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RESUMO

A neuropsicopedagogia aparece do vínculo entre neurociências, psicologia cognitiva e


educação. A neuropsicopedagogia tem por intuito primordial o estudo entre a ligação do
sistema nervoso e o ensino humano, tendo consideração por uma inclusão biopsicossocial. O
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é atualmente um dos
acometimentos que mais afeta crianças, adolescentes e adultos no mundo, sendo, portanto, o
motivo principal de se encaminhar para o neuropediatra. É determinado como modelo
constante de distração e/ou hiperatividade contínua, e em níveis superiores ao visto em
pessoas com grau semelhante de avanço. Este estudo tem por intuito entender de que forma a
neuropsicopedagogia pode ajudar no entendimento e provável intervenção no TDAH. O
TDAH é visto pelos profissionais da área da saúde como um dos distúrbios mais dominantes e
pesquisados nos últimos tempos. Artigos, revistas e sites tem aguçado e chamado a atenção de
vários profissionais e estudiosos, para os males e danos provocados existentes na vida das
crianças. Os danos são enormes e não apenas impossibilitam o progresso, como prejudica
também quem está ao redor, seja o ambiente escolar, amigos, comunidade e até os familiares.
Para a metodologia, foi utilizada a pesquisa exploratória bibliográfica, por meio de um
levantamento de dados que englobe a temática. Constata-se que, desse modo, a
neuropsicopedagogia por meio da aplicabilidade de ferramentas específicas, planeamento e
intervenções neuropsicopedagógica, pode colaborar significativamente no melhoramento dos
sinais do distúrbio, repercutindo assim no restabelecimento da qualidade de vida da pessoa.
Salienta-se, ainda que, mais estudos no campo neuropsicopedagógico junto ao TDAH devem
ser efetuadas, para corroborar sua eficácia, sobretudo no que diz respeito a prática, os
processos técnicos e as soluções intervencionistas.

Palavras-chave: Crianças. Intervenção Neuropsicopedagógica. TDAH.

ABSTRACT

Neuropsychopedagogy appears from the link between neurosciences, cognitive psychology


and education. Neuropsychopedagogy has as its primary purpose the study between the
connection between the nervous system and human teaching, taking into account a
biopsychosocial inclusion. Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) is currently one
of the disorders that most affects children, adolescents and adults in the world, and is
therefore the main reason to refer to a pediatric neurologist. It is determined as a constant
pattern of distraction and/or continuous hyperactivity, and at levels higher than those seen in
people with a similar degree of advancement. This study aims to understand how
neuropsychopedagogy can help in understanding and likely intervention in ADHD. ADHD is
seen by healthcare professionals as one of the most dominant and researched disorders in
recent times. Articles, magazines and websites have sharpened and called the attention of
several professionals and scholars to the evils and damage caused in children's lives. The
damage is enormous and not only prevents progress, but also harms those around, whether the
school environment, friends, community and even family members. For the methodology,
exploratory bibliographic research was used, through a data collection that encompasses the
theme. It appears that, in this way, neuropsychopedagogy, through the applicability of specific
tools, planning and neuropsychopedagogical interventions, can significantly collaborate in
improving the signs of the disorder, thus impacting on the restoration of the person's quality
of life. It should also be noted that more studies in the neuropsychopedagogical field with
ADHD should be carried out, to corroborate its effectiveness, especially with regard to
practice, technical processes and interventionist solutions.
Keywords: Children. Neuropsychopedagogical Intervention. ADHD
INTRODUÇÃO

Gradativamente tem se tornado mais constante tanto na mídia quanto nas redes sociais
a preocupação dos pais, dos professores e profissionais de saúde com relação a grande
quantidade de dados sobre os desafios de ensino e sua ligação com o Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH). O TDAH é um distúrbio neuropsicobiológico de vários
motivos e de terminologia plurivariada, que diversos pesquisadores têm se dedicado em
estudos que esclareçam melhor os aspectos etiológicos e incumbidos por este, mas também,
seus efeitos e danos para a vida da pessoa, seu espaço ao redor e seus familiares.
Desse modo, diante da enorme necessidade de encontrar serviços que facilitem o
aprendizado, que pode ser deficiente por várias razões, independentemente de ser TDAH ou
não, surgiu a psicopedagogia, campo do saber que se concentra principalmente nas
características do ensino humano.
O trabalho dos psicoeducadores baseia-se na priorização de capacidades escolares para
ajudar nos problemas de aprendizado que estão intimamente relacionados a uma variedade de
distúrbios, síndromes, problemas existentes que atingem direta e substancialmente o ensino,
como TDAH, transtornos depressivos, transtornos de ansiedade, fobias e dificuldades de
aprendizado, entre outros.
Segundo o autor Fonseca (2014), a neuropsicopedagogia junta e engloba:
“os estudos do desenvolvimento, das estruturas, das funções e das disfunções do
cérebro, ao mesmo tempo que estuda os processos psicocognitivos responsáveis pela
aprendizagem e os processos psicopedagógicos responsáveis pelo ensino”
(FONSECA, 2014, p.236).

