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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CAMPUS BLUMENAU
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

AMANDA CAROLINA COELHO


EDUARDA CAROLINE KLUG

“TÍTULO”

BLUMENAU
2022
AMANDA CAROLINA COELHO
EDUARDA CAROLINE KLUG

TÍTULO

Projeto de Extensão apresentado à disciplina de


Psicologia Educacional do Curso de Licenciatura
em Matemática da Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Blumenau.
Orientador(a): Renata Orlandi

BLUMENAU
2022
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SUMÁRIO

1- Introdução.……………………………………………………………………………….. 3

2 - Revisão de literatura

3- Metodologia.……………………………………………………………………………….7

4- Resultados e Discussões………….……………………………………………………..8

5- Considerações Finais

6 - Referências Bibliográficas

Referências:

● Nosso grupo do whatsapp

Objetivo:
Desenvolver um jogo matemático para crianças com deficiência auditiva que
promova a educação e a integração dela com meio a qual está inserida.

Conceitos abordados:
● Deficiência Auditiva
● Jogos Lúdicos
● Educação (Piaget e Vigotski)
● Integração
● Libras
● Dados estáticos

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1. Introdução
No mundo cerca de 466 milhões de pessoas possuem deficiência auditiva, no
Brasil esta população se enquadra em cerca de 17,3 milhões de pessoas, segundo
dados do IBGE (2019). Nessa comunidade de pessoas surdas 46% possuem o
ensino fundamental completo, 32% não têm grau de instrução, 15% possuem o
ensino médio completo e somente 7% têm ensino superior completo (IBGE, 2010). A
deficiência auditiva se caracteriza pela perda parcial ou total da habilidade auditiva,
assim, o indivíduo passa a ter dificuldade em ouvir sons. Existem diferentes tipos e
categorias de deficiência auditiva, além de que a pessoa pode nascer com a
deficiência ou adquiri-la com o passar do anos. Na maioria dos casos não possui
cura, dependendo da gravidade da surdez, porém ela pode ser tratada com o uso do
aparelho auditivo ou implante coclear, porém segundo IBGE (2019) somente 0,8%
da população surda faz uso destes recursos, este percentual demonstra barreiras no
que diz respeito a comunicação que estas pessoas estabelecem com ouvintes.
A Língua Brasileira de Sinais, mais conhecida como Libras, é a segunda
língua oficial do país, reconhecida pela Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002. A
linguagem de sinais é uma língua única, independente e formada por um conjunto
de formas gestuais, utilizada pela comunidade de deficientes auditivos para mediar a
comunicação entre surdo-surdo e surdo-ouvinte. Essa nova forma de interação se
desenvolveu a partir da língua de sinais francesa, quando Ernest Huet veio ao Brasil
e apresentou ao Imperador Dom Pedro II uma proposta para a criação de um
instituto brasileiro que atuaria na educação dos surdos. Em 26 de setembro de 1857
foi fundado o Imperial Instituto de Surdos-mudos, que atualmente recebe o nome de
Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES.
Na população de surdos a partir de 5 anos de idade temos o percentual
chocante de que só 22,4% são falantes da língua de sinais, este valor tão baixo
pode se dar por diversos motivos, como a pessoa surda não ter contato com outras
pessoas surdas durante a infância ou a falta da educação voltada a língua de sinais.
A escassez de uma educação bilíngue a partir do primeiro contato com a
escolaridade pode ser extremamente prejudicial, além de refletir consequências para
todo o processo de desenvolvimento destas crianças. A partir disto vamos então
entender e conceituar como a educação de pessoas surdas através de atividades
lúdicas que combinem a língua de sinais e brincadeiras na primeira infância é de
suma importância para garantir o pleno desenvolvimento na vida adulta e também
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garantir a fluência em Libras. Partindo disso, utilizaremos conceitos definidos e
estudados pelos campos da psicologia e pedagogia.
Segundo ***, vemos por trás do ensino bilíngue para surdos nas escolas
primárias uma forma de garantia no mundo social e na aprendizagem, pois
“(…) conceituamos como educação bilíngue para surdos como aquela na
qual a língua de sinais é potencializadora das relações de aprendizagens
dos alunos surdos (…)”
A educação bilíngue além de potencializar os benefícios para as pessoas
surdas serve também para que a mesma seja praticada no cotidiano, a fim de
construir uma comunicação entre os ouvintes e surdos. Segundo ***, o currículo das
escolas deveria ser adaptado para que no primário as crianças surdas tivessem
professores surdos que utilizassem da educação lúdica como prática pedagógica, a
fim de trazerem para a cultura escolar os aspectos culturais das pessoas surdas.
Temos que levar em consideração que muitas destas crianças são privadas
da linguagem por um período, visto que mais de 95% dos surdos tem pais ouvintes
que as significam como deficientes e não conhecem a língua de sinais. Ao serem
privadas desse contato com a linguagem estas crianças podem apresentar uma
grande dificuldade ao se constituírem e formarem sua identidade em relação aos
outros, isso se daria pois “a criança é significada e constituída pela linguagem que a
cerca. E é essencialmente pelo outro interpretada."
No campo da psicologia educacional podemos destacar o psicólogo Lev
Vygotsky que se dedicou a entender como funcionavam os processos de
aprendizagem por parte das crianças em relação ao social que as envolve, ou seja,
como a interação social é a base fundamental para o desenvolvimento psicológico e
educacional do indivíduo. O mesmo apresentou pesquisas referentes às crianças
com deficiência, defendendo que as mesmas poderiam usufruir da educação como
as demais desde que tivessem os estímulos corretos e recursos educacionais
adequados para aprendizagem. Como apresentamos anteriormente a criança é
significada pela linguagem que a cerca, mas segundo Bakhtin e Vygotsky, a palavra
é necessariamente construída a partir de uma contextualização, ela tem de ser
“carregada de um conceito ideológico ou vivencial”, assim ao pensarmos a
aprendizagem de pessoas surdas entendemos que se a palavra não for
contextualizada ou compreendida, ela não passa de nada além de amontoados de
letras, sem significar de fato algo ao indivíduo. Desta maneira passamos a entender

