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GUARULHOS – SP
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 4
2. HISTÓRIA DA INFÂNCIA 5
2.1. Infância na Antiguidade 6
2.2. Infância na Idade Média 8
2.3. Infância na Modernidade 9
3. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 11
3.1. A educação na Antiguidade, na Idade Média e na Pós-Modernidade 12
4. A LEGISLAÇÃO QUE EMBASA A EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL 19
4.1. Diretrizes curriculares para a Educação Infantil 20
4.2. Base Nacional Comum Curricular (BNCC) 22
4.2.1. Base Nacional Comum Curricular e Currículos 24
3
1. INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
4
2. HISTÓRIA DA INFÂNCIA
Fonte: shre.ink/mXTW
5
2.1. Infância na Antiguidade
É muito curioso, de todo modo, que na versão da história contada pelo autor
do Itinerarium está explícita a noção de que a terra e água poluídas causam
abortos nas mulheres, enquanto na Nova Vulgata isso não fica totalmente
claro, possibilitando uma leitura alternativa de que não as mulheres, mas a
terra em si ali é estéril.
7
Assim, conforme assinala Niehues e Costa (2012, p. 285):
9
criança e da infância, concebe estas como pertencentes e interdependentes das/nas
funções sociais.
Assim, os indivíduos em sociedade foram impelidos a aderir a normas e
condutas racionais, de modo a reprimir comportamentos “repugnantes”. Dessa forma,
a distinção entre as classes sociais se intensificou e as novas regras e
comportamentos passaram a identificar as novas formas de vida em sociedade.
Segundo Tristão (2012, p. 44), “o indivíduo só se torna um ser humano pleno ao
modelar-se de acordo com os padrões sociais de controle dos instintos e emoções”.
Nos séculos XVI e XVII, modifica-se o ideal acerca do que seria a infância. O
primeiro aparece na instituição familiar denominado de “paparicação” relacionado a
brincadeira e a distração; o segundo, surge com o propósito de disciplinar,
racionalizar, moldar, controlar a criança para conviver em sociedade a partir de uma
educação pautada na “moralização”, sentimento este que “inspirou toda a educação
até o século XX”, conforme ressaltam Bazzanella e Bazzanella (2018a, p. 20). Ainda
de acordo com os autores, a concepção de infância acaba sendo “determinada
historicamente pelas modificações das formas de organização da sociedade”
(BAZZANELLA; BAZZANELLA, 2018a, p. 20).
É nesse contexto que a escola surge como um lugar para a civilização da
população. Compreendida como um “vir-a-ser”, a criança demanda cuidados que
devem ser repassados a ela no período da infância, ou seja, o “sentimento de cuidado,
de cultivo da vida da criança” e a partir disto, um ser social e histórico que precisa de
um “lugar especial: a escola” (BAZZANELLA; BAZZANELLA, 2018a, p. 37).
Conforme assinalam os autores, a criança deveria ter garantida a sua infância
pelo professor, uma vez que com os familiares isso não era possível, uma vez que
eles seriam responsáveis por “paparicarem as crianças”.
Além disso, a infância é percebida como uma fase negativa (a autonomia vem
“de fora para dentro”) por tratar-se de uma fase de rebeldia -, a criança assim, precisa
de disciplina, de regras para que venha a tornar-se um adulto bom, um homem bom
na sociedade e para saber/conseguir viver em sociedade. Esse papel, o de moldar,
disciplinar, controlar esses corpos infantis era legitimado pelo o professor,
encarregado dessa transformação.
Por fim, na Modernidade, marcada pelas revoluções, guerras e também pelo
avanço tecnológico, a educação da criança começa a configurar-se de outra forma. A
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criança/estudante passa a ser o centro da aprendizagem e são necessárias assim,
estratégias mais dinâmicas. Neste sentido, leva-se em consideração o contexto do
aluno, as suas vivências na escola e fora dela, portanto, passa-se a pensar nos
direitos de aprendizagem desse estudante. O que implica dizer que apenas o
professor, alguém que era especializado, poderia e deveria ser esse “guardião da
juventude” (BAZZANELLA; BAZZANELLA, 2018a, p. 38).
3. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Fonte: escolaeducacao.com.br
11
Segundo Silva e Meideiros (2021), o acesso das pessoas à educação na Grécia
Antiga não era adequado para todas as crianças. No entanto, esse acesso depende
do poder aquisitivo da controladora e é distribuído de forma desigual e privilegiada.
Na Idade Média, a educação romana foi fortemente influenciada pela tradição
espartana. Os alunos foram educados de acordo com a mentalidade conservadora da
época e a educação foi desenvolvida de acordo com os rígidos ensinamentos da Igreja
Católica.
O pós-modernismo, influenciado pela revolução industrial e pelo sistema
democrático, difundiu-se desde então. O acesso à educação é um direito civil. Dessa
forma, o modelo de ensino de conteúdo foi integrado e o ideal de industrialização foi
realizado.
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obras mais brilhantes do Ocidente, a Ilíada e a Odisseia, modelos educacionais dos
antigos gregos. Homero teria sido o grande educador da Grécia Antiga e finalizando
o filosofo Platão que viveu três séculos depois dele, para Platão, Homero trouxe uma
visão interessante sobre a realidade e interpretação para todos os gregos antigos,
Ilíada e odisseia eram livros de cabeceira da juventude de Atenas e de várias outras
cidades grega (MANACORDA, 2006).
Refletindo sobre esse período, o que é mais marcante e porque uma guerra
traria um modelo educacional para a Grécia Antiga, é de suma importância retornar à
figura de Aquiles. Ele mesmo era rei de uma cidade chamada Tersalha, discutia e
apresentava suas ideias, então também era o herói do campo de batalha, era um
guerreiro tutelado pela famosa Paideia (educação integral do homem da época) no
início da pedagogia. O pedagogo é o educador que cuida das crianças, que ensina as
crianças. A Paideia tornou-se o primeiro modelo educacional na Grécia Antiga. Tinha
como princípio a formação de guerreiros educados, a do cidadão, completo e virtuoso.
Trata-se de um modelo educacional que inclui corpo e mente. Essa foi a educação de
Aquiles. Sobre o termo Paidéia, o modelo ideal de educação grega, explica-se que:
Por volta do século V a.C. é criada a palavra Paidéia, que de início significa
apenas ‘criação dos meninos’ (pais, paidós, ‘criança’). Mas com o tempo, a
palavra adquire nuanças que tornam intraduzível. Werner Jaeger, famoso
helenista alemão escreveu uma obra com esse nome, diz: Não se pode evitar
o emprego de expressões modernas como civilização, cultura, tradição,
literatura ou educação; nenhuma delas, porém, coincide realmente com o que
os gregos entendiam por Paideia. Cada um daqueles termos se limita a
exprimir um aspecto daquele conceito global e, para abranger o campo total
do conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez (ARANHA,
1989, p. 37 apud SILVA; MEIDEIROS, 2021).
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participação em atividades físicas e festivais. O guerreiro espartano era educado para
suportar a dor e obedecer.
Segundo Manacorda (2006), cidades como Atenas e Esparta (cidades-estados)
buscavam esse sistema educacional para educar seus filhos porque queriam não
apenas pessoas educadas, mas também soldados de preparação motora, intelectual,
física e pessoas que estavam em boa saúde mental. Uma máxima que se desvia
desse tipo de ensino é: "Corpo são, mente sã", que também vem da história grega.
