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ALFABETIZAÇÃO:

7 PASSOS PARA OS FAMILIARES AJUDAREM


A CRIANÇA NO PROCESSO DE
AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

ESTER SOUZA
MARIA MOREIRA

Z
DIREITOS AUTORAIS
Todos os direitos são reservados. É proibida a reprodução e/ou
distribuição parcial ou total dessa obra de qualquer forma, sem
consultar previamente as autoras.
Os passos sugeridos nesse E-book são baseados na prática, nas vivências,
nos relatos dos familiares e em pesquisas.
As autoras não se responsabilizam direta ou indiretamente pelos
resultados uma vez que
foram apresentadas sugestões, e, a forma que cada família vai colocar em
prática é subjetiva, singular e dinâmica.
Para aprofundar os conhecimentos, se desejarem, as famílias podem
consultar as referências que as autoras utilizaram ou buscar ajudar
profissional.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
Alfabetização
CAPÍTULO 1
1º PASSO: CRIAR UMA ROTINA
CAPÍTULO 2
2º PASSO: ORGANIZAR O MATERIAL

CAPÍTULO 3
3º PASSO: SABER QUE NA FASE DE ALFABETIZAÇÃO A CRIANÇA PRECISA DE APOIO
DA FAMÍLIA
CAPÍTULO 4
4º PASSO: MOTIVAR SEU FILHO
CAPÍTULO 5
5º PASSO: VALORIZAR PEQUENAS CONQUISTAS DO SEU FILHO
CAPÍTULO 6
6º PASSO: ENTENDER QUE O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO É GRADATIVO
CAPÍTULO 7
7º PASSO: BUSCAR AJUDA PROFISSIONAL
CONCLUSÃO
REFERÊNCIA
AS AUTORAS
INTRODUÇÃO
7 PASSOS PARA OS FAMILIARES AJUDAREM A CRIANÇA NO
PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA

Olá famílias!
Nesse E-book abordaremos a Alfabetização e a relação da família com a
criança que está nesse processo. É uma proposta de orientação, prática e
libertação da culpa de se sentir incapaz ou impaciente diante do desafio de
apoiar seu filho no processo de Alfabetização.
Ouvimos muitas vezes de pais ou responsáveis de crianças em fase de
Alfabetização que não estão conseguindo acompanhá-las. Alguns não se
sentem preparados para desempenhar a função, outros não dispõem de tempo
suficiente, pois as demandas do dia a dia são muitas. Algumas famílias têm
mais de um filho em idade escolar e dividir a atenção entre eles torna-se
tarefa desgastante.
A Alfabetização é uma fase de suma importância na vida escolar da criança.
Nesse período a criança desenvolve a habilidade de leitura e escrita. Esses
processos são base para que ela avance em todas as disciplinas e, também
possibilita autonomia para a própria vida.
Os professores e professoras são os mediadores para auxiliar a criança nesse
processo, pois estudaram e se especializaram para desenvolver tal função.
Entretanto, o apoio da família é fundamental para que a criança se sinta
segura e desenvolva todo o seu potencial.
A parceria entre a escola e a família se faz necessário a fim de que se tenham
os objetivos alinhados e garanta o direito à aprendizagem assegurada pelos
documentos legais, como a Constituição Federal[1] de 1988, em seu artigo 205
onde se lê, “educação, direito de todos e dever do estado e da família,” e
também em documentos que regem a educação, como a LDB – Lei de
Diretrizes e Bases da Educação e a BNCC – Base Nacional Comum
Curricular. Nesses documentos encontram-se as competências pedagógicas
da escola e também as responsabilidades da família para com a criança em
fase escolar.
Percebemos que as famílias, em geral, têm interesse em participar e
acompanhar o desenvolvimento das crianças, mas a sobrecarga de trabalho
rouba-lhes a oportunidade de ver seus filhos se apropriarem de
conhecimentos fundamentais. Somos solidárias, pois compreendemos as
questões que são colocadas pelos pais diante da situação.
As angústias que as famílias relatam são justificáveis, pois de acordo com o
Caderno do Educador[2]: Alfabetização e Letramento 1 do Ministério da
Educação “Alfabetização é um processo, e não se limita apenas a ler e
escrever signos do alfabeto, mas, sim, compreender como funciona a
estrutura da língua e a forma como é utilizada”. Assim, consideramos que
seria injusto cobrar das famílias a responsabilidade pela Alfabetização das
crianças, no entanto, ressaltamos que há competências que são da escola,
porém outras são da família.
Nesse sentido, elencamos sete passos para auxiliarem os pais ou cuidadores
das crianças na fase de Alfabetização. Nosso intuito é orientá-los a fim de que
esse momento seja o mais tranquilo possível para os adultos e menos
traumático para as crianças.
Se você tem experimentado estresse, ansiedade ou até mesmo falta de
paciência com a criança, não se sinta culpado. Saiba que existem algumas
atitudes que podem facilitar o convívio entre o adulto e a criança e, também
otimizar o tempo, tão curto e valioso.
Portanto, se a Alfabetização tem tirado o seu sono ou a sua paz se dê a
oportunidade de conhecer o lado positivo dessa fase. Não apresentamos
soluções mágicas ou técnicas milagrosas, mas sim uma proposta para que
você pai, mãe ou responsável possa compreender um pouco sobre o processo
de Alfabetização e fazer algumas adaptações dentro da sua realidade.

