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O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NAS INTERVENÇOES JUNTO A CRIANÇA

COM TDAH

CIBELLE MANUELLE SILVA DA PAZ1


JOSÉ ENILDO GOMES DOS SANTOS2

RESUMO – Este artigo tem por objetivo refletir sobre a importância do psicopedagogo nas
intervenções com crianças com TDAH. Para a realização dessa pesquisa, utilizamos uma
abordagem qualitativa, pois nos permite realizar análise sobre o tema estudado, por dessa
abordagem, utilizamos uma pesquisa de tipo bibliográfica, onde nos baseamos nos estudos já
publicados, para compreender o que é a psicopedagogia e qual a função do psicopedagogo,
bem como conhecer o que é o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e
possíveis intervenções e supostos diagnósticos onde deve ser feito por uma equipe
interdisciplinar. É importante ressaltar que as crianças com TDAH precisam de atenção,
tratamento e acolhimento. Isso porque podem se sentir rejeitadas e ter sua autoestima abalada
devido aos sintomas causados pelo transtorno, nesse caso a família precisa ter esse cuidado e
manter uma linha de pensamentos voltados para os profissionais qualificados para orientar da
melhor forma possível em relação ao desempenho do seu filho. Constatamos que o
psicopedagogo tem uma importante função na intervenção e acompanhando de crianças com
TDAH, sendo fundamental para um bom desenvolvimento da criança.

Palavras-Chave: Criança com TDAH. Intervenção. Psicopedagogo. TDAH.

RESUMEN - Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre la importancia del
psicopedagogo en las intervenciones con niños con TDAH. Para la realización de esta
investigación se utilizó un enfoque cualitativo, ya que nos permite realizar un análisis sobre el
tema estudiado, para ello se utilizó una investigación bibliográfica, basada en estudios
previamente publicados, para comprender qué es y qué es la psicopedagogía. el rol del
psicólogo educativo, así como conocer qué es el Trastorno por Déficit de Atención con
Hiperactividad (TDAH) y las posibles intervenciones y supuestos diagnósticos donde debe ser
realizado por un equipo interdisciplinario. Es importante destacar que los niños con TDAH
necesitan atención, tratamiento y cuidados. Esto se debe a que pueden sentirse rechazados y
tener su autoestima sacudida por los síntomas que ocasiona el trastorno, en este caso la
familia debe ser cuidadosa y mantener una línea de pensamiento dirigida a profesionales
calificados para orientar lo mejor posible en relación. al desempeño de su hijo. Encontramos
que el psicopedagogo tiene un papel importante en la intervención y seguimiento de los niños
con TDAH, siendo fundamental para un buen desarrollo del niño.

Palabras clave: Niño con TDAH. Intervención. Psicopedagogo. TDAH

1
Graduada em Pedagogia pela FAESC – Faculdade da Escada
2
Graduado em Pedagogia pela FAESC – Faculdade da Escada
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1. INTRODUÇÃO

A sociedade brasileira com frequência se depara com o tema Transtorno de Déficit de


