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CENTRO UNIVERSITARIO UNIFAVENI

SAMARA ATANAZIO SANTOS

DISLEXIA: UM OLHAR DA EDUCAÇÃO ESPECIAL VOLTADO


PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL, COMO LIDAR COM ESSE
DISTÚRBIO?

São José dos Quatro Marcos -MT


2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFAVENI

DISLEXIA: UM OLHAR VOLTADO PARA A EDUCAÇÃO


INFANTIL, COMO LIDAR COM ESSE DISTÚRBIO

Trabalho de Conclusão de Curso “ TCC”,


apresentado ao Centro Universitário
FAVENI, no Curso de pós graduação em
Educação Especial e Inclusiva - 1000
horas, como pré-requisito para aprovação
do curso.

São José dos Quatro Marcos -MT


2023
RESUMO: A dislexia é definida como sendo um distúrbio ou transtorno de
aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, diagnosticada geralmente no
inicio do processo de alfabetização, por volta dos oito anos de idade. A dislexia pode
ser causada por alterações que afetam o lado esquerdo do cérebro, onde pode
prejudicar varias funções, que é o caso da forma adquirida, na forma congênita,
reflete uma disfunção presente desde o nascimento. Quando há suspeita de dislexia
a criança deve ser avaliada por uma equipe composta por vários profissionais de
diversas áreas. Quando é diagnóstico, é necessário que o professor use de vários
meios e variados métodos de ensino para que haja uma melhoria na aprendizagem
do aluno com a dislexia. O professor deve juntamente com os pais procurar se
adaptar aos melhores métodos disponíveis, para que desta forma a criança com
dislexia consiga decodificar o método de aprendizagem da leitura. A compreensão
deste problema e a parceria entre pais, professores, e o sistema escolar são
essenciais para garantir o futuro destas crianças. É necessário que o professor
informe-se sobre esse assunto e busque diferentes estratégias para trabalhar com
alunos disléxicos. Não há um método pronto, cada professor deve utilizar várias
estratégias para poder trabalhar com este aluno.

Palavras Chaves: Dislexia; Professor; Alunos; Escolas; Distúrbio de aprendizagem.

ABSTRACT: Dyslexia is defined as a disorder or learning disorder in the area of


reading, writing and spelling, usually diagnosed at the beginning of the literacy
process, around eight years of age. Dyslexia can be caused by alterations that affect
the left side of the brain, where it can impair several functions, which is the case of
the acquired form, in the congenital form, it reflects a dysfunction present since birth.
When there is suspicion of dyslexia, the child must be evaluated by a team
composed of several professionals from different areas. When it is diagnosed, it is
necessary for the teacher to use various means and different teaching methods so
that there is an improvement in the learning of students with dyslexia. The teacher
must, together with the parents, seek to adapt to the best available methods, so that
in this way the child with dyslexia can decode the method of learning to read.
Understanding this problem and partnership between parents, teachers, and the
school system are essential to secure the future of these children. It is necessary that
the teacher becomes informed about this subject and seeks different strategies to
work with dyslexic students. There is no ready method, each teacher must use
several strategies to be able to work with this student.
Keywords: Dyslexia; Teacher; Students; Schools; Learning disorder.