Alfabetização

A Alfabetização é o período de aquisição da Linguagem Escrita, ou seja, a


criança vai aprender o Alfabeto e também aprender a utilizá-lo como forma
de comunicação. Esse processo acontece para as crianças que estão na faixa
etária, geralmente, dos quatro aos oito anos de idade. A proposta do PNAIC[3]
– Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é que até ao final do 3º
ano do Ensino Fundamental a criança esteja alfabetizada. Assim, observe e,
se necessário, converse na escola de seu filho para que se sinta mais tranquilo
diante do processo.
A criança que frequentou a Educação Infantil recebeu fundamentos
pedagógicos com atividades direcionadas para a Alfabetização. Desde o
momento que o bebê folheia um livro, ouve uma história ou música está
sendo preparado para viver o processo.
O meio que a criança vive também contribui com essa formação. Quando a
família lê rótulos de produtos, escreve mensagens no celular, faz leituras
diárias junto com a criança está ajudando a formar um leitor.
O Psicólogo e Biólogo suíço Jean Piaget, pesquisador do processo de
aprendizagem, ressalta que entre os 2 e 7 anos de idade as crianças
desenvolvem a memória e a imaginação. Nesse período são capazes de
entender sobre passado e futuro e interpretá-los simbolicamente.
A capacidade de interpretar símbolos é muito importante na fase de
Alfabetização. Para a criança avançar no aprendizado é necessário
compreender que as letras do Alfabeto podem ser representadas no papel ou
na tela do computador e também na imaginação.
A maioria das crianças, aproximadamente aos oito anos de idade, já está bem
desenvolvida dentro do processo de Alfabetização, porém não compare seu
filho com outra criança, independente da idade ou ciclo que ele esteja. Cada
criança tem seu tempo para aquisição da leitura e escrita alfabética.
Cobranças excessivas podem deixar as crianças ansiosas e interferir de
maneira negativa.
Compreenda que a Alfabetização é um processo gradual. Para aprender a
andar seu filho começou engatinhando, depois ficou em pé, caiu, bateu a
cabeça, chorou até arriscar os primeiros passos. Assim também acontece
com a Alfabetização que é uma construção diária.
Dessa forma, aproveite o tempo de estudo para conhecer um pouco mais o
seu filho. Vamos contribuir com vocês passando sete passos, que, com
certeza, ajudarão a tornar esses momentos mais tranquilos, proveitosos e
trarão benefícios para os adultos e para as crianças.
CAPÍTULO 1
1º PASSO: CRIAR UMA ROTINA

A palavra rotina pode representar um peso para o cotidiano de algumas


pessoas, porém para as crianças a rotina é necessária. Se bem estabelecida
transmite a estabilidade e a segurança que a criança precisa para o seu
desenvolvimento, pois se sente orientada no tempo-espaço.
É importante que os pais criem e mantenham uma rotina com horário para o
sono, para a alimentação, para as brincadeiras, para o descanso e para os
estudos.
A criança na fase de Alfabetização não possui autonomia para realizar as
atividades propostas pela escola sozinha. É necessário a orientação e o
acompanhamento de perto por um adulto. Por isso, ao definir o horário para a
criança realizar a atividade precisa conciliá-lo com a disponibilidade de quem
vai orientá-la.
Algumas famílias têm o hábito de auxiliar a criança enquanto realiza as
próprias atividades. Por falta de tempo acumulam-se as funções. Isso não é
indicado porque a Alfabetização é um processo que demanda orientação
direta. Além disso, percebe-se que quando se divide a atenção entre duas
tarefas perde-se tempo e aumenta o estresse.
Outras famílias têm o costume de chamar a criança quando o adulto tem um
tempo vago entre as atividades diárias. Nesse momento, a criança que está
brincando ou assistindo televisão se mostra resistente e a situação torna-se
tensa.
O período de Alfabetização já possui alguns desafios para a criança que a
deixa insegura e ansiosa. Assim propomos que a família elabore, de
preferência, junto com a criança uma rotina de estudos.
A definição do horário de estudo, se possível, junto com a criança é
interessante porque às vezes 30 minutos de diferença poderá render
resultados positivos. Imagina como se sente a criança que é chamada para
fazer atividade no horário do seu desenho preferido? Mesmo que ela se
assente contra sua vontade diante do caderno o foco estará em outro lugar.
A proposta aqui não é fazer todas as vontades da criança, mas sim fazer
adaptações a fim de produzir maior interesse e disposição da criança para o
aprendizado. De acordo com o Psiquiatra e escritor Augusto Cury (2003, p.
46) “o diálogo é uma pérola oculta no coração. Ela é tão cara e tão acessível.
Cara porque ouro e prata não a compram; acessível, porque o mais miserável
dos homens pode encontrá-la”.
Quando a criança participa das decisões se sente pertencente e respeitada.
Isso ajudará, pois quando se mostrar insatisfeita e resistente para fazer a
atividade você terá o argumento de que aquele horário foi combinado e
deverá ser cumprido. Também será importante avisar a criança com uns dez
minutos de antecedência que em breve começará a atividade. Assim, ela terá
a oportunidade de se desligar de uma tarefa e se preparar para a próxima.
Outro ponto que merece destaque é o local onde a criança está realizando as
atividades. É um local calmo e tranquilo? É claro e arejado? Está próximo de
distrações como televisão ou pessoas circulando? É importante que se separe
um lugar com menos interferências e poucas possibilidades de distrações.
É importante orientar a criança para que ela utilize a cadeira e a mesa, pois
na idade da Alfabetização o corpo ainda está em formação e uma boa postura
evitará problemas futuros.
Após realizar as adaptações acima inclua este espaço na rotina informando à
criança que aquele será o seu local de estudo todos os dias. Esse
procedimento evitará desperdício de tempo e discussões desnecessárias na
hora de estudo.
Se a atividade exigir muito tempo, combine tempo de pausa a fim de que a
criança possa descansar e relaxar, pois assim com certeza o rendimento será
melhor quando retornar.
Não compare a rotina de sua família com a de outra. Cada família é única e
depende de uma organização própria para trazer tranquilidade e harmonia
para o lar. Gostaríamos de oferecer uma rotina pronta, mas não é possível
pela especificidade de cada casa.
A nossa proposta é que cada família, dentro de suas condições e
possibilidades, faça ajustes para que os momentos de estudo possam ser de
crescimento e união. Veja o que é possível adaptar para que você consiga
participar e comemorar com seu filho cada etapa vencida. Assim o processo
de Alfabetização vai se concretizar sem deixar marcas negativas na
escolarização do seu filho.
CAPÍTULO 2
2º PASSO: ORGANIZAR O MATERIAL

