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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

SANDRA DOS SANTOS DO NASCIMENTO

VANESSA MORALLES PIRES

WELTON DE LIMA COSTA

O TDAH – O Papel do Professor no Aprendizado

São Paulo
2021
O TDAH – O Papel do Professor no Aprendizado

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Centro Universitário Senac – Santo Amaro,
como exigência parcial para obtenção da
Licenciatura em Pedagogia. Orientadora:
Roseli Gonzalez.

São Paulo
2021
Introdução

Este trabalho de conclusão de curso foi idealizado e desenvolvido pelos integrantes


do grupo, para que possa servir de fonte de aprendizado e aprofundamento referente ao
transtorno do aprendizado TDAH. Aborda o impacto durante o Ensino Fundamental da
criança, desde o surgimento do diagnóstico, características e principalmente qual o papel do
professor frente a um aluno com TDAH. Os impactos no aprendizado do aluno, a parceria
entre família e escola, aluno e professor, assim como conduzir de forma positiva inabilidades
derivadas deste transtorno.

Será analisado o que diz respeito ao posicionamento do professor frente a uma


criança com TDAH. Investigar ferramentas e principalmente atitudes e comportamentos a
serem adotados para o efetivo aprendizado da criança com TDAH. Todos devem trabalhar em
conjunto para poder delimitar objetivos comuns e adotarem práticas que venham beneficiar o
aprendizado da criança.

A questão norteadora é: qual o papel do professor no processo de aprendizagem da


criança do TDAH?

Atualmente muito se fala em transtornos como Hiperatividade, Déficit de Atenção


entre outros. A pergunta é: até que ponto esses transtornos podem ser avaliados pelo
professor, e como este deve lidar com o aluno de modo que a sua prática seja sempre inclusiva
na sala de aula e na escola como um todo, perpassando assim para o cotidiano do aluno.

Debruçar sobre o assunto é mergulhar em um oceano de diversas possibilidades e


entendimentos, e para que se possa tornar essa pesquisa esclarecedora e intencional, foi
escolhido como tema o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH. É um
transtorno neurobiológico, com grande participação genética (isto é, existem chances maiores
de ele ser herdado), que tem início na infância e que pode persistir na vida adulta Segundo
Rossel Barkley (2020)
O transtorno do Déficit de atenção com hiperatividade ou TDAH, é
um transtorno no desenvolvimento do autocontrole. Consiste em
problemas óbvios no tempo em que a pessoa consegue sustentar a
atenção e no controle dos impulsos e do nível de atividade. O
transtorno também se compromete num comprometimento da vontade
ou da aptidão da criança para controlar seu comportamento em relação
à passagem de tempo, isto é, de ter em mente metas e consequências
futuras. (BARKLEY, 2020 p. 853)
Embora o transtorno seja considerado neurobiológico, o diagnóstico do TDAH não é
feito por exames clínicos, mas por análise comportamental. O referencial utilizado para
descrever o TDAH consta no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos mentais
(DSM5), de 2013. De acordo com o DSM 5 (APA, 2014, p. 59-63), o TDAH acomete, com
maior frequência, indivíduos do sexo masculino, sendo maioria de casos diagnosticados em
crianças.

O TDAH é considerado o transtorno neuropsiquiátrico que ocorre com mais


frequência na infância. Esse transtorno não se limita apenas à infância, pois permeia toda a
vida do indivíduo, mudando alguns comportamentos como desatenção, inquietude, tagarelice,
dificuldade de compreender instruções, impulsividade e ansiedade.

As escolas tendem a seguir uma padronização do ensino, aqueles se se encaixam no


padrão e conseguem acompanhar são normalmente os chamados “normais”, já aqueles em que
o intelecto precisa de contextos e formas diferentes para aprender, geralmente são
encaminhados para um psicólogo.