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como a educação bilíngue para crianças surdas desde o início da alfabetização é de
extrema importância, pois a mesma impulsiona o aluno garantindo que o acesso à
educação seja nivelado com o de colegas ouvintes.
Ainda utilizando Vygotsky para defender a implementação de um currículo
realmente inclusivo podemos destacar seus estudos referentes à conceituação da
relação que as crianças tinham com os processos de aprendizagem e o
desenvolvimento da linguagem, nestes estudos ele definiu o que hoje conhecemos
como Zona de Desenvolvimento Potencial, que se dá pela distância entre o nível de
desenvolvimento real, aqueles nas quais o indivíduo pode solucionar problemas
independentemente, e o nível de desenvolvimento potencial, os quais só seria
possível resolver com um mediador adulto, ou seja, a ZDP (Vygotsky, 2007). Nesta
zona potencial, as crianças têm problemas dos quais elas não conseguem
desenvolver soluções apenas com os seus conceitos prévios, sendo necessário o
auxílio do adulto ou de alguém com maior conhecimento sobre o problema, a partir
desse nível podemos entender o por que da necessidade que a criança surda tenha
contato educacional e lúdico com um adulto surdo. Pois ao considerarmos que
muitos surdos vêm de famílias ouvintes que não praticam o uso da língua de sinais,
podemos visualizar que a criança não vai ter um adulto apto a ser o mediador na
zona potencial.
Podemos entender então o por que da necessidade de uma formação que
garanta a fluência da pessoa surda na língua de sinais e no portugues, conforme o
decreto 5.626 de 05 de dezembro de 2005
“uma educação que garanta a formação da pessoa com surdez em que a
Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, na sua modalidade
escrita, constituam línguas de instrução, e que o acesso às duas línguas
ocorra de forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o
desenvolvimento de todo o processo educativo” (SOUZA, p.59 , 2014)
Contamos também com diversos pesquisadores no campo da Psicologia que
apontam como as atividades e jogos lúdicos são considerados fundamentais no
desenvolvimento infantil, como L. S. Vygotsky, A. N. Leontiev e D. B. Elkonin, isso se
daria por conta das apropriações e objetificação que as crianças desenvolvem a
partir destas atividades, além de todo o desenvolvimento psicológico que ocorre
nesta fase (ROCHA, 2009). Esta educação de forma lúdica é fundamental nos
currículos escolares a fim de garantir uma escolarização de qualidade que vise o

