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Psicologias – Uma introdução ao estudo de psicologia

Capítulo 2 – A evolução da ciência psicologia

Rafael Felipe Sousa Antunes

A produção humana contou com a contribuição de muitos homens. Foi através de indagações,
descobertas, invenções e ideias que a história foi composta. Compreender a fundo alguma coisa
ou alguém significa recuperar a história – Passado e Futuro. O Presente está inserido no Passado
e no Futuro – o primeiro a base constitutiva e o último o projeto. O que somos hoje mostra o
que fomos antes (o passado – a base constitutiva) e o que poderemos ser (o futuro – o projeto).
Essas duas características têm como intuito entender “o que somos e o que queremos” e “o
porquê somos como somos”, constituindo duas das bases da subjetividade – que tem como
“matéria-prima” e cerne a compreensão das expressões visíveis (comportamento – homem-
corpo), as expressões invisíveis (sentimentos – homem-pensamento), as expressões singulares
(porque somos o que somos – homem-afeto) e as expressões genéricas (porque somos todos
assim – homem-ação).

A história da psicologia em sendo estudada há aproximadamente 2 milênios, não da forma como


conhecemos hoje, mas o seu esboço para chegar no que é hoje. Teve o seu início na Grécia,
anteriormente à era cristã. Além disso a história da psicologia está ligada em cada momento
histórico, levando em consideração – as exigências de conhecimento da humanidade, os
desafios de cada época pela realidade econômica e social, e pela necessidade do homem de
conhecer a si mesmo em cada momento da história.

A psicologia como dito anteriormente teve início com os gregos (considerado primórdios da
psicologia). Seu momento áureo datou de 700 a.C. até a dominação romana por volta de 63 a.C.
Como dito no parágrafo anterior é importante se conhecer o contexto histórico do qual estamos
falando, dessa forma, é conveniente que entenda-se o contexto da Grécia naquela época.

A Grécia da qual estamos falando é a Grécia na qual a produção era minimamente planejada
(economia) e surgiam, também, as primeiras cidades-estados denominadas polis (sócio-
político). Para manter essa estrutura minimamente planejada era necessário que se fizesse a
manutenção do mesmo. Essa manutenção consistia no acumulo de riquezas que alimentasse o
poderio dos cidadãos (classe dominante). Dessa forma, iniciou-se a procura por novos territórios
(Mediterrâneo, Ásia Menor até quase a China). Com a conquista de novos territórios a economia
sofreu uma modificação. Com a entrada de escravos e o pagamento de tributos pagos pelos
territórios conquistados a economia foi se fortalecendo – mais riquezas. Com mais riquezas,
territórios e com a classe dominante estável houve um crescimento (econômico, político e
social). Nesse novo contexto de crescimento a demanda por soluções práticas que atendessem
a Arquitetura, Agricultura e a Organização Social apareceu. Da necessidade de soluções
ocorreram avanços em Física, Geometria e Teoria Política (criação do conceito de democracia).
Com suas bases bem estabelecidas foi possível empregar tempo em coisas do espírito – Filosofia
e Arte. Três são os filósofos de grande contraste nessa época – Sócrates, Platão e Aristóteles.
Com isso surgiram a primeira tentativa de sistematizar uma psicologia.

É na Grécia também que encontra-se a etimologia da palavra psicologia, sendo psyché como
alma e logos a razão o que nos leva assim a – psicologia: estudo da alma. Psyché, alma ou espírito
é a parte imaterial do estudo da psicologia, sendo responsável pelo pensamento, sentimento
(amor ou ódio), irracionalidade, desejo, sensação, percepção.

Os filósofos pré-socráticos acreditavam numa visão de homem e mundo regidos pela percepção,
levantando a seguinte questão – “...o mundo existe porque o homem o vê ou se homem vê um
mundo que já existe...”. Esse pensamento gerou um conflito, e das foram as ramificações – Os
Idealistas: a ideia forma o mundo; e Os Materialistas: a matéria que forma o mundo já é dada
pela percepção.

Para que a psicologia se tornasse a psicologia que conhecemos hoje foi necessário que vários
pensamentos fossem criados, adaptados, transformados, desconstruídos, reconstruídos e
criados. Assim sendo, comecemos com Sócrates. A psicologia ganha consistência com Sócrates
(469-399 a.C.), que dizia que o limite separa o homem do animal. O homem sendo tangido pela
razão – esta seria a essência do mesmo – e o animal sendo tangido pelo instinto – base da
irracionalidade.

Após Sócrates, veio Platão (427-347 a.C.) com a ideia de definir um lugar para a razão nosso
corpo. Platão por sua vez definiu que a razão encontrava-se na cabeça – no cérebro – e era nela
que estava também a alma do homem. Para ser mais direto Platão dizia que a medula seria o
ponto de ligação entre Alma e Corpo, surgindo assim a ideia de Homem Duo, acreditava ainda
que – “...quando alguém morria o corpo desaparecia mas a alma ficava livre para ocupar outro
corpo...”, em outras palavras Platão acreditava na imortalidade da alma.

Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, é considerado um pensador importante para a


história da filosofia. Assim como Platão acreditava em alma e corpo, no entanto, estes não
poderiam ser dissociados. Acreditava na psyché como princípio ativo da vida, ou seja, tudo que
nasce, cresce, se alimenta e se reproduz possui psyché, tal como os animais, os vegetais e o
homem. Os animais possuíam uma alma sensitiva responsável pela percepção e o movimento;
os vegetais possuíam uma alma vegetativa e o homem por sua vez possuía as duas tornando-se
assim um ser pensante.

Com a dominação romana e a idade média, alguns pensamentos foram descontruídos e


reconstruídos. O contexto da época era carregado de cristianismo, invasões barbaras o que
gerou uma desorganização econômica. No que tange a psicologia tem-se o crescimento
religioso, o poder econômico e político todo na mão da igreja. Esta possuindo assim o monopólio
do saber e do psiquismo.

Os filósofos dessa época foram – Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Santo Agostinho,
compartilhava das ideias de Platão, mas diferenciou a alma do corpo. Dizia que a alma não era
só sede da razão mas era, também, manifestação divina do homem, sede do pensamento e que
era através dela que ocorria a ligação do homem à Deus (tornando-se, assim, interesse da
igreja).

São Tomás de Aquino, viveu num período em que a igreja católica começou a ruir devido ao
surgimento do protestantismo. Essa época foi marcada pela Revolução Francesa, Revolução
Industrial e o surgimento do Capitalismo. Foi Tomás de Aquino também, que questionou o
conhecimento produzido pela igreja, procurando, dessa forma, novas justificativas para explicar
a relação existente entre o homem e Deus. Compartilhava das ideias de Aristóteles, diferenciou
a essência da existência.
Tomás de Aquino considera que o homem, na sua essência, busca a perfeição através de sua
existência. Afirma que somente Deus seria capaz de resumir a essência e a existência de maneira
balanceada, portanto o homem é ser imperfeito e a sua busca pela perfeição passa a ser sua
busca por Deus. Com essas ideias o cristianismo prevaleceu sobre o protestantismo.

Antes de Tomás de Aquino, aproximadamente 200 anos antes por volta de 1025, surgia o
mercantilismo com a necessidade de descobrir novas terras (América e Índia). Nessa época a
riqueza do mundo encontrava-se na mão de países como a França, Espanha, Inglaterra e Itália.
Foi nesse mesmo momento histórico em que ocorria a transição do mercantilismo para o
capitalismo – nova forma de organização social econômica e social que acreditava na valorização
do homem. Com as novas necessidades e contextos históricos do capitalismo surgiram alguns
pensadores tais como – Leonardo Da Vinci, Dante, Michelangelo, Maquiavel, Copérnico e
Galileu. Foi através desses pesquisadores que começou a sistematização do conhecimento
cientifico – que prezava métodos e regras básicas para a construção do conhecimento cientifico.

René Descartes foi o filósofo que mais contribuiu para o avanço da ciência. Acreditava na
separação do corpo e da alma – assim como Aristóteles e São Tomás de Aquino – dizia que “o
corpo sem alma é só uma máquina”. Foi devido a essa proposição que foi possível o estudo dos
corpos mortos, anteriormente proibido por ser considerado sagrada pela igreja. Com essa nova
possibilidade houve um avanço no estudo da anatomia e da fisiologia inferindo assim num
progresso da psicologia.

A psicologia cientifica teve início no séc XIX, já na presença e uma nova ordem econômica – O
Capitalismo – que tem a necessidade de respostas para tudo com soluções práticas e rápidas,
estimulando assim a consolidação da ciência. Surgem nessa época dois pensadores Hegel –
acredita na história para a compreensão do homem; e Darwin – com a teoria do evolucionismo,
implicando assim no avanço da ciência no que diz respeito à visão de mundo.

A partir desse momento surge o Positivismo de Augusto Comte – defende que o conhecimento
cientifico é a única forma se obter um conhecimento verdadeiro, os estudos em Fisiologia e
Neurofisiologia começam a ser realizados com ideias de que os pensamentos, a percepção e os
sentimentos são produtos do sistema nervoso central. Surge ainda a necessidade de se
compreender o cérebro humano. Dessa forma os estudos em Neuroanatomia, Fisiologia e
Neurofisiologia evoluíram. No que diz respeito à Fisiologia surge a Psicofísica com a Lei de
Fechner-Weber – relação estimulo-sensação existente na percepção, embassando
cientificamente a psicologia.

A psicologia só se firmou como a conhecemos hoje, graças as contribuições de Wilherm Wundt,


com a criação de uma universidade e dos estudos realizados por ele por seus interlocutores. A
criação do paralelismo psicofísico e o do método introspeccionista.

Embora criada na Alemanha, o desenvolvimento da psicologia científica teve origem nos EUA
com William James (Funcionalismo), Edward Titcher (Estruturalismo) e Edward L. Thorndike
(Associacionismo – Lei do Efeito).

Após esse período novas teorias da psicologia surgiram no século XX tal como – Behaviorismo,
Gestalt (compreensão do homem como totalidade) e a Psicanálise de Freud.

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