Outra grande contribuição dos antigos gregos foi a filosofia que trouxe para o ocidente
uma mentalidade que tem como pano de fundo a razão humana, a interpretação de
todas as coisas dada pela mentalidade, o ser humano que passa a questionar toda a
realidade local.
Atenas, iniciadora do ideal democrático, difundiu a educação entre todos os
cidadãos livres, devido a sua enorme influência e sendo o berço da filosofia, o ideal
da sociedade ateniense era o culto, os jovens eram doutrinados na literatura e na
filosofia, por seus professores, na primeira fase ele foi acompanhado pelo educador
cuja tarefa era orientar as primeiras letras e atividade física, e quando completaram
18 anos entraram na vida civil, os professores eram filósofos (MANACORDA, 2006).
Neste contexto, não devemos esquecer a figura de Sócrates 570-499 a. C, pai
da filosofia, grande pensador, que viveu muitos anos em Atenas, onde é considerado
um dos pioneiros dessa nova forma de pensar e ser humano. Um dos métodos
pedagógicos desenvolvidos por Sócrates foi a Maiêutica. Sócrates tinha um jeito
particular de falar com as pessoas, dizia que sabia pouco das coisas e que sempre
teve curiosidade de saber o que não sabia, daí sua máxima "Só sei que nada sei",
mostrando que estava sempre em busca de novos conhecimentos, pois tinha o hábito
de conversar com todos, desde os escravos até os generais do exército ateniense, e
fazia perguntas como: O que é o amor? O que é a amizade? O que é a virtude? E
enquanto as pessoas tentavam responder a essas perguntas, Sócrates fazia mais
perguntas abertamente até que as pessoas duvidassem se estavam seguindo o
caminho certo de suas ideias.
A técnica dialógica de Sócrates, como era chamado: A arte de perguntar
nomeada pelo próprio filósofo, maiêutica palavra de origem grega que significa
"ciência ou arte do parto", ou seja, obstetrícia. Portanto, mesmo que grandes
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conhecimentos tenham sido adquiridos, é importante continuar a conversa filosófica
durante toda a existência para evitar erros, independentemente da idade.
O segundo método deste momento é a maiêutica, que seria a busca de novas
ideias, a partir do momento que temos consciência de que não sabemos tudo e tudo,
através do estudo, pesquisa e todo aquele pensamento racional que a filosofia nos
conduziu. Considerando o período clássico (século VI-IV a. C.), durante os grandes
desenvolvimentos no campo das descobertas filosóficas e práticas democráticas, os
gregos tentaram reformar a cidade em que viviam, a partir de suas ideias e realidades.
Nesse contexto, Sócrates assume a tarefa de mostrar a todos os homens que
se dizem sábios que não sabiam o que pensavam saber. O objetivo da tarefa
pedagógica de Sócrates era levar as pessoas ao autoconhecimento, ou seja, a pensar
por si mesmas sem ter que repetir as opiniões dos outros.
Sócrates desenvolveu o método maiêutico, a arte de gerar ideias, com o
objetivo de desafiar as opiniões dos outros, para expor a ignorância dos supostamente
sábios e apontar as contradições sobre a inadequação de sua tese. Ao cumprir sua
missão, Sócrates não exigia pagamento por seus ensinamentos. A proposta
educacional de Sócrates era diferente das dos sofistas, professores de retórica e
oratórias que ensinavam nas praças públicas e que exigiam remuneração pelos
conhecimentos dados. Os sofistas não foram suficientemente capazes de consolidar
a educação pretendida pelos gregos. Foi nesse contexto que surgiu a figura de
Sócrates e seu método maiêutico.
Durante a Idade Média, o processo educativo era um compromisso total da
Igreja. O funcionamento das escolas estava ligado às catedrais monásticas, e muitos
trabalhavam na igreja, que era uma ferramenta muito importante no desenvolvimento
do processo educacional da época, a grande divulgadora do conhecimento. De acordo
com Cambi (199, p.145), “A Igreja foi o ‘palco fixo’ por trás do qual se moveu toda a
história da Idade Média e um dos motores do seu inquieto desenvolvimento [...]”.
Segundo o autor, a Igreja Católica detinha o monopólio de toda cultura e educação,
foi a instituição por excelência que criou e compilou todos os membros, ensinamentos
e práticas que hoje chamamos de conhecimento.
Do século VII ao Renascimento no século XV, as instituições educacionais mais
importantes da época estavam localizadas nos mosteiros, com princípios muito
importantes na época: “Os mosteiros penetraram lentamente no cristianismo e nos
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valores que transmitiu ao mundo rural, até então não afetado pela nova religião, um
mundo com longas tradições e permanência, mas que está se tornando o mundo
essencial da sociedade medieval" (LE GOFF, 1995).
A transmissão dos ensinamentos estava nas mãos dos monges. Le Goff (1995,
p. 8) explica que o monge medieval “é aquele que chora sobre os seus pecados e os
pecados dos homens e que por meio de uma vida dedicada à oração, ao recolhimento
e à penitência busca a salvação sua e dos homens”. Os mosteiros eram constituídos
por pessoas eruditas, sempre se esforçando para encontrar novas teorias e confirmar
os dogmas da Igreja Católica. Naquela época não havia restrição nos mosteiros
quanto a quem deveria ou não frequentar a escola, por isso era frequentada por
noviças que desejavam entrar na vida monástica sem qualquer prioridade de idade.
Na escola do mosteiro, crianças, jovens e adultos podiam frequentar a mesma aula.
Em relação ao Brasil, os Jesuítas chegaram em 1546. O grupo religioso chegou
- junto com o segundo governador-geral, Tomé de Souza, exatamente 10 anos após
a fundação da ordem. Era composto por seis religiosos e liderado pelo padre Manoel
da Nóbrega. A ordem durou dois séculos e incluiu a província do Brasil e a vice
províncias do Maranhão e do Pará, ambas aguardando apoio de Portugal. No entanto,
em 1759, por ordem do Marquês de Pombal, os jesuítas foram expulsos do país e de
todas as terras portuguesas.
Esta ordem religiosa teve a responsabilidade de cuidar de toda a formação dos
indígenas que aqui viveram, com o objetivo de catequizar as pessoas. É importante
destacar a participação de três grandes sacerdotes que participaram desse processo:
Padre Manoel da Nóbrega, Padre Juan de Aspilcueta Novarro e Padre José de
Anchieta, padres católicos com formação jesuítica enviados para realizar a missão de
catequese dos indígenas aqui no Brasil. Nos cultos dos colonos e na catequese dos
índios, os padres dedicavam-se de maneira especial à educação e instrução de
crianças e jovens nas chamadas aulas de leitura, escrita e aritmética (SILVA;
MEIDEIROS, 2021). Para este propósito eles construíram igrejas, escolas, casas e
convenções e estabeleceram missões. No entanto, algumas escolas funcionaram
então como verdadeiros centros culturais com atividades literárias, musicais e teatrais,
cujo modelo educacional privilegiava os valores religiosos acima dos valores laicos,
científicos e racionais.
