Você está na página 1de 13

A CRIANÇA COM AUTISMO E O APRENDIZADO DA LÍNGUA

INGLESA: CAMINHOS QUE SE ENTRELAÇAM

Sebastião Nunes da Silveirai


Ana Jéssica Santosii
Elizete Santos Balbinoiii
Maria Aparecida da Silva Gomesiv
Mirelly Karlla da Silvav

GT6 – Educação, Gênero e Diversidade.

Resumo

A inclusão da criança com autismo é um tema que cada vez mais foi ganhando espaço e hoje, já é uma
realidade. Assim, a inclusão das crianças com autismo no meio educacional é um processo de extrema
importância, pois é na escola interagindo com os colegas de sala de aula que essas crianças terão a
oportunidade de desenvolverem a aprendizagem. Desse modo, o objetivo desse artigo é analisar o
papel do desenvolvimento das habilidades da língua inglesa na criança com autismo. A metodologia
utilizada é bibliográfica e de campo, de natureza qualitativa, e para a coleta de dados utilizamos uma
entrevista semiestruturada. Os resultados apontaram que o aprendizado de uma segunda língua na
criança com autismo proporcionará a ela um melhor e mais rápido desenvolvimento de competências
como a oralidade e com a mediação do professor a criança com autismo irá avançar de maneira
significativa.

Palavras-chave: Criança com autismo. Desenvolvimento. Língua inglesa.

Abstract

The inclusion of children with autism is a topic that increasingly gained space and today it is already a
reality. Thus, the inclusion of children with autism in the educational environment is a process of
utmost importance therefore is in school, interacting with the classmates that these children have the
opportunity to develop learning. Thus, the aim of this article is to analyze the role of the English
language skill development in children with autism. The methodology is bibliographical and field,
qualitative, and to perform data collection we used a semi-structured interview. The results show that
learning a second language by children with autism will provide a better and faster development of
skills such as oral. With the mediation of the teacher the child with autism will advance significantly.

Keywords: Child with autism. Development. English language.

Introdução

A inclusão da criança com autismo é um tema que cada vez mais foi ganhando espaço
e hoje já é uma realidade. Assim, a inclusão das crianças com autismo no meio educacional é
um processo de extrema importância porque é na escola, que essa criança vai ampliar as suas
relações e vai começar a interagir com outras pessoas, neste caso a comunidade escolar, além
de fazer amizades com os colegas de sala, sendo através desse contato que essas crianças
terão a oportunidade de desenvolverem a aprendizagem. Ao falarmos de aprendizagem, não
podemos deixar de citar o desenvolvimento de uma segunda língua, neste caso a língua
inglesa, pois o bilinguismo é muito importante para ajudar em muitos aspectos, dentre eles, no
desenvolvimento da linguagem, que no caso na criança com autismo é imprescindível.
Nesse sentido, levantamos a seguinte questão norteadora: Qual o papel do
desenvolvimento de habilidades da língua inglesa na criança com autismo? Partindo dessa
problemática, o estudo objetiva analisar o desenvolvimento das habilidades da língua inglesa
na criança com autismo.
A metodologia utilizada é bibliográfica e de campo, de natureza qualitativa, e para a
coleta de dados utilizamos uma entrevista semiestruturada. Foi entrevistada uma professora de
Letras – inglês que leciona em uma escola da rede privada do município de Arapiraca – AL.
Para fundamentar o estudo utilizamos os seguintes autores: Gomes (2014); Freitas
(2012); Lopes (2011); Menezes (2013); Vygotsky (1996), entre outros.
Com a finalidade de entendermos a trajetória percorrida nesta pesquisa, de início foi
relatada a temática acerca da criança com autismo, que é denominado como um transtorno
global do desenvolvimento, que afeta de forma acentuada o desenvolvimento da interação
social e da comunicação e, que para beneficiar essa criança é necessário que a mesma receba
todo um apoio especializado e tenha a chance de poder interagir com outras pessoas para
avançar no seu desenvolvimento; Posteriormente, retratamos sobre o papel da língua inglesa e
dos seus benefícios quando trabalhada com a criança com autismo, visto que o bilinguismo irá
dar um maior suporte para que a criança consiga ter um melhor desenvolvimento da
linguagem e, consequentemente, uma boa oralidade, estimulando simultaneamente a
comunicação; Os resultados e discussões indicaram que o ensino da língua inglesa para a
criança com autismo é possível sim, desde que o professor tenha o comprometimento e o
entendimento de que esta criança possui um ritmo diferente das crianças neurotípicas, mas
que quando respeitado o modo singular da mesma, ela tem condições de avançar nas suas
habilidades; Nas considerações finais, percebemos que o aprendizado de uma segunda língua
na criança com autismo funciona como uma ferramenta que auxilia no desenvolvimento
cognitivo e social desses alunos, proporcionando a eles um melhor e mais rápido avanço da
linguagem e comunicação. Nesse sentido, não podendo esquecer da importância que o
educador possui em todo esse contexto, considerando que é através da sua mediação que a
criança com autismo poderá uma aprendizagem significativa.
A criança e o autismo