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desenvolvimento total das crianças, segundo o MEC, Ministério da Educação e
Cultura, a prática de brincadeiras e jogos como forma de educação parte:
“(...) do princípio de que o brincar é da natureza de ser criança, não
poderíamos deixar de assegurar um espaço privilegiado para o diálogo
sobre tal temática [procurando entender] o brincar como um modo de ser e
estar no mundo; o brincar como uma das prioridades de estudo nos
espaços de debates pedagógicos, nos programas de formação continuada,
nos tempos de planejamento; o brincar como uma expressão legítima e
única da infância; o lúdico como um dos princípios para a prática
pedagógica; a brincadeira nos tempos e espaços da escola e das salas de
aula; a brincadeira como possibilidade para conhecer mais as crianças e as
infâncias que constituem os anos/séries iniciais do ensino fundamental
de nove anos.” (MEC, 2006b, pp. 11-12)
Ainda segundo o MEC esta prática pode estimular toda a parte motora e
lógica da criança, além de auxiliar no entendimento de normas dos jogos:
“Esse desenvolvimento possibilita a ela participar de jogos que envolvem
regras e se apropriar de conhecimentos, valores e práticas sociais
construídas na cultura.Nessa idade, em contato com diferentes formas de
representação e sendo desafiada a delas fazer uso, a criança vai
descobrindo e, progressivamente aprendendo a usar as múltiplas
linguagens: gestual, corporal, plástica, oral, escrita, musical e, sobretudo
aquela que lhe é mais peculiar e específica, a linguagem do faz-de-conta,
ou seja, do brincar.” (MEC, 2004b, p. 19 e 20, grifo nosso).
Entendemos então como a relação entre o ensino lúdico e o ensino da língua
de sinais é fundamental para educação de qualidade de crianças surdas, sendo que
os dois em sintonia auxiliam a criança no quesito de se apropriar da cultura e
significar o mundo. Existem também pesquisas que demonstram que para a
educação destas crianças a língua de sinais é fundamental para a criação e prática
destas atividades lúdicas. Segundo Goes (2002) a atividade lúdica, o brincar, além
de fundamental, deve ser ministrado por adultos sinalizadores que vem a auxiliar a
aquisição da linguagem para as crianças surdas. “Assim, as crianças surdas,
processualmente, reconhecem os sinais, os significam e ressignificam no jogo da
linguagem da brincadeira'' (Silva, 2002).
“As condições sociais de interação dialógica, bem como o modo como
vivem as crianças, suas relações efetivas com a linguagem e com o outro,
sejam os pais e familiares ou os outros na escola, são fundamentais para
compreender sobre o processo de aquisição de linguagem.” ()

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Partindo de todos estes conceitos e princípios, e entendendo então como
precisamos de currículos mais inclusivos e atividades que beneficiem todos os
alunos e garantam uma educação de qualidade. Viemos por meio deste trabalho
iniciar o nosso projeto de extensão, que será explicado melhor no método e
desenvolvimento, mas que visa de uma maneira geral aplicar todos estes ideais da
educação bilíngue, estimulando nas crianças surdas o interesse pelo aprendizado,
garantindo que os espaços educacionais sejam integradores e adaptados para
recebê-las, sem separá-las ou excluí-las. No objetivo foi desenvolver um jogo
matemático para crianças com deficiência auditiva que promova a educação e a
integração dela com meio a qual está inserida.
“Não é a surdez que define o destino das pessoas, mas o resultado do olhar
da sociedade sobre a surdez.” (Vygotsky)

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2. Método
Com base nos conceitos e pesquisas desenvolvidas pelo campo da psicologia
no que diz respeito da educação lúdica como atividade fundamental para o
desenvolvimento motor, psicológico e social e ainda sobre os estudos que apontam
a importância do ensino de Libras desde a primeira infância e a educação bilíngue
para crianças surdas a fim de promover uma educação de qualidade e a inserção
delas no mundo social.
Desenvolvemos um jogo lúdico que busca trazer entretenimento para as
crianças, além de desenvolver a capacidade de raciocínio, noção espacial e
estimular a memória fotográfica contribuindo para o enriquecimento educacional da
mesma. Associamos a linguagem matemática e língua de sinais de forma que as
crianças em fase de alfabetização tenham um primeiro ou outro contato com os
números e, consequentemente, com a matemática, de forma que possibilite a
aprendizagem dos números em suas diversas formas, como em algarismos, libras e
até mesmo na língua portuguesa.
Para o desenvolvimento deste jogo foram levados em consideração os
seguintes aspectos:
i) promover um primeiro contato das crianças com os números e unidades;
ii) através desta interação disseminar a língua de sinais;
iii) estimular a inserção da criança com deficiência auditiva no meio educacional e
social.