A criança aprende pelo exemplo, por isso é muito importante que os adultos,
ao dar um comando para a criança pela primeira vez, orientem como fazer.
Às vezes você está pedindo para a criança organizar o material, mas não está
obtendo o resultado esperado. Nesse caso é melhor parar e avaliar o que está
acontecendo, pois de acordo com Cury (2003, p. 33 e 34) “não insista em
repetir as mesmas coisas para os mesmos erros, para as mesmas teimosias
(...). Os mesmos erros merecem novas atitudes”.
Existem vários motivos para a criança não fazer como você pediu. Um dos
motivos pode ser porque a criança não compreendeu o que você disse.
Também pode ser porque ela tem um conceito de organização em sua mente
e vai fazer de acordo com a hipótese que tem e não com o seu ideal de
organização.
A organização do material pode contribuir com o desempenho da criança que
está no período de Alfabetização. É necessário estar atento ao antes, o durante
e o depois do período de estudo, pois o tempo de concentração da criança é
menor do que o tempo do adulto.
Qualquer distração resulta em perda de tempo para os pais e um novo estresse
para a criança porque ela precisará retornar à atenção para a atividade. Isso
demanda gasto de energia e pode causar atrito com o adulto.
Imagine quando um profissional chega ao seu local de trabalho e não
encontra seus materiais organizados. A mesa revirada, os papéis, canetas ou
outros instrumentos não estão disponíveis para o uso. Quanto tempo e energia
serão dispensados para a pessoa se organizar interna e externamente? O
rendimento do trabalho será o mesmo de um dia que chega e encontra o local
organizado com os materiais dispostos de forma prática e à mão quando
precisar? Acreditamos que não, o resultado final será inferior.
O mesmo princípio pode ser aplicado ao momento de estudo.
Compreendemos que o processo de Alfabetização é mais do que cognitivo,
pois envolve toda a estrutura da criança, emocional e também física. Por isso
convidamos os pais a refletirem sobre a organização do material escolar na
hora do estudo.
Antes de iniciar peça a criança para pegar todo o material que vai precisar e
organizá-lo sobre a mesa, pois, se durante a atividade a criança precisar
levantar para pegar uma borracha em outro espaço tem possibilidade de ela se
distrair durante o percurso.
O simples fato de abrir a mochila para pegar um lápis é suficiente para tirá-la
do foco, pois pode ver um objeto que lhe chame a atenção. Ensine e explique
para a criança a importância dos materiais estarem próximos, sempre à mão.
Diga que essa organização contribuirá para que a atividade seja realizada em
menor tempo e após ela poderá brincar.
Durante a atividade atente para que a criança esteja sentada confortável, mas
de maneira correta. Ofereça água, de preferência que a garrafinha esteja
também à mesa. Ofereça seu apoio sempre incentivando o progresso e a
autonomia da criança.
Após finalizar as atividades o primeiro impulso da criança é sair correndo
para brincar, mas crie hábitos saudáveis. Instrua a criança para guardar os
materiais com cuidado e capricho, preferencialmente sempre no mesmo
lugar. Assim, poderá também guardar os brinquedos e outros materiais após o
uso.
Perceba que o tempo direcionado para o estudo contribui não só com o
processo Alfabetização, mas também para desenvolver outras habilidades
como o capricho, o zelo, a organização e o cuidado com o bem estar.
Aproveite essa oportunidade para passar valores e princípios que você deseja
que seu filho tenha.
Por fim, comemore com sua criança o término da atividade e o seu
desempenho e a libere para as brincadeiras. Tenha certeza que essas atitudes
ajudarão no processo de Alfabetização. Pode ser desafiador nos primeiros
dias, mas depois de um tempo o hábito se consolidará e renderá frutos para
toda a vida.
CAPÍTULO 3
3º PASSO: SABER QUE NA FASE DE ALFABETIZAÇÃO A
CRIANÇA PRECISA DE APOIO DA FAMÍLIA
Os seres humanos são seres dependentes. Muitas espécies animais
conseguem sobreviver sem ajuda dos seus genitores, já com o ser humano é
diferente. O ser humano ao nascer precisa ser alimentado, se ele for
abandonado não tem como sobreviver, ele precisa ter as suas necessidades
básicas atendidas por um adulto o que faz dele um ser social.
A aprendizagem vivenciada na escola é fundamental, mas um envolvimento
familiar fará toda diferença na alfabetização da criança. Resultados
fantásticos podem surgir na aprendizagem e no desenvolvimento de uma
forma geral, quando a criança tem um acompanhamento familiar em seu
processo escolar.
A interação ocorrida na escola com a professora e colegas é anual, semestral,
isso varia conforme a escola, a região ou até mesmo o país, mas, a interação,
o compromisso, o vínculo afetivo e emocional familiar são para toda a vida.
Uma forma dessa interação acontecer é por meio da contação e leitura de
histórias. É válido lembrar que estamos falando de duas coisas diferentes,
quando você conta história para o seu filho não é um texto escrito, mas, sim,
um texto oral porque você transformou todo aquele texto cheio de
informações gramaticais para a linguagem oral.
Quando você lê, conforme escrito, tem um conhecimento sendo transmitido
juntamente com a leitura. Podemos citar como exemplo as pausas que
fazemos diante das vírgulas, ou outros pontos como a exclamação e a
interrogação, todos eles são transmitidos na leitura ainda que de forma
imperceptível para o leitor adulto, mas a criança vai detectando aspectos
diferenciados na leitura.
Outra forma de interação da família nesse processo é ouvir a leitura que a
criança já dá conta de fazer. Confesso que no início é um teste de paciência,
pois geralmente a criança vai ler sílaba por sílaba, ou talvez, palavra por
palavra. Ao perceber que a criança já está progredindo é importante que se dê
a ela um retorno da leitura realizada, mostre a ela o quanto ela já aprendeu.
É aconselhável informar para a criança que ela pode ler um parágrafo e
entender o que está sendo lido, pois o texto está transmitindo uma informação
que ela precisa entender. Ajudá-la a perceber qual mensagem está sendo dita
é fator muito importante no processo de alfabetização. Os pais devem ter
sempre em mente que o processo de alfabetização é a aquisição da leitura e
da escrita.
Na fase de alfabetização existe sim a necessidade de apoio. Agora já não é
aquela necessidade vital que caso não ocorra a criança morre, mas um apoio
familiar de presença, atenção e caminhar juntos, pois a alfabetização é a base
de um processo que vai durar toda a vida e quando esse processo é feito sem
o devido fundamento a criança pode ter sua vida estudantil comprometida.
Quando uma criança não tem apoio, encontrará dificuldade em acreditar em
si mesma e nos seus conhecimentos, bem como não terá estímulos para
prosseguir em outras áreas de sua vida. O conhecimento da leitura e da escrita
fará grande diferença na produção e interpretação de textos. Podemos dizer
que grande parte do que acontece na nossa vida está vinculado direta ou
indiretamente a nossa alfabetização. Podemos dizer que tudo que acontece
em nossa vida gira em torno do nosso código de comunicação, a escrita, se
caso o processo for ensinado com propriedade transmitirá segurança para
quem aprende, mas se o processo for realizado sem o devido cuidado poderá
gerar traumas e bloqueios na criança.
Independente da condição interna, psicológica e emocional da criança,
percebemos que há fatores externos que podem ajudá-la a passar pela fase de
Alfabetização com mais tranquilidade.
Um dos fatores externos que poderá proporcionar um aprendizado mais
tranquilo é o apoio dos pais, ou seja, essa estrutura emocional que elas
recebem da família. Esse é um grande diferencial durante o processo de
alfabetização.
É importante que a criança perceba que pode contar com a ajuda dos pais.
Uma das formas que isso pode ser demonstrado é por meio de elogios.
Incentive e encoraje as crianças diante de comportamentos positivos, pois
elas se sentirão mais seguras.
CAPÍTULO 4
4º PASSO: MOTIVAR SEU FILHO