Outro fator a ser considerado é o prisma através do qual o professor olha para o aluno
que possui o transtorno, quais informações esse professor tem a respeito do transtorno, qual o
nível de entendimento sobre o transtorno para que possa proporcionar situações de
aprendizagem eficazes a este aluno. A importância do acreditar no potencial de cada um, e
que todos são diferentes, mas todos são capazes de aprender. Segundo o artigo do EDUCERE
(2013 p. 9), é neste âmbito que entra o papel do professor, saber mediar o aprendizado de
forma inclusiva e significativa.

As escolas inclusivas devem ter espaços onde todos os alunos possam construir os
conhecimentos que tenham significado contextual para o desenvolvimento e cidadania. Nessas
escolas os alunos são concebidos como: “únicos, singulares, mutantes, compreendendo-os
como pessoas que diferem uma das outras, que não conseguimos conter em conjuntos
definidos por um único atributo, o qual elegemos para diferenciá-las” (ROPOLI, 2010, p.9).

Crianças com TDAH possuem essa diferença apontada pela educação inclusiva
mesmo essa criança não fazendo parte do público-alvo atendido pela educação especial, na
maioria das vezes não se adaptam as expectativas da escola, demandam de mais atenção pelo
professor, o qual podem reagir de maneira negativa ao seu comportamento. (GOLDSTEIN;
GOLDSTEIN, 1994).
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Justificativa

Segundo o Jornal de Ituverava, ano 2019, no Brasil uma a cada 20 crianças têm
como causa de fracasso escolar a síndrome do TDAH, ou seja, um número relativamente
grande, daí a necessidade de o profissional da educação saber lidar com esse transtorno de
aprendizado.

É imprescindível a princípio que o professor tenha conhecimentos do transtorno para


saber lidar com a situação em sala de aula. O professor deve reconhecer a importância do seu
trabalho em sala de aula com este aluno, para que o resultado final de todo o processo seja
positivo. Trata-se na verdade de um processo educativo para pais e cuidadores de crianças
com TDAH, o orientar, conscientizar e acolher.

Acolher uma criança é, também, acolher o mundo interno da criança, as suas


expectativas, os seus planos, as suas hipóteses e as suas ilusões. Significa não deixar
passar, como se fosse tempo inútil, o tempo que a criança dedica as atividades
simbólicas e lúdicas, ou o tempo empregado para tecer as relações “escondidas” com
outras crianças. (STACCIOLI, 2013, P. 28)

O comportamento do profissional da educação tem impacto relevante no desempenho


da criança com TDAH. De acordo com o artigo publicado pela ABDA – Associação
Brasileira do Déficit de Atenção, algumas rotinas devem ser adotadas pelo professor na sala
de aula como estabelecer rotinas, colocar o aluno sentado na primeira fileira da sala, elogiar os
alunos, pausas regulares, disponibilizar ao aluno com TDAH um tempo extra para a realização
de tarefas, entre outras práticas.

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção quanto a origem do TDAH, a


principal hipótese é de que o transtorno é determinado por fatores genéticos, pois os pais
geralmente também apresentam características diagnósticas. As causas desse transtorno são
hereditárias.

Embora os comportamentos característicos do TDAH estejam associados a


disfunções neurológicas, não há uma explicação única e simples para a origem desse
transtorno.

Segundo estudos da Associação Brasileira de TDAH - ABDA, o TDAH tem origem


biológica. É um erro acreditar que a causa esteja na educação dada pelos pais ou professores.
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O mau funcionamento de determinadas estruturas cerebrais provoca os sintomas de TDAH.


As causas desse mau funcionamento podem ser diversas, congênitas ou adquiridas.

Atualmente, existem muitos estudos demostrando a alteração do funcionamento do


chamado lóbulo pré-frontal e das estruturas do sistema nervoso a ele relacionados. Somente
profissionais especializados estão aptos a diagnosticar e estabelecer o tratamento adequado a
cada caso.

Estudos feitos pela ABDA, mostram que pessoas com TDAH geralmente são muito
intuitivas e criativas para grandes projetos; em compensação, têm dificuldades de realizar
tarefas cotidianas. Costumam apresentar uma série de transtornos que afetam as áreas do
comportamento, do humor e da aprendizagem.