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Naquela época o pensamento religioso era dominante. Os valores que
sustentavam a educação no Brasil eram herança da Idade Média. Sempre colocaram
a Igreja Católica no centro das decisões educacionais da época. Essa educação
jesuíta deu origem ao que hoje chamamos de escola tradicional. É bom lembrar
algumas características que ainda estão presentes em nossa história, incluindo a
relação aluno-professor em que o professor está no centro do processo de ensino.
Assim, cria-se a noção de que o do professor como detentor do saber, transmissor
dos conhecimentos e do aluno como alguém passivo que obedece ao professor.
Hoje, dentro do contexto pós-moderno de educação, sabe-se que o diálogo é o
melhor feedback que o professor pode dar ao aluno. Tornar o aluno protagonista de
seu processo de aprendizagem, estimulando-o a buscar informações e construir
conhecimento, o que acontece por meio de uma relação de troca com o professor, em
uma via de mão dupla onde ambos aprendem e se desenvolvem (SILVA;
MEIDEIROS, 2021). Como afirma Paulo Freire (1997), “A Educação não transforma o
mundo. Educação muda às pessoas. Pessoas mudam o mundo". E mesmo segundo
Freire (1997, p. 55) "As relações entre educadores e alunos são complexas,
fundamentais, difíceis, nas quais devemos refletir constantemente", muitas vezes
deixam traços negativos ou positivos na vida de ambos. Tudo o que o professor irradia
na sala de aula, sua relação e expressão com os alunos devem estimulá-los a
aprender.
Segundo Freire (1996, p. 96):
Muitas teorias podem ser colocadas no trabalho do professor, mas seu papel
sempre será fundamental em todas elas, não há educação sem o educador que pode
adquirir diferentes qualidades: mediador, promotor, criador, provedor de
conhecimento ou mesmo portador de conhecimento. O educador deve orientar o seu
educando pelo caminho de desenvolvimento adequado às suas fases de
desenvolvimento, permitindo-lhe grande autonomia e confiança em si mesmo e na sua
capacidade de resolver problemas, e o equilíbrio necessário para o sucesso da
aprendizagem promover a igualdade. Um ponto importante na profissão docente é o
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afeto, ele é essencial para o desenvolvimento humano e faz com que o aluno se sinta
mais animado e seguro.
Segundo Tassoni (2000, p. 3):
18
produção mais rápida através dos avanços tecnológicos causados pela Revolução
Industrial. Nesse sentido, Iglesias (1981, p. 40-41) explica que:
Fonte: topleituras.com/livros
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parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de
ensino e submetidos a controle social (BRASIL, 2009).
[...] que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói
sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende,
observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza
e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009).
21
4.2. Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
Fonte: pinimg.com
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gerais, que consubstanciam, no contexto pedagógico, os direitos à aprendizagem e
ao desenvolvimento. Nesse documento, a competência é definida como a mobilização
de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e
socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.
Ao definir essas competências, a BNCC (2017) reconhece com base nos
documentos da Secretaria de Direitos Humanos e da Organização das Nações Unidas
que:
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artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que
levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e
comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de
conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do
mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para
formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que
respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético
em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,
compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos
outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,
fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus
saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade,
flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios
éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
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reconhece que a educação tem responsabilidade com a formação e o
desenvolvimento humano global, considerando as dimensões intelectual, física,
afetiva, social, ética e simbólica. Além do mais, afirma-se que tanto a BNCC quanto
os currículos têm funções complementares para garantir as aprendizagens essenciais
para cada etapa da Educação Básica, “uma vez que tais aprendizagens só se
materializam mediante o conjunto de decisões que caracterizam o currículo em ação”
(BNCC, 2017, p. 16). São essas escolhas que vão adaptar as propostas da BNCC à
realidade local, levando em consideração a autonomia dos sistemas ou redes de
ensino e dos estabelecimentos escolares, bem como o contexto e as características
dos alunos. Essas decisões, fruto da participação da família e da comunidade,
referem-se a (BRASIL, 2017, p. 16):
25
➢ Criação e fornecimento de materiais de orientação para professores e
manutenção de processos permanentes de formação de professores que possibilitem
a melhoria contínua dos processos de ensino e aprendizagem;
➢ Manter processos de aprendizagem contínua sobre gestão pedagógica e
curricular para outros educadores da área de escolas e sistemas educacionais.
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propostas pedagógicas a abordagem dos problemas atuais que afetam a vida humana
em o nível local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e
integrativa. Entre esses temas, destacam-se (BNCC, 2017, p. 19):
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que permitiu o acesso ao Ensino Fundamental a partir dos 6 anos, a Educação Infantil
passou a abranger a faixa etária de 0 a 5 anos (BNCC, 2017).
Embora reconhecida como direito de todas as crianças e dever do Estado, a
Educação Infantil para crianças de 4 e 5 anos só se tornou obrigatória com a Emenda
Constitucional nº 59/2009, que estabelece a obrigatoriedade da escolaridade de 4 a
17 anos de idade. Essa extensão obrigatória está incluída na LDB (2013) e consagra
a obrigatoriedade da matrícula de todas as crianças de 4 e 5 anos na Educação
Infantil. Com a inclusão da Educação Infantil na BNCC, mais um passo importante é
dado nesse processo histórico de integração a toda a Educação Básica (BNCC, 2017).
A Educação Infantil, como primeiro nível da Educação Básica, é o início e a
base do processo educativo. Na maioria dos casos, o ingresso na creche ou Pré-
escola significa que a criança primeiro desvincula-se de seus vínculos familiares
afetivos para integrá-la em uma situação estruturada de socialização. Nas últimas
décadas, consolidou-se o conceito de articulação entre educação e cuidado na
Educação Infantil, em que o cuidado é entendido como algo indissociável do processo
educativo (BNCC, 2017).
Nesse contexto, as creches e pré-escolas, pretendem alargar o universo de
vivências através da construção das experiências e saberes que as crianças têm no
ambiente familiar e no contexto da sua comunidade, os seus saberes e competências
em introduzir e articular as propostas pedagógicas dessas crianças, diversificação e
consolidação de novos aprendizados, ações complementares à educação familiar,
principalmente em relação à educação de bebês e crianças pequenas, o que implica
aprender próximo aos dois contextos (família e escola), tais como socialização,
autonomia e comunicação.
Nessa direção, para melhorar a aprendizagem e o desenvolvimento das
crianças, é essencial a prática do diálogo e da partilha de tarefas entre a instituição
de Educação Infantil e a família. Além disso, a instituição deve conhecer e trabalhar
com culturas plurais e dialogar com a riqueza/diversidade cultural das famílias e
comunidades. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI,
Resolução CNE/CEB nº 5/2009) (BRASIL, 2009) no artigo 4º a criança é definida
como:
Conforme afirmado pela DCNEI no artigo 9º, os eixos estruturantes das práticas
pedagógicas neste nível da Educação Básica são as interações e brincadeiras,
experiências nas quais as crianças podem construir conhecimentos e aquisições, e
interações com pares e adultos que as possibilitem para aprender ativar
desenvolvimento e socialização.
A interação durante a brincadeira molda a vida cotidiana das crianças e traz
consigo muitas aprendizagens e oportunidades para o seu desenvolvimento integral.