As crianças têm necessidade de motivação para evoluir de maneira saudável.


Os pais são sempre os melhores motivadores dos filhos, pois a força que vem
deles impulsiona os filhos para o sucesso. Para a criança no período de
Alfabetização a necessidade de incentivos se intensifica, uma vez que para
realizar as atividades escolares ainda é necessário acompanhamento direto e
próximo.
É de suma importância que a criança entenda o valor da leitura e da escrita no
contexto social e que receba os estímulos corretos para desenvolver essas
habilidades. Assim, avançará com segurança e tranquilidade no processo.
De acordo com o dicionário da Língua Portuguesa Novo Aurélio, (1999)
motivação é um: “Conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou
inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem
entre si e determinam a conduta de um indivíduo”. Percebe-se o poder que a
motivação tem de interferir de modo positivo na vida de uma pessoa. Para a
criança que ainda não possui a capacidade de se automotivar os estímulos
vindos da família são nutrição para o contínuo progresso.
A motivação certa na fase de Alfabetização ajudará a criança a vencer os
desafios com confiança em si mesma. Assim, não terá medo de se arriscar ao
ler uma palavra e errar, pois se sente apoiada pelos pais ou responsáveis.
Os pais que acompanham a vida escolar do filho desde a Educação Infantil
provavelmente já são um motivador desse processo, uma vez que o mesmo se
inicia desde o berçário. Isso acontece quando contam histórias, folheiam
livros juntos e pedem para a criança recontar a história do seu jeito.
Entretanto, poderá surgir uma dúvida: como motivar ou intensificar a
motivação para desenvolver a habilidade de leitura e escrita? É preciso estar
atento, pois, embora seja fundamental aguçar a curiosidade da criança é
necessário ter cuidado para não pressionar ou cobrar demais, gerando
traumas.
Uma opção lúdica que produz resultados benéficos são os jogos com as letras
do Alfabeto porque possibilitam que a criança faça experiências e hipóteses
de escrita enquanto brinca. Outra possibilidade é criar um ambiente que
desperte a curiosidade da criança para a Linguagem Escrita.
Nessa perspectiva, pode-se utilizar vários portadores de textos como
diferentes livros infantis, revistas, encartes ou folders de propaganda. Tire
tempo para interagir com a criança e os materiais disponíveis, não como uma
aula, mas sim como um momento de troca e diversão. Aproveite para chamar
a atenção para as letras, as formas e as cores a fim de que ela perceba o
universo escrito.
Outra possibilidade é pedir a ajuda a seu filho para fazer lista de compras,
escrever recados, escolher filmes, encontrar mercadorias no supermercado e
fazer a leitura dos rótulos dos produtos. Esse contato com a escrita provoca
interesse e curiosidade na criança e a prepara para o processo de
Alfabetização.
Já o contato com diversos materiais permitirá que a criança solte a
imaginação. Por isso proporcione momentos em que terá contato com
diferentes materiais como lápis, canetinhas, giz de cera, papéis coloridos,
jornais e revistas velhos para que ela possa fazer desenhos livres, recortes e
colagens. Se possível deixe que ela escreva na terra e na areia para
experimentar a escrita. Essas ações contribuem para estimular o prazer de
expressar-se por meio da linguagem escrita.
Outro ponto que interfere no processo de alfabetização é a comparação.
Quando um pai compara o desempenho de seu filho com outras crianças ele
provoca ansiedade na criança.
A criança quando fica ansiosa a tendência é querer aprender para não frustrar
os pais. O aprendizado precisa ser para a criança, para a sua vida e não para a
vida dos pais. É necessário que ela compreenda a importância da
alfabetização em sua vida. Ao invés de comparar mostre ao seu filho o
potencial que ele tem.
Aproveite o tempo com sua criança e conte sua história com a Alfabetização.
Ainda conforme Cury (2003, p. 47, 48), “os pais são contadores de histórias e
não têm vergonha de usar seus erros e dificuldades para ajudar os filhos a
mergulhar dentro de si mesmos e encontrar seus caminhos”.
Demonstre-lhe que você também passou por desafios, mas foi possível
aprender a ler e escrever. Mostre as possibilidades que surgem a partir da
leitura como poder escrever mensagens e convites para os amigos. Essas
ações são motivadoras e estimulam a curiosidade da criança para o processo
de Alfabetização.
Portanto, o papel da família não é alfabetizar a criança, mas sim motivar o
desenvolvimento e apropriação da linguagem escrita por meio de atividades
lúdicas e valorização da leitura e da escrita. Dessa forma, você poderá criar
momentos de proximidade com seu filho e contribuir de maneira positiva
para o seu processo de Alfabetização.
CAPÍTULO 5
5º PASSO: VALORIZAR PEQUENAS CONQUISTAS DO SEU FILHO

