtude mais várias virtudes que se
relacionam entre si com as várias partes do corpo;
 Afirmam que ser sofista é habilitar pessoas a falar bem em discursos públicos
sobretudo a jovens aspirantes aristocratas de Atenas que se acotovelavam para
aprender a arte de persuasão em casa nobres;
 Defendiam que o comportamento da família, na escola e da cidade mostra que
desde o início, a vida do Homem está marcado pela aprendizagem;
 Explicam por exemplo que a família educa a criança, e esta fica apta a entender
mais por obediência do que por compreensão;
 Na escola ultrapassa as fases iniciais de aprendizagem. E finalmente é a vez da
cidade (Estado) orientá-la no comportamento social desejável recorrendo as Leis;
 Mas o paradoxo deste pensamento filósofo é que:
- As pessoas apesar de, educadas em boas escolas e por bons professores
não aprendem a virtude;
- Reconhecem, também, que é possível através de cuidados humanos
tornar bons os Homens bons. Mas, tornar bons os Homens maus, é
extremamente difícil;

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- Até o mais injusto dos Homens desde que educado numa comunidade
que conhece as leis, será um especialista em matéria de justiça.
 “O Homem é a medida de todas as coisas as que são e as que não são”.

Doutrina Socrática

 Para Sócrates só existe uma virtude – o conhecimento – e que a existência de


outras várias qualidades não passa de uma variedade de expressões de
conhecimento;
 Crítica a filosofia de Protágoras pela ausência de reais benefícios e vantagens que
um tal ensino pode trazer àqueles que o adquirem;
 Coloca a pergunta da Ética Clássica: a finalidade (telos) da retória (para os
sofistas a finalidade da retória era a pena a de promover o sucesso político de
quem adquire tal ensinamento);
 Criticando ainda a ideia filosófica dos sofistas “se o Homem é a medida de todas
as coisas a primeira obrigação de todo Homem é procurar conhecer se a si
mesmo. Pois, é a consciência individual devia deixar de basear em simples
opiniões para basear-se por ideias de valor universal;
 Nada de extraordinário, pois progredir é afinal o resultado esperado de qualquer
aprendizagem;
 Por que para ele a matéria de que o sofista é mestre (Protágoras) é a arte de gerir a
cidade (Estado/Polis), a política; e o seu objectivo é transformar os Homens livres
em bons cidadãos. O que para o Sócratas é insuficiente;
 Coloca dúvidas a tese dos sofistas segundo a qual a “aretês” possa ser ensinada
pelos Homens a outros Homens;
 Para Sócrates:a sabedoria, sensatez, coragem, justiça e piedade são nomes para
uma única qualidade ou cada um desses nomes corresponde a uma entidade com
propriedades particulares e uma função individual;
 Para ele todo o indivíduo tem em si mesma capacidade de conhecer e apreciar
verdades como a felicidade, honestidade, verdades, honra, amizade, sabedoria,
amor, virtudes, ou outras qualidades virtuosas, etc. O conhecimento derivado da
própria experiência constitui a base da boa conduta;
 Procurava demonstra através dos seus ensinamentos que o conhecimento das
verdades universais era a base de toda a acção virtuosa. E que cada indivíduo
devia ter a capacidade de formular tais verdades;

 Afirma que o que leva o Homem a agir bem ou agir mal é saber ponderar os
resultados que advirão das suas acções – a que chamou de - Arte de
Comedimento, que por sua vez se fundamenta no conhecimento de que aquele
que era, era por ignorância. E que a cobardia depende da ignorância e a coragem
da sabedoria;
 Sòcrates argumento que: “a maior parte daqueles que se julgam sábias nem se
quer se apercebem da sua ignorância”. Pelo contrário, Sócrates, sabia que ele nada
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sabia e por isso estava em melhores condições para procurar o conhecimento,
partindo da máxima “conheça-te a ti mesmo!” E diz: “ Só sei que nada sei, ainda
assim sugere a generalidade dos que dizem saber mais que eu”.

- Sócrates empregava na busca de conhecimentos seus métodos típicos,


conhecidos por métodos Socráticos.

1. Método “Ironia”
 Consistia em fazer perguntas ao seu interlocutor fingindo não
saber ou ignorar o assunto para obter a opinião destes; Nisto o
interlocutor vai respondendo as perguntas até se convencer que
tem défices no conhecimento (não sabe nada).

2. Método Maiéutico (Maiéutikos que significa em grego partes)


 Consiste em fazer mais perguntas para levar o adversário
interlocutor a descobrir a verdade;

 Como conclusão
 Sócrates procurava demonstrar que não possuía uma verdade que pudesse ser
transmitida aos outros Homens.
 A verdade não pode ser transmitida mais precisa de ser descoberta e encontrada
na mente de cada um;
 Que apesar de se transmitir a verdade mais era possível e desejável dizer aos
Homens que eles deviam procurar encontrar a verdade;
 Quanto mais conscientes os Homens estiverem da sua ignorância, mais aberto
estão a procurar a verdade. Assim estava aberto o caminho para segundo fase do
método: A discussão.

Os encontros de ruas, praças na cidade permitiam aos amantes da verdade o


estabelecimento de uma conversa, em que cada um procurava descobrir o verdadeiro
significado dos conceitos de virtude, sabedoria, coragem, justiça e piedade.

A procura de definições razoáveis tinha um duplo significado:


 Os interlocutores reencaminhavam as suas próprias ideias, questionavam as
suas crenças e opiniões inconsistentes;
 Os interlocutores eram levados a substituir as ideias e opiniões inadequadas
por novas ideias, opiniões e conceitos mais claros e mais próximos da
verdade.

Por fim todos ficaram a saber que não é possível atingir uma verdade final, mais uma
aproximação a verdade.

A Ética Socrática integra três características essências:

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 A virtude tem uma existência objectiva, a virtude é conhecimento e a virtude é o
conhecimento do bem;
 Apresenta cinco paradoxos:
a. A virtude não é ensinável;
b. A Virtude é útil;
c. Ninguém faz o mal voluntariamente;
d. É preferível sofrer o mal do que praticar o mal;
e. A virtude é um só

As sofistas não concordavam com a objectividade da virtude, para eles a virtude era aquilo que
cada indivíduo desejava que fosse.

Sócrates considerava que a virtude tinha um significado objectivo.

A moralidade tem de ser descoberta e é por isso que a tarefa do filósofo e do educador é
descobrir a essência, a forma das virtudes particulares.

Sócrates considerava que, sem o conhecimento, não era possível a realização da vida boa. O bem
moral existe como referência ao conhecimento do que é bom para o Homem.

A tese de Sócrates baseia-se na verificação empírica de ausência de professores de virtudes. Para


Sócrates era um absurdo conhecer o bem e fazer o mal. Então, o mal é involuntário, pois o mal é
o resultado da ignorância.

È impossível ter o conhecimento de uma virtude sem ter o conhecimento de todas virtudes.

Na sua condenação á morte a defesa de Sócrates é um ataque critério á democracia ateniense, á


falta de conhecimento dos seus dirigentes políticos e judiciais e á desordem moral da sociedade.

Sócrates exprimiu-se, perante o juízo, nestes termos:


“ É melhor partir com inocente e vitima do mal, do que como agente do mal, uma vitima não das
leis, mais dos Homens”.