Por exemplo, ao observar as interações e brincadeiras entre crianças/crianças e entre
crianças/adultos, podem ser identificadas demonstrações de afeto, mediação de
frustração, resolução de conflitos e regulação de emoções (BNCC, 2017).
Tendo em vista os eixos estruturantes das práticas pedagógicas propostas pela
BNCC (2017) e as competências gerais da Educação Básica, seis direitos de
aprendizagem e desenvolvimento na educação inicial (conviver; brincar; participar;
explorar; expressar; conhecer-se) garantem as condições para que as crianças
aprendam em situações que lhes permitam jogar um papel ativo em ambientes, que
os convidem a vivenciar desafios e sejam motivados a resolvê-los, nos quais possam
construir significados para si mesmos, para os outros e para o mundo social e natural
(BNCC, 2017).
A noção da criança que comparece no documento é como um ser que observa,
questiona, formula hipóteses, lista conclusões, faz julgamentos e aceita valores,
constrói conhecimentos e adquire conhecimentos sistematizados, por meio de ações
e interações com o mundo físico e o social. Não se deve limitar esse aprendizado a
um processo de desenvolvimento natural ou espontâneo. Ao contrário, se deve
reforçar a necessidade de trazer a intencionalidade pedagógica para as práticas de
sala de aula tanto na Educação Infantil quanto na Pré-escola (BNCC, 2017).
Esta intenção consiste na organização e disponibilização por parte do educador
de experiências que permitam às crianças conhecer a si e aos outros, conhecer e
compreender as relações com a natureza, com a cultura e com as práticas de
cuidados pessoais (alimentação, vestuário, higiene), brincando, experimentando
diferentes materiais, aproximando-se da literatura e conhecendo pessoas.
29
Parte do trabalho do educador é refletir, organizar, planejar, selecionar, mediar
e monitorar a variedade de práticas e interações para garantir um leque de situações
que apoiam o pleno desenvolvimento das crianças, como a história de cada criança e
de todo o grupo e suas conquistas, progressos, oportunidades e experiências de
aprendizagem.
Através de diversos registros feitos em diferentes momentos tanto pelos
professores quanto pelas crianças (como fotos, relatórios, portfólios, desenhos e
textos), é possível mostrar os avanços realizados durante o período observado.
Classificar as crianças como aptas e inaptas, prontas ou não, maduras ou imaturas.
Trata-se de conectar elementos para reorganizar espaços, tempos e situações que
garantam os direitos de aprendizagem de todas as crianças (BNCC, 2017).
Com o objetivo de regulamentar e organizar a Educação Infantil, o Ministério
da Educação (MEC) publicou alguns documentos. Entre eles, pode-se considerar:
30
Quadro 1: Estrutura da Educação Infantil (BNCC)
31
4.2.3. BNCC e Ensino Fundamental
A educação primária é o nível mais longo da Educação Básica, com nove anos
e atende alunos entre 6 e 14 anos. Portanto, há crianças e adolescentes que
vivenciam uma série de mudanças nesse período, relacionadas a aspectos físicos,
cognitivos, afetivos, sociais e emocionais, entre outros. Conforme estabelecido nas
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica de Nove Anos (Resolução
CNE/CEB nº 7/2010) (BRASIL 2010), essas mudanças colocam desafios ao
desenvolvimento curricular para esse nível escolar, para superar as rupturas que
ocorrem na transição não apenas entre os níveis da Educação Básica, mas também
entre as duas fases do Ensino Fundamental: Anos Iniciais e Anos Finais.
A BNCC (2017) dos anos iniciais do Ensino Fundamental, valorizando as
situações lúdicas de aprendizagem, visa a necessária articulação com as experiências
vividas na Educação Infantil. Essa articulação deve propiciar tanto a sistematização
progressiva dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas
formas de relação com o mundo, novas possibilidades de leitura e formulação de
hipóteses sobre os fenômenos, de vivê-los e de refutá-los. Este documento,
valorizando as situações lúdicas de aprendizagem, visa a necessária articulação com
as experiências vividas na Educação Infantil.
Essa articulação deve propiciar tanto a sistematização progressiva dessas
experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação
com o mundo, novas possibilidades de leitura e formulação de hipóteses sobre os
fenômenos, de vivê-los, de refutá-los, numa atitude ativa na construção do
conhecimento; a afirmação de sua identidade em relação ao grupo ao qual pertence
leva a uma relação mais ativa com esse grupo e com as regras que regem as relações
entre as pessoas dentro e fora da escola, por meio do reconhecimento de suas
potencialidades e do acolhimento e valorizando as diferenças.
As experiências também se tornam elementos importantes para a aquisição do
sistema de escrita alfabética e outros sistemas de representação, como signos
matemáticos, registros artísticos, cientistas, meios e formas para o desenvolvimento
da oralidade e dos processos de percepção, compreensão e representação do tempo
e do espaço. Os alunos são expostos a uma variedade de situações que empregam
conceitos e práticas científicas, o desenvolvimento de observações, análises,
32
argumentos e o refinamento de descobertas. As vivências das crianças no seu
contexto familiar, social e cultural, as suas memórias, a sua atribuição ao grupo e a
sua interação com as mais diversas tecnologias de informação e comunicação são
fontes que estimulam a sua curiosidade e a formulação de questões. Estimular o
pensamento criativo, lógico e crítico, construindo e fortalecendo a capacidade de
formular perguntas e avaliar respostas, de raciocinar, de interagir com as diferentes
produções culturais e de utilizar as tecnologias de informação e comunicação
possibilita aos alunos ampliar a compreensão de si mesmo, do mundo natural e social,
das relações humanas entre si e com a natureza (BNCC, 2017).
As características dessa faixa etária exigem um trabalho no ambiente escolar
organizado em torno dos interesses das crianças, suas experiências mais imediatas,
para que, a partir dessas experiências, elas ampliem gradativamente sua
compreensão do que está acontecendo e suas habilidades mobilizam operações de
complexidade e sensibilidade crescentes para entender, expressar e responder ao
mundo.
Durante os dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação pedagógica
deve se concentrar na alfabetização, a fim de proporcionar aos alunos amplas
oportunidades de articular a aquisição do sistema de escrita alfabética com o
desenvolvimento de outras habilidades de letramento e articular sua participação nas
várias práticas de letramento. Conforme refere o Parecer CNE/CEB nº 11/2010, “os
conteúdos dos vários componentes curriculares são [...], ao descortinarem às crianças
o conhecimento do mundo por meio de novos olhares, lhes oferecem oportunidades
de exercitar a leitura e a escrita de um modo mais significativo” (BRASIL, 2010).
Durante o Ensino Fundamental - Anos Iniciais, o avanço do conhecimento
ocorre por meio da consolidação das aprendizagens anteriores e da ampliação das
práticas linguísticas e da experiência estética e intercultural das crianças, utilizando-
se tanto de seus interesses quanto de suas expectativas, pois o que ainda é
necessário é ser considerado aprendido. Ampliam-se a autonomia intelectual, a
compreensão das normas e interesses da vida social, o que lhes permite abordar
sistemas mais amplos que afetam as relações dos sujeitos entre si, com a natureza,
com a história, com a cultura, com as tecnologias e com o meio ambiente.