INTRODUÇÃO
Tendo em vista que o aluno disléxico apresenta uma grande dificuldade de
aprendizagem no momento da leitura, fica nas mãos do docente a responsabilidade de
ensinar este aluno com métodos que sejam adequados para este fim.
É preciso paciência, dedicação, muito trabalho e esforço para obter o sucesso
desejado, sendo que isto só ocorrerá se o docente adotar uma forma diferenciada para
trabalhar com estes alunos. Não pode se deixar de mencionar a necessidade que o
aluno disléxico exige de apoio e carinho.
O docente munido dessas informações alcançará seu objetivo, que é a melhor
aprendizagem por parte do aluno disléxico em sala de aula.
Este estudo aborda a dislexia e as diferentes maneiras existentes para que o professor
possa trabalhar de forma mais direcionada com o aluno que apresenta este distúrbio.
A dislexia apesar de ser um tema atual ainda é desconhecida pela maioria dos
professores e pais, o que contribui para a identificação errônea do distúrbio. Com a má
identificação do problema, certamente será trabalhada de maneira errada, o que ira
prejudicar o aluno, tirando-lhe a chance de ser um bom leitor.
Considerando as dificuldades apresentadas pelos alunos que tem dislexia, no
momento da aprendizagem da leitura, qual seria o melhor método aplicado pelo
professor para trabalhar com alunos com esse distúrbio em sala de aula?
Com este estudo espera-se principalmente esclarecer qual deve ser a postura docente
diante dos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem provenientes da
dislexia, e quais as intervenções adequadas a serem adotadas para que os mesmos
tenham maior possibilidade de aprendizagem.
Espera-se também ajudar professores que não tenham conhecimento a respeito da
dislexia. Preparar docentes com métodos diferenciados de ensino é a chave para a
possível melhora desse problema.
O preparo do docente e a informação dos pais são de extrema importância para
o sucesso do aluno, e foi baseado nesse princípio que concentrei meus esforços na
realização desse projeto.
Assim os alunos disléxicos terão a chance de aprender a ler e conviver
normalmente junto com os outros alunos na sala de aula sem que se sinta excluído de
alguma maneira por apresentar esse tipo de problema.
Para motivar este aluno é necessário um trabalho que seja realizado de maneira
adequada do conteúdo escolar, que envolva os pais, juntamente com os professores.
Desta forma pode-se contribuir para que se entenda de uma maneira mais
ampla, as dificuldades apresentadas por alguns alunos no momento da aprendizagem
da leitura.
Faz-se necessário dar extrema atenção ao aluno para que o mesmo sinta-se
valorizado e estimulado para a aprendizagem.
Trabalhar com alunos bons é uma tarefa relativamente fácil, mas quando os
docentes se deparam com alunos que apresentam dislexia, o que ele deve fazer?
Como ele deve agir? Qual deve ser a postura e as atitudes diante desta situação?
Essas são perguntas extremamente importantes para o trabalho com os alunos
disléxicos.
Devido esta dificuldade apresentada também por parte dos docentes, optamos
por ampliar os conhecimentos nessa área, com o objetivo de compreender de forma
mais vasta quais as maneiras mais adequadas de intervenções por parte dos
professores, que propiciaram o melhor desempenho dos alunos no momento da
aprendizagem do processo da leitura
Assim através deste estudo o professor terá maior facilidade em realizar seu
trabalho em sala de aula, conhecerá o desenvolvimento mental da criança disléxica
objetivando a orientação da mesma para uma melhor aprendizagem, tendo em vista
que terá conhecimentos sobre as causas e as consequências da dislexia, bem como o
seu diagnóstico.
A importância do tema abordado dá-se pela necessidade de se reconhecer a dislexia
tão cedo quanto possível, mesmo antes que se espere que uma criança comece a ler,
desta forma se torna mais fácil o sucesso e é uma das maneiras de se evitar muitas
frustrações.
DESENVOLVIMENTO

2 A IMPORTÂNCIA DE SE DETECTAR A DISLEXIA

Identificar o problema de leitura de um aluno o quanto antes, é algo de extrema


importância, pois desta forma o mesmo terá a oportunidade de trabalhar
adequadamente seu distúrbio junto com seus professores e pais.

É uma questão da maior importância identificar tão cedo quanto


possível a verdadeira natureza deste problema, quando uma
criança tem, pois isso ajudará muito a não perder nosso precioso
tempo e a impedir que a criança manifesta grande dificuldade em
aprender a ler e não consegue acompanhar seus colegas, a
causa é geralmente atribuída a burrice ou preguiça, e nenhum
método sistemático é aplicado no treinamento dela. Um pouco de
conhecimento e uma análise do caso em pouco tempo deixaria
claro que a dificuldade se deve a um defeito na memória visual
que se tem das palavras e das letras; a criança seria assim
avaliada corretamente como alguém que tem um defeito que,
contudo, pode em geral ser tratado com perseverança e
persistência. Quanto mais cedo se identifica a natureza do
problema, maiores são as chances de a crianças melhorar.
( HINSHELWOOD, 2006, p.30).