Ética Segundo Platão (428 – 348 a.C)

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 Genial discípulo de Sócrates;
 Seu nome verdadeiro Aristóteles mas devido a seu vigor físico, seu estilo e extensão da
sua testa (platos em grego significando amplitude ou largueza) recebeu o nome de Platão;
 Seu pai descendente da linha do rei Codros e sua mãe parente de Sólon, legislador de
Atenas;
 Perdeu seus pais muito cedo;
 Aos dezassete iniciou a sua carreira como filósofo e muito revelou inteligência e aptidões
pessoais;
 Grande filósofo que teve muita influência sobre a educação grega;
 Mas seu encontro com Sócrates ocorreu quando este já tinha vinte anos;
 Foi inicialmente aluno de Crátilo seguidor de Heráclito;
 Estudou filosofia não para fazer desta a finalidade de sua vida, mas para melhor se
preparar para a vida política;
 O seu maior desespero e desgosto foi quando, após a subida da aristocracia no poder, de
cujo Governo participaram seus parentes Cármides e Crítias, testemunhou a condenação
de morte de seu mestre Sócrates;
 Decidiu então manter-se afastado da política militante.
 Concordou com Sòcrates sobre a necessidade de se procurar uma nova base para vida. E
que essa nova base devia se encontrar em ideias e na verdade universal;
 Desenvolveu a dialéctica de Sócrates;
 Definiu-a como sendo um “contínuo discurso consigo mesmo”;
 Para este filósofo o conhecimento não vem de fora para o Homem, mas sim um esforço
da alma para apoderar-se da verdade;
 A realidade nada mais é do que a ideia que se realiza ou actualiza;
 Compara o mundo sensível a uma caverna iluminada por grande fogueira onde se
encontram homens imóveis, encadeados, de costas voltadas para as chamas.

Os objectos e os seres que transitam fora da caverna projectam sobre o fundo iluminado das
pedras suas formas mais ou menos alteradas.

Actividade Científica e Filosófica

 Platão retomou os ensinamentos de seu mestre Sócrates;


 Retocou e refez os diálogos dialécticos socráticas patentes em obras como “Parmênides,
O sofista, A Política, Filebo”. São obras literárias de Platão que tratam de grandes
diálogos metafísicos.
 Fez uma grande e autêntica revolução de pensamento filosófico de seu mestre que
chamou de “segunda navegação” isto é, projecto que o conduziu a descoberta do supra-
sensível ou ser suprafísico (Deus);
 Os diálogos eram escritos filosóficos que Sócrates discutia com vários interlocutores.

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Mitologia Grega na Óptica de Platão

 A filosofia grega nasceu como libertação do logos (razão ou princípio de inteligibilidade)


em relação ao “mito” (forma de explicar os fenómenos naturais através de fantasia ou
teoria filosófica sob forma imaginativa onde a fantasia simboliza a verdade que se
pretende conhecer).
 Mito foi longamente usado pelos sofistas como seu expediente filosófico;
 Sócrates condenou o uso do mito como forma de concepção filosófica em contra partida
defendeu a dialéctica;
 Platão concorda com Sócrates nessa posição. Mas a partir da sua obra denominada
Górgias reformulou-o e atribuiu-o novo valor, passando a usá-lo constantemente
conferindo-lhe grande importância;
 Pensadores com Hegel criticaram o uso do mito platónico ainda com a nova roupagem,
considerando-o um obstáculo ao pensamento, uma imaturidade de logos que não atingiu a
liberdade plena;
 Segundo este pensadores o logos capta o ser, mais não a vida; e o mito colabora para a
explicação da vida, que o logos não é capaz;
 Platão reconstruiu o mito dos sofistas, reformulou-o e adaptou-o as teses fundamentais do
Orfismo (seita religiosa que prevaleceu na Grécia Antiga nos século VII e VI a. C) com
aspectos religiosos do seu próprio pensamento;
 Para Platão mais do que expressão de fantasia o mito é expressão de fé e de crença. O
mito procura clarificação no logos e o logos busca complementação dos mitos.

O Mundo das Ideias ou Hiperurânio

1. Dualismo platónico e as categorias


(A)
Material Imaterial
Sensível Supra-sensível
Empírico Meta empírico
Físico Metafísico

NB: São categorias que os físicos anteriores revelam como a totalidade das coisas que existem
mais apenas como a totalidade das coisas que aparecem.

“O verdadeiro ser “ é constituído pela “realidade inteligível”.

 Platão denomina essas causas de natureza não físicas, essas realidades inteligíveis;
 Ele recorre a termos ”Ideia e eidos” que significa “ forma”. Essas ideias não devem ser
confundidos com os conceitos ou representações puramente mentais, mais representam
”entidade”, “substâncias”. As ”ideias” não são simples pensamentos mais aquilo que o
pensamento é quando liberto do sensível: constituem o “verdadeiro ser”. Portanto, são
as essências das coisas, quer dizer, aquilo que faz com que cada coisa seja aquilo que é;

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 Platão usou o termo “paradigma” para indicar que as ideias representam o “modelo”
permanente de cada coisa, isto é, como cada coisa deve ser;
 Usou expressões como “em si” ou “por si” e também “em si” e “por si” (o belo-em-sí, o
bem-em-si, etc.) para indicar as ideias;
 Esta expressões indicam o carácter de não relatividade e de estabilidade, o carácter
absoluta das ideias;
 Ao dizer que as ideias existem “em si” e “por si” significa por exemplo, que o belo ou o
verdadeiro não são relativos a um sujeito particular nem constituem realidades ao sabor
dos desejos/da vontade do sujeito, mais pelo contrário se impõem ao sujeito de modo
absoluto;
 As verdadeiras causas do todas as coisas sensíveis por natureza sujeitas a mudança não
podem elas mesmas sofrer mudança, caso contrário não seriam as “verdadeiras causas”,
não seriam as razões últimas e supremas.

NB: A substância (a realidade, o ser, as ideias) que existe realmente, privada de cor, sem figura
intangível que só pode ser contemplada pela alma, pelo intelecto constituem o objecto da
verdadeira ciência.

 Platão sustenta que:


- O sensível só se explica mediante o sujeito ao supra-sensível; relativo mediante o
absoluto, sujeito ao movimento mediante o imutável; o corruptível mediante o
eterno

 Segundo Platão o mundo das ideias é constituído por:


- Ideias dos valores estéticos (Belo);
- Ideias dos valores morais;
- Ideias das diversas realidades corpóreas;
- Ideias dos diversos ente geométricos e matemáticos;

Estas ideias não estão sujeitas a geração, sendo incorruptíveis como sendo eleáticos.

A dialéctica Segundo Platão

Acontece quando o intelecto e intelecção, as sensações e os elementos ligados ao sensível,


captam com um processo simultaneamente discursivo e intuitivo, as ideias na pureza juntamente
com os seus respectivos nexos positivos e negativo.

Esse processo pelo qual o intelecto passa de ideias para ideia chama-se dialéctica (e o filósofo é
o “dialéctico”).

Existe uma dialéctica ascendente, que liberta dos sentidos e dos sensíveis, conduz às ideias e
posteriormente ascendendo de ideia a ideia, alcança a ideia suprema.

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Chama-se dialéctica descendente quando percorre o caminho inverso, isto é, parte da ideia
suprema ou de ideias gerais e, por um processo de divisão, isto é, que ocorre mediante a
distinção progressiva das ideias particulares contidas na ideias gerais.

A concepção do Homem

 Na sessão anterior falou-se sobre a relação entre idéias e as coisas, em que as idéias
representam a verdadeira causa das coisas. Na concepção platónica do Homem aborda-se
a questão na perspectiva dualistica no tocante a relação entre a alma e o corpo.

 Para Platão a alma é supra-sensível e o corpo entidade sensível em oposição.