Na nossa vida tudo que almejamos vamos conquistando aos poucos, quando
pensamos em conhecer algum lugar no mundo cada mês economizamos para
aquela tão sonhada viagem. Cada economia é uma conquista celebrada, pois
estamos mais perto da realização de um sonho, de um objetivo ou mesmo de
um desejo.
Uma criança ainda não consegue estabelecer um objetivo, por isso, temos
documentos, leis, parâmetros e currículos que estabelecem esta caminhada.
São planos de alfabetização que pré-estabelecem uma idade em que a
alfabetização deve acontecer, e para isso matriculamos nossos filhos em uma
boa escola que apresente uma estrutura curricular que garanta que o objetivo
será alcançado.
Não podemos deixar esta tarefa apenas para a escola, precisamos também
ajudar nossos filhos a vencerem os desafios da alfabetização, e
comemorarmos cada etapa conquistada. Nesta hora precisamos saber abrir
mão do nosso conceito de conquista e entender que para a criança apenas
segurar no lápis já é uma grande conquista que precisa ser evidenciada para
que ela se sinta segura para alcançar novos objetivos.
Muitas vezes não consideramos o processo individual de cada aluno, se os
meus filhos não estão lendo e escrevendo impecavelmente no início do ano
logo entro em desespero. Calma, não é para tanto, todas as pessoas são
capazes de aprender, porém devemos respeitar os seus próprios ritmos e
processos internos de maturação.
Da mesma forma que é importante entender isso, é fundamental que se
valorize as pequenas conquistas. Se seu filho aprendeu as vogais, ele realizou
na visão dele uma grande conquista, porém eu, como adulto leitor, questiono
e, ás vezes, falo que isso não é nada diante dos textos de Camões[4] ou dos
livros científicos. Realmente se compararmos sabemos que a caminhada dele
é longa e por isso precisamos ajudá-lo celebrando com ele essa pequena
conquista que é conhecer algumas letras.
Alguns conceitos como o de auto-regulação da aprendizagem a criança ainda
não desenvolveu então, cabe a nós adultos reconhecer cada passo dado por
ela e incentivar que novos passos na caminhada da alfabetização possam vir a
acontecer. Ou seja, a criança precisa de alguém que fale para ela de onde ela
saiu e o quanto já conquistou neste processo, ainda que seja apenas o
conhecimento das vogais, isso é uma conquista que merece ser reconhecida e
elogiada.
É importante que, sempre atrelado às pequenas conquistas, vamos lhe
mostrando como é bom aprender, apresentar-lhes também novas
possibilidades do que ao ser alfabetizada a criança poderá fazer, tarefas que
ainda não são possíveis de serem feitas. Um exemplo é a leitura de histórias
sem a ajuda de outra pessoa.
Ao mostrar à criança seus progressos passo a passo estamos ensinando-lhe a
confiar em si, ser responsável pelo seu sucesso, entendendo que ele (o
sucesso) é uma conquista que vai se realizando gradativamente, neste
momento da vida o objetivo é a alfabetização, mas em outros momentos os
objetivos serão mais ousados conforme a idade.
Um conceito incorporado nesta relação pais e filhos no período de
alfabetização é o conceito de autoeficácia[5], a criança entender que ela pode
aprender algo, seja neste momento ou ao longo da sua vida. É preciso que a
pessoa que está ajudando-a faça-a descobrir que ela pode aprender. Que ela
está aprendendo, ou seja, seu filho precisa acreditar nele mesmo, e as
atividades que não consegue resolver sozinho pode ter a tranquilidade de
contar com a ajuda do papai ou da mamãe para conseguir.
Quando a criança não tem sua autoeficácia trabalhada com a ajuda de um
adulto, passa a acreditar que não é capaz de conseguir aprender e faz opção
pelo choro e birra, o que transforma a experiência de aprendizagem em uma
situação estressante para o adulto e traumatizante para a criança. É importante
valorizar as pequenas conquistas. Dessa forma, ela se sentirá segura para
continuar aprendendo e se inteirando cada vez mais do processo de
alfabetização.
As crenças de autoeficácia são mais fortes na infância, e o ponto de partida
para que as crianças se apropriem cada vez mais, é alguém acreditando no
potencial delas e demonstrando isso com respeito e paciência. Uma maneira
de potencializar o sentimento de autoeficácia da sua criança é acreditando
que ela é capaz e fazendo com que ela acredite em si mesma, isso pode ser
feito por meio de um feedback positivo. É preciso ter consciência de que os
retornos precisam ser acompanhados de novas estratégias e novos caminhos
para aprendizagem.
CAPÍTULO 6
6º PASSO: ENTENDER QUE O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO É
GRADATIVO