O autismo é sem dúvida um dos transtornos mais indagados atualmente, uma vez que
o mesmo é rico em peculiaridades e características como a dificuldade de sociabilização
fazendo com que assim o aluno com autismo não consiga por muitas vezes compreender
alguns fatores que estão relacionados às perspectivas e percepções dos outros indivíduos que
convivem com ele, diante destas complexidades cabe ao docente ter consciência de que:
“Cada aluno com autismo é um ser único, com características próprias e por isso responde às
intervenções de forma diferente, particular e no seu tempo, necessitando de um olhar
individualizado do professor” (MENEZES, 2013, p. 6).
Os alunos com autismo têm muitas singularidades que são, de fato, variáveis e
complexas e que podem mudar de acordo com os graus e também outros elementos. Deste
modo, cada criança com autismo tem uma forma diferenciada de ver e sentir, mas por
inúmeras vezes as crianças com autismo são vistas pela sociedade de uma maneira distorcida
e errônea.
Como ressalta Freitas (2012, p. 11):
[...] quando se ouve a palavra autismo, é comum que as pessoas tenham uma
imagem ou definição do que para elas é essa patologia, facilitado por todas
as informações e pelas classificações, ou até mesmo encontram-se pessoas
que não sabem nada sobre. É muito fácil encontrar as definições postas do
lado dos paradigmas criados sobre o autismo, como sendo crianças que não
falam; que ficam isoladas balançando o corpo de maneira repetitiva e
brincando com algo incansavelmente. Essa cena até pode ilustrar uma pessoa
com autismo. Mas não se limita a isso.

Isto posto, compreendermos que ainda há vários paradigmas relacionados ao autismo


que devem ser quebrados como, por exemplo, a questão da aprendizagem que muitas vezes é
questionada por alguns professores que têm alunos com autismo no âmbito educacional. É
importante entender que para o processo de desenvolvimento das habilidades das crianças
com autismo ocorrer muitos fatores são determinantes, como o apoio e amor familiar,
acompanhamento especializado e uma união direta entre família e escola.
Como afirma Gomes; Balbino; Silva (2014, p. 4):
[...] é de suma importância que a inclusão seja iniciada no contexto familiar,
e que os pais ao receberem o diagnóstico do autismo busquem o auxílio de
diversos profissionais e mantenham uma interligação com a escola e suas
metodologias de ensino.

Diante de todas essas instâncias, é perceptível que o núcleo familiar e o âmbito


educacional são de fato, extremamente importantes para o progresso social, e educativo da
criança com autismo a família e a escola são fundamentais ambas se complementam no que se
refere à educação a interligação entre família e escola no processo de aprendizagem é
primordial para que o aprendizado seja realizado com êxito (GOMES et al 2014, p. 1).
Desse modo, é evidente que quando há uma união real entre o núcleo familiar e a
comunidade escolar da criança com autismo o trajeto inclusivo se efetiva porque, há várias
informações importantes que o professor precisa saber acerca da criança com autismo que
apenas os pais têm conhecimento, a partir da comunicação constante com os pais do aluno
com autismo o docente estará apto para adequar de uma forma correta sua metodologia e
prática pedagógica as necessidades peculiares de ensino do aluno com autismo.
A escola deve direcionar e preparar todos os profissionais que a compõe em especial,
os professores que devem ser flexíveis e comprometidos com o processo inclusivo. É
primordial que os docentes encontrem-se devidamente preparados em sua formação para
receber o aluno com autismo de um modo acolhedor e inclusivo, possibilitando assim, uma
melhor adaptação da criança com autismo ao novo contexto escolar.
Sendo assim, Menezes (2012, p. 51) acredita que:
É importante frisar, também, que o trabalho deve ser pautado em reflexão,
flexibilidade e criatividade. Deve também haver o reconhecimento de que
alunos com autismo são capazes de aprender e relacionarem-se com os
demais e que o sucesso do processo dependerá, em grande parte, do trabalho,
não somente do professor, mas da equipe escolar e da elaboração e
realização de um programa educacional personalizado.