Além destes aspectos relacionados com a aprendizagem e o desenvolvimento,
na concepção dos planos de estudos e propostas pedagógicas, devem também ser
33
inclusas medidas para garantir que os alunos tenham um percurso de aprendizagem
contínuo entre as duas fases do ensino básico, a fim de alcançar uma integração mais
forte entre eles. Assim, esta transição é caracterizada por mudanças pedagógicas na
estrutura educacional, que resultam principalmente da diferenciação dos
componentes curriculares.
Como aponta o Parecer CNE/CEB nº 11/2010, “os alunos, ao mudarem do
professor generalista dos anos iniciais para os professores especialistas dos
diferentes componentes curriculares, costumam se ressentir diante das muitas
exigências que têm de atender, feitas pelo grande número de docentes dos anos
finais” (BRASIL, 2010). Fazer os ajustes e articulações necessários tanto no 5º como
no 6º ano, para apoiar os alunos neste processo de transição, pode evitar interrupções
no processo de aprendizagem e garantir-lhes uma maior chance de sucesso (BNCC,
2017).
Ao longo do Ensino Fundamental-Anos Finais, os alunos enfrentam desafios
mais complexos, principalmente pela necessidade de se apropriar das diferentes
lógicas de organização do conhecimento relacionadas aos domínios. Face a esta
especialização acrescida, importa reintroduzir e ressignificar, nos vários componentes
do currículo, as aprendizagens do ensino básico no contexto das diferentes áreas de
forma a aprofundar e alargar o repertório dos alunos.
Nesse sentido, também é importante fortalecer a autonomia desses jovens,
proporcionando-lhes condições e ferramentas de acesso crítico e interação com
diferentes fontes de conhecimento e informação. Os alunos dessa fase estão em uma
faixa etária que corresponde à transição entre a infância e a adolescência,
caracterizada por intensas mudanças decorrentes de transformações biológicas,
emocionais, sociais e psicológicas.
Neste período da vida, conforme Parecer CNE/CEB nº. 11/2010, os
adolescentes enfatizam os laços sociais e afetivos, as possibilidades intelectuais e a
capacidade de pensar de forma mais abstrata. Os alunos se tornam mais capazes de
ver e avaliar os eventos da perspectiva uns dos outros praticando a capacidade de
desfocar, importante para construir autonomia e adquirir valores morais e éticos. As
mudanças inerentes a esse período da vida implicam na compreensão do adolescente
como um sujeito em evolução, com particularidades e formações de identidade e
cultura que exigem uma prática escolar diferenciada, capaz de levar em conta suas
34
necessidades e diferentes formas de convivência social. Como as DCN reconhecem,
muitas vezes é nessa fase que se:
36
ações do MEC apontaram para “a secundarização do PNE, seus comandos,
dispositivos e prazos” (DOURADO, 2018).
38
PME, a respeito do atendimento em tempo integral não se constituir como uma política
universal, de modo a atender parte do quantitativo total dos estudantes da Educação
Básica pública do país.
A Meta 6 do PNE (2014-2024), assim como o PME, privilegia o projeto de
educação em tempo integral, denominado por Cavaliere (2009, p. 51) de “aluno de
tempo integral”, uma vez que, ao possibilitar abarcar apenas uma parte dos alunos,
sinaliza, claramente, que tal política não está direcionada para todo o universo de
estudantes, seja no âmbito do território nacional, de uma mesma unidade federativa,
ou, até, de uma mesma instituição escolar (COELHO, 2016).
A respeito dessa relação entre a Meta 6 e o PME, Parente (2017) sinalizou que
o esforço empreendido pelo MEC no processo de elaboração do PNE (2014-
2024) contribuiu a materialização de uma meta específica para essa modalidade e
ainda, que esta estivesse em consonância com o referido programa levado a cabo
pelo governo federal. As metas presentes no PNE (2014-2024) são acompanhadas
de estratégias que contribuem para a “estruturação da política educacional
brasileira” (COELHO; ROSA; SILVA, 2018). No caso específico da Meta 6 são
apresentadas 9 estratégias que podem ver observadas por meio do Quadro 3.
39
equipamentos, bem como da produção de material didático e da ormação de
recursos humanos para a educação em tempo integral;
6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes espaços educativos,
culturais e esportivos e com equipamentos públicos, como centros comunitários,
bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas e planetários;
6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação da jornada escolar
de alunos (as) matriculados nas escolas da rede pública de educação básica por
parte das entidades privadas de serviço social vinculadas ao sistema sindical, de
forma concomitante e em articulação com a rede pública de ensino;
6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art. 13 da Lei no 12.101,
de 27 de novembro de 2009, em atividades de ampliação da jornada escolar de
alunos (as) das escolas da rede pública de educação básica, de forma concomitante
e em articulação com a rede pública de ensino;
6.7) atender as escolas do campo e de comunidades indígenas e quilombolas
na oferta da educação em tempo integral, com base em consulta prévia e informada,
considerando-se as peculiaridades locais;
6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na
faixa etária de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento
educacional especializado complementar e suplementar ofertado em salas de
recursos multifuncionais da própria escola ou em instituições especializadas;
6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de permanência dos alunos na
escola, direcionando a expansão da jornada para o efetivo trabalho escolar,
combinado com atividades recreativas, esportivas e culturais.
Fonte: BRASIL (2014)
40
Tendo como base os estudos de Coelho (2016) e Coelho, Rosa e Silva
(2018) podemos identificar que as 9 estratégias vinculadas à Meta 6 do PNE
podem ser organizadas em quatro tópicos: :
1. Organização pedagógica;
2. Recursos materiais e humanos;
3. Sujeitos atendidos, e;
4. Articulação com outros espaços públicos e com a sociedade civil.
41
Em relação aos sujeitos atendidos, destaca-se a priorização nas “comunidades
pobres ou com crianças em situação de vulnerabilidade social” (BRASIL, 2014). Essa
focalização vai ao encontro de orientações de organismos internacionais, como a
Unesco, que apontavam a ampliação da jornada escolar como estratégia para a
proteção social. Afora isso, o próprio PME priorizava as camadas mais vulneráveis da
população, seja nos critérios para a adesão das escolas, seja na seleção dos
estudantes (MENEZES: DINIZ JÚNIOR, 2020).
Além da priorização sob o aspecto da vulnerabilidade social, as estratégias 6.7
e 6.8, sinalizam para o atendimento, na educação em tempo integral, das “escolas do
campo e de comunidades indígenas e quilombolas” e também para as “pessoas com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação na faixa etária de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos (BRASIL, 2014).
É possível compreender que essas especificidades, apontadas pelas referidas
estratégias, vão ao encontro daquilo que Cury (2005, p. 11) denominou como
“políticas inclusivas e compensatórias da Educação Básica”.
No que diz respeito à articulação da escola é possível observar que o PNE
(2014-2024) aponta para a necessidade que este movimento ocorra com outros
espaços públicos como “centros comunitários, bibliotecas, praças, parques, museus,
teatros, cinemas e planetário” (BRASIL, 2014).
Essa articulação, que também estava presente no (con)texto do PME, está
relacionada às Cidades Educadoras, que compreende a educação como
responsabilidade de toda a comunidade, de modo romper com a ideia da
aprendizagem como obrigação exclusiva da escola, reforçando o entendimento de
que ela se dá em diferentes espaços, no contexto do território educativo (CAVALIERE;
MAURÍCIO, 2001).