No presente momento onde tudo acontece de forma rápida com apenas um


clique, ou enter, esquecemos que para alguns processos o tempo é
fundamental. O processo de aprendizagem demanda tempo. De uma etapa
para outra é preciso maturidade. Alguns teóricos da aprendizagem como
Vygotsky (2002), fala da zona real e proximal de desenvolvimento, um saber
que se constrói sobre outros saberes.
O que o autor chama de zona real de desenvolvimento é o nível de
desenvolvimento onde as funções mentais da criança são estabelecidas como
respostas de conclusões de ciclos já completados. A zona proximal de
desenvolvimento consiste, na distância entre o nível de desenvolvimento real
e o nível de desenvolvimento potencial. Podemos então, dizer que existe um
nível de aprendizagem que a criança atinge, quando apresentamos a ela
qualquer questão/conteúdo para serem aprendidos. Ela precisa de um adulto
para incentivar a alcançar um nível de desenvolvimento que não alcançaria
sem o auxilio.
Autoras como Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1979) falam da
profundidade e complexidade do processo de alfabetização. Explicam
também a ineficácia dos métodos sintéticos, conhecidos também como
fônicos e silábicos, e a maneira como os métodos analíticos apresentaram
uma tentativa de superação. Tentativa sim, pois o aspecto reducionista no
trabalho com apresentação da língua permaneceu implícito no processo de
alfabetização.
As autoras, afirmam que, desde que a criança esteja inserida em um contexto
onde a escrita se faz presente, ela é capaz de elaborar hipótese buscando
resposta para saber como se lê e se escreve, porém, para que este aprendizado
se efetive é necessário alguém que tenha domínio do processo de
alfabetização para lhe auxiliar.
O ingresso da criança neste processo de alfabetização é muito importante,
pois consiste na base de conhecimentos que irá permear toda sua vida. Como
vimos, este processo sofre intervenção desde a gestação. Vamos aqui fazer
um recorte do período onde a criança começa a trilhar este caminho de forma
mais acentuada, nos primeiros anos escolares.
O primeiro período desta fase é nomeado como o pré-silábico, onde a escrita
ainda não tem a função de comunicação para a criança, ela apenas faz traços
riscos e rabiscos quando oferecemos a ela um papel e um lápis. Ainda nesta
fase, os riscos e rabiscos vão ganhando formas gráficas aproximando assim
das letras. Este processo vai avançando e outros elementos da escrita como
linearidade (FERREIRO, 2001), descontinuidade, número de traços e
variação dos elementos internos começam a aparecer.
O período silábico é aquele em que as crianças entendem que existem normas
para a escrita, passando agora a fazer suas tentativas de forma controlada.
Neste momento elas fazem uma seleção das letras que irão utilizar,
geralmente usam letras do seu nome e aparecem também as pseudoletras,
algumas letras já começam ter correspondência com o valor sonoro.
Temos em seguida o período denominado como silábico alfabético, neste, as
crianças ainda não têm segurança para escrever utilizando mais elementos do
sistema da escrita. Muitas vezes se utilizam de recursos da fase silábica, este
pode ser considerado um momento de transição, onde a criança mantém
aspectos adquiridos por meio do seu esforço cognitivo, e percebe uma nova
maneira de fazer. Esta fase de transição deve ser respeitada. A criança precisa
receber reconhecimento do seu esforço e incentivo para que possa prosseguir.
O período alfabético pode ser visto como a síntese do processo, ou o final do
processo de evolução da escrita da criança, onde muitas crianças são
consideradas alfabetizadas. Nele ela percebe como o sistema de escrita é
organizado e como ele funciona, conseguindo também utilizá-lo para
comunicar, muitas fazem cartinhas expressando seus sentimentos. Neste
período alguns conhecimentos já foram apropriados, agora é hora de iniciar o
trabalho com as dificuldades ortográficas.
As autoras argumentam que escrever alfabeticamente não significa ter as
dificuldades de escrita todas superadas, mas sim, que parte do processo já foi
adquirido pelas crianças e que outras dificuldades podem ser trabalhadas.
Muitos elementos da natureza precisam de tempo para suas transformações.
Os processos são gradativos, assim como a semente que leva tempo para
germinar formando uma árvore. Um exemplo disso é a germinação do feijão
no algodão. Quem nunca vivenciou esta experiência de plantar feijões em um
potinho com algodão e água e observou seu crescimento. O processo de
germinação não ocorre da noite para o dia. Apenas para as raízes começarem
aparecer levam em média três dias, se o objetivo for atingir o nascimento de
vagens quanto tempo de dedicação e cuidados irão demandar? Dá mesma
forma, a alfabetização é um processo que demanda tempo.
Com o processo de aprendizagem não é diferente, é preciso de um tempo de
maturação, um tempo de apropriação onde o aluno vai poder experienciar e
demonstrar, na vivência, aquilo que ele realmente aprendeu. Cada etapa
dessas levará um tempo. Ela não acontecerá instantaneamente, da mesma
forma que a germinação do feijão, a construção do conhecimento também
não acontece imediatamente, ela demanda tempo para que ocorra.