Em alunos com TDAH, deve ser trabalhada a inclusão escolar, exigindo do professor
dedicação, cuidado e estudo de caso. Diante disso, muitos professores não sabem o que fazer e
por onde começar.

Metodologia

Dentro de uma sala de aula é imprescindível que haja um clima de cooperação,


interação, respeito e empatia entre todos os alunos. É dentro da escola que se inicia o
aprendizado de obedecer a regras e estabelecer limites de forma a beneficiar o convívio entre
os colegas e o professor.

Dentro deste cenário, o professor tem um grande desafio, que é proporcionar a todos
os alunos um aprendizado de forma inclusiva e criativa, para que assim se sintam motivados e
interessados em aprender e isto inclui os alunos com TDAH.

Nas pesquisas feitas pela ABDA, foram elencadas algumas dicas para que o aluno
com TDAH possa ter um desenvolvimento educacional satisfatório: o aluno deverá se sentar
sempre na fileira da frente, pois assim terá menos distratores. O professor durante as
explicações, deverá utilizar entonações diferentes de vozes para que assim possa chamar mais
a atenção e estimular a interação dos alunos. Fazer com que a criança com TDAH se sinta útil
em sala de aula é de suma importância. Pode-se tomar como exemplo: o professor poderá
escolhê-lo para ser o ajudante do dia, ou mesmo chamá-lo para apagar a lousa, o que importa
é mantê-lo conectado, envolvido com o conteúdo. O professor não deve tomar como
7

referência outros alunos de forma a conduzir o ritmo da aula. Cada aluno tem o seu tempo de
aprendizado, isto é fato, e o aluno com TDAH tem também o seu tempo. Talvez ele precise de
um auxílio maior para desenvolver determinada tarefa, ou dividir uma tarefa grande em
pequenas partes para que assim não se sinta frustrado ou nervoso quando não conseguir
realizar determinada atividade. Esse aluno precisa aprender a acreditar em seu potencial, ser
incentivado e motivado. A valorização das tarefas realizadas é também muito importante para
o desenvolvimento da criança com TDAH. Não estamos aqui dizendo que somente este aluno
mereça ser incentivado e valorizado, mas sim todos os aprendizes. É uma linha muito tênue
em que o professor deverá estar preparado para percorrer onde todos devem ser tratados
igualmente, respeitando a velocidade e características de cada aluno individualmente, mas o
aluno com TDAH não deixa de ser uma criança mais sensível.

Não há comparações nem competições, o ambiente dentro da sala de aula deve ser de
equipe, de colaboração, interação e principalmente de acolhimento.

Para Rohde e Benczik (1999) e Rohde e Mattos (2003), é necessário o conhecimento


sobre o assunto, somente assim, a ajuda a estes alunos será mais eficaz. Então, em primeiro
lugar os professores precisam buscar informações sobre o assunto.

Ao tomar conhecimento das dificuldades que ocorrem numa família


com membros portadores de TDAH, é provável que os professores
comecem a entender a atitude dos pais, da mesma forma que os pais
podem sensibilizar-se com a situação dos professores se souberem das
reais dificuldades que seus filhos se encontram na escola. (ROHDE;
MATTOS, 2003, p. 205).

A metodologia utilizada em sala de aula pelo professor é uma das grandes discussões
acerca desse tema, onde é necessário prender a atenção do aluno com TDAH.
Para Rohde e Benczik (1999), alunos com TDAH têm dificuldades com organização
e por isso a sala precisa ser bem definida. Sendo esta não uma sala rigidamente tradicional
nem uma sala toda colorida, pois distrai ainda mais a atenção. Para criar um bom ambiente
para alunos com TDAH, é necessário criar o meio-termo.

Uma mudança na arrumação da sala de aula, diferente de carteiras enfileiradas,


melhorando a visualização dos alunos, é uma ação bem-vinda em turmas com alunos com
TDAH. Cunha (1998, apud BARROS 2002, p. 51) “valoriza o papel do espaço, considerando
a oportunidade da criança para o exercício da relação afetiva com o mundo, com as pessoas e
com os objetos”.
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Rohde e Benczik (1999, p. 86) citam: “Sempre que possível, transforme as tarefas em
jogos. A motivação para a aprendizagem certamente acontecerá”.