Compreendemos que, a efetivação da inclusão dependerá diretamente do


comprometimento de toda a escola, e esta deve dedicar-se incessantemente a este propósito, e
trabalhar continuamente o processo da inclusão.

A inclusão do aluno com autismo na sala de aula de Língua Inglesa: uma reflexão acerca
das práticas pedagógicas

A necessidade do ensino-aprendizagem da língua inglesa para crianças com autismo


tem sido destacada expressivamente nas práticas educacionais relacionadas à educação
inclusiva no contexto do ensino brasileiro. A língua inglesa representa uma importante
ferramenta de desenvolvimento da aprendizagem para todas as crianças. Primeiro, porque
concorre na formação de um cidadão capaz de relacionar-se com diferentes modos de
organização cultural e social de forma ética e tolerante. Segundo, por proporcionar melhores
perspectivas educacionais igualitárias.
Tal fato nos remete a uma reflexão acerca da importância da língua inglesa como
componente curricular na educação de crianças com autismo, e nos faz refletir sobre uma
maior ampliação de horizontes que, de fato, acontece através de práticas pedagógicas do
professor.
O docente deve oferecer a esses alunos com autismo a possibilidade do
desenvolvimento de novas habilidades relacionadas à língua inglesa, fazendo com que esses
discentes consigam ter um real desenvolvimento destas habilidades e, consequentemente, uma
atuação efetiva no campo de estudo da língua inglesa que se estenda tanto no âmbito
educacional, quanto no meio no qual vivem, absorvendo também o aprendizado linguístico e
cultural deste idioma.
Os PCNs da língua estrangeira (1998, p. 38) ressaltam que:
O papel educacional da Língua Estrangeira é importante, desse modo, para o
desenvolvimento integral do indivíduo, devendo seu ensino proporcionar ao
aluno essa nova experiência de vida. Experiência que deveria significar uma
abertura para o mundo, tanto o mundo próximo, fora de si mesmo, quanto o
mundo distante, em outras culturas. Assim, contribui-se para a construção, e
para o cultivo pelo aluno, de uma competência não só no uso de línguas
estrangeiras, mas também na compreensão de outras culturas.

O ensino de uma língua inglesa para crianças com autismo exige professores
capacitados, pois estas apresentam dificuldades peculiares referentes ao aprendizado. É
necessário que se faça uso de metodologias apropriadas e da criação de um ambiente de sala
de aula que envolva o aluno com autismo, e o incite a querer desenvolver paulatinamente
novas descobertas relacionadas à língua inglesa.
Para Vygotsky (1996), o processo de aprendizagem das crianças é essencialmente
dependente da interação social. Neste processo, descrito pelo mesmo como Zona de
Desenvolvimento Proximal, é necessário de que o professor tenha em si a consciência de que
o mesmo agirá como agente mediador deste aprendizado e, assim, o mesmo deve agir de
modo que auxilie esses alunos no desenvolvimento de novas habilidades e na aquisição de
novos conceitos linguísticos e culturais pertinentes ao referido idioma abordado neste estudo,
permitindo que esses alunos desenvolvam novas experiências e descobertas através da
interação, fato que destaca a necessidade de se trabalhar a inclusão escolar de forma interativa
no ambiente da sala de aula.
Porém, neste caso específico, torna-se imprescindível destacar a necessidade de que
este processo deverá acontecer paulatinamente respeitando às condições peculiares desses no
que diz respeito ao desenvolvimento da interação social.
Vygotsky (1996, p. 60-61) acentua que:

Um aspecto essencial do aprendizado é o fato de ele criar a zona de


desenvolvimento proximal; ou seja, o aprendizado desperta vários processos
internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a
criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em operação com
seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte
das aquisições do desenvolvimento independente da criança.