Se esse distúrbio for detectado cedo, os alunos terão maiores chances de


serem leitores ágeis, porem o que ocorre geralmente não é isso. Essa identificação
torna-se importante também, para que o aluno não seja acusado de preguiçoso, pouco
inteligente ou mal comportado, o que ocorre na maioria das vezes, quando não há
informação necessária sobre o assunto, e sim que seja identificado da forma correta,
como sendo um aluno que apresenta um distúrbio chamado de dislexia.
A identificação das crianças com dislexia dá-se normalmente por volta do
terceiro ano ou ano superior, o que agrava a situação, pois se esta identificação ocorre
anteriormente a esta data quando a criança estará com a idade entre 08 e 09 anos, as
chances de se desenvolver a leitura precisa seria bem maior. A prevenção altamente
eficaz, onde não há a possibilidade de erro, e os programas de intervenção precoce,
que nesse momento tornam-se necessários, são uma realidade hoje, e isso ocorre
devido a grande necessidade de uma intervenção ocorrer o quanto antes.
Em vários locais do mundo são utilizados métodos diferenciados para que a
intervenção precoce ocorra da maneira correta.

Um dos erros mais comuns que cometemos ao ensinar as


crianças disléxicas a ler é deixar de usar, prematuramente, o
ensino que parece estar funcionando. Uma criança que leia com
precisão, mas não fluentemente em seu nível, ainda exige ensino
intensivo. Uma criança com problemas de leitura e que não seja
identificada cedo pode exigir cerca de 150 a 300 horas de ensino
intensivo( pelo menos 90 minutos por dia em quase todos os dias
de aula durante um período de um a três anos) para que a lacuna
existente entre ela e seus colegas seja preenchida. E, é claro,
quanto mais se atrasar identificação do problema e o ensino da
leitura, mais necessidade a criança terá para que chegue ao nível
de seus colegas. (SALLY SHAYWITZ, 2006, p.194).
Quanto mais tempo demorar a identificação da dislexia, mais difícil se tornará o
desenvolvimento da aprendizagem da leitura, e mais longe de alcançar a fluência na
leitura estará este aluno.

Quando deixamos as crianças ficarem muito para trás em


qualquer momento do ensino fundamental, passamos a adotar
um modelo de intervenção que remedia em vez de prevenir.
Quando as crianças ficam para trás no domínio da capacidade de
leitura, serão necessárias intervenções intensas para leva-las de
volta a níveis adequados de precisão de leitura – e a fluência na
leitura pode ser até mais difícil de recuperar por causa da grande
quantidade de prática de leitura que se perde a cada mês e a
cada ano em que continua a ler com dificuldade. (TORGESEN,
JOSEPH, 2006, p.101.)

É importante salientar que a criança que apresenta esse distúrbio, normalmente


irá ser dotada de grande habilidade em alguma outra área de sua vida, como por
exemplo, na matemática ou em artes. O professor que tem posse dessa informação
poderá usar a habilidade do aluno para desenvolver sua leitura .

A identificação e intervenção precoce são o segredo do sucesso


da aprendizagem da leitura. A identificação de um problema é a
chave que permite a sua resolução. A identificação, sinalização e
avaliação das crianças que evidenciam sinais de futuras
dificuldades antes do início da escolaridade permitem a
implementação de programas de intervenção precoce que irão
prevenir ou minimizar o insucesso. (TELES, Paula, 2009, p. 03)

Identificar o problema é a chave para sua resolução, para que com isso possa ser
possibilitado ao aluno o sucesso que almeja em relação à aprendizagem, a
decodificação do processo de leitura.