 Portanto, o corpo é visto não tanto como receptáculo da alma, à qual deve a vida
juntamente com as suas capacidades de operação, como instrumento ao serviço da alma.
O corpo é também considerado como “tumba”, como “cárcere” de alma, como lugar para
o cumprimento de suas penas.

Eurípedes dizia a esse propósito que:

“ Quem me pode garantir se viver não é o mesmo que morrer e morrer o mesmo que
viver?” Outros filósofos sustentam que o homem está morto e que o corpo constitui o seu
túmulo.

 Pois a alma em quanto se encontra no corpo está também neste sentido numa tumba.
Portanto, está morto;
 Sustenta-se deste modo a tese de que morrer (com o corpo) é viver porque morre, o corpo
a alma se liberta do cárcere;
 O corpo é raiz de todo mal, fonte de amores insensatos, de paixões, inimizades,
descordais, ignorância e loucura. E isto representa factores de morte para a alma;
 Assim a ética platónica se representa condicionado por este dualismo;
 A alma-um ser dotado de afinidade com o inteligível derivado do mistério órfico que
considerava a alma um demónio e o corpo uma “tumbo” e um “cárcere”.

A Fuga do Corpo e a Fuga do Mundo

A ética platónica traz este paradoxo.

A fuga do corpo significa que a alma deve procurar fugir sempre mais do corpo.

O verdadeiro filósofo deseja a morte e a verdadeira filosofia é “exercício de morte”.

A morte representa um episódio que, refere-se exclusivamente ao corpo. Ela não causa dano a
alma, mas ao contrário, lhe traz grande benefício, pois permite-lhe viver uma vida mas
verdadeira, uma vida voltada para si mesma, sem obstáculos e anteparos, inteiramente unida ao
inteligível.

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A morte do corpo representa a abertura para a verdadeira vida da alma.

Pelo contrário o filósofo é que deseja a verdadeira vida (morte do corpo) e a filosofia é treino
para a vida autêntica, para a vida exclusiva na dimensão exclusiva do espírito.

A fuga do corpo comporta o reencontro do espírito.

A “fuga do Mundo” significa torna-se virtuoso e assemelhança a Deus. O mal não pode
desaparecer haverá sempre algum oposto ao bem; não pode habitar igualmente entre os deuses,
mas deve necessariamente residir nesta terra, junto da nossa natureza mortal. Eis a razão pela
qual tudo devemos fazer para fugir o quanto antes daqui e irmos lá para cima.

Esse fugir consiste em nos assemelharmos a Deus na medida maior de nossas possibilidades
humanas. Assemelhar-se a Deus é adquirir justiça santidade e sabedoria.

Portanto, “fugir do corpo” significa fugir do mal do corpo mediante a virtude e o conhecimento;
fugir do mundo”significa fugir do mal que o mundo representa, sempre realizando essa fuga
através da virtude e do conhecimento; Praticar a virtude e dedica-se ao conhecimento significa
tornar-se semelhante a Deus.

Purificação da Alma da Alma como Conhecimento e Dialéctica como Conversão

Platão esclarece que “cuidados com a alma” significa “purificação da alma. Este processo ocorre
a medida que a alma ultrapassa os sentidos, conquista o mundo do inteligível e do espiritual,
coincidindo com o processo de elevação ao conhecimento supremo do inteligível.

Este é um processo de conhecimento racional que para Platão também representa um processo
“convenção moral”. Pois a medida que o processo do conhecimento conduz do sensível para o
supra-sensível, transporta e converte de um mundo para o outro, também conduz da falsa para a
verdadeira dimensão do ser.

È conhecendo que a alma cuida de si mesma, realiza a própria purificação, se converte e se eleva.
E nisso reside a verdadeira virtude.

Imortalidade da Alma

Sócrates afirma que a essência do Homem é a sua alma (psico=psyche) para que se estabelecem
os fundamentos da nova moral. A virtude tem um prémio em si mesmo e o vício o seu castigo.

A alma humana, segundo Platão é capaz de conhecer coisas imutáveis e eternas. Para poder
conhecer tais coisas ela deve possuir uma natureza de afinidade com essas coisas. Caso
consmetrário, estas ultrapassariam as capacidades de alma.

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Porque as coisas que a alma conhece são imutáveis e eternas, a alma toma também precisa ser
eterna e imutável. Segundo ele as almas não nascem e não morrem. Elas são geradas pelo
Demiurgo (nome dado pelos filósofos gregos ao criador do mundo ou do universo) com a mesma
substância de que é feita a alma do mundo (composta de “essências, de identidade e de
diversidade”). Elas precisam de determinação divina não estão sujeitas a morte como tudo o que
Demiurgo produz directamente.

Para Platão a existência e a imortalidade da alma só tem sentido caso se admita a existência do
ser meta-empírico. A alma constitui a dimensão inteligível meta-empírico e por isso mesmo
incorruptível do Homem.

Destino de Alma Após a Morte do Corpo

Platão afirma no livro Fédon que as almas que viveram uma vida excessivamente ligada ao
corpo, às paixões, ao amor e aos prazeres dele derivados não conseguem, com a morte separar-se
do que é inteiramente do quê corpóreo.

Com medo do hades (lugar ou residência dos mortos ou das almas na mitologia grega). As almas
vagam junto aos sepulcros como fantasmas até que atraídas pelo desejo do corpóreo se lhe ligam
novamente a corpos não apenas de homem mas também de animais, de acordo com o nível de
perfeição moral por elas alcançadas na vida anterior.

Mas as almas que viveram na prática da virtude, encarnar-se-ão em homens mansos, sociais,
honestos e virtuosos. A estirpe (ascendência/linhagem) dos deuses não é permitido a quem não
tenha cultivado e não se tenha desligado do corpo em situação de total pureza, pois essa
permissão é concedida apenas ao que foi amante do saber.

O número das almas é limitado, segundo Platão na obra “A República”. Se todas fossem
contempladas no além com prémios ou com castigo eterno, haveria certo momento em que
nenhuma alma restaria sobre a terra. Por essa evidente razão, considera Platão que tanto o prémio
como o castigo ultraterrenos, por uma vida transcorrida sobre a terra devem possuir duração
limitada e termo fixo.

Segundo Platão, uma vida terrena dura no máximo cem anos. E a vida ultraterrena dura dez
vezes cem anos, ou seja, mil anos.

Para as almas que cometeram crimes gravíssimos e irreparáveis, a punição continua mesmo após
o milésimo ano. Transcorrido esse ciclo, devem as almas voltar a se encarnar. Este é um
processo cíclico. As almas recaem nos corpos e posteriormente sobem ao céu.

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O Mito do Er e seu Significado

Segundo Platão, na obra “A República”, as almas reúnem-se em uma planície, terminada a


viagem de mil anos, onde será destinado o destino futuro de cada uma delas.

Os “paradigmas das vidas” se encontram no regaço da Moira Láquesis, filha da necessidade.


Estes paradigmas são impostos mas propostos às almas: A escolha fica inteiramente entregue à
liberdade das próprias almas. O Homem não é livre de escolher entre viver ou não viver, mas é
livre de optar por viver ou não de acordo com as normas da moral, ou melhor, pode escolher
viver segundo a virtude ou arrastado pelo vício.

Daqui as almas se dirigem a Láquesis dispostas em fila e em ordem e tomam dos joelhos desta
Láquesis (os paradigmas das vidas, ou seja, iniciam o outro período da vida que não passa de um
correr para a morte. Não será o demónio que vos escolherá mas vós escolhereis o vosso demónio.

O primeiro sorteado escolhe, por primeiro, a vida a qual deverá estar ligado por necessidade. A
virtude não tem dono: cada qual deverá participar mais ou menos dela na proporção que lhe
presta homenagem ou a despreza. A culpa cabe a quem escolhe: “Deus não tem culpa disso”.