Segundo Rief (2001 apud ROHDE; MATTOS, 2003, p. 206)

“Percebe-se então o quanto o aluno com TDAH modifica a proposta de


ensino do professor, considerando que para esses autores o professor precisa
atender as necessidades educacionais individuais do hiperativo, não
deixando por menos os outros alunos que tem características diferentes, isso
obriga “a uma flexibilização constante para adaptar seu ensino ao estilo de
aprendizagem do aluno [...]”.

Com isso, a metodologia utilizada tem que ser flexível, adaptando-se às diferente
necessidades e realidades.

Em resumo, o aluno com TDAH tem mais dificuldades no processo de escolarização


do que alunos que não tenham o transtorno. A escola onde esse aluno está inserido deve ser
inclusiva para uma melhor aprendizagem. Uma escola para ser considerada inclusiva, precisa
ter como princípio o respeito à diversidade. A flexibilidade dos currículos, possibilitando
serem adaptados à diferentes necessidades, capacidades e estilo de aprendizagem. A inclusão
educacional deve ser um projeto da escola.

Permanecer na escola pode parecer fácil para algumas pessoas sem que nenhuma
diferença seja percebida. Para alunos com dificuldades de aprendizagem isso nem sempre
ocorre facilmente. O processo de escolarização está na dependência da compreensão dos
agentes educacionais da sua escola como um todo.

Considerando que o professor desenvolve um importante papel no processo de


aprendizagem do aluno com TDAH, torna-se necessário que ele busque o máximo de
informação sobre o transtorno. E importante que o professor se atente que a comunicação
entre a escola e os pais é um fator muito importante para se ter êxito no ensino aprendizagem
desse aluno. (BENCZIK; RODHE 1999).

Rohde e Benczik, (1999) apresentam estratégias para o manejo de comportamento de


alunos com TDAH, por exemplo, o planejamento e a antecipação das atividades, isto é, o
professor deve planejar as atividades juntamente com a criança antes de desenvolvê-las; a
atenção sustentada, que consiste em dividir as tarefas em várias micro tarefas, e sempre que
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possível dar preferência ao ensino participativo, variando os recursos de ensino; a


sistematização dos conteúdos, utilizando esquemas, o estimulo da leitura em voz alta, que
serve com estratégias para a manutenção da atenção; e por último os autores salientam a
necessidade de se manter o foco de atenção desse aluno, evitando salas de aula com muitos
estímulos.

Conforme Sena e Diniz Netto (2007), independentemente da abordagem pedagógica


da escola em relação ao processo de ensino aprendizagem, o professor tem que considerar a
individualidade do aluno com seus limites e potencialidades. Deve ser capaz de adaptar os
programas de ensino as necessidades do aluno. Precisam estar conscientes que o aluno com
TDAH, na maioria das vezes, são pessoas criativas e inteligentes.

A família tem sua importância e papel, mas o professor pode contribuir também para
orientar a família, para que esse aluno possa permanecer e ser produtivo no ambiente escolar.
Pois um estudo apresentado por Barkley (2002) mostrou que pais de crianças com TDAH
sofrem maiores níveis de estresse, depressão e autopunição e resistem aos mesmos níveis de
estresse que pais de crianças com deficiências de desenvolvimento severo como deficiência
intelectual e autismo.

Pais e professores por serem as pessoas que mais convivem com as crianças têm a
responsabilidade no desenvolvimento global dessas pessoas. O conhecimento acerca da
etiologia do TDAH pode ajudar na compreensão das consequências sobre o comportamento, a
aprendizagem, as competências sociais, a autoestima, o funcionamento da criança e da
família, e ainda das consequências do tratamento psicofarmacológico e psicoterapêutico”
(BERTELLI; BIANCHI; CRUZ, 2010, p. 20).
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O que é TDAH?