2.1 AS DIFICULDADES APRESENTADAS POR ALUNOS COM DISLEXIA

Os alunos que apresentam dislexia têm uma enorme dificuldade no momento da


aprendizagem da leitura. Isso ocorre no momento da decodificação do processo. O
aluno olha para a letra e não consegue identifica – lá, desta forma não consegue fazer
as junções necessárias e falar o que está escrito.
Alunos disléxicos têm também uma grande dificuldade no momento da
soletração. Sendo que isto ocorre porque o aluno para identificar a palavra precisa do
contexto, na soletração ele não pode contar com isso e desta forma fica extremamente
difícil a separação das silabas.
É importante frisar que os pais precisam ter contato com os professores quando
seus filhos apresentam dislexia, isso pode auxiliar a criança, pois desta forma os dois
compreenderam que se trata de deslizes fonológicos e que a criança muito
provavelmente sabe o significado da palavra, porem não consegue pronuncia - lá.
Também apresentam dificuldades no momento em que se deparam com
palavras com os fonemas idênticos, as crianças com este distúrbio são levadas na
maioria das vezes pela aparência das palavras e pelo contexto em que a mesma se
encontra, desta forma é constante encontrarmos crianças que em vez de lerem o
cachorro fugiu, lêem, o cajoro vugiu. Essa troca ocorre por que os sons dos fonemas
são idênticos e isso confunde os alunos, que no momento da busca das palavras
acabam trocando letras e sons.
É necessário que o professor preste atenção em alguns sintomas que a criança
pode apresentar como: falta de atenção; não ser capaz de brincar com outras crianças;
apresenta um atraso no desenvolvimento da fala e escrita e no desenvolvimento visual;
falta de coordenação motora, dificuldades em assimilar cantigas rimadas; dificuldades
especial em decodificar palavras sem sentido ou desconhecidas; falta de interesse em
materiais impressos; dificuldades em ler palavras isoladas; compreensão de leitura em
geral superior a decodificação das palavras isoladas; leitura oral imprecisa e
trabalhosa; problemas ao ler palavras funcionais; leitura lenta e ortografia deficiente,
entre alguns outros.
Se um problema na leitura de um disléxico não for identificado com precisão e a
tempo de tentar ser remediado e se não houver a identificação e a intervenção devida,
as crianças que cedo tem dificuldades de leitura certamente terão de lutar para ler no
futuro.
Geralmente quando uma criança demonstra vários talentos em outras áreas e
dificuldades somente na leitura, provavelmente essa criança é disléxica. É importante
saber que os alunos disléxicos exigem tempo, paciência e formas diferenciadas de
ensino. Desta forma esses alunos terão a oportunidade de aprender a ler, escrever e
soletrar de maneira lenta e com algumas dificuldades, mas aprenderão a ler.

2.2 O DIAGNÓSTICO DO ALUNO COM DISLEXIA

A dislexia acontece no momento da geração do feto, ocorre uma má formação


do lado esquerdo do cérebro, na parte responsável pela decodificação da leitura que
resulta na dislexia.

Na condição da dislexia do desenvolvimento em que a leitura não


se desenvolve normalmente, algo já estava errado desde o início.
Consequentemente, não é de se esperar que se encontre uma
lesão específica, um corte no circuito; em vez disso, o que temos
é um circuito que não se estabeleceu corretamente já no início
tendo ocorrido uma falha durante a vida do feto, quando o
cérebro se forma para a linguagem. Como resultado, as dezenas
de milhares de neurônios que carregam as mensagens
fonológicas necessárias à linguagem não se conectam
adequadamente para formar as redes de ressonância que tornam
possível a boa capacidade de leitura. (JHON HUGHLINGS
JACKSON, 2006, p. 62/63).

Os sintomas da dislexia são iguais para as crianças e os adultos. A diferença é


que na infância o distúrbio é mais acentuado e pode ser identificado mais facilmente
considerando que a criança ira apresentar dificuldades na fase de aprendizagem e
alfabetização.
A dislexia é normalmente diagnosticada durante a alfabetização, ela é responsável por
altos índices de repetência e abandono escolar, ainda mais se aliado a este fato estiver
a falta de incentivo por parte dos pais e professores. Ao proceder o diagnostico da
dislexia é necessário antes de qualquer coisa descartar alguns fatores que
frequentemente costumam ser confundidos com a dislexia. Alguns desses fatores são:
Dificuldades auditivas e visuais, falta de afetividade, fracasso escolar e a
hiperatividade.
O diagnostico da dislexia apresenta um conjunto muito particular
de circunstancias. Embora tenha uma base biológica, a dislexia
se expressa no contexto da sala de aula, o que faz com sua
identificação dependa de procedimentos escolares. (SALLY
SHAYWITZ, 2006, p.37)

Após a tomada do procedimento acima, é necessário que o aluno passe por


testes especializados oferecidos pro algumas empresas que trabalham com isso, onde
deve ser analisados por neurologistas, oftalmologistas e professores, podendo haver a
necessidade de outros profissionais dependendo do caso.
Segundo (Hinsshelwood): “O diagnóstico da dislexia é de caráter clínico, tendo
como base a síntese das informações colhidas, principalmente das observações sobre
o paciente e de seu histórico”. 2006, p.29.
A presença dos oftalmologistas nos testes torna-se importantes, pois
antigamente vários casos de dislexia eram ligados a problemas na visão, o que com o
tempo foi desmistificado. Porem, ainda é de extrema importância um profissional dessa
área para o diagnostico correto do distúrbio.