Depois da escolha dos paradigmas da vida, que passa pela confirmação de duas moiras (espécie
de anjo na mitologia grega encarregue de certas funções de encarnação das almas aos corpos).
Clotos e Antropos (espécie de óvulo que se junta com outras células masculinas para gerar uma
nova vida), as almas descem para o rio Ameletes para beberem águas do esquecimento e daí vão
aos corpos para viverem a vida escolhida. Este é um processo irreversível.

Aqui o intelectualismo ético é levado a consequências extremas.

Segundo Platão: “se alguém, vindo viver neste mundo, se entrega a filosofar de forma sábia
e a sorte da escolha não o tenha colocado entre os últimos, não apenas existe para ela a
possibilidade de encontrar a felicidade, mas a própria viagem deste mundo para o outro e
novamente de lá para cá não será subterrânea e incómoda mas sim uma viagem tranquila e
para o céu”.

A Arte como distanciamento da verdade

A problemática platónica da arte pode ser encarada em estreita conexão com a temática
metafísica e dialéctica.

Platão preocupa-se em estabelecer o valor da verdade ao determinar a essência, a função e o


valor de arte.

Segundo ele, a arte não revela, mas esconde o verdadeiro, pois não constitui uma forma de
conhecimento nem melhora o Homem, mas o corrompe, porque é mentiroso; ela não educa o

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Homem, mais o deseduca, porque se volta para as faculdades irracionais da alma que constituem
as partes inferiores dos nós mesmos.

Platão considera a poesia inferior a filosofia. O poeta não é poeta através da ciência e do
conhecimento, mais através da intuição irracional. Ao compo-la o poeta encontra-se fora de sí, é
invadido e mergulha numa situação de inconsciência. Ignora a razão do que faz e não sabe
ensinar a outros o que faz. O poeta é poeta por “destino divino”, não por virtude derivada de
conhecimento.

A arte constitui do ponto de vista ontológico uma “imitação” de realidades sensíveis (Homens,
coisas, factos e acontecimentos diversos).

Ora as sensíveis representam uma “imagem do eterno paradigma” da idade e se afastam do


verdadeiro a medida que a cópia dista do original. Mais se a arte é imitação das coisas sensíveis
será consequentemente “imitação da imitação” e por conseguinte permanecerá “três vezes
distante da verdade”.

Senão vejamos, a arte figurativa imita a simples aparecia. E os poetas falam sem saber e sem
conhecer aquilo de que falam.

Platão não nega a existência e o poder da arte. Negou apenas que a arte seja dotada de valor sem
sí mesma.

A retórica como instituição de verdadeiro

Na antiguidade clássica, a retórica era vinculada ao artifício literário, colocando a margem da


vida prática, mais assumia a importância de força civil e política de absoluta primeira ordem.

Segundo Platão, a retórica (a arte do políticos ateneses e dos seus mestres) não passa de pura
adulação e adulteração de verdadeiro. A arte pretende imitar todas as coisas sem delas possuir
verdadeiro conhecimento, da mesma forma a retórica busca persuadir e convencer a todos sobre
tudo sem dispor de conhecimento algum.

A arte cria apenas fantasmas, a retórica cria persuasões infundadas e crenças ilusórias. O retórico
é aquele que, embora sem saber, possui a habilidade de persuadir os outros com maior facilidade
do que aquele que verdadeiramente sabe jogando com sentimentos e paixões.

A retórica como a arte se dirige, portanto, à parte pior da alma, a parte crédula e instável

O retórico situa-se longe do verdadeiro tanto quanto o artista ou melhor, ainda mais, por quanto
atribui voluntariamente as imitações sensíveis do verdadeiro a aparecia do verdadeiro, revelando
certa malícia que o artista não possui ou possui apenas parcialmente.

A erótica como caminho lógico para o absoluto

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Platão afirma a beleza não se liga a arte, mais vincula-se ao Eros e ao Amor, entendido como
força mediadora entre o sensível e supra-sensível, força que dá asas e eleva, através dos vários
grau da beleza, a beleza meta-empírica existente em sí. Para os filósofos gregos o Belo conscide
com o Bem. E representa um aspecto do Bem, o Eros é uma força que eleva o Bem e a Erótica se
revela um caminha lógico que conduz ao Absoluto.

O Amor não é nem Belo nem Bom, mais é sede de beleza e bondade.

O Amor, portanto não é Deus (somente Deus é sempre belo e bom) nem Homem. Não é mortal
nem imortal. É daqueles seres demoníacos “intermediários” entre o Homem e Deus).

Para Platão, o amor é “filosofo” e “sophia” sabedoria é algo que só Deus possui. A ignorância é
propriedade de quem esta totalmente distante da filosofia. É apanágio do que não é nem
ignorante nem sábio, do que possui o saber mas a ele aspira, do que sempre busca alcança-lo e
tendo-o alcançado, percebe que ele lhe foge novamente para que, como amante continue a
procurar.

O que os Homens comomete denominam o Amor é uma pequena parte do verdadeiro amor. O
verdadeiro amor é desejo do belo, do bem, da sabedoria, da felicidade, da imortalidade, do
absoluto.

O amor possui muitos caminhos que conduzem a vários graus de bens (toda forma do amor é
desejo de possuir o bem definitivamente).

O verdadeiro amante é o que sabe percorrer esses caminhos até ao fim, até chegar a visão
suprema, que dizer, até chegar a visão do belo absoluto.

a. O grau mais baixo na escala do amor é o amor físico , que consiste no desejo de possuir o
corpo belo para gerar no belo outro corpo. Este amor físico constitui desejo de
imortalidade e eternidade, “porque a geração realizada na criatura mortal, é paralidade e
imortalidade”;
b. Depois, existe o grau dos amantes que se mostram fecundos, não quanto aos corpos, mas
quanto as almas, portadores de germis que nascem e crescem na dimensão do espírito.
Entre os amantes na dimensão do espírito se encontram, numa escala de progressão
ascensional, os amantes das almas, os amantes da justiça e das leis, os amantes das
ciências pura.
c. Finalmente no ápice da escala do amor, encontra-se a visam fulgurante da idéias do belo
em sí do absoluto.
Para Platão a beleza que se verifica somente sobre a idéia do belo entre todas as outras idéias que
recebem o privilégio de serem amável.

O reflexo da beleza ideal no belo sensível inflama a alma, que se vem tomada pelo desejo de
voar e voltar para o lugar de onde desceu. Esse desejo se identifica com o Eros que com o asseio
do supra-sensível, faz despontar na alma suas antigas assas e a eleva ao mundo das idéias.

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O “amor Platónico” é Nostalgia do absoluto, tensão transcendente para o mundo meta-empírico,
força que impulsiona para o retórico a nossa existência originária junto aos deuses.

O Mito da Caverna

Platão na sua obra “A República” fala do mito da caverna para simbolizar a metafísica,
agnosiologia, a dialéctica e a ética.

E diz, a propósito: “imagina-se homens que vivam numa caverna cuja entrada se abra para a luz
em toda a sua largura, com um amplo saguão de acesso. Imagine-se que os habitantes dessa
caverna tenham as pernas e o pescoço amarrados de tal modo que não possam mudar de posição
e tenham de olhar apenas para o fundo da caverna. Imagine-se ainda que, imediatamente à frente
da caverna, exista um pequeno murro da altura de um Homem e que, por trás desse murro e,
portanto, inteiramente escondidos por ele, se movam homens carregando sobre os ombros
estátuas trabalhadas em pedra e em madeira, representando os mais diversos tipos de coisas.
Imagine-se também que por trás desses Homens, esteja acesa uma grande fogueira e que, no alto,
brilhe o sol.