Assim, a neurociência, psicologia cognitiva e a pedagogia estão interligadas e formam


uma âncora para a ciência da educação neuropsicológica a fim de ajudar a compreender e
possivelmente intervir nos problemas e deficiências de aprendizado, um dos quais é o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
O ensino possui um espaço privilegiado e exclusivo na sociedade porque todos
necessitam (em graus variados) dessa atividade: aprender, ou no mínimo é assim que esse
incontestável do ensino é posto, como indicam os autores Filho e Bridi (2016). Quando esse
requisito é atendido, parece que grande parte das pessoas possuem níveis semelhantes e
sistemáticos de aprendizado, incluindo aprendizado sobre conduta.
Destarte, os que acabam por não estar em concordância à sua filiação são vistos como
atípicos, criando o que se conhece como “ problemas de aprendizado” e o que constitui uma
área de distúrbios de ensino.
O TDAH é um transtorno neurobiológico crônico caracterizado por falta de atenção,
inquietação e impulsividade que ocorre constantemente atualmente.
Afeta, sobretudo crianças e adolescentes, mas também atinge adultos, podendo
ocasionar danos no decorrer da vida da pessoa, intensificando problemas sociais e de ensino.
Vale salientar que os distúrbios ligados à atenção nem sempre estão interligados com o
TDAH.
Sua associação com os problemas de aprendizado é um dos principais motivos de
consultas na neuropediatra, independentemente de ser recomendada pela escola ou por outros
profissionais que apoiam o rastreamento do distúrbio. Além das dificuldades nas áreas
profissionais, as pessoas acometidas pelo distúrbio apresentam risco elevado de baixíssima
performance acadêmica, dificuldades interpessoais, comportamento criminoso, acidentes
automobilísticos e uso de álcool e outras drogas (ROTTA, 2016).
O incentivo metodológico para a estrutura desse trabalho advém da pesquisa
exploratória bibliográfica que não exige a formulação de conjecturas a serem testadas,
limitando-se a estabelecer propósitos e procurar mais dados acerca de certa temática própria,
ou que tal assunto tenha sido pouco explorado.
A princípio, foram procurados artigos online na biblioteca virtual Scientific Eletronic
Library Online (SciELO), por referir-se de uma plataforma cujos artigos permeiam por uma
análise cautelosa e hipotética-metodológica.
Em relação ao nível de importância do estudo, considera-se que este assunto seja uma
temática apropriada aos profissionais de vários campos, seja educação, saúde ou qualquer
outra, por ser um assunto multidisciplinar, bem como para pessoas que possuem interesse pelo
conteúdo.
Um outro aspecto valioso no levantamento do assunto em questão se dá pela ciência
neuropsicopedagógica específica que é um pouco novo e ainda necessita de mais explicações.

1. TDAH: O QUE É?

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é, normalmente,


genético e congênito. Isto é, nato, sendo reconhecido com facilidade quando a criança entra na
etapa escolar.
Nesta fase, particularmente, os sinais surgem com clareza, especialmente dentro de
uma sala de aula. O TDAH é um distúrbio neurobiológico, no qual o córtex pré-frontal direito
é bem pequeno nas pessoas que possuem esse distúrbio.
A disfunção executiva é o mesmo que a incapacidade dos nervos de inibir ou
completar uma ação ou item. Pessoas com Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA) não podem
conter seus impulsos sobre suas condutas, quer o façam ou não.
O autor Cypel (2007) observou que o TDAH é entendido como um distúrbio que
prejudica especialmente a função do lobo frontal cerebral, encarregado por funções executivas
(FE) e de outras tarefas, como:
 Atenção;
 Habilidade da pessoa de se auto estimular;
 Capacidade de planejar, estabelecendo intuitos e propósitos;
 Contenção dos impulsos;
 Contenção emocional;
 Memória dependente da atenção.

