Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Graduada em Pedagogia
Especialista em Educação Especial Inclusiva
vivicrispin@hotmail.com
Alfabetizar um aluno é uma das tarefas docentes mais gratificantes.
A alfabetização natural e espontânea para alunos com autismo é diminuída
potencialmente, uma vez que há falha em condições essenciais para apropriar-
se da cultura já estabelecida, tais como a dificuldade na interação social e na
flexibilidade comportamental e intelectual.
Levar uma criança que tem o transtorno do espectro autista até o momento da
alfabetização é a preocupação de muitos pais e professores e é sempre um
caminho que precisa ser percorrido com paciência, sem pressa e envolve
muitas etapas.
Dessa forma, este curso busca trazer algumas informações, sugestões e
estratégias de avaliação com alternativas de atividades para alfabetizar as
nossas crianças.
Quando se trata de autismo, há uma diversidade muito grande de
características envolvendo tanto os casos mais leves como os mais graves e
para que as ações pedagógicas voltadas à alfabetização possam ser
planejadas, é importante conhecer cada um deles.
Então, a primeira etapa diz respeito a conhecer quem é a personagem, quem é
esse aluno e quais são as suas características, a fim de entender se já é
possível iniciar o processo ou não.
Em alguns casos, já se pode poder entrar com o trabalho apresentando os
fonemas de imediato, mas em outros tem que se percorrer um longo caminho,
construindo uma história até chegar na fase quando vai ser possível decodificar
a leitura.
No caso do TEA, para que o processo de alfabetização ocorra é preciso um
amadurecimento da neurobiologia do cérebro.
Assim, não podemos esperar que uma criança de 1 ano aprenda a ler, bem
como ela ainda não pode se alimentar com determinados alimentos.
Logo, nós precisamos de habilidades prévias e se nós não as tivermos, o que
vai acontecer é um insucesso, fazendo com que nós acreditemos que a criança
com TEA não é capaz de aprender a ler e, na verdade, não é isso.
O que ocorre é que nós deixamos de cumprir alguns elementos básicos,
algumas histórias prévias que antecediam esse processo de alfabetização.
Um aspecto extremamente importante e que é uma das dificuldades que
configura o autismo é exatamente o ponto central - a comunicação e a
linguagem.
Assim, esses são justamente os aspectos avaliados no autismo, na deficiência
intelectual e nas dificuldades adaptativas.
Destacando que quando se tem dois problemas concomitantemente, essa
avaliação se torna ainda mais importante.
Às vezes, nós nos surpreendemos quando a criança pronuncia a primeira
palavra, pois para nós, a sensação é de que aquilo está começando naquele
momento, mas na verdade o ser humano começa a trabalhar as habilidades
para falar e andar desde o seu nascimento.
A causa do autismo ainda é desconhecida, o que nós temos são muitas
hipóteses, sendo que uma das possíveis causas diz respeito ao prejuízo
qualitativo na área da linguagem.
Por isso, dentro de uma visão desenvolvimentista, que considera a linguagem
como ponto central no estudo do autismo, é necessário voltar aos precursores
de linguagem - que nada mais é do que tudo aquilo que acontece desde o
nascimento de um bebê até o momento em que ele vai falar, expressar
oralmente aquilo que ele deseja, ou seja, onde surge a linguagem expressiva e
compreensiva
Alguns alunos com TEA já chegam à escola lendo, porque possuem hiperlexia
(desenvolvimento precoce em leitura, memorização de números, letras, escrita,
que se dá por estimulação ambiental) causando ainda mais dificuldades na
escolarização dos mesmos, pois essa característica não garante a
aprendizagem, muitas vezes, esse aluno é confundido, do ponto de vista da
avaliação inicial, com alguém que tem altas habilidades.
Os hiperléxicos não costumam conseguir interpretar o que decodificam. Por
isso, preferimos usar o termo “decodificação” no lugar de “leitura”, já que a
leitura requer, pelo menos, a compreensão, e no nível mais elaborado a
interpretação.
A interpretação exige, colocar-se no lugar do autor e dos personagens, e
relacionar ideias.
Não há somente um único tipo de hiperlexia e nem muito menos, com o mesmo
funcionamento.