Atenção e Hiperatividade (TDAH), esse é um dos transtornos comportamentais mais
estudados atualmente, tanto no campo da educação, como o da saúde,
Para uma abordagem inicial decorrente a discursão do Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH) é fundamental saber que é um transtorno neurobiológico
que aparece na infância e que na maioria dos casos acompanha o indivíduo por toda a vida se
caracteriza pela combinação de sintomas de desatenção, hiperatividade (inquietude motora) e
impulsividade sendo a apresentação predominantemente desatenta conhecida por muitos
como DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção).
Entendemos que o papel do psicopedagogo é de suma importância na identificação
para o acompanhamento de crianças com TDAH, para que desde o diagnóstico, as
dificuldades apresentadas pelas crianças sejam sanadas e o seu desenvolvimento aconteça
plenamente. Com as dificuldades de aprendizagem relacionadas a atenção e concentração, a
criança exige do seu mediador um acompanhamento diferenciado das outras. Este profissional
trabalha em função das prioridades nas habilidades escolares, e auxiliando a sanar as
dificuldades de aprendizagem, tendo uma estreita relação com os variados transtornos,
síndromes, dificuldades existentes, que afetam diretamente e de forma substancial a
aprendizagem, como, o TDAH, Depressão, Ansiedade e Transtornos de Aprendizagem.
No entanto, muitos país/familiares que tenham crianças com TDAH não conhecem a
função do psicopedagogo e até mesmo por medo e/ou preconceito não buscam o seu apoiam
para acompanharem seus filhos.
Sendo assim, o objetivo do presente trabalho é refletir sobre a importância do
psicopedagogo nas intervenções com crianças com TDAH, tendo como objetivos específicos:
I) conhecer o que é a psicopedagogia; II) compreender o que é o TDAH; III) entender a
importância da intervenção do psicopedagogo no acompanhamento de crianças com TDAH.
Essa pesquisa é de cunho qualitativo, pois segundo Silveira e Gerhart (2009) não se
preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão
de um grupo social, de uma organização, etc. Para alcançar nossos objetivos, realizamos uma
pesquisa bibliografia, que auxilia do início até a conclusão do estudo, pois é realizada com o
objetivo de identificar se já existe um trabalho científico sobre o assunto da pesquisado,
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colaborando assim, na escolha do problema e de um método adequado, tudo isso é possível


baseando-se nos trabalhos já publicados.
A escolha do tema foi devida a essa grande demanda atualmente de transtornos de
aprendizagens que as crianças vêm enfrentando.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A PSICOPEDAGOGIA

Segundo BOSSA (2000) os primórdios da Psicopedagogia ocorreram na Europa,


ainda no século XIX, evidenciada pela preocupação com os problemas de aprendizagem na
área médica.
Acreditava-se na época que os comprometimentos na área escolar eram provenientes
de causas orgânicas, pois procurava-se identificar no físico as determinantes das dificuldades
do aprendente. Com isto, constituiu-se um caráter orgânico da Psicopedagogia. De acordo
com BOSSA (2000), a crença de que os problemas de aprendizagem eram causados por
fatores orgânicos perdurou por muitos anos e determinou a forma do tratamento dada à
questão do fracasso escolar até bem recentemente.
O trabalho cooperativo entre médico e pedagogo era destinado a crianças com
problemas escolares, ou de comportamento e eram definidas como aquelas que apresentavam
doenças crônicas como diabetes, tuberculose, cegueira, surdez ou problemas motores.
Portanto, a psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se
aprende, como essa aprendizagem varia gradativamente e está condicionada por vários
fatores.
Em relação a essa discursão Brum (2014) realizou estudos sobre percepção e retardo
mental. Pestalozzi inspirado por Rousseau fundou na Suíça um Centro de educação onde
abrigava crianças pobres. Seu método era intuitivo e natural, estimulava a percepção. Pereire
se preocupou com a educação dos sentidos, em especial a visão e o tato. Seguindo fundou na
França a primeira escola de reeducação, denominou o método fisiológico de educação em
1837, fundou uma escola para crianças com deficiência mental. Suas técnicas de treinamento
dos sentidos e dos músculos são usadas até hoje. Esses educadores foram os pioneiros no
tratamento dos problemas de aprendizagem, porém eles se preocupavam mais com as
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deficiências sensoriais e com a debilidade mental do que com a desadaptação infantil.


Finalmente no ano de 1948, o termo psicopedagogia passa a ser definido com o objetivo de
atender crianças e adolescentes desadaptados, embora inteligentes, tinham dificuldades.
Segundo Brun (2014), o objetivo do tratamento psicopedagógico é o
desaparecimento do sintoma e a possibilidade de o sujeito aprender normalmente em
condições melhores enfatizando a relação que ele possa ter com a aprendizagem, ou seja, que
o sujeito seja o agente da sua própria aprendizagem e que se aproprie do conhecimento (p.21).
Hoje, a psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem com um
equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de
relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas
pelas condições socioculturais do sujeito e em meio a essa discursão podemos afirmar que é
indispensável o trabalho do psicopedagogo com crianças, adolescentes e adultos com TDAH,
ou seja, é importante uma equipe engajada nesse objetivo com o propósito de oferecer
resultados.