Além do mais, o cérebro hiperativo produz novos incentivos que mantêm a pessoa em
estado de alerta constante.
De acordo com a autora Ferreira (2008), o TDAH é um distúrbio comportamental que
se manifesta mais notadamente no avanço do autocontrole, na habilidade de conter os
impulsos e na capacidade de se organizar como todo mundo consegue fazer, de acordo com o
tempo, os prazos e o futuro no geral.
O transtorno engloba crianças de inteligência normal ou perto do normal que têm
dificuldade em ajustar sua conduta e/ou aprendizado aos padrões esperados para sua faixa
etária.
Os principais sinais desse distúrbio são uma mistura de falta de atenção, impulsividade
e hiperatividade, que desde cedo já existe na vida da criança, porém torna-se mais perceptível
na fase escolar.
Esses sinais atingem o aprendizado, o comportamento, a autoestima, as capacidades
sociais e o desempenho familiar. Esse distúrbio também ocasiona uma vulnerabilidade
psicológica elevada do paciente e é motivado por retardos no desenvolvimento ou alterações
permanecentes que mudam o controle do cérebro superior da conduta.
O TDAH não é apenas visto como sendo um dos transtornos neuropsiquiátricos
normais na infância e adolescência (MATOS, 2004), como também porque envolve sinais
que são habituais em pessoas portadoras e não portadoras, como por exemplo: problema de
atenção, lapso no encerramento de atividades ou até mesmo na inconsistência na execução de
um intuito determinado (BARKLEY, 2002).
De acordo com o autor Goldstein (1994), o tratamento de crianças que possuem esse
tipo de transtorno requer um empenho organizado entre profissionais dos campos medico,
saude psicológico e pedagógico juntamente com os pais.
Em alguns casos, esses sinais acabam refletindo no processamento de aprendizado,
independentemente de o déficit de atenção ser ou não relacionado com a hiperatividade, visto
que “constantemente podem comprometer o desempenho escolar, dado que a atenção
exclusiva a incentivos importantes é contexto para o fato dos ensinos em geral, em particular
as escolas” (ROTTA et al., 2006, p. 365).
O autor Goldstein (2006, p. 1) salienta a importância do conceito de TDAH, além de
uma diagnose prematura e um tratamento apropriado.

“O Transtorno do Déficit de Atenção /Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por


uma constelação de problemas relacionados com falta de atenção, hiperatividade e
impulsividade. Esses problemas resultam de um desenvolvimento não adequado e
causam dificuldades na vida diária. O TDA/H é um distúrbio biopsicossocial, isto é,
parece haver fortes fatores genéticos, biológicos, sociais e vivenciais que contribuem
para a intensidade dos problemas experimentados. Foi comprovado que o TDAH
atinge 3% a 5% da população durante toda a vida. Diagnóstico precoce e tratamento
adequado podem reduzir drasticamente os conflitos familiares, escolares,
comportamentais e psicológicos vividos por essas pessoas” (GOLDSTEIN, 2006, p.
1).

Há ainda uma outra definição que engloba diversos pontos de vista teóricos, para que
dessa forma possa compreender e descrever o distúrbio no campo neurológico, psicológico,
psicopedagógico e escolar.

“Definem o TDA/H como um transtorno de conduta crônica com um substrato


biológico muito importante, mas não devido a uma única causa, com uma forte base
genética, e formada por um grupo heterogêneo de crianças. Inclui crianças com
inteligência normal, ou muito próxima do normal, que apresentam dificuldades
significativas para adequar seu comportamento e/ou aprendizagem à norma esperada
para sua idade” (FÖRSTER E FERNÁNDEZ apud CONDEMARÍN, 2003, p. 25).

Já no conceito da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA, 2020), a


definição de TDAH é a seguinte:
É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância,
e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por
sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de
DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD,
ADHD ou de AD/HD.(ABDA, 2020).

E conforme o manual da Associação Americana de Psiquiatria (APA, 2013), TDAH é:


“TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por deficientes níveis
de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. Desatenção e
desorganização implicam inabilidade de permanecer na tarefa, aparentemente não
escutar, e perda de materiais, em níveis que são inconsistentes com a idade
ou nível de desenvolvimento. Hiperatividade-impulsividade implica em
hiperatividade, inquietação, incapacidade de permanecer sentado, intromissão
na atividade de outras pessoas, e a incapacidade em esperar –sintomas que são
excessivos para a idade ou nível de desenvolvimento. Na infância, o TDAH
frequentemente coincide com transtornos que são comumente considerados
“transtornos externalizantes” como transtorno opositivo desafiador e transtorno
de conduta. O TDAH frequentemente persiste na vida adulta, resultando em
prejuízos na vida social, acadêmica e ocupacional.(APA, 2013, p. 31)”

O entendimento do TDAH como um distúrbio é de suma importância para os que


trabalham juntamente com a criança, principalmente o psicopedagogo. De acordo com o autor
Costa (2006, p. 65), “ os docentes bem como os profissionais da área da saúde precisam
conhecer os sinais, os prováveis motivos, o parecer médico, e os modos mais apropriados de
interferência para o progresso da criança”.