3 COMO TRABALHAR COM CRIANÇAS DISLÉXICAS

Crianças que apresentam dislexia precisam de uma forma diferenciada de


ensino, devido a dificuldades encontradas pelas mesmas no momento da
decodificação do processo de leitura. Diante das dificuldades apresentadas pelos
alunos é necessário que o docente se prepare para trabalhar com ele de forma
adequada.
Depois de detectada a dislexia, cabe a escola, juntamente com o professor e
pais, incluir esse aluno na sala de aula, trabalhando de maneira distinta para fazer com
esse aluno consiga amenizar seu distúrbio de aprendizagem. Mesmo com um trabalho
diferenciado, a criança nunca deixará de ser disléxica, mas poderá ter uma vida
escolar quase normal, podendo aprender a ler e escrever com os demais, apesar das
dificuldades que possui.
Para trabalhar com a criança disléxica o professor necessita estar capacitado e
ter conhecimento a cerca da dislexia. Ele precisa ainda, saber o que é dislexia, sua
causa, bem como saber diagnosticar a mesma. Com essas informações o professor
pode trabalhar com o aluno em sala de aula, não deixando que este se sinta excluído e
com a autoestima baixa.
Sabendo-se de onde é originado esse distúrbio espera-se que os professores
desenvolvam seu trabalho de maneira a obter resultados satisfatórios com relação aos
alunos que apresentam dislexia. Sabe-se que esse distúrbio exige tempo e paciência,
pois fica comprovado que alunos disléxicos têm dificuldades na identificação de letras
e palavras, na soletração e também na ortografia.
É como afirma Sally Shaywitz , “os leitores em potencial devem dominar o
principio alfabético para que aprendam a ler, mas uma em cada cinco crianças não
consegue fazê-lo”. (2006, p.47).
Portanto pais e professores devem saber identificar os sinais que indicam que o
aluno é disléxico e não preguiçoso, pouco inteligente ou mal comportado. Alunos que
apresentam dislexia processam informações em uma área diferenciada do seu cérebro
obstante. Essa dificuldade é algo que necessita de domínio por parte do docente, pois
ele é o maior responsável pela aprendizagem do aluno. Se o aluno apresentar
dificuldades no processo de aprendizagem da leitura o professor terá que se adaptar e
trabalhar com esse aluno de maneira a obter os melhores resultados possíveis.
Alunos disléxicos necessitam de uma forma diferenciada de ensino, pois o
método tradicional não os ajuda a aprenderem a ler. É importante esclarecer que as
crianças com dislexia na maioria das vezes apresentam dificuldades somente na
leitura e na fonética que é consequência da mesma.
É necessário trabalhar com crianças disléxicas, respeitando um certo intervalo
de tempo, pois um programa utilizado em uma criança com 06 anos, não será útil em
um adolescente de 16 anos. Desta forma o programa elaborado para trabalhar com a
pessoa com dislexia, tem que respeitar o estágio/nível em que essa pessoa se
encontra. Geralmente esses alunos disléxicos são ótimos em matérias que não exigem
leitura, como a matemática. Com essa informação fica mais fácil a identificação por
parte do professor de crianças com esse distúrbio.
Filmes, vídeos e gravações ajudam a criança disléxica a criar uma estrutura
quanto à história, se essa criança ver o filme do chapeuzinho vermelho e depois ler a
história certamente ela terá uma enorme facilidade em compreender o que leu, logo na
primeira leitura, caso ela não tenha esse tipo de auxilio ficará difícil entender
precisamente o que está lendo.
Esses alunos têm uma grande capacidade de aprender novas palavras quando
ouvem o professor lendo e fazendo leitura de imagem. É comum entre esses alunos a
troca de palavras tentando expressar algo. Por exemplo, uma professora mostra a um
aluno com dislexia uma imagem contendo um vulcão e pede para que a mesma diga o
que tem ali. A resposta do aluno é um furacão, porém a professora pede para que o
aluno descreva o que ele vê e fica constatado que este aluno sabe perfeitamente o que
existe nessa imagem, porém no momento de se expressar troca as palavras. Isso
ocorre por que os alunos com dislexia dizem na maioria das vezes palavras parecidas
com o que realmente querem dizer.
O processo de aquisição desse conhecimento é ordenado e segue uma
sequência lógica. Primeiro, a criança percebe que as mesmas palavras que
ouve não são apenas blocos sonoros inteiros. Da mesma forma como um
garoto percebeu que a parede era feita de tijolo, o leitor inicialmente começa a
notar que as palavras são feitas de segmentos menores, que elas fazem parte.
Depois, a criança percebe a natureza de segmentos, que eles representam
sons. Dá-se conta, por exemplo, de que a palavra cat há três segmentos
sonoros, K, aaaa e t, depois, começa a relacionar as letras que vê ao que ouve
nas palavras e que a palavra impressa tem o mesmo número de e a mesma
seqüência de fonemas (sons) que a palavra falada. Finalmente, passa a
entender que a palavra impressa tem uma natureza subjacente e que é a
mesma estrutura que ouve na palavra falada. Compreende que tanto a palavra
escrita como a falada podem ser construídas e reconstruídas com base nos
mesmos sons e que a palavra escrita às letras representam tais sons. Uma vez
realizada essa conexão, a criança terá dominado o que chamamos de princípio
alfabético, estando pronta para ler. (Sally Shaywitz, 2006, p.46).