2.2 TDAH

É o transtorno no qual a criança tem grande dificuldade para se concentrar em


atividades por muito tempo e encontra-se quase continuamente em movimento. Muitas vezes
essa diversão e distração incontrolável são acompanhadas por hiperatividade e impulsividade.
(BERGER, 2003)
Segundo Sam Goldstein (2006), o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH) é um dos principais transtornos do desenvolvimento infantil. Caracteriza-se pela
dificuldade na modulação de atenção, no controle dos impulsos e na capacidade que a criança
tem de controlar seu próprio nível de atividade motora, planejando seus objetivos e estratégias
de ação.
As características do TDAH aparecem bem cedo para a maioria das pessoas, logo na
infância. O distúrbio é caracterizado por comportamento crônico, com duração de no mínimo
seis meses, que se instalam definitivamente antes dos sete anos.
Estima-se que o TDAH possa afetar de 2% a 11% das crianças em idade escolar no
mundo todo. Outros levantamentos sugerem que o transtorno ocorre na maioria das culturas
em cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos.
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No Brasil, um estudo incluindo quase 6 mil jovens de 18 Estados atesta que 4,4%
entre crianças e jovens apresentam déficit de atenção e hiperatividade, e esse índice se
assemelha aos dados observados em outras partes do mundo que apresentam a presença do
transtorno em 5% dos jovens.
De acordo com Sam Goldstein (2006) o TDAH é classificado a partir de quatro
formas: Forma hiperativo-impulsivo – É caracterizado por pelo menos seis dos seguintes
sintomas, em pelo menos dois ambientes diferentes:
• Dificuldade em permanecer sentada ou parada;
• Correr sem destino ou subir excessivamente nas coisas;
• Inquietação, mexendo com as mãos ou pés;
• Age como se fosse movida a motor “elétrica”
• Fala constantemente;
• Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente;
• Responde a perguntas antes mesmo de serem formuladas totalmente;
• Interrompe frequentemente as conversas e atividades alheias;
• Dificuldade em esperar sua vez em (filas e brincadeiras).
Sabe-se que as crianças com esta forma do distúrbio têm grande dificuldade de seguir
regras mesmo entendendo e conhecendo-as. Forma desatenta – a criança apresenta pelo
menos seis das seguintes características:
• Dificuldade em manter a atenção;
• Corre sem destino ou sobe excessivamente nas coisas;
• Não enxerga detalhes ou comete erros por falta de cuidado;
• Parece não ouvir;
• Dificuldade em seguir instruções;
• Evita ou não gosta de fazer tarefas que exigem um esforço mental prolongado;
• Dificuldade na organização.
Borges (2017) afirma que crianças com todas as características da hiperatividade são
comumente avaliadas como tendo um comportamento normal por alguns médicos pediatras,
quando não são observados traços anormais no encefalograma, descartando-se assim a
presença da hiperatividade e que esta conduta pode ocasiona muitos equívocos, pois perde-se
tempo precioso de atendimento a muitas crianças que poderiam estar sendo devidamente
acompanhados, evitando-se que comportamentos inadequados instalem-se forma definitiva.
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As consequências do tratamento inadequado do transtorno, segundo a Associação


Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), podem causar grandes prejuízos, inclusive na
economia do país, em gastos com repetências escolares, atendimentos médicos de emergência
por acidentes provocados pela hiperatividade, altas taxas de desemprego causado pela falta de
atenção e desorganização. O Brasil tem um prejuízo de aproximadamente R$ 2 bilhões de
reais por ano; por outro lado, com o tratamento recomendado, a economia seria proporcional
aos prejuízos (ABDA, 2015).
O TDAH não é considerado um problema de aprendizagem, como a dislexia ou a
disortografia, mas as dificuldades em sustentar o foco da atenção, a falta de organização e a
inquietação atrapalha de forma significativa o rendimento escolar. Em algumas situações, é
preciso ensinar à criança técnicas específicas para diminuir suas dificuldades. As crianças
com TDAH, em especial os meninos, são agitadas ou inquietas. Elas não conseguem manter a
atenção em atividades muito longas. Distraem-se facilmente com qualquer estímulo do
ambiente ou com os próprios pensamentos. São tidas como esquecidas, falam muito e tem
dificuldades para finalizar suas tarefas.
Os três sintomas clássicos do problema caracterizam-se por desatenção,
hiperatividade e impulsividade. Para Goleman (2014), desatenção é a capacidade de abstrair
de vários pensamentos ou coisas, para focar em um alvo específico. “Quanto mais o nosso
foco é interrompido, pior nos saímos”. Para o autor:
A capacidade de manter o foco em um determinado alvo e ignorar todo o
resto opera na região pré-frontal do cérebro. O circuito especializado desta
área aumenta a força dos sinais em que queremos nos concentrar e diminui a
força do que escolhemos ignorar. (GOLEMAN, 2014, p. 22)

De fato, o pensamento depende da habilidade de ignorar, em sua maioria, as


informações que chegam aos sentidos e focalizar aquelas que devem ser lembradas. É fácil
perceber uma criança com déficit de atenção, pois elas estão com o olhar perdido em tudo à
sua volta, sem foco. Descoberto no século XVIII o TDAH pode ser desenvolvido de três
maneiras:
TDAH com predomínio de desatenção, é aquele que apresenta sintomas de
desatenção, hiperatividade e impulsividade. O TDAH com predomínio de desatenção, no qual
podem existir alguns poucos sintomas de hiperatividade, mas o predomínio é do quadro de
desatenção e o TDAH com predomínio de hiperatividade, no qual, ao contrário, podem existir
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alguns sintomas de desatenção, mas o predomínio do quadro é de hiperatividade e


impulsividade.

2.3 A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGOGICA

A intervenção é indispensável no acompanhamento e varia de acordo com a


necessidade por isso é necessário um olhar clinico, e entende-se que na intervenção o
procedimento adotado interfere no processo, com o objetivo de compreender. É necessário
conhecer e estar sempre atento em casos de crianças com TDAH e as necessidades de se
sentirem seguras e aberta para um novo aprendizado e procurar criar competências e
habilidades necessárias para obter resultados significativos. Desta maneira, o diagnóstico vai
além de uma coleta de dados, devido ao fato do mesmo ser um momento de transição para a
intervenção posterior, uma vez que usa de aproximação para se envolver com o objeto de
estudo. Oliveira (2013) nos diz que o diagnóstico psicopedagógico é:

O diagnóstico psicopedagógico é um processo que deve ser entendido a partir de uma visão
de rede. A dinâmica das relações que se estabelecem em torno do foco do diagnóstico deve
ser entendida sistematicamente. O sintoma, que orienta o início da ação diagnóstica, surge
como um sinalizador dessa dinâmica, comunicando a configuração que essa rede de
relações está assumindo naquele momento. (OLIVEIRA, 2009; p 97)

Desta forma entende-se que o diagnóstico psicopedagógico está envolvido no


processo de ensinar aprender, a partir do momento que compreende as causas que levam a
existirem os sintomas, ou seja, todo o processo diagnóstico tem por objetivo orientar o
processo de intervenção e nessa mesma linha de pensamento o diagnóstico vai além de uma
coleta de dados, devido ao fato do mesmo ser um momento de transição para a intervenção
posterior, uma vez que usa de aproximação para se envolver com o objeto de estudo. Por isso
é de suma importância entender o processo em relação a interação e como se desenvolve
durante o estudo. A prática interventiva é delineada devido ao fato de ser no diagnóstico que
se identificam as singularidades do processo de aprendizagem, assim como as
potencialidades, dificuldades e competências para planejamento e ação pedagógica. Após a
conclusão do diagnóstico o psicopedagogo se torna capaz de detectar métodos eficazes para
intervir nos diversos impactos psicológicos que podem impedir os processos cognitivos das
crianças, assim como é no caso no TDAH.
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2.4 CRITÉRIOS DE DIAGNOSTICO DO TDAH