Finalmente, imagine-se que a caverna produza eco e que os Homens que passam por trás do
murro estejam falando de modo que as suas vozes, eco em no fundo da caverna.

Se isso acontecesse aqueles prisioneiros da caverna nada poderiam ver além de pequenas
estátuas projectadas no fundo da caverna e ouviriam apenas o eco das vozes. Entretanto,
acreditariam, por nunca terem visto coisa diferente, que aquelas sombras eram a única e
verdadeira realidade e que o eco das vozes representasse as vozes imitadas por aquelas sombras.

O Significado do Mito da Caverna

O Mito da Caverna traduz os diversos graus dos géneros do ser sensível e supra-sensível.

As sombras da caverna simbolizam as aparências sensíveis das coisas, as estátuas, as próprias


coisas sensíveis; O muro representa a linha divisória entre as coisas sensíveis e as supra-
sensíveis; as coisas verdadeiras situadas do outro lado do muro são representações simbólicas do
ser verdadeiro e das idéias e o sol simboliza a Idéia do Bem.

O mito simboliza os graus de conhecimento nas duas espécies em que ele se realiza e nos dois
graus em que essas espécies se dividem: A visão das sombras simboliza a imaginação e a visão
das estátuas representa a crença; a passagem da visão das estátuas para a visão dos objectos
verdadeiros e para a visão do sol, antes de forma mediata e posteriormente imediata, simboliza a
dialéctica em seus vários graus e a intelecção pura.

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Simboliza, também, o aspecto ascético, místico e teológico do platonismo: a vida na dimensão
dos sentidos e do sensível é a vida na caverna, a vida na pureza e plenitude da luz é a vida na
dimensão dos espírito.

O voltar-se do sensível para o inteligível é representado com a “libertação das algemas” como
conversão, enquanto a visão suprema do sol e da luz em si mesma é a visão do Bem e a
contemplação do Divino.

O mito da caverna, entretanto, expressa também a concepção política tipicamente platónica.


Platão fala de “retorno” a caverna por parte do que se libertara das algemas, retorno cuja a
finalidade consiste na libertação dos em companhia dos quais ele antes se encontrava como
escravo. O retorno, a que se refere, é do filósofo-político, o qual se atendesse apenas as
solicitações de seu interesse que permaneça a contemplação do verdadeiro.

ÉTICA SEGUNDO ARISTÓTELES

Aristóteles (384 – 322 a.C.)

 Nasceu em 384 a.C. em Estagira, Cidade de Calcídia no território da Macedónia;


 Filho de médico Nicômaco e de Faístias;
 Aos 17 anos de idade ingressou na Academia de Platão seu mestre onde permaneceu até a
morte daquele vinte anos depois;
 Admirava seu mestre, apesar de discordar com ele nalguns aspectos da sua filosofia sobre
as Idéias e o Dualismo;
 Criou sua escola que a denominou Liceu;
 Fez amizade com grandes figuras intelectuais de Atenas como: Eudóxio, Heráclites e
Xenócrates.

Filosofia de Aristóteles

Para Aristóteles o ensino da coragem e doutras virtudes morais exige a prática continuada de
actos de coragem de tal ordem que a virtude seja incorporada nos nossos hábitos.

Nas obras intituladas Ética a Endemo e Ética a Nicómaco, o filósofo identifica a busca da
felicidade como o fim último da vida.

Na obra Magna Moralia, Aristóteles afirma que o fim de todos os nossos actos deve ser a procura
do bem, a felicidade identifica-se com o próprio bem.

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A própria sociedade civil tem como fim a viver bem e todas as suas instituições não são senão
meios para isso e a cidade é apenas uma comunidade de famílias e de aldeias em que a vida
encontra todos meios de perfeição e de suficiência, é a isto que se chama vida feliz e honesta.

A sociedade civil é menos uma sociedade de honra e virtude.

A felicidade surge como um dever e, um direito e o Homem é feliz quando realiza aquilo para o
qual é feito. E realizar aquilo para o qual é feito é o dever do Homem, pois é isso que a razão lhe
prescreve.

A felicidade anda associada ao bem e a virtude, à alma e não ao corpo ou aos bens exteriores,
porque todos vemos que não é pelos bens exteriores que se adquirem e conservam os bens
exteriores e que, quer se faça consistir a felicidade no prazer ou na virtude, ou em ambos os que
têm inteligência e costumes excelentes a alcançam mais facilmente com uma fortuna medíocre
do que os que têm mais do que o necessário e carecem dos outros bens.

Os bens exteriores não passam de instrumentos úteis que podem ser estorvo para quem os
usufruir (quando em excesso).

Os bens da alma são sempre úteis e quando mais excessivos forem maior será a sua utilidade.

A felicidade de cada um é proporcional à virtude e à prudência que tiver, pois age em


conformidade com elas.

A virtude e a vida feliz

Na sua obra intitulada “A Política”, Aristóteles afirma que a vida feliz consiste no livre exercício
da virtude, e a virtude na mediania; e que a melhor vida deve ser a vida média, encarada nos
limites de uma abastança que todos possam conseguir. Não se confunda o justo meio com
mediocridade. E este princípio é válido tanto para as pessoas como para o
Estado. Um Estado é tanto mais feliz quanto mais justo, prudente e bom for. Daí que o melhor
Governo seja aquele no qual cada um encontra a melhor maneira de ser feliz. Um Governo justo
é o que procura o justo meio e o que chama a sí as virtudes da moderação e da prudência,
evitando a desigualdade extrema e a desproporção que são causas da discórdia e da inveja entre
os Homens.

Um Governo justo é o que se esforça por respeitar o equilíbrio entre as classes e o que procura o
interesse comum.

Quando a realiza se preocupa consigo própria conduz à tirania, a aristocracia tende a corromper-
se no Governo dos riscos e a República quando mais incorpora a regra do justo meio tende a
caminhar para a anarquia. Um Governo justo é Governo equitativo para o qual é sempre
desejável a existência de uma classe média susceptível de encarnar o ideal do justo meio.

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Para Aristóteles assim como para Platão o Bem não é um meio mas sim um fim. Pois o Bem tem
a ver com a perfeição com que se exerce a função.

Para o Homem, o Bem consiste na procura de perfeição no exercício da actividade humana. Ao


contrário dos outros seres vivos, o Homem possui uma alma racional e inteligível, sendo dotado
de razão. Portanto, fazer o Bem é agir de acordo com a razão. O Homem feliz é aquele que age
de acordo com a razão.

Papel da Educação na Identificação dos Dons

Aristóteles afirma que apenas os mal formados estão impedidos de atingir a felicidade.

O papel da educação vai permitir que os dons se desenvolvam e se tornem realidade. Embora a
educação não seja determinante é condição necessária.

Sem educação é difícil despertar os dons. Sócrates acreditava que, o Homem, basta conhecer
para fazer o Bem.

Aristóteles argumenta que a Educação permite a aquisição de bons hábitos e o contacto com
pessoas virtuosas. Na sua obra, Ética Nicômaco, afirma que as virtudes morais podem ser
ensinadas, mas mais do que isso elas são o produto do hábito. E na obra , A Política, afirma que a
natureza, o hábito e a razão contribuem para a formação de virtudes morais. Segundo, ele, da
mesma forma que a alma e o corpo são duas substâncias distintas, assim a alma tem duas
faculdades que são os hábitos, uns apaixonados outros vindos da sensibilidade outros
intelectuais. O corpo é gerado antes da alma, a parte carente de razão o é igualmente antes da
razoável. Parte, o raciocínio e a inteligência só lhes vêm com a idade.