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3. Desenvolvimento
Nosso objetivo, em geral, era criar um jogo lúdico e educativo que ampliasse
a ligação com a comunidade surda e incluísse crianças com deficiência auditiva, e
além disso, que promovesse um desenvolvimento intelectual, melhorando a
concentração e a interação com outras pessoas, ao mesmo tempo em que fosse um
entretenimento. Desenvolvemos uma versão do clássico jogo da memória em que
todos podem participar da brincadeira, desde crianças até adultos que desejam
conhecer e aprender um pouco dos números na língua brasileira de sinais.
Optamos pelo jogo da memória, pois segundo Piaget as crianças de 2 até 7
anos completam sua maturação fisiológica de maneira que torna possível o
desenvolvimento de novas habilidades, dessa maneira as crianças na fase da
educação infantil são incentivadas a construírem novos conhecimentos por meio de
experiências estimulantes e divertidas. É essencial trazer brincadeiras para o
cotidiano de aprendizagem das crianças, pois essas experiências constroem
comportamentos e habilidades.
Esse jogo traz diversos benefícios para a vida das pessoas como melhorar a
capacidade de atenção, concentração e foco, promove o desenvolvimento da noção
espacial, estimula a memória e trabalha a interação entre os indivíduos. Ao associá-
lo com a matemática, grande área de conhecimento, se destaca a aprendizagem da
relação entre números e quantidades. Segundo a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), implantada em 2017, se espera que crianças pequenas a partir de 4 anos
consigam “Relacionar números às suas respectivas quantidades e identificar o
antes, o depois e o entre em uma sequência (EI03ET07)” e que crianças a partir do
primário passem a “Utilizar números naturais como indicador de quantidade ou de
ordem em diferentes situações cotidianas e reconhecer situações em que os
números não indicam contagem nem ordem, mas sim código de identificação
(EF01MA01)”.
O jogo da memória surgiu na China no século 15, ele é formado por peças
duplicadas que se repetem duas a duas e o jogo pode ter mais de um participante.
Para começar o jogo as peças são postas com as figuras para baixo de modo que
não possam ser vistas, cada jogador deve virar duas cartas e ver se as imagens são
iguais. Caso forem, o jogador fica com o par e joga de novo, se não forem iguais as
peças devem ser viradas novamente e a vez passa para outro participante, assim
sucessivamente até acabarem as peças. O foco do jogo é memorizar onde estão as
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peças que foram viradas de modo que se encontrem todos os pares, ganha o
jogador que tiver recolhido mais peças.
Nosso jogo da memória é composto por 20 peças, ou seja, 10 pares.
Contendo em um dos pares o algarismo e a numeral escrito por extenso, e o outro
par contendo o número em libras, além de imagens colocadas na quantidade do
algarismo representado, essa imagem é ilustrativa com algum objeto que chame a
atenção da criança, por exemplo, um carrinho, uma boneca, um ursinho ou uma
bola. As peças do nosso jogo não são idênticas, mas procuramos trazer a
associação do número em suas diversas formas, de maneira que quem estiver
jogando aprenda e crie uma ligação entre as representações de um número. A forma
de jogar é a mesma que a tradicional.
Essa brincadeira é um passatempo e proporciona diversão, educação e
integração para todos que participarem. Se considerarmos também como muitas
crianças surdas nascem com pais ouvintes podemos entender a necessidade de
jogos como estes inseridos desde a educação infantil e primário, uma vez que essas
crianças possuem menos chances de entrar em contato com a língua de libras
sendo muitas vezes estimuladas a se adaptarem aos ouvintes, sem aprenderem a
língua de libras e tendo que tomar manobras do tipo aprender leitura labial quando
possível ou aprender a falar a língua portuguesa, sem terem suas identidades como
pessoas surdas considerada.

http://museuprudentedemoraes.piracicaba.sp.gov.br/pt_BR/quebra-cabecas/

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