Foi no ano de 1902, que George Still, apesentou uma descrição sobre os sintomas do
TDAH, apontando que as crianças com TDAH possuíam “déficits significativos no
autocontrole e poderiam ser normais ou mesmo brilhantes em termos de inteligência geral”.
Desde então, essa caracterização tem se mantido atualizada. (CRUZ; BERTELLI; BIANCHI,
2010 p. 12)

Segundo (Associação Brasileira de Déficit de Atenção – ABDA), o TDAH pode


comprometer o funcionamento da pessoa em vários setores de sua vida, e se caracteriza por
três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção.

Hiperatividade é o aumento da atividade motora. A pessoa hiperativa é inquieta e está


sempre movimento. Dificilmente consegue se interessar por atividades que tenha que ficar
quieta, mas está sempre se movimentando. Uma criança mais hiperativa nem mesmo para
comer consegue sentar-se, quanto mais para assistir a um programa de televisão, ler um livro
ou uma revista.

Impulsividade é a deficiência no controle dos impulsos, é “agir antes de pensar”.


Podemos entender impulso como a resposta automática e imediata a um estímulo. Se
observarmos uma criança pequena, fica fácil ter uma ideia do que é impulsividade, porque
nessa fase ela naturalmente ainda não desenvolveu nenhum controle dos seus impulsos.
Somente à medida que a criança cresce é que vai criando esse freio interno, através de um
processo de inibição da resposta imediata. No TDAH, as reações tendem a ser imediatas, sem
reflexão.

Desatenção - A falha da atenção pode aparecer de diversas formas. A pessoa não


consegue manter a concentração por muito tempo, se começar a ler um livro, na metade da
página não consegue lembrar o que acabou de ler. Outras vezes, a mente da pessoa com
TDAH parece que não tem um “filtro”, e por isso qualquer estímulo é capaz de desviar sua
atenção. Com a desatenção a sua memória está conservada, mas a questão é que essa pessoa
não consegue se lembrar de algo no momento em que deveria fazê-lo.

De acordo com Farias e Gracino:


Antes de se diagnosticar o TDAH, é relevante observar que um grande
número de indivíduos apresenta concomitantemente sintomas de
desatenção, de hiperatividade e de impulsividade, havendo, entretanto,
em muitos casos, predomínio de um sobre o outro. Também deve ser
notado o fato de que um dos sintomas mais evidentes é a falta de
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atenção e a dificuldade de atender aos comandos dados para a


realização das tarefas escolares. (FARIAS; GRACINO, 2019, p.121)

Avaliação e diagnóstico do TDAH

O professor sozinho não é capaz de confirmar um diagnóstico. Para isto são


necessárias diversas investigações em relação ao comportamento do aluno, tanto no âmbito
familiar, social e escolar. Esta investigação é realizada com profissionais especializados como
psicólogos, psiquiatras, neurologistas, neuropsicólogos, fonoaudiólogo e psicopedagogos.

Atualmente há uma disseminação alta de diagnóstico de TDAH. É necessária uma


investigação feita de forma muito cautelosa, criteriosa e responsável, pois um diagnóstico
incorreto irá acarretar impactos ainda mais negativos no desenvolvimento desta criança.

Essas avaliações não se limitam somente a confirmar o diagnóstico de TDAH, mas


também ajudar os profissionais envolvidos no tratamento e educação escolar da criança a
planejarem formas mais apropriadas de intervenção para um melhor aprendizado.

Nessas avaliações estão embutidos testes psicológicos e entrevistas, a fim de


investigar condições familiares e sociais como um tudo. É necessário ao profissional
realizador do teste, um conhecimento mais amplo a respeito da criança, conhecer a sua
vivência familiar e escolar é essencial para assim propor um tratamento mais assertivo.

Na avaliação é também levado em consideração além dos sintomas propriamente


ditos, a frequência com que estes ocorrem.

O uso de medicamentos é outro ponto importante, no qual somente profissionais da


saúde estão aptos a prescrever uma medicação.