Quando a pessoa que acompanha o processo de aprendizagem da criança
entende que isso leva tempo, torna-se mais fácil a relação ensino e
aprendizagem. Evita-se, assim, muitos constrangimentos para a criança,
evitando também muito estresse para o adulto, pois ele entendeu que não
adianta exigir a resposta naquele momento, é preciso de um certo tempo,
precisando repetir várias vezes e talvez de várias formas para que o aluno
entenda, e compreenda, ou seja aprenda, e desta forma o processo de
aprendizagem ocorra.
CAPÍTULO 7
7º PASSO: BUSCAR AJUDA PROFISSIONAL
Em muitas situações na vida cotidiana conseguimos nos “virar nos 30”, mas,
em muitas outras o acompanhamento profissional é uma necessidade. No
processo de alfabetização, temos os dois momentos.
O primeiro momento inicia na gestação onde desde as primeiras semanas,
isto é, já durante a gravidez conversamos com o bebê, começamos anunciar a
chegada dele para os familiares e amigos. Pesquisamos sobre o
desenvolvimento do bebê, compramos o enxoval e decoramos o quarto. Neste
movimento e organização começamos apresentando para ele o mundo que o
aguarda.
Muitas famílias fazem deste momento um delicioso processo de apresentação
de uma cultura escrita. Elas separam livros, poesias e outros textos para
fazerem leitura especialmente para um ser que ainda está em formação.
Todos esses cuidados já corroboravam para o processo de alfabetização.
Ao nascer a criança ganha os primeiros exemplares dos contos clássicos,
para folhearem, está também sempre atenta aos momentos de leituras dos
pais. São receitas do pediatra, cartão de vacina e bulas de remédios, e os
vários manuais para ensinar como utilizar objetos específicos para bebês. Por
esse processo ter um início tão peculiar, muitas famílias não buscam ajuda
profissional para dar continuidade ao processo de alfabetização já iniciado na
gestação.
É válido lembrar que o processo de aquisição da linguagem escrita não é um
processo natural, mas resultado de uma longa produção histórica e cultural.
No processo de alfabetização, faz-se necessário um profissional para pontuar
interferências possíveis e necessárias, afim de que o aluno se aproprie cada
vez mais da leitura e da escrita.
Um dos erros cometidos pelos pais é não buscar ajuda profissional. Podemos
fazer muita coisa sem orientação, mas não podemos esquecer que os
conhecimentos e saberes que precisamos vão além do que já adquirimos no
cotidiano. Todas as pessoas que sabem ler tiveram uma experiência com a
língua escrita, ou seja, sabem falar como aprenderam a ler e escrever, mas
nem por isso podemos dizer que elas têm conhecimentos e domínio de
metodologias e didáticas necessárias para ajudar crianças no processo de
alfabetização.
Muitos pais ou responsáveis na ansiedade de ajudarem seus filhos não
percebem que os conteúdos e aprendizados que são necessários vão além do
que eles podem oferecer. Um conhecimento com fundamentação teórica
pode fazer uma grande diferença no aprendizado da criança. Podemos citar
como exemplo outro profissional, como o dentista, todos nós sabemos cuidar
dos nossos dentes, seguimos uma rotina comum de tratamento com
escovação, utilização do fio dental, mas devemos visitar o dentista
periodicamente.
O que dizer, então, se por esquecimento ou descuido da agenda não fizermos
a visita regular e aparecer uma cárie ou algo específico como uma dor?
Temos que recorrer ao profissional dentista. Pergunta se, o que isso tem a ver
com alfabetização? Um profissional que conhece o processo, as suas
metodologias e diversas teorias podem ajudar a avançarmos no processo de
aquisição da língua escrita. Ele conhece os caminhos pelos quais o aluno
percorrerá.
A ajuda profissional serve como catalisador do processo de alfabetização. O
profissional conhece os processos e etapas que o aluno precisará percorrer, as
suas dificuldades e a maneira de superá-las. O profissional da educação tem
ciência de métodos pelos quais os objetivos de aprendizagem podem ser
alcançados em um tempo menor e com eficácia maior. Ele pode perceber
erros que estariam passando despercebidos por uma pessoa que não tem o
conhecimento teórico e a experiência prática a oferecer.
Sabemos que a escola e o professor têm feito um bom trabalho, mas caso a
família, por suas particularidades, não consiga acompanhar o processo de
alfabetização, deve procurar ajuda de um profissional especializado, seja ele
o psicopedagogo ou professores de reforço.
O autor Içamí Tiba (2010), em sua obra Educar para formar vencedores: a
nova família brasileira, escreve aos pais sugerindo que quando perceberem
que não têm os conhecimentos necessários, na criação e educação de suas
crianças podem pedir ajuda a quem a tenha. Entendemos que não existe erro
em pedir ajuda. Ainda conforme o autor (2010), quando um pai pede ajuda
está ensinando aos filhos uma lição importante: “quem não sabe pergunta,
mas não faz de qualquer jeito” (p.174), aprendizado que fará uma grande
diferença ao longo da vida de seus filhos.
Contudo, não queremos dizer com isso que os pais não podem ajudar e apoiar
os seus filhos, eles devem ajudar sim, mas é preciso também saber o
momento de procurar a ajuda de um profissional especializado.
CONCLUSÃO