Com o crescente aumento do processo de educação inclusiva onde se amplia à


participação de todos os estudantes com autismo nos estabelecimentos de ensino regular, e se
estabelece uma reestruturação da prática, da cultura e das políticas existentes nas escolas,
surge a necessidade de um sistema de ensino plurifacetado que contemple as mais diversas
necessidades e limitações educacionais das crianças com autismo.
O ensino de língua inglesa, atualmente, também tem sido reconhecido como fator de
inclusão social e educacional, o que logo nos remete a uma exposição aos mais diferentes
tipos de aprendizes, dentre esses, alunos com autismo.
O Conselho Nacional de Educação (CNE) através das Diretrizes Curriculares do
Curso de Letras (2001, p. 29) já estabelecem a necessidade de se ter consciência da
diversidade / heterogeneidade do conhecimento do aluno, tanto no que se refere à sua
formação anterior, quanto aos interesses e expectativas em relação ao curso e ao futuro
exercício da profissão tornando-se possível responder às novas demandas sociais.
O autismo, como já exposto anteriormente neste trabalho, é um transtorno que afeta de
forma acentuada o desenvolvimento da interação social e da comunicação. Desse modo,
somos postos frente a uma série de fatores e necessidades das quais dependem o sucesso deste
aprendizado, fatores estes que partem da formação inicial do professor, que deve estar cada
vez mais apto a realidade do sistema educacional tornando possível ao mesmo suprir de forma
eficaz as necessidades e particularidades educacionais desses alunos com autismo.
De acordo com Locatelli;Vagula (2009, p. 6)

[...] investir na formação irá facilitar a implementação da proposta de


educação inclusiva, a qual envolve toda uma preparação do professor que,
com base nas dificuldades e diferenças do alunado, buscará novas formas de
ensinar e de aperfeiçoar seu trabalho em sala de aula.

Além de uma formação flexível e que prepare o profissional para agir frente às
necessidades educacionais e peculiaridades dos alunos com autismo, é necessário também que
as metodologias utilizadas pelo docente sejam repensadas considerando que cada criança com
autismo vai precisar de um olhar e, consequentemente, de uma forma diferente de se trabalhar
com ele. Por isso a necessidade constante e infindável da busca por novos conhecimentos por
parte dos docentes frente à heterogeneidade presente do atual sistema educacional.
No caso de crianças com autismo, que o professor deve sempre questionar: o que
queremos ensinar? Como vamos ensinar? A resposta à primeira pergunta é dada em termos
objetivos. A segunda remete-nos para as dificuldades de aprendizagem destas crianças e a
forma como vamos enfrentar essas dificuldades, isto é, a metodologia de trabalho a utilizar.
Identificar o que devemos ensinar a uma criança autista é uma tarefa complexa e delicada,
pelo que é necessário efetuar uma avaliação, mas estas crianças não se ajustam a formas
usuais de avaliação (LOPES, 2011, p. 59)
Dessa maneira, é de suma importância que o professor busque sempre formas
diferenciadas para trabalhar e efetivar a aprendizagem dessas crianças com autismo e que se
faça uso de procedimentos avaliativos diferenciados de forma que haja uma combinação com
o tempo de aprendizado requerido por cada uma dessas crianças.
Em suma, concluímos que a inclusão de alunos com autismo na sala de aula da língua
inglesa é considerada como um fator que contribui no desenvolvimento destes porque
funciona como ferramenta auxiliadora no desenvolvimento cognitivo e social dos mesmos.
Porém, também é necessário destacar a necessidade de conscientização por parte dos docentes
da necessidade de adaptação das práticas de sala de aula tornando-se possível atender as
necessidades educacionais desses alunos.

Procedimentos Metodológicos

Para a elaboração desta pesquisa, escolhemos utilizar a pesquisa bibliográfica e de


campo, com um enfoque de natureza qualitativa. O estudo bibliográfico podemos fazer, de
acordo com Marconi; Lakatos (2003, p. 158) “um apanhado geral sobre os principais
trabalhos já realizados [...] e relevantes relacionados com o tema.”
Optamos pela pesquisa de campo, de natureza qualitativa porque a mesma não é
generalizável, mas exploratória, no sentido de buscar conhecimento para uma questão sobre a
qual as informações disponíveis são, ainda, insuficientes (VIEIRA, 2009).
Para a coleta de dados utilizamos uma entrevista semiestruturada. Foi entrevistada
uma professora de Letras-inglês de uma escola da rede privada do município de Arapiraca-
AL.
Dessa forma, os dados obtidos foram analisados com o objetivo de buscar informações
sobre a relevância da interligação do desenvolvimento da habilidades da língua inglesa na
criança com autismo e como isto pode beneficiar essa criança