Distinção das virtudes morais das virtudes intelectuais

As virtudes morais e virtudes intelectuais têm em comum a razão. Mas as virtudes morais têm
a ver com o hábito e as intelectuais com a sabedoria e o conhecimento. O hábito de praticar
acções rectas torna as pessoas virtuosas. Para a procurar a virtude é preciso ser-se já virtuoso.

Para Aristóteles a virtude é uma disposição, embora nem todas as disposições são virtudes, por
exemplo, a disposição para a cólera, o medo ou a cobardia, não são virtudes, mas sim vícios.
A virtude é uma disposição voluntária, isto é, não ditada pelas paixões.

A pessoa virtuosa é aquela que sabe o que faz, que é conhecedora dos seus deveres, que escolhe
deliberadamente seguir a conduta recta e é capaz de repetidamente executar a rectidão com
espírito e vontade inabalável.

O virtuoso é aquele que é recto porque quer ser recto e porque gosta de ser recto.

O hábito da rectidão impede o virtuoso a uma disposição natural para ser recto.

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E o que é uma acção boa? A acção é boa quando é tal modo que não seja necessário acrescentar-
lhe ou retira-lhe nada, quando não peca por defeito nem por excesso, quando se enquadra nos
limites do justo equilíbrio e é ditado pela prudência.

Aristóteles defendia que as pessoas têm o poder de escolher uma vida virtuosa ou viciosa e é
graças a essa liberdade de escolha que o vício pode ser censurado e as más acções devem ser
objecto de sanções.

Aristóteles acredita que qualquer Homem possui naturalmente os traços característicos de cada
uma das virtudes morais, sendo por isso naturalmente inclinado para a temperança, a coragem e
a bondade. As virtudes naturais só se transformam em verdadeiras virtudes morais quando a
educação as penetrar de razão.

Idade Média (XVI – XVII) Cerca de 3200 A.C.

 Foi a mais longa


 Aparecimento de Jesus Cristo marca uma nova era no ensino da Moral e da Ética nas
Sociedades
 A Educação Moral e Ética Fundamental Religiosa constituem a essência da vida dos
povos
 Aparecimento das formas ou aperfeiçoamento da Técnica e o avanço da Ciência contribui
bastante para uma nova maneira de olhar e pensar sobre a moral do Homem como um ser
pensante e consciente
 No último quartel da Idade Média iniciam-se as cruzadas e conquistas de territórios além-
mar pelas Potências Ocidentais, é o desabrochar de novas Ética e Moral Ocidentais

Idade Moderna (XVIII-XIX)

 Formas da civilização moderna


 Surgimento da Época das luzes (Iluminismo Europeu) implica nova forma de encarar a
Moral e a Ética
 Aparecimento da máquina a vapor é o limiar da Revolução Industrial, transformação da
indústria manufactureira em mecanizada
 Revolução Francesa, derrube dos regimes feudais e formação da burguesia alicerce do
modo de produção capitalista

Ética Segundo Immanuel Kant

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Immanuel Kant (1724 _ 1804)

 Nasceu em 1724, em Königsberg, cidade da Prússia Oriental (Hoje Kaliningrado na


território da Federação Russa);
 Filho de uma modesta família, de seu pai Johannes Jurgen e de sua mãe Regina Reuter
(doméstica);
 Tinha amor profundo pela beleza da natureza e pela conhecimento científico;
 Tinha uma forte educação religiosa;
 Frequentou collegium Friedericianum em 1738;
 Matriculou-se na Universidade de Königsberg, cidade Natal em 1740 nos cursos de
ciência e filosofia tendo terminado os estudos em 1747;
 Conseguiu o doutoramento em 1755 tendo no mesmo ano sido admitido como docente na
Universidade de Königsberg;
 A kant interessava apenas o saber e a pesquisa cientifica e não a fama ou as riquezas
como muitos proeminentes estudiosos da sua época;
 Ele nunca saíra da sua terra natal para outro sítio;
 Entre 1770 a 1781, Kant inicia sua carreira de filósofo e a formação do sistema kantiano,
tendo publicado a sua primeira obra crítica de razão Pura (1781);
 Em 1788 lança a sua segunda obra mais importante a crítica da razão prática;
 Era um homem extremamente metódico e regrado;
 Aos 77anos de idade Kant perdeu a vista, seguindo a perda da memória e da ludez
intelectual aos 79 anos;
 Faleceu em 1804 aos 80 anos.

Início do seu percurso cientifico

Em 1770 ensinou a lógica e metafísica na universidade de Köigsberg e publica uma obra


intitulada a “grande luz”, que constitui um balanço intermédio dos seus estúdios, onde confronta
as suas ideias entre o velho e o novo.

Crítica da razão prática e a ética de Kant

A razão humana não é somente a “razão teórica” ou seja capaz de conhecer, mas também é
“razão prática” ou seja, razão capaz de determinar também a vontade e a acção moral. Esta tem
como objectivo determinar a vontade ou seja mover a vontade. Possui uma realidade objectiva
que a permite mover a vontade.

Kant chamou de razão prática pura à razão considerada como não misturada a nada de empírico
e, portanto, capaz de operar sozinha e por conseguinte, a priori.

Na razão prática, as pretensões de ir além dos próprios limites legítimos são as da razão prática
empírica (ligada a experiência ), que gostaria por sí só de determinar a vontade. Ao passo que na
razão teórica as pretensões da razão, ao contrário eram prescindir da experiência e alcançar por sí
só o objecto (sem a experiência).

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Não crítica da razão teórica (pura) Kant critica as pretensões da razão teórica que representam
um excesso; enquanto na crítica da razão prática critica as pretensões opostas da razão prática
que representam um defeito (permanecem sempre e só ligada a experiência.

A crítica da razão prática tem a obrigação de afastar a razão empiricamente condicionada da


pretensão de fornecer, por sí só, o fundamento exclusivo de determinação da vontade.

Consequentemente, aquela esfera “numênica” que era teoricamente inacessível torna-se agora
“praticamente “ acessível.

O ser humano, sendo dotado de vontade pura se revelara ser causa “numênica”.

A Lei moral como imperativo categórico

Trata-se de mostrar que existe uma razão suficiente por sí só (como razão pura prática, isto é,
sem auxílio de impulsos sensíveis) para mover a vontade.

Kant argumenta que somente nesse caso podem existir princípios morais válidos sem excepção
para todos os homens ou seja, Leis morais que tenham valor universal.

Ele chama de “princípios práticos “ as regras gerais, ou seja as determinações gerais da


vontade, sob as quais encontram-se numerosas regras práticas particulares.

Por exemplo, a expressão: ”cuida da tua vida”. – é um princípio prático. Sob esse princípio
encontram-se algumas regras específicas mais particulares como por exemplo: ” faz desporto”,
“alimenta-te adequadamente”, “evita o cansaço excessivo”, etc.

Os “princípios práticos” se dividem em dois grandes grupos a saber:


a. Máximas;
b. Imperativas

a) Máximas são princípios práticos que valem somente para os sujeitos que as propõem,
mas não para todos os homens, sendo portanto subjectivos, por exemplo: “vinga-te de
toda a ofensa que receberes”, porque só vale para aquele que a propõe e não se impõe
de modo algum a outro ser racional.
b) Os imperativos, são princípios práticos objectivos, isto é, válidos para todos, os
imperativos são “mandamentos” ou “deveres” ou seja regras que expressam a
necessidade objectiva da acção, o que significa que se a razão determinasse
completamente a vontade, a acção ocorreria inevitavelmente segundo tal regra.
E os imperativos, por sua vez, podem se subdividir em:

 Imperativos hipotéticos, quando determinam a vontade só sob a condição de que


ela queira alcançar determinados objectivos. Por exemplo: “se quiseres passar o

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ano, deves estudar”, “se quiseres ser campeão, deves treinar”, “ se quiseres ter
velhice segura, deves economizar”.

