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Resumo Livro Psicologias – Bock, Teixeira e Furtado

Capítulo 2 – A evolução da ciência psicológica

 Psicologia e História

Por trás de toda e qualquer produção humana existe história, compreender em profundida
algo que compõe nosso mundo significa recuperar sua história. O PASSADO E O FUTURO
ESTÃO SEMPRE NO PRESENTE, ENQUANTO BASE CONSTITUTIVA E ENQUANTO PROJETO.

No caso da Psicologia, essa história tem cerca de dois milênios, começa entre os gregos e é
fruto da insaciável necessidade do homem de compreender a si mesmo.

 Psicologia entre os gregos: os primórdios

O início da história da Psicologia tem início entre os gregos por volta de 700 a.C até a
dominação romana. Os gregos foram o povo mais evoluído dessa época, pela construção da
polis, o que acarretou na necessidade de mais riqueza – que alimentava o poderio dos
cidadãos -, a conquista de novos territórios – que trouxeram escravos para trabalhar em forma
de tributos.

Tais riquezas geraram crescimento e permitiram que o cidadão se ocupasse das coisas do
espírito, e então, entre os filósofos gregos surge a primeira tentativa de sistematizar uma
Psicologia. O termo vem do grego psyché- alma e de logos – razão, portanto,
etimologicamente a Psicologia se traduz no estudo da alma, que até então era concebida como
parte imaterial do ser humano que abarcaria os pensamentos, sentimentos, a irracionalidade,
o desejo, a sensação e a percepção.

Os filósofos pré-socráticos preocupavam em definir a relação do homem com o mundo através


da percepção, se o mundo já existe e o vemos ou se só existe porque o homem o vê.

Havia uma oposição entre os idealistas – a idéia forma o mundo – e os materialistas – a


matéria que forma o mundo já e dada para a percepção.

Mas é com Sócrates que a Psicologia toma consistência, sua principal preocupação era com o
limite que separa os homens dos animais, postulava que a principal característica humana era
a RAZÃO, que permitia o homem se sobrepor aos instintos e a irracionalidade.

O passo seguinte é dado por Platão, discípulo do supracitado, que procurou definir um lugar
para a razão no nosso corpo. Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a alma
do homem. Concebia a alma separada do corpo e, logo, quando alguém morria a matéria
(corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo.

Aristóteles, discípulo do supracitado, postulou que a alma e o corpo não podem ser
dissociados, uma vez que a psyché era o princípio ativo da vida e tudo aquilo que se alimenta,
cresce e reproduz só o faz porque possui uma alma. Os vegetais teriam uma alma vegetativa,
que se define pela alimentação e reprodução, já os animais teriam essa alma e além dela uma
alma sensitiva, que tem a função de percepção e movimento. E o homem teria os dois níveis
anteriores e a alma racional, que tem a função pensante. (e elas são dependentes entre si)
Portanto, 2.300 anos do advento da Psicologia Científica os gregos já haviam formulado duas
teorias, a platônica que postulava a imortalidade da alma e sua independência do corpo, e a
aristotélica que afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de pertencimento ao corpo.

 A Psicologia no Império Romano e na Idade Média

Uma das principais características do surgimento desse novo império e o desenvolvimento do


cristianismo, que se tornou a principal religião no período, e falar de Psicologia nesse
momento era relacioná-la ao conhecimento religioso. Nesse sentido dois grandes filósofos
representam esse período, são eles:

1) Santo Agostinho (354-430): inspirado em Platão, fazia uma cisão entre alma e corpo,
entretanto, para ele a alma não era somente a sede da razão, mas a prova da
manifestação divina do homem. A alma era imortal pois era o elemento que ligava o
homem a Deus.
2) São Tomás de Aquino(1225-1274): viveu num período de protestantismo, reforma e
ruptura da igreja, essa crise leva ao questionamento dos conhecimentos produzidos
pelo cristianismo e assim, São Tomás foi buscar em Aristóteles a distinção entre
essência e existência. Considera que o homem na sua essência busca e perfeição
através de sua existência, e o homem só seria capaz de reunir as duas pois a busca de
perfeição pelo homem seria a busca de Deus. São Tomás encontra argumento
racionais para justificar os dogmas da Igreja, faz o “sanduíche” da razão e da fé.

 A Psicologia no Renascimento

Época de radicais transformações no mundo europeu o renascimento ou renascença foi


provocado pelo mercantilismo, a descoberta de novas terras, a acumulação de riquezas e o
surgimento de uma nova forma de organização econômica e social, o capitalismo.

Todo esse processo leva a valorização do homem – o antropocentrismo -, em 1543 Copérnico


mostra o geocentrismo, tirando a terra do centro do universo, entre outras descobertas. Todo
esse avanço leva ao inicio da sistematização do conhecimento cientifico, ao estabelecimento
de regras e métodos para a construção do conhecimento.

Neste período, Rene Descartes (1596-1659) postula a separação entre mente (alma, espírito) e
corpo, afirmando que o homem possui uma substancia material e uma substancia pensante, e
que o corpo desprovido de espirito é apenas uma máquina.

Esse dualismo proposto torna possível o estudo do corpo humano morto, que antes era
proibido pelo corpo ser a sede da alma e um templo, isso possibilita o avanço da anatomia e da
fisiologia, que contribuem para a psicologia em si.