Resultados e Discussões

A inclusão da criança com Transtornos do Espectro do Autismo – TEA no meio


educacional é um processo de extrema importância, e lecionar para alunos com autismo não é
e nunca será uma tarefa simples e linear como é pensado por pessoas que estão fora do
ambiente educacional. Trazemos para esse estudo uma discussão que pode ser ainda mais
desafiador que é analisar a importância do desenvolvimento da habilidades da língua inglesa
no ensino-aprendizagem de crianças com autismo.
Os dados nesta pesquisa foram coletados por meio de uma entrevista com uma
professora de língua inglesa da rede privada da zona urbana do município de Arapiraca-AL,
esta docente leciona a dois anos na referida instituição de educação básica, e tem como uma
de suas características a preocupação com a educação inclusiva oferecendo suporte
pedagógico diferenciado para seus alunos com autismo.
Com relação à temática deste estudo, indagamos a professora sobre o que é o autismo,
e também quanto ao número de estudantes com autismo presentes em suas salas de aula, a
entrevistada nos relatou que:
O autismo é um transtono grobal do desenvolvimento, que pode ter muitos
graus, é variável de criança para criança. Participei de seminários e
encontros sobre esse transtono, creio que compreendo. Nas minhas turmas
havia quatro estudantes no total, sendo: um estudante da educação infantil
que tem cinco ano e dois estudantes no segundo ano do Ensino Fundamental
I, um menino e uma menina ambos com sete anos, e outro menino do quarto
ano do Ensino Fundamental I com nove anos, todos com diferentes graus de
autismo (CAROLINA, 2015).

Durante a entrevista percebemos que a docente mostrou que possui conhecimento


sobre o que se trata o autismo e suas possíveis variações de intensidade onde os alunos com
autismo manifestam o TEA das mais maneiras.
Questionamos a professora supracitada sobre as metodologias utilizadas por ela para o
desenvolvimento da aprendizagem da língua inglesa para os alunos com autismo, ela nos
relatou que:
Sobre a metodologia utilizada nas minhas aulas, posso dizer que, como cada
aluno meu possuí um grau de autismo diferente, eu utilizei inicialmente
diversos recursos na intenção de encontrar uma metodologia que alcançasse
também estes estudantes durante as aulas de Língua Inglesa (CAROLINA,
2015).

Diante do relato da docente torna-se nítido de que a mesma compreende que cada
aluno com autismo tem suas singularidades e variações relacionadas aos graus e que a mesma
preocupou-se em utilizar inúmeros recursos que propiciassem aos seus respectivos alunos a
obtenção do aprendizado da Língua Inglesa.
Monte; Santos (2004, p. 31) enfatizam que: “o aluno com necessidades educacionais
especiais, por apresentar autismo, precisa ser ajudado a adquirir conhecimentos que os outros
alunos aprendem naturalmente, por isso a importância da seleção de atividades”.
Ainda, sobre a metodologia utilizada e quais as práticas que mais ajudaram os alunos
com autismo a desenvolverem a língua inglesa, a mesma nos respondeu:

Logo, durante as minhas aulas na Educação Infantil, percebi que o meu


aluno de cinco anos respondeu melhor à aula quando foi apresentado o
conteúdo em vídeo, com desenhos pronunciando os termos trabalhados na
aula. Este aluno raramente senta em seu lugar ou próximo dos colegas, e
nesta aula ele permaneceu no lugar, próximo dos demais colegas de sala
durante toda a apresentação do vídeo e em alguns momentos ele chegou à
tentar pronunciar as palavras ditas e repetidas pelos personagens,
balbuciando-as. Compreendi que as aulas seguintes deveriam ser elaboradas
com a presença de mídia e tarefas de casa que foram criadas especialmente
para o aluno com os personagens dos filmes apresentados, sempre com
pintura, colagem ou identificação de figuras relacionadas às palavras ou
termos em inglês que sempre eram trabalhados nas aulas anteriores. Durante
as aulas, na turma do 2º ano a técnica utilizada na educação infantil mostrou-
se ineficaz com a aluna de sete anos enquanto o meu aluno de 9 anos
respondeu positivamente aos vídeos e músicas trazidas para a sala de aula, e
mostrou curiosidade pelas imagens e entusiasmo ao reconhecer a melodia de
algumas canções como Happy Birthday, Head Shoulders Knees and Toes,
Shine Shine Little Star e The Alphabet Song, ele reconheceu os personagens
nas atividades preparadas especialmente para ele, nestas atividades busquei
trabalhar a coordenação motora (uma de suas dificuldades) e o
reconhecimento de termos simples de Greetings e vocabulário básico (cores,
números, letras, partes do corpo, objetos) (CAROLINA, 2015).