O período de Alfabetização desperta diferentes desafios, tanto na criança


quanto na família.
Para a criança é momento de desafios, pois precisa avançar no conhecimento
de processos que muitas vezes acontecem simultaneamente de maneira
inconsciente e também prática. A construção e a apropriação de um novo
conhecimento podem proporcionar a alegria do progresso, mas também a
ansiedade e o medo de errar e ser criticado.
Já para a família, o prazer é ver o filho crescer e evoluir construindo
autonomia para a vida escolar e para a própria existência. As dificuldades que
aparecem nesse percurso, como a falta de tempo ou de conhecimento para
auxiliar os filhos, promovem estresse e angústia. As demandas do dia a dia
roubam de algumas famílias o privilégio de acompanhar a vida escolar e
desfrutar de momentos de vitória das crianças.
Entretanto, com alguns passos que propõem conscientização e sugerem
mudanças de atitudes no cotidiano familiar, acreditamos que é possível uma
convivência mais harmônica e com resultados positivos. O sucesso da criança
no período de Alfabetização depende da disponibilidade e abertura dos pais
para o novo.
Entender que a alfabetização demanda conscientização e envolvimento
focado da criança permite aos adultos estabelecerem rotinas e organizar o
material de forma que a criança não perca tempo e se distraia durante esses
momentos.
Compreender que a alfabetização acontece de maneira gradativa, pois
acontece por um período longo e não somente em um ano letivo escolar,
permitirá que a família se sinta mais acolhedora e acompanhe o processo em
parceria com a escola.
A intenção não foi apresentar um curso para formação de pais
alfabetizadores, mas sim simplificar o processo para que a partir do
conhecimento a família se encante e possa desfrutar das possibilidades que
essa fase oferece.
Percebe-se que, embora essa fase possa despertar algumas angústias na
criança, se ela tiver palavras de incentivo e elogio ao invés de crítica se
sentirá segura diante das falhas e acertos que são próprios do processo de
aprendizagem.
Talvez, no primeiro momento a família não consiga fazer as adaptações
propostas nesse E-book. Cada pessoa está em um momento de vida. Às vezes
falta tempo, às vezes falta material. Outras circunstâncias como doença,
desemprego ou sobrecarga de trabalho e outras responsabilidades podem ser
dificultadores, mas está tudo certo.
Entendemos que o simples fato de você parar para ler e compreender o que
está acontecendo e o impacto que a alfabetização causa na vida de seu filho já
demonstra o seu amor e dedicação para com ele.
Apresentamos apenas sugestões e alternativas para facilitar a aprendizagem
da criança e para o devido acompanhamento e apoio do adulto. Se desejar e
quiser experimentar, faça de acordo com a sua realidade e possibilidade.
Temos certeza que esses sete passos podem contribuir para o sucesso da
criança no período de Alfabetização.
REFERÊNCIA

CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de


Janeiro: Sextante, 2003.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: O
Dicionário da Língua Portuguesa. 3ª. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. 24. ed. São Paulo: Cortez,
2001.
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Los sistemas de escrita em el
desarrollo del ninõ. Madri: Siglo XXI, 1979.
https://www.oficinadepsicologia.com/test/auto-eficacia.
https://www.sed.sc.gov.br/programas-e-projetos/16991-pacto-nacional-pela-
alfabetizacao-na-idade-certa-pnaic
TIBA, Içamí. Educar para formar vencedores: a nova família brasileira. São
Paulo: Integrare Editora, 2010.
LOPES, Janine Ramos; ABREU, Maria Celeste Matos de; MATTOS, Maria
Célia Elias. Caderno do educador: alfabetização e letramento 1. – Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade, 2010, 68 p: li- (Programa Escola Ativa).
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Editora Livros Técnicos e
Científicos, 1990.
VYGOTTSKY, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos
processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
AS AUTORAS

ESTER SOUZA
Pedagoga, Psicopedagoga, especialista em Alfabetização e Letramento,
Educação Infantil, Inclusão Educacional e Atendimento Educacional
Especializado.
Publicação: SOUZA, Ester Moreira. Educação infantil e as relações étnico-
raciais: estratégias utilizadas pelas professoras que trabalham com crianças de
um ano de idade para o desenvolvimento da temática In:____. Formação
Continuada de Docentes da Educação Básica: contribuições da formação por
área de concentração (LASEB)/Paulo de Henrique de Queiróz de Nogueira,
Vanessa Sena Tomaz, (org.)1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.
E-mail: e.m2021producoes@gmail.com

MARIA MOREIRA
Pedagoga, Psicopedagoga, especialista em Educação Infantil,
Ludopedagogia, Atendimento Educacional Especializado e Educação
Especial e Inclusiva. Atua como professora para a Educação Infantil em Belo
Horizonte.
Publicação: MOREIRA, Maria. Margarida: A menina que tinha medo no
escuro. 1ª ed. Fortaleza: Mini Mega Leitor, 2021.
E-mail: e.m2021producoes@gmail.com
NOTAS

[1]
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988.
[2]
LOPES, Janine Ramos. Caderno do educador: alfabetização e letramento 1.
[3]
https://www.sed.sc.gov.br/programas-e-projetos/16991-pacto-nacional-pela-alfabetizacao-na-idade-
certa-pnaic
[4]
Luís de Camões (1524-1580) foi um poeta português. Autor do poema Os Lusíadas, uma das obras
mais importantes da literatura portuguesa, que celebra os feitos marítimos e guerreiros de Portugal.
[5]
A autoeficácia é um conceito fundamental na autoconfiança. Trata-se de uma palavra criada por
Bandura para descrever a crença ou confiança que uma pessoa tem na sua própria capacidade para
completar uma determinada tarefa ou resolver um problema. A autoeficácia acaba por influenciar os
objectivos que coloca a si mesmo, as suas acções e os resultados que obtém na vida.
https://www.oficinadepsicologia.com/test/auto-eficacia.

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