 A origem da psicologia cientifica

No século 19 destaca-se o papel da ciência e seu avanço torna-se necessário, o capitalismo, a


industrialização tornam a ciência um meio de obter respostas e soluções práticas, um
sustentáculo da nova ordem econômica e social.
Retomando a história, no período feudal, a terra era a principal fonte de produção, a relação
do senhor e do servo era de subserviência, havendo uma hierarquia rígida e uma estatização
nos papéis sociais, definidos a partir do nascimento. E a fé estava submetida a razão, como
garantia de centralização do poder.

O capitalismo coloca o mundo em movimento, com a necessidade de abastecer e produzir,


criou necessidades, questionou hierarquias, o homem deixou de ser o centro do universo e
passou a ser concebido como livre, capaz de construir seu futuro. O conhecimento tornou-se
independente da fé, os dogmas foram questionados, a racionalidade apareceu e com ela a
capacidade de produção de conhecimento.

A partir daí, a noção de verdade passa necessariamente a contar com o aval da ciência, os
temas da filosofia que até então eram estudados pelos filósofos passam a ser também
investigados pela Fisiologia e pela Neurofisiologia, avanços que levaram a formulação de
teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que os pensamentos, as percepções e
os sentimentos humanos eram produtos desse sistema.

O mundo capitalista também trouxe consigo a máquina, e o mundo todo passou a ser pensado
através delas, como algo que era possível de prever e conhecer seu funcionamento,
regularidade e leis. Para se conhecer o psiquismo humano passa a ser necessário compreender
os mecanismos da máquina de pensar – o cérebro.

Em 1860 foi formulada a Lei de Fechner-Weber, que estabelece relação entre estímulo e
sensação permitindo sua mensuração, daí instaurou-se a possibilidade de medida do
fenômeno psicológico.

WILHEM WUNDT (1832-1926) criou em Leipzig, na Alemanha, o primeiro laboratório para


realizar experimentos na área de Psicofisiologia, por esse fato e por sua extensa produção
teoria é considerado o PAI DA PSICOLOGIA MODERNA/CIENTÍFICA.

Desenvolveu a concepção do paralelismo psicofísico, segundo a qual fenômenos mentais


correspondem a fenômenos orgânicos, por exemplo estimulação física teria uma
correspondecia mental. Para explorar a mente humana cria um método que denomina
introspeccionismo, no qual o experimentador pergunta ao sujeito os caminhos percorridos no
seu interior por uma estimulação sensorial.

 A Psicologia Científica

A universidade de Leipzig, na Alemanha, uniu Wudnt, Weber e Fechner no final do século 19 e


lá o status de ciência da psicologia foi obtido, a medida em que se libertava da filosofia e atraia
novos estudiosos que passaram a:

- Definir seu objeto de estudo (o comportamento, a vida psíquica e a consciência)

- Delimitar seu campo de estudo a diferenciando de outras áreas

- Formulando métodos de estudo desse objeto

- Formulando teorias enquanto um corpo consistente de conhecimentos na área, que devem


obedecer aos critérios básicos da metodologia científica, sendo neutras e seus dados passíveis
de comprovação.
Embora o berço tenha sido na Alemanha, nos Estados Unidos a psicologia encontra campo
para crescimento, ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas em Psicologia.

Essas abordagens são: o Funcionalismo, de William James (1842-1910), o Estruturalismo, de


Edward Titchner (1867-1927) e o Associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949).

1)Funcionalismo: reflexo do pragmatismo exigido para o desenvolvimento econômico, se


preocupava em responder o que fazem os homens e por que o fazem, para responder isso
elege a consciência como centro de suas preocupações e busca a compreensão de seu
funcionamento na medida em que o homem a usa para se adaptar ao meio.

2)Estruturalismo: também preocupado com a consciência a estuda em seus aspectos


estruturais, ou seja, os estados elementares como estruturas do sistema nervoso central. O
método utilizado é o do introspeccionismo e os conhecimentos psicológicos por ela produzidos
na época são experimentais, produzidos em laboratório.

3)Associacionismo: foi a primeira teoria de aprendizagem na Psicologia, sua produção pautava-


se na visão de utilidade do conhecimento e diz que a aprendizagem se dá por um processo de
associação das idéias, assim, para aprender um conteúdo complexo o primeiro passo é
aprender as ideias simples associadas àquele conteúdo. Thorndike formulou a Lei do Efeito, e
de acordo com ela todo comportamento de um organismo vivo tende a se repetir se nós
recompensarmos o organismo assim que este emitir o comportamento. Por outro lado, se for
castigado o comportamento tenderá a não acontecer.

 Principais teorias da Psicologia no Século 20

A Psicologia Científica que se constituía de três escolas supracitadas no século 19, foi
substituída no século 20 por novas teorias. As três mais importantes tendências teóricas da
Psicologia neste século são consideradas por inúmeros autores como sendo o Behaviorismo ou
Teoria (S-R) (do inglês Stimuli-Respond — EstímuloResposta), a Gestalt e a Psicanálise.

1)Behaviorismo: nasce com Watson e se desenvolve nos EUA, tornou-se importante por ter
definido o fato psicológico, de modo concreto, a partir da noção de comportamento (behavior)

2)Gestalt: berço na europa, surge como uma negação da fragmentação das ações e processos
humanos, postulando a necessidade de se compreender o homem como uma totalidade.

3)Psicanálise: nasce com Freud, na Áustria, a partir da prática médica, recupera para a
Psicologia a importância da afetividade e postula o inconsciente como objeto de estudo.

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