Compreende-se claramente que a professora desenvolveu com sucesso suas práticas


pedagógicas voltadas para a aprendizagem da Língua Inglesa com seus alunos com autismo, a
mesma desenvolveu metodologias que se adaptaram as carências e peculiaridades
educacionais de cada aluno resultando assim no desenvolvimento linguístico dos mesmos.
Diante do exposto, podemos entender que: “A criança com autismo é capaz de
aprender, como as outras crianças, entretanto, faz-se necessária a utilização de técnicas [...]
considerando as características do modo de ser e estar [...] dessa criança” (COSCIA, 2010, p.
19).
Indagamos a docente acerca das maiores dificuldades encontradas por ela para
lecionar uma segunda língua para crianças com autismo, eis a resposta:
As maiores dificuldades encontradas por mim foi a busca inicial por uma
metodologia que comportasse as necessidade e capacidades de cada aluno
com autismo além dos meus outros alunos que não são deficientes, mas que
também possuem suas próprias dificuldades. Quando comecei a usar de fato
essas metodologias em sala de aula de um modo que os demais estudantes
não fossem negligenciados ou prejudicados com as diferenciações dos
conteúdos também foi um fato que levou algum tempo para ser
harmonizado, neste momento foi de extrema importância a presença das
auxiliares de sala que acompanharam os estudantes com autismo em suas
atividades enquanto eu estava me revezando entre estes e os meus outros
alunos (CAROLINA, 2015).

Sendo assim, concluímos que o processo educacional exige do docente uma série de
competências e habilidades para que este possa atuar de acordo com os fatores sociais e
individuais, sejam internos ou externos que exerce influencia no ensino. Percebemos que o
aprendizado de uma segunda língua na criança com autismo funciona como uma ferramenta
que auxilia no desenvolvimento cognitivo e social desses alunos, bem como, proporcionará a
eles um melhor e mais rápido avanço da linguagem e comunicação, não podendo esquecer da
importância que o educador possui em todo esse contexto já que a sua mediação é
extremamente relevante para que todo esse processo seja realizado e assim, a criança com
autismo possa avançar as suas habilidades com sucesso.

Considerações finais

Ao fim do trabalho, evidenciamos que o ensino-aprendizagem da língua inglesa para


crianças com autismo se destacou nessa pesquisa como um elemento que pode ajudar no
desenvolvimento e nos ajuda a refletir sobre as possibilidades de aprendizagem dessas
crianças. Compreendemos que ainda há vários paradigmas relacionados à aprendizagem da
criança com autismo que devem ser quebrados. Cabe ao docente oferecer a seus alunos com
autismo a oportunidade de novas habilidades relacionadas à língua inglesa.
A partir da entrevista coletada, percebemos que a professora trabalha visando o
aprendizado de seus alunos com autismo, e que a mesma tem flexibilidade em relação as suas
metodologias e práticas pedagógicas direcionadas a língua inglesa.
Dessa forma, Além de uma formação flexível o professor deve estar consciente acerca
das limitações e habilidades de seus alunos com autismo, é necessário também que as
metodologias utilizadas pelo docente sejam repensadas com base nas múltiplas características
que os alunos com autismo apresentam. Por isso dar-se a necessidade da constante e
infindável busca por novos conhecimentos. Sendo assim, os discentes com autismo
consiguirão progredir paulatinamente na aquisição de conhecimentos da língua inglesa.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Estrangeira — 5a. - 8a. séries. Brasília:
MEC/SEF, 1998.

COSCIA, M. R. As intervenções do professor na aprendizagem de crianças com autismo


no Ensino Fundamental I. 2010. 44f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em
Distúrbios de Aprendizagem). Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem
(CRDA), São Paulo, 2010. Disponível em: <www.crda.com.br/tccdoc/47.pdf> . Acesso em:
26 abr. 2015, 08:26:33.