O diagnóstico do TDAH é um processo de múltiplas facetas, diversos problemas são


psicológicos e podem contribuir para a manifestação dos sintomas similares apresentados por
pessoas com TDAH. O diagnóstico pede uma avaliação ampla, não se pode deixar de
considerar outras causas para o problema, assim, é preciso estar atento à presença de distúrbio
concomitante. O aspecto mais importante do processo do diagnóstico é um cuidadoso
histórico clínico e desenvolvimento. A avaliação do TDAH inclui um levantamento do
funcionamento intelectual e acadêmico para esclarecer possíveis causas semelhantes
(GOLDSTEIN, 2006).
Segundo Goldstein (2006), um diagnóstico minucioso da hiperatividade na infância
deve incluir um histórico da família e do desenvolvimento do seu filho. As informações do
histórico relativas a outros problemas que a família teve os métodos para impor a disciplina,
ou sinais precoces de temperamento difícil, as lembranças dos pais sobre os acontecimentos
da vida da criança, são fundamentais para o diagnóstico. Essa coleta de dados deve incluir:
histórico, Inteligência, personalidade desempenho escolar, amigos, disciplina, comportamento
em casa e comportamento em sala de aula. É importante para os pais entenderem que não há
nenhum resultado ou observação isolada que confirme ou exclua o diagnóstico de
hiperatividade em uma criança.
É fundamental estabelecer critérios para a identificação de uma pessoa com TDAH
no entanto é um grande desafio enfrentado pela psiquiatria e a psicologia. Por isso é
importante uma boa anamnese que consiste em uma conversa detalhada sobre toda a história
de vida de um indivíduo, desde sua gestação até os dias atuais. Surge aí a primeira grande
dificuldade em se fazer o diagnóstico de TDAH em adultos, já que, muitas vezes, não é
possível colher dados com seus pais ou com seus cuidadores infantis, resta, apenas, o seu
próprio relato (SILVA, 2003 p. 184). Os relatos fornecidos pela família têm muita utilidade,
pois há grandes hipóteses de haver outro membro familiar que também é portador do TDAH,
muitas vezes até mesmo o pai da criança. A dificuldade é que há pais que acreditam que
quando crianças eram desatentos, agitados, porém, não tinham TDAH a resistência sobre esse
assunto ainda é grande mesmo com os avanços.
O diagnóstico do TDAH é fundamentalmente clínico, baseado em critérios
operacionais claros e bem definidos, provenientes de sistemas classificatórios como o DSM-
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IV (vide quadro clínico) ou a CID-10. Em pesquisa no nosso meio, Rohde et al* encontram
indicativos da adequação dos critérios propostos pelo DSM-IV, reforçando a aplicabilidade
dos mesmos na nossa cultura. O DSM-IV propõe a necessidade de pelo menos seis sintomas
de desatenção e/ou seis sintomas de hiperatividade/impulsividade para o diagnóstico de
TDAH. Entretanto, tem-se sugerido que esse limiar possa ser rebaixado para, talvez, cinco ou
menos sintomas em adolescentes e adultos,7 visto que estes podem continuar com um grau
significativo de prejuízo no seu funcionamento global, mesmo com menos de seis sintomas de
desatenção e/ou de hiperatividade/impulsividade. Apesar de dados recentes no nosso meio
não apoiarem esta sugestão,8 é importante não se restringir tanto ao número de sintomas no
diagnóstico de adolescentes, mas sim ao grau de prejuízo dos mesmos. O nível de prejuízo
deve ser sempre avaliado a partir das potencialidades do adolescente e do grau de esforço
necessário para a manutenção do ajustamento.
O DSM-IV e a CID-10 incluem um critério de idade de início dos sintomas causando
prejuízo (antes dos 7 anos) para o diagnóstico do transtorno. Entretanto, este critério é
derivado apenas de opinião de comitê de experts no TDAH, sem qualquer evidência científica
que sustente sua validade clínica. Recentemente, Rhode et al (2000) demonstraram que o
padrão sintomatológico e de comorbidade com outros transtornos disruptivos do
comportamento, bem como o prejuízo funcional, não é significativamente diferente entre
adolescentes com o transtorno que apresentam idade de início dos sintomas causando prejuízo
antes e depois dos 7 anos. Ambos os grupos diferem do grupo de adolescentes sem o
transtorno em todos os parâmetros mencionados. Sugere-se que o clínico não descarte a
possibilidade do diagnóstico em pacientes que apresentem sintomas causando prejuízo apenas
após os 7 anos.