O aluno com dislexia tende a ordenar os fonemas incorretamente, e o resultado


dessa troca é, por exemplo, a palavra fenômeno que quando dita por um disléxico fica
da seguinte maneira: Fenômeno.
Quando os alunos apresentam dislexia exigem dos professores muita paciência, e
tempo. Se o professor utilizar a forma oral, terá que ler por diversas vezes o mesmo
texto para que o aluno possa identificar todas as palavras, processa-las e arquiva-las.
Este método é bastante utilizado por professores com alunos disléxicos em várias
partes do mundo.
Se o professor utilizar a leitura de imagem, terá que dispor de imagens variadas para
que os alunos possam identifica-las e aprender os significados do que estão vendo e
gravar na memória esta nova palavra.

Mostrar ao disléxico uma imagem para descrever o sentido de uma palavra


poderia parecer um passo na direção certa, mas isso não funciona muito bem.
Requer uma quantidade enorme de repetições. Pode acontecer de se ter que
mostrar mil vezes uma imagem ao disléxico antes que ele consiga incopora-lá
ao processo de seu pensamento. Além disso, os disléxicos geralmente acham
o aprendizado por repetição mecânica de um tédio torturante, o que
provavelmente fará com que se desorientem em seus próprios pensamentos e
se percam em devaneios em vez de prestar atenção nesse tipo de exercício.
(RONALD D. DAVIS, 2004, pg.94).

O docente deve compreender que para ensinar uma criança que apresenta
dislexia a ler é extremamente difícil. É um processo super interativo cujo efeito
repercute rapidamente ente o docente e o aluno. Aumentar a atenção da criança
requer um esforço constante por parte do professor, sendo que o mesmo deve
trabalhar de forma bastante ativa para envolver a criança neste processo, ele pode
fazer algumas perguntas a ela ou pedir que a mesma justifique uma resposta.

Ler é um trabalho extremamente difícil para o aluno disléxico, e o objetivo do


professor é evitar que o aluno se distraia. O professor deve estar
constantemente ministrando o conhecimento necessário ao mesmo tempo em
que se esforça para garantir que tal conhecimento seja acompanhado de um
gancho que considere significativo para a criança. O professor está
constantemente pensando sobre como levar essa informação à criança.
(SALLY SHAYWITZ, 2006, p.194)

Quando o docente obtém a atenção do aluno o trabalho de ensinar o mesmo a


ler, torna-se mais simples, com o interesse do mesmo em aprender o empenho do
professor em ensinar provavelmente se obterá um resultado satisfatório no final do
processo de aprendizagem da leitura.
É necessário que o docente conheça a fundo o problema da dislexia, pois
somente desta maneira poderá auxiliar de forma mais correta a aprendizagem do
mesmo em relação à leitura. Se o docente tiver esse conhecimento saberá que ele
deve avaliar o trabalho do aluno com dislexia com base na sua criatividade e não se
apegar aos problemas ortográficos que com certeza serão apresentados.
O aluno com dislexia necessita de um tempo extra para poder resolver provas e
trabalhos na escola e isso tem que ser respeitado, pois se o mesmo tiver a sua
disposição este tempo com certeza se sairá bem na resolução destes testes. Porem há
necessidade de que esse tempo seja disponibilizado, mais é importante salientar que,
cada aluno com dislexia necessita de um tempo, cada um de um tempo determinado e
para saber corretamente de quanto tempo a aluno necessita o professor tem que
conhecer a fundo a historia de cada um.