Esses imperativos só valem na condição de que se queira o objectivo para o qual


estão voltados, por isso são hipotéticos (valem na hipotese de queira tal fim) mas
valem objectivamente para todos aqueles que se propõem aquele fim. O ter ou não
ter o desejo de alcançar aquele fim é uma questão remetida ao agente, portanto sua
necessidade é condicionada.

Os imperativos hipotéticos se configuram como: - regras de habilidade, quando


estão voltadas para objectivos precisos;

- Conselhos de prudência quando estão voltados para objectivos mais gerais como a
busca da felicidade; por exemplo: “sê cortês com os outros”; “procura tornar-te
querido”,etc.
 Imperativo categórico são “Leis práticas” que valem incondicionalmente para o
ser racional. Os imperativos categóricos obrigam ao cumprimento e dizem: ” deves
fazer isto porque deves” ou “deves e pronto”.

Estes determinam a vontade não tendo em vista obter determinados efeito desejado
mas simplesmente como vontade, prescindindo dos efeitos que possa obter. Quer
dizer na legislação da razão se requerer que ela não deva pressupor mais nada além
de sí mesma. Porque a regra só é objectiva e universamente válida quando vale
independentemente de todas as condições subjectivas acidentais, que podem se
encontrar em um ser racional e não em outro.

É o mero querer que é determinado por aquela regra inteiramente a priori, se tal
regra praticamente justa estão ela é Lei, porque é imperativo categórico.

Os imperativos categóricos são leis morais. Eles são universais e necessárias, mas
não como são as leis naturais.

As leis naturais não podem deixar de se concretizar, porque a vontade humana está
sujeita não só a razão, mas também inclinações sensíveis, podendo por isso se
desviar. Por causa disso que as leis morais são determinadas “imperativas”ou
“deveres”.

A Lei moral (imperativo categórico) não depende do conteúdo e não pode consistir
em ordenar certas coisas por mais nobres e elevadas sejam.

A lei moral é tal porque me ordena a respeitá-la enquanto lei (“deves porque
deves”).

A lei material é aquela que depende do conteúdo. Não moral aquilo que se faz,
mas sim a intenção com que se faz.

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As fórmulas do imoperativo categórico

A fórmula apropriada do imperativvo categórico é a seguinte:

“Age de modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre, ao mesmo tempo,
como princípio de legislação universal ou seja, que a tua máxima (subjectiva) se
torne lei universal (objectiva).

Na sua fundamentação podem-se ler outras fórmulas.

“ age de modo a considerar a humanidade seja na tua pessoa, seja na pessoa de


qualquer outro, sempre também como objectivo e nunca como simples meio”.

A tereira formulação da fundamentação diz “age do modo que a vontade, com a sua
máxima possa ser considerada como universalmente legisladora em relação a sí
mesmo.

Nesta formulação há muita semelhança com a primeira. Porém, a diferença está no


facto de que, enquanto a primeira destaca a lei, a terceia destaca mais a vontade,
como que dizendo nós não estamos submetidos a uma lei, mas que essa lei também
é fruto de nossa própria racionalidade e portanto depende de nós.somos nós, com a
nossa vontade e racionalidade que damos as leis a nós mesmos. Esta formulação
supõe já a “autonomia” da lei moral.

A Liberdade como Condição e Fundamento da Lei Moral

O imperativo categórico é uma proposição pela qual a vontade é determinada (movida) a priori
objectivamente.

A existência da lei moral ou seja do imperativo categórico não tem necessidade de ser justificada
ou provada. Ela se impõe á consciência do facto (Lei moral) não deriva de nada anterior como
por exemplo da consciência da liberdade.

Nós adquirimos consciência da liberdade exactamente porque antes de tudo temos consciência
do dever.

Kant diz que nós nos encontramos diante de facto absolutamente único. Imperativo (a
consciência do imperativo), que me ordena querer segundo a pura forma da lei, ordena-me
substancialmente à liberdade. Portanto, não se trata de um juízo analítico, mas sintético a priori,
porque me diz algo de novo,( não em dimensão fenoménica mas metafenomênica).

A consciência dessa lei fundamental pode ser chamada fato da razão, não porque possa ser
deduzida aos dados racionais anteriores, como da Consciência da Liberdade (porque tal
consciência não nos é dada antes de mais nada), mas porque se nos impõe por sí mesma como

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uma proposição sintética a priori (expressão de facto de razão), não fundamentada em nenhuma
intuição, nem pura (sensível puro) nem empírica (em alusão a espaço e tempo).

A liberdade é independência da vontade em relação à lei natural dos fenômenos, ou seja, do


mecanismo casual.

A liberdade é a caracteristica própria daquela vontade que pode ser determinada pela pura forma
da lei, sem necessidade do conteúdo (que é ligado à lei natural do fenómeno).

Kant concluiu que nós conhecemos primeiro a lei moral (o dever) como “fato da razão “ e
depois, dela inferimos a liberdade como seu fundamento e como sua condição.

Se por exemplo: se um magistrado criminal, ameaçando alguém lhe impusesse testemunhar em


falso contra um inocente, pode ocorrer que, por medo, ele ceda e jure em falso; mas, depois, teria
remorso. Isto significa que ele compreende que devia dizer a verdade.

O Princípio da “autonomia moral”

Definiu-se a liberdade como independência da vontade em relação à lei natural dos fenómenos e
como independência em relação aos conteúdos da lei moral.

Então Kant, chama Autonomia um aspecto positivo da liberdade (condição de determinar-se por
sí própria ou determinar-se a sí mesmo a sua própria lei). Portanto é uma conotação de que a
vontade também está em condição de determinar-se por sí própria e de se autodeterminar (no
sentido positivo e específico).

A Autonomia da vontade é único princípio de toda a lei moral e dos deveres conforme a essa
lei;

O seu contrário é a Heteronomia ou seja fazer que a vontade dependa e seja determinada por algo
diferente.

Toda a Heteronomia do arbítrio não determina qualquer obrigatoriedade mas também é contrário
ao seu princípio e à moralidade do querer.

O único princípio da moralidade consiste na independência de toda a matéria em relação à lei (de
um objectivo desejado) e na determinação do arbítrio por meio da pura forma legislativa
universal, da qual deve ser capaz de uma máxima. Essa independência é a liberdade autónoma da
razão pura e, como tal, prática, é liberdade em sentido positivo.

A lei moral nada mais expressa do que a Autonomia da razão pura prática, que é a liberdade,
condição formal de todas as máximas, pois somente obedecendo a ela é que ela é que elas podem
se harmonizar com a suprema lei prática.

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Portanto, a Liberdade e Autonomia e Formalismo estão indissoluvelmente ligados.

Todas as morais que se baseiam nos conteúdos comprometem tem a autonomia de vontade,
implicam uma dependência dela em relação às coisas e à lei da natureza e por conseguinte
comportam a heteronomia, da vontade.

Segundo Kant, a matéria da máxima, portanto, pode permanecer, mas essa não deve ser a sua
condição, caso contrário a máxima não seria capaz de construir uma lei.

Nós não devemos agir para alcançar a felicidade, mas agir unicamente pelo puro dever, só desta
maneira que o Homem torna-se digno de felicidade.