Muitas vezes o aluno com TDAH é interpretado como “bagunceiro”, “desmotivado”,


“criança difícil” entre outras definições equivocadas. Trata-se de uma doença neurológica que
pode acompanhar a criança até a vida adulta.

No TDAH, a disgrafia e a disortografia são observadas com certa frequência. A


palavra disgrafia vem das palavras “dis” (que significa desvio) e “grafia” (a escrita em si), ou
seja, desvios durante escrita, o problema se mostra na coordenação motora ao escrever,
muitas vezes podendo ser confundida com simplesmente “desleixo”. Já a disortografia se
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caracteriza pela dificuldade em escrever sem erros de ortografia, este é um sintoma também
encontrado com frequência em crianças com dislexia.

Como ponto inicial de todo o processo de avaliação e diagnóstico, existe um


questionário chamado SNAP-IV (ver Tabela 1) que fora construído baseado do Manuel de
Diagnóstico e Estatística da Associação Americana de Psiquiatria. Este questionário foi
confeccionado para que o professor possa respondê-lo com o objetivo de fazer um
levantamento comportamental do aluno. O diagnóstico final só pode ser dado por um médico
especialista como: psiquiatra, neurologista ou neuropediatra.

Tabela 1 – Questionário para levantamento de comportamentos TDAH


Nem um Só um Bastante Demais
pouco pouco
1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou
comete erros por descuido nos trabalhos da escola
ou tarefas.
2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas
ou atividades de lazer.
3. Parece não estar ouvindo quando se fala
diretamente com ele.
4. Não segue instruções até o fim e não termina
deveres de escola, tarefas ou obrigações.
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e
atividades.
6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade
em tarefas que exigem esforço mental prolongado.
7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex:
brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros).
8. Distrai-se com estímulos externos.

9. É esquecido em atividades do dia a dia.

10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na


cadeira.
11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras
situações em que se espera que fique sentado.
12. Corre de um lado para outro ou sobre demais nas
coisas em situações em que isto é inapropriado.
13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em
atividades de lazer de forma calma.
14. Não pára ou frequentemente está a “mil por
hora”.
15. Fala em excesso.

16. Responde as perguntas de forma precipitada


antes delas terem sido terminadas.
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17. Tem dificuldade de esperar sua vez.

18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex.


metese nas conversas / jogos).
Versão em Português validada por Mattos P et al,
2005
Fonte: https://tdah.org.br/diagnostico-criancas/

Como avaliar:

1) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 1 a 9


= existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou adolescente.

2) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 10 a


18 = existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado numa criança
ou adolescente.
O questionário SNAP-IV é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se
fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.

IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com o critério A!


Veja abaixo os demais critérios.

CRITÉRIO A: Sintomas (vistos acima)


CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de idade.
CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2
contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa).
CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos
sintomas.
CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose,
etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

Fonte: https://tdah.org.br/diagnostico-criancas/
Publicado por ABDA | maio 10, 2017
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Projeto de Lei 7.081/10

Existe um projeto de lei que visa resguardar direitos a crianças e adolescentes


portadores de TDAH ou dislexia. O projeto prevê o acesso dos estudantes a recursos didáticos
apropriados para o seu desenvolvimento educacional e treinamento aos educadores abordando
metodologias adequadas para casos de TDAH.

Esse projeto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e agora aguarda a aprovação
do Senado. Algumas das ações previstas por este projeto são: capacitação dos educadores,
desenvolvimento de material orientador quanto a utilização de recursos pedagógicos e
adaptações curriculares entre outras.

O Papel do Professor

É na escola que a criança tem o seu primeiro convívio social longe dos pais, onde se
dá o início da disciplina, aprendizado, o uso do intelecto e da cognição. É nesse espaço escolar
que as diferenças nesse sentido se tornam mais evidentes. Por esse motivo, geralmente é na
escola que é percebido as diferenças, e quando estas começam a se apresentar como entraves
de aprendizado, os pais devem ser imediatamente informados e alertados pela escola.