O único termômetro é a experiência de vida da pessoa. Não há absolutamente


nenhum teste que possa dar essa informação. Todo Disléxico experimentado
já desenvolveu seu próprio caminho em relação ao seu déficit fonológico; as
estratégias específicas ou os caminhos alternativos que ele tenha aperfeiçoado
durante os anos ou descoberto que funcionam determinarão quanto tempo
extra precisará. (SALLY SHAYWITZ, 2006, p. 249).
O tempo extra fornecido aos alunos é uma tentativa de nivelar a situação dento
da sala de aula quando o aluno possui esse distúrbio, mesmo com o tempo adicional
ele continuará a se sentir pressionado se comparado aos leitores comuns.
Quando o método de ensino utilizado pelo professor não funcionar é necessário
que o mesmo desista deste e parta para uma segunda alternativa, pois se não
funcionou uma vez não funcionará na segunda. Conforme Sally Shaywitz: “As crianças
disléxicas estão em situação de alto risco de perda de suas habilidades de leitura
quando não são praticadas continuamente.”2006, pg.212.
Uma duvida bastante freqüente é quando se deve interromper um programa de leitura
realizado com alunos portadores de dislexia. A resposta é simples, não deve
interromper esse programa. A criança com esse distúrbio necessita de
acompanhamento continuo, pois caso contrario não irá praticar a leitura e isso só a
deixara mais atrasada quanto ao seu aprendizado. Não basta ensinar a criança a ler as
palavras, elas tem que compreender o que lê sem necessitar do contexto para isso, daí
vem a extrema importância em oferecer a ela a pratica contínua da leitura.

3 A IMPORTANCIA DO DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES NO TRABALHO


COM CRIANÇAS DISLÉXICAS.

Quando uma criança apresenta dislexia, normalmente é condenada por isso,


sendo que as pessoas a sua volta somente irão prestar atenção em seus erros na
leitura e na escrita, deixando de prestar atenção em seus pontos fortes que acabam
por passar despercebidos diante deste distúrbio. Porém, as habilidades apresentadas
por cada aluno tem e deve ser observada, pois isso o ajudara em todos os aspectos de
sua vida inclusive na aprendizagem da leitura.

Procure melhorar tanto quanto possível as deficiências fonológicas e recorra as


habilidades superiores do pensamento (por meio de adaptações). Isso é
importante porque enfatiza não apenas as dificuldades de leitura da criança,
mas seus pontos fortes.(SALLY SHAYWITZ, 2006,p. 138).

Se as habilidades apresentadas por cada aluno forem utilizadas, farão com que
todos que estão a sua volta percebam que a deficiência fonológica isolada é apenas
uma pequena parte de um quadro mais amplo de competências. Seja qual for a
habilidade dessa criança tem que ser notada e incentivada, algumas apresentam uma
capacidade incrível de raciocinar, outras de analisar, conceitualizar, ser criativo,
visualizar, imaginar ou pensar de maneira inovadora.
Se o aluno perceber que tem habilidades e que com elas poderá melhorar seu
aspecto no momento da aprendizagem da leitura ele sentira mais seguro e não
desistirá logo da primeira vez que tentar ler e não conseguir identificar a palavra
encontrada.
Sabemos que as crianças que apresentam dislexia, também apresentam
inúmeras habilidades que se utilizadas da maneira correta poderão ajudá-las na
aprendizagem da leitura, e mais, se os adultos que as rodeiam, como pais e
professores também utilizarem de suas habilidades o resultado no fim dessa jornada
será incrível.
É como afirma Shaywitz (2006), p.139: quando você descobre a dislexia de seu
filho, descobre também que uma maneira singular de habilidades e de deficiências
reflete o passado dele: os genes que herdou e as experiências que teve enquanto
crescia.
Os adultos importantes na vida de uma criança são os pais e professores, pois,
eles desempenham papel fundamental na determinação de seu perfil futuro.
Se a criança recebe esse auxilio por parte dos pais, sem duvida ela terá
sucesso na aprendizagem da leitura, pois alem de ser uma criança que apresenta um
distúrbio ela também é extremamente sensível.
Se os pais e professore compreendessem o papel essencial da fluência para a
leitura de qualidade e o quão fácil e eficazmente pode ser ensinada, a fluência não
seria a habilidade mais negligenciada.
É especialmente importante que a criança com dislexia receba ensino explicito
de vocabulário, onde ela terá a oportunidade de adquirir conhecimentos sobre novas
palavras e decodifica-las, chegando assim a fluência e também tenha acesso a uma
ampla gama de experiências da vida, tais como: visitas a museus onde ela poderá
visualizar imagens e acompanhada de um adulto que explique o significado da mesma
para que possa compreender a historia daquele quadro sem necessitar diretamente da
leitura, viagens onde conhecerá a historia de cada local facilitando assim quando
encontrar a mesma historia em algum livro, auxílios visuais, (mapas e globos)
facilitando assim sua localização caso precise, vídeos educativos, livros em formato de
áudio que iram reforçar o que leu anteriormente, conversas familiares que são de
extrema importância para a formação e compreensão de hobbies e interesses
especiais que façam as palavras e o conhecimento de mundo estar vivos ao seu redor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O disléxico pode apresentar uma facilidade na aprendizagem da leitura caso os