Além disso, é apontada também a articulação da escola com entidades
privadas de serviço social, nas estratégias 6.5 e 6.6, indo ao encontro do que foi
proposto pelo PME, no sentido de utilizar esses espaços como locais para a oferta
das atividades educativas vinculadas ao programa. Sobre essa articulação, entre o
Estado e as organizações da sociedade civil, há que se considerarem os interesses
políticos que entremeiam essas relações e contribuem para potencializar a
desobrigação do Estado para com as políticas sociais (COELHO; ROSA; SILVA,
2018).
42
A presença de uma meta específica para a educação em tempo integral no
âmbito da aprovação do PNE 2014-2024 sinalizou um importante avanço no que diz
respeito a essa pauta no âmbito das políticas educacionais. Se até o ano de 2007, o
país contava com experiências locais de ampliação da jornada escolar na perspectiva
do tempo integral, a partir desse ano, por ocasião do PME houve uma “capilarização
do debate na sociedade brasileira” (LECLERC; MOLL, 2012, p. 104) e, por fim, se
apresentou no PNE como umas das metas para a melhoria da qualidade da educação.
Convém destacar que a Portaria que institui o PNME não revogou aquela que
deu origem ao PME, de modo que a sua descontinuidade se deu a partir da suspensão
dos repasses de recurso financeiro às escolas para a sua execução (IGLESIAS,
2019). E ainda, o fato de o PNME possibilitar a ampliação da jornada escolar em cinco
horas semanas sinaliza que sua implementação, neste formato, não contribuiria
efetivamente para o alcance da Meta 6 estabelecida no PNE, em relação à oferta de
educação em tempo integral.
Fonte: shre.ink/mwU5
Nos últimos anos vivemos um contexto em que os direitos da criança têm sido
afirmados e as instituições de ensino têm se expandido, condição que torna a
formação de profissionais que trabalham com crianças um dos grandes desafios para
a área. Mais recentemente, a escolaridade obrigatória alargada a crianças de 4 e 5
43
anos, ou seja, parte da educação inicial, enfatizando a necessidade de acompanhar
as estratégias do governo local para implementar tal oferta, com especial atenção ao
currículo Pré-escolar a ser processado, bem como para a formação de professores
antes da recuperação judicial.
Com os requisitos legais propostos pela Lei de Diretrizes e Fundações (LDB)
9.394 (BRASIL, 1996), que estabelece a Educação Infantil como primeira etapa da
Educação Básica, a carreira pedagógica adota em seu regulamento a obrigação
formar professores para trabalhar com crianças pequenas (KIEHN, 2011), embora a
legislação preveja que todos os graduados podem trabalhar na área da Educação
Infantil e nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Grande parte dos municípios
reconhece essa formação como pré-requisito para o preenchimento das vagas na
condução de processos seletivos públicos.
É importante refletirmos sobre as características que envolvem o perfil do
profissional que trabalha na Educação Infantil, levando em conta as especificidades
das crianças de 0 a 6 anos de idade, bem como problematizar os desafios diários
envoltos na docência na Educação Infantil. O intuito é partir do reconhecimento da
infância como categoria específica no desenvolvimento humano, refletir sobre a
necessidade de institucionalização dos processos de cuidar e educar, com destaque
para o papel dos profissionais que trabalham com as crianças na Educação Infantil.
Nesse cenário, é importante apontar as mudanças ocorridas em relação à
formação dos jovens na Educação Infantil, refletir sobre as especificidades desse
campo de trabalho e enfatizar a importância da formação do conhecimento sobre
como atuar na Educação Infantil para superar o caráter assistencialista que moldou a
história da atenção à primeira infância e o viés compensatório que aponta para a
retomada.
Como salienta Côco (2015, p. 143):
Fonte: shre.ink/mwUI
45
exige pouca atividade intelectual de parte de quem aprende) e reflexiva (quando
requer uma capacidade cognitiva maior).
Segundo Linhares (2017), o desenvolvimento cognitivo ocorre por meio de
processos relativos à aquisição de conhecimento, os quais são a percepção
(reconhecer determinada situação), a atenção (estar centrado nela), a memória
(lembrar-se dela) e o raciocínio (resolver ou pensar nela). A autora explica cada um
desses processos da seguinte forma:
➢ Percepção: conjunto de processos psicológicos pelos quais as pessoas
reconhecem, organizam, sintetizam e atribuem significado (no cérebro) às sensações
recebidas dos estímulos ambientais (nos órgãos dos sentidos).
➢ Atenção: relação cognitiva entre a quantidade limitada de informação, que é
realmente manipulada mentalmente, e a enorme quantidade de informação disponível
por meio dos sentidos e das memórias armazenadas.
➢ Memória: meios pelos quais as pessoas recorrem ao conhecimento
passado, a fim de utilizá-lo no presente. Servem para codificar, armazenar e recuperar
uma informação.
➢ Raciocínio: processo cognitivo pelo qual uma pessoa pode inferir uma
conclusão a partir de um grupo de evidências ou de declarações de princípios.
Os autores que seguem esta corrente enfatizam uma linha chamada de teorias
cognitivas. Cavalcanti e Ostermann (2011, p. 31) apontam que ela “preocupa-se com
o processo de compreensão, transformação, armazenamento e uso da informação
envolvido na cognição e procura regularidades nesse processo mental”. Entre seus
autores, se destacam Jerome Bruner, David Ausubel e, sobretudo, Jean Piaget.
Piaget é o principal autor da linha construtivista, a qual não aceita uma visão
imutável e tradicional de educação, em que o conhecimento está pronto e acabado.
O construtivismo se baseia em mudanças de ordem qualitativa que ocorrem no
decorrer do desenvolvimento (LINHARES, 2017), no qual o conhecimento parte da
interação dos seres humanos com os outros, com o meio ambiente e os objetos, e a
aprendizagem somente acontece com a desordem e ordem daquilo que já existe
dentro de cada sujeito (PIAGET, 1973).
Esse processo de conhecimento baseado na interação se chama de
assimilação e acomodação.
Segundo o Piaget (1973, p. 13), assimilação é:
46
[...] uma integração a estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis
ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem
descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas
simplesmente acomodando-se à nova situação.
Sensório-motor
48
4. Coordenação de esquemas: nela, começa-se a usar um esquema em outras
coisas para ver se obtém o mesmo resultado, por exemplo, a criança balança um
chocalho e vê que aquilo faz barulho, ao pegar outro objeto, ela vai balançar para ver
se também fará barulho.
5. Experimentação: nela, há a invenção de novos meios, a criança passa a criar
novos comportamentos, ações a partir da tentativa e do erro, bem como consegue a
inteligência ao solucionar problemas. Meneses (2012) cita que ela realiza imagens
mentais, a capacidade de representar de modo simbólico uma realidade mentalmente.
6. Representação: nela, começa-se a ter um sentimento de escolha, o que quer
ou não fazer. A criança passa a escolher objetos, brinquedos de que mais gosta,
preterindo os demais.