O professor tem um papel importantíssimo tanto no que tange a percepção dos


primeiros sinais, quando saber avaliar e criar alternativas criativas para sanar os problemas
causados durante o aprendizado. Para isto é necessário que o professor tenha conhecimentos
necessários para que possa identificar comportamentos e necessidades da criança. Equilibrar o
seu fazer tanto com a criança que tem o TDAH e os demais em sala de aula.
“O professor ideal terá mais equilíbrio e criatividade para criar
alternativas e avaliar quais obtiveram melhor funcionamento prático.
Deverá saber aproveitar os interesses da criança, criando situações
cotidianas que a motivem, e oferecer feedback consistente,
imediatamente após o comportamento da criança” (Rief, 2001).

Pesquisas da ABDA – Associação Brasileira de Déficit de Atenção, mostram que ter


estratégias inteligentes para evitar a exclusão do aluno com TDAH e o estigma que pode ser
criado em relação aos colegas, o professor deve agir sempre de forma a incluir o aluno na
turma e fazer com que este também aprenda, de sua forma individual, assim como os demais.
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Algumas estratégias encontradas no site da Associação Brasileira do Déficit de


Atenção, e que devem na verdade serem utilizadas não somente com o aluno em específico,
mas com todos os participantes: elogiar, incentivar feitos, valorizar talentos, mostrar aos
alunos que são capazes de aprender independente da dificuldade apresentada, solicitar ajuda
especializada, pois o professor é apenas um dos profissionais a lidar com a criança com
TDAH, pois este geralmente já é acompanhado por psicólogos, psiquiatras e principalmente o
contato com a família da criança. A rotina é um dos fatores importantes para o bom
desenvolvimento do aluno com TDAH.

Como o tempo de foco do aluno com TDAH, ocorre em pequenos momentos, dividir
as tarefas e até recompensá-lo por uma tarefa finalizada é uma das formas de potencializar o
aprendizado.

O TDAH é um transtorno que sem dúvida gera muito questionamentos e polêmicas a


serem sanados.

Cabe sem dúvida à escola proporcionar ao aluno com Transtorno de Déficit de


Atenção e Hiperatividade um ambiente inclusivo, envolvendo funcionários em geral e
principalmente professores capacitados para lidar com esse aluno de forma criativa,
envolvente e ao mesmo tempo acolhedora. É necessário que a escola ofereça subsídios aos
professores para que estejam preparados tanto emocionalmente como tecnicamente para
trabalharem em sala de aula com alunos portadores de TDAH em conjunto com os demais
alunos, sempre de forma inclusiva e significativa.

O professor é muitas vezes a pessoal que fica mais tempo com a criança durante o
seu dia, por isso a necessidade deste profissional estar muito bem-informado a respeito do
transtorno e alinhado às necessidades da criança, para assim atuar com propriedade.

Um dos grandes entraves que o professor pode encontrar nesta jornada, é muitas
vezes o negacionismo pela família traduzido pela dificuldade em buscar ajuda profissional.
Neste caso a escola deverá atuar de forma muito cautelosa e principalmente acolhedora desta
família, para que assim possa orientar quanto ao restabelecimento da criança dentro da escola
e da sociedade como um todo.

Referências Bibliográficas:
15

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MARIA ALICE COELHO & SOUZA, CARMEN ROSANE SEGATTO E, – Os casos
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Inclusiva, Santa Maria - RS – 2017 – PRE-Pró-Reitoria de Extensão.

MACHADO, Járcei Maria. Transtornos funcionais específicos da aprendizagem. Editora


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Disponível em: <https://www.tribunadeituverava.com.br/tdah-ja-atinge-cerca-de-2-milhoes-
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FARIAS, Fabíola da Costa Farias. Pode entrar a casa é sua! O acolhimento na educação
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<https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20180_10104.pdf>. Acesso em: 15 Set. 2021.

LOPES, Maria da Luz Curado. Inclusão, ensino e aprendizagem do aluno com TDAH.
Disponível em:
<https://bdm.unb.br/bitstream/10483/2187/1/2011_MariadaLuzCuradoLopes.pdf>. Acesso
em: 15 Set. 2021.

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