1.1 O que provoca o TDAH

Normalmente, o motivo de TDAH incide sobre aspectos como: dificuldades de má


formação, familiares, no progresso, males, alimentação e toxinas. Conforme o autor Goldstein
(2006, p. 2):
“Não existe até o momento uma causa específica para o problema. Alguns genes têm
sido descobertos e descritos como possíveis causadores do transtorno. Lesões
neurológicas mínimas (impossíveis de serem vistas em exames) que ocorreriam
durante a gestação ou nas primeiras semanas de vida, também são levantadas como
possíveis causas. Alterações das substâncias químicas cerebrais
(neurotransmissores) também estão sendo sugeridas como causadores dos sintomas
[...]”.

É possível notar que os motivos mencionados, colaboram para que a pessoa possa
desenvolver este distúrbio, demonstrando-se também por meio de momentos de inquietação,
falta de equilíbrio familiar e crises de ansiedade (GOLDSTEIN, 2006).
Desse modo, o TDAH não exibe um motivo próprio, visto que ainda não foi
encontrado o método certo. Assim, é preciso que o âmbito familiar e escolar estejam
relacionados no tentamento de reduzir os sinais provocados, reforçando-os por atendimentos
próprios, ou seja, psicólogos, neurologistas, psicopedagogos, dentre outros (GOLDSTEIN,
2006).

1.2 Diagnóstico de TDAH

A diagnose do TDAH é clínica, carecendo ser realizada por médicos peritos no


assunto, com ou sem ajuda de uma equipe multidisciplinar que é formada por neurologistas,
neuropsicólogos, psicólogos, psicopedagogos e/ou fonoaudiólogos. Porém, toda diagnose
precisa seguir as etapas a seguir: (BENCZIK, 2006)
 Entrevistas com os pais, para que se possa levantar dados sobre as reclamações
e sinais acerca da conduta infantil na residência e em tarefas sociais;
 Entrevista com os docentes, para que estes possam relatar acerca da conduta
infantil no ambiente escolar, além de levantar dados das reclamações, sinais,
empenho escolar, relação com os adultos e com outras crianças;
 Questões e escalas de sinais para que possam ser realizados pelos pais e
educadores;
 Análise da criança no consultório;
 Análise com neuropsicólogo;
 Análise com psicopedagogo;
 Análise com fonoaudiólogo;

A análise clinica com um médico adequado precisa levantar dados não somente do
olhar atento da criança na consulta, como também efetuar uma entrevista com os pais e os
professores da criança, pedir dados escolares no qual a criança comparece, acerca de sua
conduta, socialização e ensino, além do uso de escalas de análise da existência e graveza dos
sinais (BENCZIK, 2006)
Além desta análise clínica com um médico, a criança ou até o adolescente precisa
transpassar por uma análise psicopedagógica, que se inicia com uma conversa com os pais, no
qual já levam consigo a razão da consulta e a principal “reclamação”, como também
mencionam brevemente o histórico familiar do paciente (BENCZIK, 2006)
No decorrer dessa conversa de análise com o paciente, pode ser que aconteça algumas
interferências, a começar de que já haja uma conexão entre o psicólogo e o paciente
(BENCZIK, 2006)
Essas interferências podem ser realizadas por meio de brincadeiras lúdicas ou por
meio de tarefas relacionadas à arte terapia, sendo essas tarefas: desenhos, materiais diferentes
como argila, velas, dentre outros (BENCZIK, 2006)

“O Objetivo é determinar com maior precisão possível, a frequência do problema, as


situações que o desencadeiam (Situações-gatilho), os contextos em que estas
ocorrem com mais regularidade e a s consequências das condutas observadas“.
(FERREIRA, 2008, p. 17) O objetivo da avaliação diagnóstica do TDAH não é de
qualquer forma rotular crianças, mas sim avaliar e determinar a extensão na qual os
problemas de atenção e hiperatividade estão interferindo nas habilidades
acadêmicas, afetivas e sociais da criança e na criança e no desenvolvimento de um
plano de intervenção apropriado” (BENCZIK, 2006, p. 55).