FREITAS, A. R. W. O desenvolvimento da linguagem no autismo. 2012. 40f. Trabalho de


Conclusão de Curso (Graduação em psicologia). Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), Rio Grande do Sul, 2012. Disponível em:
<http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1386/O%20desenv
olvimento%20da%20linguagem%20no%20autismo.pdf?sequence=1> .Acesso em 13abr.
2015, 20:45:24.

GOMES, M. A. S.; BALBINO, E.S.; SILVA, M. K. Inclusão escolar: um estudo sobre a


aprendizagem da criança com autismo. 2014. Disponível em:
<http://educonse.com.br/viiicoloquio> Acesso em 23abr. 2015, 20:30:23.

GOMES, M. A. S. et al. Família e escola: um estudo sobre o processo de aprendizagem de


crianças com deficiência na percepção das mães. Arapiraca, 2014.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, E. de A. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed.


São Paulo: Atlas, 2003. Disponível em:
<http://docente.ifrn.edu.br/olivianeta/disciplinas/copy_of_historia-i/historia-ii/china-e-india>
Acesso em: 11 abr. 2015, 20:55:15.
LOCATELLI, A. C. D.; VAGULA E. Fundamentos da educação especial: pedagogia. São
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.

LOPES, Maria Teresa Vieira. Inclusão das crianças autistas. 2011. 232 p. Dissertação de
Mestrado (Educação Especial) - Escola Superior de Educação Almeida Garrett -
Departamento de Ciências da Educação. Lisboa, Portugal, 2011. Disponível em:<
http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/1498/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20
%20MariaTeresa%20Vieira%20Lopes.pdf?sequence=1>. Acesso em: 12 abr. 2015, 13:12:17.

MENEZES, A. R. S. Inclusão escolar de alunos com autismo: quem ensina e quem


aprende?. 2012. 160f. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro. 2012. Disponível em: < http://www.eduinclusivapesq-
uerj.pro.br/images/pdf/AdrianaMenezes_Dissertacao_2012.pdf> .Acesso em 13abr. 2015,
20:56:34.

Idem. A inclusão de alunos com autismo em escolas publicas de


Angra dos reis. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: < http://www.eduinclusivapesq-
uerj.pro.br/images/pdf/A_INCLUSAO_DE_ALUNOS_COM_AUTISMO_EM_ESCOLAS_P
UBLICAS_DE_ANGRA_DOS_REIS.pdf> .Acesso em 13abr. 2015, 20:39:12.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CES 492/2001. Conselho Nacional de


Educação. Câmara de Educação Básica. Brasília: Diário Oficial da União, Brasília, 9 jul.
2001, Seção 1e, p. 50. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES0492.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2015,
17:00:23.

MONTE, F. R. F. do; SANTOS, I. B. dos. ( COORD.). Saberes e práticas da inclusão-


Dificuldades acentuadas de inclusão: Autismo. Brasília, MEC, SEESP, 2004. Disponível em:
< http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/educacao%20infantil%203.pdf>. Acesso em: 17
abr. 2015, 10:34:23.

VIEIRA, S. Como elaborar questionários. São Paulo: Atlas, 2009.

VYGOTSKY, L. S., LURIA, A. R. Estudos sobre a História do Comportamento: Símios,


Homem Primitivo e Criança. Porto Alegre: Artes Médicas. 1996. Disponível em: <
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/vygotsky-a-formac3a7c3a3o-social-da-
mente.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2015, 07:23:34.

i
Graduando do 7 º período do Curso de Letras Inglês da Universidade Estadual de Alagoas. Bolsista do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Pibid. E-mail:sebastyao10@hotmail.com
ii
Graduanda do 7 º período do Curso de Letras Inglês da Universidade Estadual de Alagoas. E-
mail:anajgsantos@gmail.com
iii
Mestre em Educação pela UFAL, Professora Assistente do curso de pedagogia da Universidade Estadual de
Alagoas. Coordenadora do Programa de Formação Continuada de Professores para Melhoria da Qualidade da
Educação Básica Fapeal/Capes. E-mail:elizete.balbino@hotmail.com
iv
Graduanda do 5º período do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Alagoas. Bolsista do Programa
de Formação Continuada de Professores para Melhoria da Qualidade da Educação Básica Fapeal/Capes. Email:
marigomes.masg@gmail.com
v
Graduanda do 5º período do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Alagoas. Bolsista do Programa
de Formação Continuada de Professores para Melhoria da Qualidade da Educação Básica Fapeal/Capes. Email:
mirelly_karlla_ec@hotmail.com

Você também pode gostar