A leitura inicia-se pela memorização, entre 2 e 4 anos de idade, e como a
criança não preenche os critérios do diagnóstico do autismo, em seguida,
inicia-se a associação e a interpretação, quando o trabalho é conduzido na
escola por essa direção.
A situação também pode ser diferente do primeiro caso quando a hiperlexia
está associada as características do autismo e, normalmente, entre 2 e 4 anos.
Além da leitura compulsiva por memorização, a criança também tem gosto ou
compulsão por numerais decorando, por exemplo, placas de carros e números
de telefones, ou ainda apresenta a necessidade de repetir sequências como
quando entra em elevadores.
Também pode ocorrer um fato curioso que é capaz de confundir o diagnóstico,
no início do desenvolvimento, além da hiperlexia, a criança apresenta também
as características do autismo, mas estas vão desaparecendo no decorrer do
tempo.
Os alunos costumam, em função desse saber avançado em relação a sua
idade, rejeitar os seus pares na escola e preferir conviver com crianças mais
velhas ou até mesmo adultos, com quem possam compartilhar interesses
semelhantes. Esse tipo de hiperlexia costuma ter boa evolução na leitura, já
que com o trabalho dos alfabetizadores de forma adequada, intensifica-se a
capacidade de interpretar-se a contento.
A primeira coisa que costumamos fazer é não incentivar o prosseguimento
dessa leitura.
Caso isso se transforme em uma espécie de compulsão e a criança queira ler
absolutamente tudo que está ao seu alcance, o que devemos fazer é
contextualizar, utilizando o objeto de leitura de forma generalizada.
Outra estratégia é fazer com que a criança desenhe aquilo que está
supostamente lendo, para dar início a uma representação gráfica, visto que a
leitura sem a escrita é um outro problema causado pela hiperlexia.
É importante ainda incentivar a imaginação e a brincadeira, transformando
sucata em brinquedos, brincar com letras, inibindo um pouco a quantidade de
livros e revistas que estão à mostra e dar preferência a livros que possuam
imagens mais compatíveis à faixa etária da criança.
Se o aluno rejeitar todas essas estratégias, será necessário seguir o passo a
passo do método fônico, refazendo caminhos para garantir a representação da
escrita, a representação grafofonêmica e também a capacidade de
interpretação.
De certa forma, em casos de hiperlexia, uma das principais estratégias é
justamente inibir a leitura, o que acaba fazendo com que muitos pais se
preocupem que a criança perca o interesse pela leitura ou pela escola. Porém,
se soubermos ditar o caminho adequado, isso não ocorrerá de forma alguma.
Levando-se em conta que o TEA apresenta espectros; ou seja, variações
diversas em suas maneiras de se manifestar em uma pessoa, percebe-se que
não há uma fórmula pronta para alfabetizar uma criança com autismo.
Alfabetização combina com diversão. Suas aulas podem ter muita música,
teatro, gincanas e tudo mais que atraia a atenção de uma criança com autismo.
A pessoa com Autismo tem uma forma muito peculiar de ver o mundo, olha de
forma diferente para objetos e pessoas, perde com isso a absorção de
mensagens que desenvolvem conceitos sociais e, por isso, tem dificuldade de
interagir. Não sabem o que fazer, como ou porque devem se portar de tal
maneira. Boas maneiras não significam nada, são códigos sem sentido que
não são fortes o suficiente para segurar a sua ação impulsiva.
As pessoas com autismo não conseguem muito bem planejar, ou seja, existe
um déficit na função cognitiva superior conhecida como Função Executiva e
devido a isso eles têm dificuldades em planejar. Lembremos que, para ler, eu
preciso ser capaz de seguir passos. Usar as letras certas que representam um
som (ou mais de um) em uma ordem determinada com um ritmo correto.
O som da letra B:
● Apresentar somente imagens cujos objetos iniciam-se com B sem a
presença da letra.
● O educador pode apresentar mais do que 4 imagens ao longo do
processo até ter a certeza de que o reconhecimento do som inicial se
concretizou.
O som da letra T:
● Apresentar somente imagens cujos objetos iniciam-se com T sem a
presença da letra.