Piaget aponta que, até os 8 meses, há uma total ausência de noção, em que,
se um objeto é ocultado da frente da criança, ela age como se ele não existisse mais,
como a brincadeira em que os pais cobrem o rosto, sendo que, para ela, eles não
estão mais ali. A partir dessa idade, existe o desenvolvimento, a noção de que algo
segue a existir mesmo que não esteja em sua frente (LINHARES, 2017). Depois dos
18 meses, a criança passa a ter um pensamento representativo, a representar o que
não está ausente, usando, assim, as imagens mentais para realizar ações.
Pré-operacional
49
Nesta fase, o pensamento se caracteriza por ser egocêntrico, intuitivo e mágico.
O egocentrismo ocorre por volta dos 4 aos 5 anos, no qual a criança imagina que
todos pensam como ela. Linhares (2017) aponta que o pensamento pré-operacional
é marcado por irreversibilidade e uma certa confusão entre a aparência e a realidade.
Operacional-concreto
Operacional-formal
50
6.2. Conceitos e características do desenvolvimento social
Fonte: shre.ink/mwUl
51
adotada por Vygotsky enfatiza a questão da relação pessoal e da influência cultural.
Rabelo e Passos (2014) apontam:
Além disso, Vygotsky não considera o aparato biológico suficiente, mas sim a
participação do indivíduo em ambientes para que a aprendizagem ocorra por meio
das experiências. Essa relação passa a ser melhor entendida quando se remete ao
conceito de ZPD. Segundo Vygotsky “a zona de desenvolvimento proximal define
aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de
maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em estado
embrionário” (VYGOTSKY, 1989, p. 97).
Para o autor a ZDP é a distância entre o nível de desenvolvimento real, ou seja,
determinado pela capacidade de resolver problemas de forma independente, e o nível
de desenvolvimento proximal, demarcado pela capacidade de solucionar problemas
com ajuda de um parceiro mais experiente. São as aprendizagens que ocorrem na
ZDP que fazem a criança se desenvolver ainda mais, ou seja, desenvolvimento com
aprendizagem na ZDP leva a mais desenvolvimento, por isso dizemos que, para
Vygotsky, esses processos são indissociáveis.
52
a aprendizagem acontece pela maturação biológica associada à interação e à
presença de mediadores, que são os professores.
O conceito de mediação é fundamental na teoria vygotskyana, pois toda relação
é mediada pela linguagem ou por instrumentos técnicos, que passam a intervir no
processo. Os dois principais elementos mediadores são os instrumentos e os signos.
Por instrumentos é possível compreender, por exemplo, o machado, que permite um
corte mais afiado e preciso; ou uma vasilha, que facilita o armazenamento de água,
entre outros. Alguns animais, sobretudo primatas, podem até utilizá-los
eventualmente, mas é o homem que concebe um uso mais sofisticado, guardando
instrumentos para o futuro, inventando novos e deixa instruções para que outros os
fabriquem (MONROE, 2018).
Já os signos, segundo Vygotsky (1989), são um meio para sua atividade
interior, dirigida a dominar o próprio ser humano, ou seja, o signo está orientado para
dentro. Eles agem como representações como a escrita, os desenhos, a linguagem e
os mapas. Por fim, temos ainda a internalização por meio da experiência com o outro.
Assim, Vygotsky aponta:
54
O pensamento é um plano mais profundo do discurso interior, que tem por
função criar conexões e resolver problemas, o que não é, necessariamente,
feito em palavras. É algo feito de ideias, que muitas vezes nem conseguimos
verbalizar, ou demoramos ainda um tempo para achar as palavras certas para
exprimir um pensamento. O pensamento não coincide de forma exata com os
significados das palavras. O pensamento vai além, porque capta as relações
entre as palavras de uma forma mais complexa e completa que a gramática
faz na linguagem escrita e falada. Para a expressão verbal do pensamento,
às vezes é preciso um esforço grande para concentrar todo o conteúdo de
uma reflexão em uma frase ou em um discurso. Portanto, podemos concluir
que o pensamento não se reflete na palavra; realiza-se nela, a medida em
que é a linguagem que permite a transmissão do seu pensamento para outra
pessoa (VYGOTSKY, 1998 apud RABELO; PASSOS, 2014).
Fonte: shre.ink/mwrU
56
suportes textuais orais e escritos. Esses meninos e meninas devem chegar à nova
etapa escolar munidos desse rico conjunto de vivências preconizadas nas DCNEI.
Tal travessia não pode ser vista como uma ponte que é rompida após a
chegada no outro lado. O caminho que conecta a Educação Infantil ao Ensino
Fundamental é um trajeto a ser feito levando em conta as aprendizagens vivenciadas
na Educação Infantil, relacionadas ao conjunto de importantes ações realizadas em
torno da leitura e da escrita. Afinal, as crianças tiveram, de formas muito singulares,
enormes contatos com a cultura escrita e produziram entendimentos sobre essa
cultura nas suas interações entre si e com os adultos.
Essa chegada da criança ao Ensino Fundamental aos seis anos é hoje já
consolidada. Barbosa e Delgado (2012) comenta que, com a democratização do
acesso escolar da criança de seis anos ao Ensino Fundamental, correu-se o risco de
tratar desiguais como iguais. Naquele momento e nos dias atuais, já está comprovado
que crianças que frequentam a Educação Infantil costumam ter mais sucesso no
Ensino Fundamental. Isso é comprovado por estudos e pesquisas, aponta a autoras.
Barbosa e Delgado (2012, p. 29) questionaram se seria positiva a
obrigatoriedade da transição aos seis anos daquelas crianças que vivem uma cultura
com baixo letramento e sem escolarização, em um sistema de ensino com tantos
problemas como o nosso? Como esta saída tão simples pode ter sido vista como uma
solução para um problema tão complexo?
Isso indica que a travessia é feita pela mesma criança que saiu da Educação
Infantil e que deveriam haver mudanças substanciais no Ensino Fundamental para
receber meninos e meninas tão pequenos. Por outro lado, é possível afirmar que a
qualidade das práticas pedagógicas na Educação Infantil é forte apoio a tal travessia.
Já que a Educação Infantil partiu para a educação interdisciplinar organizada por meio
de diferentes projetos nos últimos 30 anos, nada impediria que tais transformações
acontecessem também no Ensino Fundamental. Afinal, o que realmente mudou nesse
mesmo sentido nos anos iniciais do Ensino Fundamental nas escolas espalhadas pelo
interior do Brasil, bem longe dos grandes centros urbanos? Porém, a autora comenta
que:
57
atores, é trabalhar arduamente e repetitivamente com o código alfabético:
copiando, repetindo (BARBOSA; DELGADO, 2012, p. 34).
59
Cabe ao educador infantil oferecer um conjunto vasto de materiais para tornar
as horas na escola vivências em um ambiente desafiador. Assim, é importante a
presença de livros infantis, revistas, cartazes, embalagens diversas (e identificáveis
como de consumo das famílias) e até de computadores e outros objetos eletrônicos
usados para escrever.
As crianças, transitando da Educação Infantil para o Ensino Fundamental,
serão mais felizes e capazes de fazer uma tranquila e eficaz passagem ao encontrar,
do lado de lá e do lado de cá, educadores que entendam a alfabetização e o
letramento como tarefas não mecânicas e não isoladas. Isso possibilitará a abertura
a:
Qual será a boa prática para alfabetizar a criança que migra da Educação
Infantil para o Ensino Fundamental? Com certeza é ir além do ler e escrever
mecanicamente, copiando e treinando repetidas vezes as mesmas palavras, tarefas
da alfabetização inicial das crianças que marcaram a história da alfabetização
brasileira por séculos. “B com A é igual a ‘bá’” é maçante e monótono. Além disso, as
aulas não devem nunca valorizar atos solitários e repetitivos de leitura.