2.5 TRATAMENTO

De acordo com Goldstein (2006), o tratamento de crianças com TDAH, exige um


esforço coordenado entre os profissionais de medicina, saúde mental e pedagógica, em
conjunto com os pais. Um tratamento com esse tipo de abordagem combina conscientização
dos pais quanto a real natureza do TDAH, quais os sintomas que o portador pode apresentar,
como lidar com esses sintomas e que estratégias de controle do comportamento utilizar com o
portador. Na sala de aula é preciso um programa pedagógico voltado às necessidades do
hiperativo. Outra alternativa considerável é a terapia de aconselhamento ao portador de
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TDAH, que pode ser individual e coletiva com os pais. E o uso de medicação, caso
necessário. O tratamento do TDAH inclui medicamentos, terapias, orientações, sempre
envolvendo o indivíduo e conscientizando a família da importância em tratar os sintomas.
Quanto mais cedo inicia-se o tratamento, mais rápido será a redução dos sintomas,
facilitando a vida da criança como também das pessoas envolvidas no caso, como os pais e
professores. Esse conjunto de tratamentos é oferecido por diversas áreas, denominadas
intervenção multidisciplinar. Entre os medicamentos utilizados para controle dos sintomas da
hiperatividade, os mais recomendados são os psico-estimuladores, como a Ritalina e seus
derivados. Crianças com TDAH apresentam uma melhora positiva com o uso do
medicamento, diminuindo o comportamento agitado extravasado, aumentando o nível de
atenção. O controle do comportamento e fundamental para que crianças com TDAH evoluam
sua capacidade de concentração e consequentemente ganham mais qualidade de vida,
poupando a si mesmas de um stress causado pelo comportamento incansável. No entanto, o
melhor é que se promova um diagnóstico precoce e planeje a forma ideal de tratamento.
Existem muitos medicamentos que podem ajudar a melhorar os sintomas do TDAH.
O remédio atua corrigindo o desequilíbrio químico nos neurotransmissores, que no caso são
responsáveis pela regulação do humor da atenção e do controle do impulso.
Goldstein (1994) relembra que desde os anos 40, muitos tipos de medicamentos têm
sido experimentados no tratamento do TDAH. Estimulantes como as anfetaminas (Benzedrina
e Dexedrina) metilofenidrato (Ritalina), o permolina (Cylert), a cafeína e o deanol têm sido
muito utilizados. Hoje, prescreve-se o metilofenidato ou ritalina em 90% dos casos. Se a
ritalina é ingerida às oito horas, às dez horas da manhã, o efeito então diminui durante às
quatro horas seguintes e maior parte de sua capacidade de melhorar o comportamento
hiperativo desaparece entre o meio dia e às duas da tarde.
Crianças hiperativas que usam ritalina melhoram um pouco o comportamento
inadequado e na atenção levando assim a diminuição dos problemas familiares. Antes do uso
da medicação deve ser pensado nos riscos e nos benefícios que o uso da medicação pode-se
provocar pois o medicamento pode não só trazer a melhora, mas pode também piorar o caso
do hiperativo.
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3. METODOLOGIA