Ética Moral de Kant “o bem moral”

O bem moral constitui o ponto de partida da ética Kantiana deduzido em consequência a lei
moral que prescreve a prática do Bem e a evitação do mal.

Kant argumenta que o conceito de Bom e de Mal não deve ser determinado antes da lei moral,
mas somente depois dela. Portanto, não é o conceito de Bem como objecto que torna possível e
determina a lei moral mas a lei moral que antes determina o conceito de Bem.

È a lei moral que determina e faz ser o bem moral e não o contrário.

Exemplo:
Se alguém diz ou recorre a mentira para se safar de um perigo, percebe-se logo se o seu
comportamento é ou não moral transformando a sua máxima (me é licito dizer falsidade para
evitar dificuldades) em lei de uma natureza da qual ele próprio devesse ser necessariamente. Na
verdade não seria possível viver em um mundo em que todos dissessem necessariamente
falsidades (e exactamente aquele que mente seria o primeiro a não querer viver nesse mundo).
Ou se seria possível viver em um mundo em que todos matassem e roubassem necessariamente?

Elevando a máxima (subjectiva) ao nível da universalidade fica-se em condições de reconhecer


se ela é moral ou não.

Olha as tuas acções pela óptica do universal, e compreenderá se são acções moralmente boas ou
não. Para isto, valha um velho ditado: “não faça aos outros aquilo que não queres que seja
feito a ti”.

O rigorismo ao dever Kantiano

Kant afirma que não basta que uma acção seja feita segundo a lei, ou seja, em conformidade com
a lei. A acção poderia ser simplesmente “legal” (feita em conformidade com a lei) mas não

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“moral”. Ser moral a vontade que está na base da acção deve ser determinada “imediatamente”
só pela lei, isto é, não “através da mediação do sentimento, qualquer que seja a sua espécie”.

Qualquer intervenção sobre a vontade por parte de moventes que sejam estranhos à lei moral
provoca “hipocrisia”.

Se faço caridade aos pobres por puro dever, faço uma acção moral; se faço por compaixão (que é
sentimento estranho ao dever) ou para me mostrar generoso (o que é mera vaidade) faço uma
acção simplesmente legal ou até hipocrisia.

Porque, como ser sensível, o homem não pode prescindir dos sentimentos e das emoções. Mas.,
quando eles irrompem na acção moral, só podem manchá-la e são perigosos até quando impelem
no sentido indicado pelo “dever”, precisamente porque há o risco de fazerem a acção cair do
plano moral para o plano puramente legal. Kant, na sua ética, reconhece unicamente o
sentimento do “respeito”.

Trata-se porém, de um sentimento suscitado pela própria lei moral e portanto de um sentimento
diferente dos outros.

Contrastando as inclinações (simpatia ou antipatia) e as paixões, a lei moral impõe-se sobre elas,
abate a sua soberba e as humilha: e isso, precisamente, suscita na sensibilidade humana o
“respeito” diante de tal “potência” da lei moral. Trata-se de um sentimento que nasce com base
em um fundamento intelectual e racional enquanto é suscitado pela própria razão.

Este é o único sentimento que se pode conhecer inteiramente a priori e do qual se pode conhecer
a necessidade.

O respeito se refere sempre e só a pessoas, coisas. As coisas inanimadas e os animais podem


suscitar amor, medo, terror, etc., mas nunca respeito.

Pode-se sim, amar, odiar e até mesmo admirar um grande génio ou um poderoso mas o respeito é
outra coisa, nascendo somente diante do Homem que encarna a lei moral.

O respeito é um tributo que não podemos recusar ao mérito (moral), queiramos nós ou não. Por
mais que possamos reprimir as suas manifestações exteriores, não podemos deixar de senti-lo
inteiramente.

Como “movente” o respeito pode colaborar para que haja obediência à lei moral. Tudo isso
explica as características da lei moral como dever.

A medida que exclui a influência de todas as inclinações sobre a vontade, a lei moral expressa
uma coerção prática das inclinações, a sua submissão (e portanto, respeito) e, por conseguinte, se
manifesta como “obrigatoriedade.

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Em um ser perfeito, a lei moral é lei de “santidade”. Em um ser finito é “dever”.

Idade Contemporânea (Sèc XIX – XX)

 Era atómica;
 Especialização dos serviços;
 Diversificação dos ramos de ciência e produção industrial;
 Ciência aplicada;
 A Moral e Ética são estudadas não só no domínio da Teologia mas também da Filosofia,
Sociologia, Direito, etc.

Século XVIII Idade contemporânea

Século XV Idade Moderna

Século V Idade Média

Aparecimento de Jesus Cristo

3200 A.C

Antiguidade

Cerca de 3200 A.C.

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RELAÇÃO DA ÉTICA COM OUTRAS CIÊNCIAS
 Sociologia

 Analisa manifestação aparente de usos e costumes aceites pelos membros


da sociedade;
 Situar esquemas de valores que justifiquem a vida humana;
 Moderara as pautas de comportamento que estruturem as manifestações
sociais;
 Agregar aspirações que orientem as mudanças sócio-históricas.

 Antropologia
 Ajuda o Homem na busca da sua Identidade cultural
 Ajuda na formação de atitudes que conduzam a moralidade pública não
redutível a aspectos de desregramento sexual, drogas e roubos entre
outras formas de desvios comportamentais culturalmente não aceites
pela sociedade.

 Psicologia
 Analisa a conduta do Homem sob ponto de vista do comportamento e da
disposição deste para cumprimento das normas estabelecidas numa
sociedade.

 Filosofia
 Busca de ideias e conhecimentos universalmente válidos para a
formação de normas de conduta para os membros dos grupos sociais.

 Pedagogia
 Busca formas e métodos para a educação do carácter do Homem.

Ética Com Outras Áreas da vida prática

a. Política
 Busca implantar/estabelecer as bases para o bem-estar material do Homem bem como
estabelecer as relações do poder e obediência entre o Estado e as comunidades
humanas.
b. Direito

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 Analisa a ordem jurídica como um factor importante na configuração das sociedades
modernas; onde a vida social sente sobre si a força da Lei: como protecção, como
regulação, como freio, como ameaça penal.
Da ordem jurídica brota a consciência e a relação ético-moral ao nível do “lícito-
ilícito”.

c. Economia
 Examina a posição do Homem no Trabalho, analisa aplicação da justiça e as formas
de recompensa pelo esforço empreendido no processo laboral.

d. Comunicação Social
 A ética impõe regras de conduta a serem rigorosamente observadas pelos jornalistas
da comunicação social, entanto que principais vectores de difusão da informação no
exercício da sua profissão: por exemplo, que informações devem ser do domínio e
consumo público.

e. Religião
 Interessa-se pela moralização do Homem ao nível axiológico e ontológico,
manutenção da união dos fiéis pelo vinculo do Amor.

f. Administração pública
 Instituições que se colocam ao serviço de interesse público e a satisfação de
necessidades colectivas com vista a garantir que os comportamentos administrativos
ocorram num contexto ético com referência a valores, a deveres normativos, com
observação estrita de princípios tais como: Neutralidade, Imparcialidade e
Responsabilidade;

g. Ètica com a Medicina (Biomédica)


 O dever deontológico do médico consiste em ensinar ao Homem como governar suas
emoções, para que elas se subordinam na medida do possível ao seu bem. Estabelece
códigos de conduta para os profissionais de medicina onde seus deveres para com os
pacientes e obrigação dos pacientes para com eles ou dos médicos para com a
profissão e para com o público, no que concerne a sigilo, segredos profissionais,
prescrição de tratamento terapéuticos, devem ser observados com todo o rigor
profissional.

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