Elas são encontros para as crianças interagirem entre sei e com os adultos (os
educadores e os familiares). “O processo de interpretação, construção de significado
e criação de sentido em relação ao escrito deixa de ser individual e se torna coletivo.
Essa é a chave do processo, e essa concepção tem implicações educativas”
(TEBEROSKY; GALLART et al., 2007, p. 43).
Na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, bem como nas
tarefas de apropriação da leitura e da escrita pela criança, são essenciais as
presenças atenciosas dos professores infantis e demais adultos, juntos e apostando
nos alunos. Será sempre útil que todos esses adultos entendam que as crianças
começaram seus processos longos e instigantes de aprender a ler e escrever muito
antes de pisarem nas escolas, lá no aconchego doméstico, com seus familiares.
E seguirão sempre além das escolas. Sendo assim, é preciso dialogar com as
famílias e seus projetos alfabetizadores e de letramento de seus filhos. Além disso, é
necessário ouvir sempre as impressões das crianças sobre seus projetos de serem
60
leitoras e escritoras. As experiências alfabetizadoras e a participação na vida escolar
dos filhos, por parte dos familiares, repercutem no interesse das crianças por leitura e
escrita e trazem outras práticas de leitura, além de referenciais culturais consideráveis
dos ambientes extraescolares.
Nos novos tempos de Ensino Fundamental, é necessário manter as boas
colaborações cultivadas com as famílias na Educação Infantil. Também devem ser
considerados os usos da cultura escrita das famílias, sejam eles práticas próximas ou
distantes das escolas (leituras de jornais e revistas, livros, uso de computadores,
folhetos informativos do comércio, calendários, narrativas familiares) (TEBEROSKY;
GALLART et al., 2007).
Peres (2012 apud BARBOSA; DELGADO, 2012, p. 64) aponta um caminho
para a construção de uma nova cultura escolar para a alfabetização das crianças de
seis anos, pensando a infância para além da Educação Infantil:
61
8. A ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL
Fonte: shre.ink/mwrV
64
amplamente utilizadas nos processos educativos e escolares. “Em constante
transformação, o sentido atribuído aos conceitos de alfabetização e de letramento,
bem como os níveis de exigência da leitura e da escrita no decorrer dos tempos,
também não se configuram de forma simples, neutra e muito menos estável” (ABREU,
2012, p. 83).
Para Tfouni (2010), alfabetização e letramento são processos que nunca se
completam, pois, os sujeitos envolvidos estão inseridos em uma sociedade que está
em constante mudança e exige que os indivíduos acompanhem essas mudanças e se
aperfeiçoem constantemente. Portanto, a explicação não é se a sociedade em que
esses indivíduos vivem é alfabetizada ou não. Mais do que isso, está na sofisticação
da comunicação, dos métodos de produção, das demandas cognitivas que uma
sociedade como um todo passará ao se alfabetizar, e que inevitavelmente afetará
quem nela vive, alfabetizado ou não.
Tfouni diz que:
Há, assim, uma diferença entre saber ler e escrever, ser alfabetizado, e viver
na condição ou estado de quem sabe ler e escrever, ser letrado [...]. Ou seja:
a pessoa que aprende a ler e a escrever – que se torna alfabetizada – e que
passa a fazer uso da leitura e da escrita, a envolver-se nas práticas sociais
de leitura e de escrita – que se torna letrada – é diferente de uma pessoa que
não sabe ler e escrever- é analfabeta – ou, sabendo ler e escrever, não faz
uso da leitura e da escrita – é alfabetizada, mas não é letrada, não vive no
estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita
(SOARES, 2010, p. 18)
66
sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita”
(SOARES, 2010, p.47).
Kleiman ressalta que as atividades de alfabetização se estendem a diversos
contextos e não limitam as práticas escolares. De acordo com a autora, “letramento
não é alfabetização, mas a inclui” (2005, p.11). Também, faz aproximações entre
alfabetização e letramento, considerando a alfabetização uma das práticas do
letramento, esclarecendo que “o termo letramento já entrou em uso carregado de
novas associações e significados, como por exemplo, uma nova relação com a
oralidade e com linguagens não-verbais, não incluídos nem previstos no termo
alfabetização” (KLEIMAN, 2005, p.12).
Com base nesse pressuposto, a escola é um importante espaço de
desenvolvimento. Nela, o conhecimento histórico-cultural da humanidade é
intensificado e sistematizado, assim como os espaços de socialização entre os
sujeitos. A escola desempenhará bem o seu papel, “na medida em que, partindo
daquilo que a criança sabe, ela for capaz de ampliar e desafiar a construção de novos
conhecimentos” (REGO, 2011, p. 108).
É importante ressaltar, principalmente no que se refere à alfabetização, na
perspectiva da humanização dos sujeitos, é que a aprendizagem e o desenvolvimento
humano, sejam na escola ou nas relações cotidianas, são fundamentais na
elaboração de novas formas de pensamento, inserção e atuação no meio em que vive.
A Constituição de 1988, que afirma a educação como direito constitucional de
todos os cidadãos, é bastante clara quanto à sua finalidade, apontando para a plena
realização da pessoa ao lado da cidadania. Este artigo da Constituição Federal
garante a educação como um direito civil que garantiria a igualdade de oportunidades.
A partir da LDB nº 9.394/96 e da Lei nº 11.274/2006, uma nova orientação
metodológica é proposta para o currículo, em busca da formação humana coletiva.
Intensificar as discussões em torno do tema da alfabetização, que exige uma
compreensão mais ampla do que apenas o processo em si (BRASIL, 2006).
67
Nesse contexto, a definição e organização dos processos de alfabetização
também dependem do momento histórico atual e da compreensão do que a sociedade
entende como norma necessária para envolver o sujeito em suas atividades de
alfabetização. Quando se trata de processos educacionais, fica claro que a
escolaridade obrigatória se alongou ao longo da história, o ingresso na Educação
Básica está ocorrendo mais cedo e o tempo de permanência dos alunos na faculdade
está aumentando (ABREU, 2012).
69
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
70
Educação Escolar Indígena na Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 25
de junho de 2012, Seção 1, p. 7.
BRASIL. Lei n. 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos arts. 29, 30,
32 e 87 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e
bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o
Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 fev. 2006.
72
BRASIL. Manual Operacional da Educação Integral, no exercício de 2011. Brasília,
DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Currículo e
Educação Integral, 2011.
73
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria da Educação Básica.
Departamento de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Ensino fundamental
de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília:
FNDE, 2006.
74
COELHO, L. M. Plano Nacional de Educação 2014-2024-Meta 06: estratégias para
qual tempo e para qual projeto de sociedade? Revista Educação e Cultura
Contemporânea, v. 13, n. 33, p. 101-120, 2016.
KLEIMAN, A.B. Preciso ensinar o letramento? Não basta ensinar ler e escrever?
2005.
76
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