pais e professores busquem em comum acordo ajuda cedo, ampliem ao máximo o
tempo de instrução com sessões frequentes, pequenos grupos e com duração
suficiente para que estes alunos não fiquem para trás em vista de seus colegas de
classe que não apresentam dislexia, a ajuda mútua entre professores e pais é de
extrema importância.
Os docentes querem que seus alunos aprendam a ler, mas muitos
simplesmente não têm acesso a informações confiáveis e boas sobre os programas
eficazes e baseados cientificamente. O papel do docente no caso em tela é a sua
responsabilidade com essas crianças, ele é o principal defensor dos direitos dos
alunos e por tal motivo deve levar sempre novas e importantes informações a escola e
aos pais.
Existem inúmeras maneiras e métodos para se trabalhar com as crianças
disléxicas, porém para que os resultados sejam alcançados conforme se deseja, é
necessário que o docente e os pais tenham conhecimento sobre o problema, somente
desta forma será possível chegar a um resultado esperado.
Crianças com dislexia tendem a serem acomodados quando o assunto é a
leitura, porém ela necessita de um adulto ao seu lado, que costuma ser um de seus
pais com a missão de lhe incentivar a todo momento, que tenha pulso firme e que
nunca desista de ajudar seu filho. De nada adianta os pais saberem do problema que
seu filho apresenta, saberem que eles precisam de ajuda, mas ficarem com pena e
adotarem uma atitude passiva quanto a isso, não é disso que a criança precisa, se for
esse tipo de comportamento familiar que ela irá receber, provavelmente jamais irá
obter resultados satisfatórios na aprendizagem da leitura, podendo a nunca alcançar a
fluência e ser um leitor em potencial.
A criança disléxica necessita de grande apoio, é necessário que ela seja a todo
momento encorajada a continuar sua luta com relação ao processo de aprendizagem
da leitura. Por se sentir muito insegura é preciso que aja alguém que a defenda
inflexivelmente, pois com certeza ocorreram chacotas de seus colegas de classe,
quando essa criança for tentar ler e não se sair como a maioria de seus colegas.
Essa criança, acima de tudo precisa de alguém que acredite nela, que acredite
que ela tem potencial, que procure entender o problema que ela consiga todo o auxílio
e apoio de que necessita. Se isso for garantido a essa criança certamente ela obterá
sucesso ao longo de sua jornada com relação à aprendizagem da leitura.
REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Dislexia. Documentos eletrônicos. Disponível


em www.dislexia.org.br. Acesso em: 13 de setembro de 2007.

Daves, D. Davis. O dom da Dislexia: Por que algumas das pessoas mais
brilhantes não conseguem ler e como podem aprender, Tradução Ana Lima e
Gracia Badaró Massad. 1. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.

Shaywitz, Sally. Entendendo a Dislexia: um novo e completo programa para todos


os níveis de problemas de leitura; Tradução Vinicius Figuerira. Porto Alegre: Artmed,
2006.

Teles, Paula. Documentos eletrônicos. Disponível em: www.medicoassistente.com.


Acesso em: 16 de junho de 2023.

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