● O educador pode apresentar mais do que 4 imagens ao longo do
processo até ter a certeza de que o reconhecimento do som inicial se
concretizou.
O som da letra M:
● Apresentar somente imagens cujos nomes iniciam-se com M sem a
presença da letra.
● O educador pode apresentar mais do que 4 imagens ao longo do
processo até ter a certeza de que o reconhecimento do som inicial se
concretizou.
O som da letra B:
O som da letra B:
__________ ____________ _____________ _______________
ATENÇÃO:
FAREMOS AS MESMAS ETAPAS COM AS LETRAS
● T
● Escrever a primeira letra.
● Escrever ou colar a letra inicial abaixo do desenho.
DITADO:
ATENÇÃO:
FAREMOS AS MESMAS ETAPAS COM AS LETRAS
● M.
● Escrever a primeira letra.
● Escrever ou colar a letra inicial abaixo do desenho.
DITADO:
LATA
BOTA
● Ditado:
Escrevendo as palavras somente com estímulo auditivo, sem o apoio da
imagem.
● ATENÇÃO:
● Realizar as mesmas etapas com palavras de 3 sílabas:
ENTÃO:
Realizar as seguintes etapas para apresentação das demais consoantes.
Seguir esta ordem:
● N–P–V
● D–F–S
● J–G–V
● C–Q–R
● Z–X–
● W – K- Y
QUE SÃO:
● Apresentar somente imagens cujos nomes iniciam-se com a consoante
sem a presença da letra.
● O estudante deve escrever a primeira consoante.
● Escrever ou colar a letra inicial abaixo do desenho.
● O educador fala o som e o estudante escreve, sem nenhum apoio visual
de nenhuma imagem .
● Ditado.
● Formação de palavras com o vocabulário que já temos.
● Ligar a palavra ao desenho.
● Desenhar ou colar a figura correspondente às palavras.
● Escrevendo as palavras somente com estímulo auditivo, sem o apoio da
imagem.
● Formar e apresentar com auxílio de imagens novas palavras de 3
sílabas.
+ = BA
E depois juntas, como ficam.
Trabalhe as letras com todas vogais formando a família silábica.
Você pode usar cartazes para fixar as famílias silábicas.
Trabalhe uma letra de cada vez.
C + H = CH
E depois juntas como ficam?
Que palavras formam?
Mostre imagens com estas palavras e destaque os dígrafos.
CHAPÉU
CHINELO
Nesse momento temos um leitor experiente, ávido por querer ainda mais e por
isso vamos ampliar cada vez mais o vocabulário.
Não é necessário escrever todas as palavras aprendidas, mas é sempre bom
renovar o vocabulário e para termos certeza de que estamos conseguindo ter
êxito, o ideal é fazer o ditado, como em todas as etapas anteriores.
● Quando apresentarmos, por exemplo, os dígrafos GUE e GUI, mostre a
necessidade dos três fonemas confrontando com palavras como
GUERRA e ÉGUA.
● Evite fazer apresentações isoladas. Isso vale para todos os outros
encontros também: os consonantais, as inversões, etc. Contextualize
sempre!
● Ao apresentar o GE e o GI, confrontar com o J! Foneticamente, não há
diferença na pronúncia, mas há diferença na grafia, daí a importância
das fichas de leitura e de vocabulário.
● No momento da apresentação do NH, aproveite para dar a ideia de
diminutivo. Contextualize e mostre à criança a importância do NH: bola –
bolinha, gato – gatinho, etc.
● Utilize fonemas que a criança já conheça e já saiba lidar, formando
sílabas palavras e frases.
Caso o aluno não consiga desenhar, ele pode colar uma imagem
VOVÔ
Caso o aluno não consiga desenhar, ele pode colar uma imagem
● Sobre a carteira.
● na areia.
🠶 Substantivo próprio.
🠶 Até aqui nosso aluno já possui bastante conhecimento.
🠶 Então, podemos partir do seu nome.
🠶 Explicar que seu nome é importante.
🠶 Por isso, um nome próprio se escreve com a inicial maiúscula.
Henrique
Exemplos:
1- Vamos completar o quadro com adjetivos
Menino alto
Casa
Cachorrinho
Boneca
Comida
PEIXE
PEIXINHO
PEIXÃO
MENINA MENINO
● Nesta tabela fixar a foto do aluno, representando se é menino ou
menina.