De acordo com o autor Goldstein (2006, p. 3):

“O diagnóstico de TDAH pede uma avaliação ampla. [...] O aspecto mais importante
do processo de diagnóstico é um cuidadoso histórico clínico e desenvolvi mental. A
avaliação do TDAH inclui, frequentemente, um levantamento do funcionamento
intelectual, acadêmico, social e emocional. O exame médico também é importante
para esclarecer possíveis causas de sintomas semelhantes aos do TDAH (por
exemplo, reação adversa à medicação, problemas de tiroide, etc.) O processo de
diagnóstico deve incluir dados recolhidos com professores e outros adultos que, de
alguma maneira, interagem de maneira rotineira com a pessoa sendo avaliada.
Embora se tenha tornado prática popular testar algumas habilidades como resolução
de problemas, trabalhos de computação e outras, a validade dessa prática bem como
sua contribuição adicional a um diagnóstico correto continuam a ser analisadas pelos
pesquisadores” (GOLDSTEIN, 2006, p. 3).

Assim sendo, é de suma importância que os profissionais peritos no assunto e no qual


estão envolvidos, possuam cuidado ao diagnosticarem TDAH. Levando em conta o histórico
de vida do paciente, aspectos de comportamento, aspectos genéticos e aspectos ambientais. É
preciso ainda, esteja atento a gravidade, intensidade e durabilidade dos sinais exibidos
(GOLDSTEIN, 2006).

1.3 Tratamento

Depois que se confirma a diagnose de TDAH, já deve começar a pensar no tratamento que
será feito com o paciente. É relevante para a interferência corresponder as indispensabilidades
particulares de cada criança. Devendo assim, ser um tratamento multidimensional, podendo até ser
efetuado o tratamento com medicamentos e o tratamento terapêutico, ou ainda o tratamento
combinado, no qual engloba os outros dois.

[...] vários estudos cuidadosos demonstram claramente que mais de 70% das
crianças e adolescentes com o Transtorno apresentam melhoras significativas dos
sintomas de desatenção, de hiperatividade e/ou de impulsividade na escola e em
casa com o uso correto de remédios. (ROHDE; BENCZIK, 1999, p. 66).

Hoje, o mercado dispõe de alguns medicamentos recomendados para reduziras


sequelas do distúrbio. As medicações não induzem a cura, porém incentivam as regiões do
cérebro encarregadas pela conduta, auxiliando a ter uma melhora no nível de atenção e
concentração.
O tratamento terapêutico acarreta em alterações comportamentais, formação de novos
costumes, ordenação, planejamento, melhoria na habilidade de enfrentar frustrações, aumento
da autoestima e independência. (GOLDSTEIN, 2006).
O êxito do tratamento de TDAH acaba resultando no melhoramento dos principais
indícios como capacidades sociais e autoestima. Em alguns casos, o esforço escolar melhora
significativamente e com o apoio apropriado à criança com o distúrbio, pode dispor de uma
vida muito mais recompensante e satisfatória. (GOLDSTEIN, 2006).
Goldstein (2006, p. 3-4) ressalta que:

“O tratamento de crianças com TDAH exige um esforço coordenado entre os


profissionais das áreas médicas, saúde mental e pedagógica, em conjunto com os
pais. Esta combinação de tratamentos oferecidos por diversas fontes é denominada
de intervenção multidisciplinar. Um tratamento com esse tipo de abordagem inclui:
treinamento dos pais quanto à verdadeira natureza do TDAH e em desenvolvimento
de estratégias de controle efetivo do comportamento; um programa pedagógico
adequado; aconselhamento individual e familiar, quando necessário, para evitar o
aumento de conflitos na família; uso de medicação, quando necessário”
(GOLDSTEIN, 2006, p. 3-4).

O tratamento não pode ser efetuado apenas com medicações, é preciso que haja uma
assistência de uma equipe interdisciplinar para que se efetuem considerações à escola e a
família, a fim de que todos consigam colaborar na reabilitação do paciente. A medicação atua
ao mesmo tempo ao indicio básico do problema, possibilitando condições muito melhores na
reabilitação do paciente (GOLDSTEIN, 2006).

2. ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA E OS APORTE DA ARTE TERAPIA

No momento em que discorremos sobre como lidar com pessoas portadoras de TDAH,
dissertamos também sobre multidisciplinaridade, isto é, são indispensáveis outros tipos de
interferências, dentre elas a psicopedagógica, focando na formação de circunstâncias para que
a pessoa consiga situar-se apropriadamente, e a conduta patológica situar-se em segundo
plano (BENCZIK, 2000).
O psicopedagogo em seu desempenho organizacional ou clínico pode realizar um
trabalho reflexivo e predisposição familiar, permitindo uma preparação sobre as direções
comportamentais que beneficiam a adaptação e incorporação da pessoa com TDAH, levando
pontos de vista sob orientações de vida e progresso (BENCZIK, 2000).
Crianças e adolescentes que são portadores de TDAH necessitam ser incentivados
corretamente em período integral, para que sua concentração seja mantida ao que se está
sendo feito no momento (BENCZIK, 2000).
Diante desse processamento, o profissional psicopedagogo possui um papel muito
importante, cabendo-lhe interferir na metodologia cognitiva, juntamente à formação do
conhecimento, fazendo com que o paciente possa se sentir com capacidade de se desenvolver
intelectualmente, profissionalmente e pessoalmente. Quando a criança ou o adolescente
encontrar-se no processamento de análise diagnóstica ou até mesmo se já estiver realizando o
tratamento de intervenção: (BENCZIK, 2000).

O profissional pode focalizar dificuldades específicas da criança, em termos de


habilidades sociais, criando um espaço e situações para desenvolvê-las, por meio da
interação com a criança por intermédio de qualquer atividade lúdica. (BENCZIK,
2000, p. 92).

Dessa forma, a criança ou o adolescente pode acabar desenvolvendo capacidades como:


 Ser capaz de escutar;
 Começar uma conversação;
 Fixar nos olhos para falar;
 Realizar interrogações e oferecer soluções adequadas;
 Fornecer auxílio para alguém;
 Divertir-se colaborando com a equipe;
 Recomendar outras diversões, utilizando a imaginação;
 Mostrar gratidão, falando obrigado;
 Ser capaz de solicitar por favor;
 Permanecer sentado ou em silêncio por um tempo;
 Ser capaz de aguardar sua vez para falar ou brincar;
 Ser amistoso e gentil;
 Demonstrar interesse por alguma temática;
 Ter respeito pelo próximo como uma pessoa diferente que dispõe de emoções e pontos
de vistas distintos;
 Ser atencioso com outras pessoas;
Ser capaz de saber perder, compreendo que não é possível ganhar sempre. (BENCZIK,
2000).
A arte terapia é vista também como uma enorme colaboração terapêutica no decorrer
do processamento de diagnose ou até de interferência com uma pessoa portadora de TDAH.
Isto pois, tal método ocasiona mais saber em como lidar com o aprender, pelas intermediações
de arte. (BENCZIK, 2000).
Além do mais, a criança ou o adolescente podem entrar em contato com os
sentimentos mais profundos, sem a necessidade de se expor, isto é, dizer algo quando não
quer. Usando a arte terapia, a criança ou o adolescente consegue repartir suas vivências por
meio da expressão artística, tornando fácil pôr para fora as emoções intimas, manifestando sua
forma de pensar, atuar e sentir muito melhor. (BENCZIK, 2000).
A arte terapia também visa promover o autodescobrimento da pessoa por meio do
jogo, da cor, da representação, da criatividade e da fantasia. Ele deve ser autorizado a
descrever sua expressão artística, incentivando a ir mais longe, a manter uma conversa entre a
arte e eu, isto é, quando uma criança ou adolescente manifesta sua arte, ela naturalmente está
se expressando. (BENCZIK, 2000).
Usando a arte terapia em conjunto com a psicopedagogia, os pacientes obterão uma
melhor autoconsciência, desenvolverão autoestima e conseguirão uma melhor compreensão
de seus próprios problemas, melhorias e atitudes. (BENCZIK, 2000).
Ao longo do procedimento de análise, que também pode ser intervencionista, o
profissional de psicopedagogia e arte terapia precisa primeiro elencar alguns indicativos que
necessitam ser vistos, como; (BENCZIK, 2000).
 A imaturidade relacionada ao progresso da concentração, que pode ser ligado
a uma brincadeira ou a tarefas de terapia.
 O déficit de concentração do paciente, que pode estar relacionado a atividades
lúdicas ou de arte terapia utilizadas para a diagnose;
Algumas interferências associadas à psicopedagogia e à arte terapia devem ser usadas
ao longo desse processo, como por exemplo:
 Brincar com regras: por meio da brincadeira, a criança tem que seguir regras e
normas, no qual é possível aprimorar suas capacidades, racionalidade,
autoimagem, suportar desapontamentos, saber ganhar ou perder, ser capaz de
aguardar sua vez, planear uma circunstância, aprender a escutar, etc.;
 Brincadeiras representativas, denominadas como psicodrama: por meio das
conversas e da substituição de funções, a criança aprimora algumas
capacidades, e o profissional de psicologia atuará como um espelho,
permitindo que a criança a veja com mais clareza, do jeito que ela é;
 Atividade física cinestésica: o relaxamento relacionado a contenção
respiratória, escutar em silêncio alguma música calmamente ou até mesmo
uma massagem de corpo inteiro são medidas úteis a fim de diminuir a tensão
muscular do corpo, focar a concentração infantil em si mesma, permitir que ela
se concentre em si mesma e promover maior atenção;
 Utilização de sucata: crianças portadoras de TDAH utilizam sucata muito bem,
porque podem ser criativas, podendo até mesmo produzir novos materiais.
(BENCZIK, 2000).

3. INTERVENÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA

Embora seja visto como o distúrbio que mais acomete crianças e adolescentes
atualmente, a maior parte dessas pessoas não são adequadamente tratadas devido à resistência
dos pais no que diz respeito a utilização de medicações.
Apesar de essas medicações serem recomendadas em alguns casos e sejam eficientes a
curto prazo, eles podem exibir vários efeitos colaterais como dores de cabeça, palpitações
cardíacas e até retarde de crescimento (CANTIERE, 2014).
Ainda de acordo com a autora Cantiere (2014), os déficits cognitivos e
comportamentais tendem a se repetir após a descontinuação da droga. Além de desenvolver
um plano de análise e colaborar para a diagnose e prognóstico de um paciente, um
neuropsicopedagogo pode desempenhar um papel na interferência neuropsicopedagógica de
uma pessoa, atuando com ele para usar diversas estratagemas de aprendizado e definir tarefas
que podem tornar fácil e melhorar seu processamento de ensino.
Já conforme o autor Russo (2015), como as estratégias de ensino são conscientes e
propositais, significam desenvolver um plano de ação (interferência) que será baseado em
metas a serem atingidos durante as etapas inicial, intermediária e finalização da orientação
com o paciente.
De acordo com os autores Portilho e Küster (2006), as táticas de ensino são operações
mentais passíveis, isto é, sujeitos de modificação, e são classificadas em cognitivas e
metacognitivas.
As táticas de ensino cognitivo realizarão uma ação através de uma serie de tarefas ou
métodos que a servem; já as táticas de ensino metacognitivo regularão tudo associado ao
saber para determinar quais estratégias usar (quando e como) e até mesmo conter a própria
ação. Eles são categorizados como: saber (indivíduos, atividades e estratégia) e controle
(planeamento, regulagem e análise) (PORTILHO; KÜSTER, 2006; RUSSO, 2015).
Denominada a categorização dos modos estratégicos de ensino que são listados, torna-
se necessário falar acerca das etapas graduais dessas aplicabilidades estratégicas. Em uma
etapa inicial, serão conservadas as funcionalidades pouco afetadas da pessoa para incentivá-lo
e contar com o suporte para os objetivos da etapa intermediária (RUSSO, 2015).
Nesta etapa inicial é fundamental se aprofundar na pesquisa patológica, lesões ou
problemas próprios exposto, listando quais os materiais indispensáveis, métodos e estratégias
de interferência (PORTILHO; KÜSTER, 2006).
É muito importante que suas capacidades e aptidões possam ser respeitadas, debatendo
os objetivos pretendidos e quais as submetas devem ser determinadas para se alcançar o
intuito final. O problema das atividades irá depender do grau de entendimento da pessoa
(PORTILHO; KÜSTER, 2006).
Na etapa intermediária, como esclarecido pelo autor Russo (2015), usam-se
estratagemas associados aos processamentos de entendimento-conservação e reabilitação-uso.
Nessa etapa, é possível usar jogos de competição e não competição, softwares didáticos,
métodos que englobem linguajar oral, escrita, estudo estruturado, dentre outros.
Finalmente, na etapa de finalização de interferência, são reexaminados o panorama
encontrado e o atingimento dos objetivos; se por ventura for positivo, deverá ser dada à alta.
Se por acaso ainda haja circunstancias que devem ser trabalhadas, um novo diagnóstico
indicando os ganhos do paciente terá de ser preparado (PORTILHO; KÜSTER, 2006;
RUSSO, 2015).
Posteriormente, revela-se um novo planejamento de ação que detalha as fases
decorrentes do trabalho, e decorrente formação de táticas. Assim sendo, interferências de
caráter neuropsicológico relacionados à concentração em crianças portadoras de TDAH
possuem resultâncias importantes no que diz respeito à prudência, concentração segmentada e
flexibilidade cognitiva (CANTIERE, 2014).
De acordo com o autor Tucha et al. (2011), programas de capacitação com o período
de aproximadamente oito horas exibiram resultados positivos no tópico da concentração,
sendo uma probabilidade eficiente, propícia e econômica de tratamento não farmacológico
que deve ser efetuado em conjunto com a utilização de medicações.
Os autores Gualtieri e Johson (2008) reiteraram as pesquisas dos autores Tucha et al.
(2011) ao mostrarem que as medicações para o distúrbio são eficazes, porém não retiram a
indispensabilidade de uma orientação/interferência pedagógica, por mais que esteja perante
um tratamento com medicamentos bem-sucedido.