De acordo com Fachin (2003), pesquisa “é um procedimento intelectual em que o


pesquisador tem como objetivo adquirir conhecimentos por meio da investigação de uma
realidade e da busca de novas verdades sobre um fato (um objetivo ou um problema)”. A
pesquisa é uma investigação, e a partir dela o pesquisador busca as soluções do seu estudo.
A pesquisa tem como objetivo levantar várias informações, no sentido de descobrir
respostas para as questões e indagações sobre o fato estudado, não permitindo que reste
qualquer dúvida, proporcionando mais conhecimentos acerca de um assunto ou problema
ainda não esclarecido
Diante disso, a presente pesquisa é de cunho qualitativo, pois segundo Minayo
(2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações,
crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Segundo Lüdke e André (2013), dentro de uma vertente qualitativa há duas formas
de se fazer pesquisa nessa área, a pesquisa etnográfica e o estudo de caso. Para a nossa
pesquisa, usamos o estudo de caso, pois temos o interesse de pesquisar uma situação singular,
particular.
O tipo da pesquisa é bibliográfico, conforme Fonseca (2002) “é feita a partir do
levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e
eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites.” Em todos estudos
científico precisa-se incialmente uma pesquisa bibliográfica, que garante ao pesquisador
“conhecer o que já se estudou sobre o assunto”

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término do presente trabalho, foi possível constatar que o TDAH é um transtorno


que não tem cura, porém, quando o paciente se dispõe a fazer um tratamento envolvendo
especialistas, terapias e se necessário o uso de medicamentos, seus sintomas são minimizados.
Pais e professores devem estar comprometidos para controlar o portador do transtorno em
casa ou na escola. É necessário ter um conhecimento sobre todas as facetas do TDAH e de
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suas dificuldades, como também é preciso saber distinguir comportamentos originados do


transtorno e comportamentos causados para algum benefício próprio.
O professor tem um papel importante na identificação do TDAH, visto que em
muitos casos o transtorno só é percebido dentro da escola, por ser um ambiente que exige
atenção, concentração e motivação. Também é fundamental o interesse do professor em
adaptar suas atividades, didática e estratégias para que o conteúdo trabalhado com os demais
alunos da sala, seja compreendido pelo aluno com transtorno. Nesse caso, a presença do
psicopedagogo dentro da escola, orientando o professor, bem como desenvolvendo um
trabalho com aluno é incontestável. Dentre as funções do psicopedagogo junto ao trabalho
com o portador de TDAH estão as estratégias para diminuir a hiperatividade e melhorar ou
aumentar o tempo de concentração, estimular a autoestima do aluno, evitando um
comprometimento na sua aprendizagem, orientar o professor em como agir dentro da sala de
aula, etc. Lidar com crianças portadoras de TDAH não é uma tarefa fácil, nem para a família e
nem para a escola. Essas crianças, normalmente, têm dificuldade para realizar tarefas,
principalmente quando exige um esforço mental. Esse tipo de tarefa é visto pelo indivíduo
como desagradável, então mostra-se resistente a realizá-la.
Em consequência das dificuldades que encontram, os indivíduos portadores de
TDAH, evitam ou tem forte apatia pelas atividades que exigem dedicação ou atenção
prolongada ou que exigem organização e concentração, como os trabalhos escolares, por
exemplo.
Disciplinar a criança dom TDAH e seus pais é uma das possibilidades que a escola
tem para enfrentar o problema em seu cotidiano. Para ajudar a criança hiperativa a superar
suas dificuldades é essencial compreender o seu comportamento, e fazer a distinção entre o
comportamento indisciplinado e aquele que resulta de sua incapacidade de adaptação ou
atenção.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARKLEY, R. A. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Ed. Artmed, Porto


Alegre 2000,

BORGES, S. M. C; Há um Fogo Queimando em mim: as representações sociais da criança


hiperativa. UFC. Fortaleza, 2017.
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BRUM, F. T. et al. Espaços psicopedagógicos na escola: legitimados ou urgentes? Revista


Psicopedagógica, 2014.

DUPAUL, G. J. et al. TDAH nas Escolas: estratégias de avaliação e intervenção. São Paulo:
M. Books, 2007.

GOLDSTEIN, S.; GOLDSTEIN, M.; HIPERATIVIDADE: como desenvolver a capacidade


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LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São


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MATTOS, P.; No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno do déficit de atenção
com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Lemos Editorial, 2003.

MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes,


2001.

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ROHDE, L. A. et al. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: atualização, Jornal


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