🠶 Você pode construir com alunos pequenos livros, cada dia você
confecciona com ele uma página e no final ficará um lindo texto e um
lindo livro.
🠶 Você pode dar as figuras e eles construírem os textos.
Veremos aqui algumas dicas que nos auxiliarão a trabalhar o incentivo à leitura
de nossos alunos.
Alunos com TEA, normalmente, precisam ter uma rotina que garanta
previsibilidade ao seu dia-a-dia. Para eles, é importante saber o que vai
acontecer, quais serão as atividades do dia, e principalmente se haverá algo de
diferente. Essa antecipação dos acontecimentos ajuda a se sentirem seguros,
porque dessa forma ele compreende seus objetivos e consegue saber o que as
outras pessoas esperam que eles façam em cada momento.
Ler todos dias um pequeno livro em sala durante a rotina ajuda a adquirir e
entender o hábito da leitura.
Alguns alunos com TEA têm dificuldade de lidar com contextos novos e com o
desconhecido. Por isso, é importante procurar histórias com as quais ela se
sinta confortável e, melhor ainda, se identifique. É bom que os livros tenham
personagens da sua idade, mostrem familiares, locais que ela já conheceu, ou
atividades que ela pratica.
Livros personalizados têm um apelo especial para leitores com autismo.
Quando o aluno cria seu próprio personagem para ser o protagonista e se
reconhece no livro, isso gera identificação e a aproxima das situações vividas
na história. O resultado é que ela vai querer ler o livro repetidas vezes, dessa
forma incentivando o hábito da leitura e potencializando seu aprendizado.
Seja na escola ou em casa, alunos com TEA têm mais facilidade para aprender
determinado conceito quando começa com passos básicos e vai aumentando a
complexidade gradativamente, em uma ordem lógica.
Ao ensinar alunos com autismo a ler, comece com os fonemas, ou seja, o som
produzido por cada letra. Ensine usando exemplos de palavras que o aluno usa
bastante, como P de “pai”, por exemplo, relacionando sempre a objetos e
elementos de seu dia-a-dia,
Depois, ela começará a formar sílabas, e para essa fase existem diversos
jogos educativos que podem auxiliar o aprendizado. Só mais tarde, ela terá
consciência sobre a formação das palavras e frases.
Em cada explicação, é importante manter instruções diretas e objetivas,
lembrando que pessoas com autismo têm dificuldade com conceitos abstratos.
É bom sempre seguir uma lógica: revisar o que a criança já sabe, apresentar
um único conceito novo, e então praticá-lo.
O tempo de atividades ou de leitura também devem ser ajustados aos poucos.
Tente ler por alguns minutos de cada vez no início. Em seguida, aumente
gradativamente o tempo de leitura quando a criança melhorar sua capacidade
de atenção.
Cada pessoa aprende melhor de uma forma e o mesmo acontece com alunos
com autismo. Por isso, é importante buscar estímulos multissensoriais, porque
pode ser que seu aluno aprenda mais usando a visão, ou então o som, e até
mesmo o toque.
Alunos mais visuais gostam de ver aquilo que estão lendo ou aprendendo, por
isso é essencial que as imagens do livro correspondam ao que está escrito
nele. Dessa forma, são criadas associações entre o texto e os recursos visuais,
favorecendo o desenvolvimento da linguagem.
Alunos mais auditivos preferem ouvir instruções orais e depois discutir o que
aprenderam para solidificar o material. Na leitura, uma boa ideia é adquirir um
Audiolivro para a criança ouvir enquanto acompanha o texto escrito, para assim
ir decodificando as palavras.
Já os alunos “mão na massa” aprendem melhor fazendo, e absorvem melhor o
conhecimento quando podem tocar e manipular objetos. Procure livros que
sejam acompanhados de outros elementos, ou então seja criativo e crie você
mesmo objetos para personificar a leitura! Se a história se passa em uma
caverna, que tal criar uma caverna. Construa objetos que aparecem na história,
eles vão deixar a leitura mais divertida e fazer com que aprender se torne uma
verdadeira brincadeira.