4. A NEUROPSICOPEDAGOGIA

De acordo com a Sociedade Brasileira de Educação Neuropsicológica (SBNPp), a


educação neuropsicológica é determinada como uma ciência multidisciplinar baseada no
saber aplicado da neurociência, com foco na ligação entre o cérebro e o aprendizado, com o
objetivo de restabelecer o indivíduo, a sociedade a escola. Por isso, busca aperfeiçoar os
professores para melhor compreender como o cérebro infantil funciona, como acontecem os
processos informativos, e a SBNPp também aponta que a pedagogia neuropsicológica é uma
nova área que auxilia no ensino e aprendizado (ROTTA; PEDROSO, 2006).
Conforme os autores Rotta e Pedroso (2006), dificuldades de ensino é um termo geral
que inclui vários problemas, como falar, escrever, ler e raciocinar, que mudam a habilidade de
aprendizado da criança apesar de suas circunstâncias neurológicas. Esses problemas também
estão relacionados a aspectos sociais, familiares, emocionais, pessoais, neurológicos,
orgânicos, dentre outros.
A pedagogia neuropsicológica, uma ciência que pode impactar positivamente o
desenvolvimento profissional dos docentes e contribuir para o relacionamento com os alunos,
é um novo paradigma interdisciplinar que abre caminho para novas abordagens de
aprendizado, baseadas na própria investigação dos professores, decompondo como o cérebro
funciona, processa e aprende com os dados que recebe (Fonseca, 2014).
Introduzida no Brasil em 2008 a partir do Centro Nacional de Ensino Superior,
Pesquisa, Extensão, Graduação e Pós-Graduação (CENSUPEG), no estado de Santa Catarina,
a pedagogia neuropsicológica é reconhecidamente um campo notório devido à ciência e a
educação oferecida. (Hennemann, 2012).

5. O TDAH E A NEUROPSICOPEDAGOGIA

Para inserir a neuropsicopedagogia positivamente em crianças portadoras de TDAH, a


diagnose deve ser precisa. Crianças com TDAH precisam ser avaliadas por um profissional de
psiquiatria, visto que constantemente são indispensáveis a utilização de medicações, que
ajudarão no desenvolvimento, melhorando a memória da criança e os padrões de
impulsividade/hiperatividade. (ROTTA E PEDROSO, 2006).
Tudo o que tem a ver com o desenvolvimento do TDAH deve ser esclarecido, dado
que ajuda a criança a promover seu desenvolvimento em casa, na escola, chamando a atenção
para o fato de que textos curtos são fornecidos no ambiente escolar para que a criança não se
perca e perca a falta de interesse, a mesma precisa se aproximar do docente, e em casa precisa
haver uma rotina (ROTTA E PEDROSO, 2006).
Notoriamente os medicamentos utilizados funcionam controlando os
neurotransmissores que são hormônios que estabelecem as sinapses, alguns dos quais são
relevantes para as concentrações do TDAH, como a Ritalina, no qual é uma substância
psicomotora que auxilia na regulagem da dopamina, muito importante para o funcionamento
cerebral. (ROTTA E PEDROSO, 2006).
Outra colaboração da neuropsicopedagogia para o TDAH é um profissional
neuropsicológico que as famílias precisam consultar para que consigam auxiliar e aconselhar
como trabalhar para o desenvolvimento do seu filho, e as famílias precisam ter honestidade,
não dispor de segredos e precisam dizer sobre os principais problemas primários das crianças,
visto que nessa fase tem como objetivo averiguar a qualidade de comunicação com a criança e
reconhecer os problemas de ensino (Fernández, 1991).
O profissional de neuropsicopedagogia é capaz de aprimorar métodos utilizados com
as crianças, para executar testes, elaborar estratégias para conseguir lidar melhor com esse
tipo de dificuldade, o mesmo precisa ajudar os pais, os educadores para fazer trabalhos, jogos
lúdicos, a fim de tentar prender e chamar a atenção de crianças portadoras de TDAH
(Oliveira, 1996).
O neuropsicopedagogo precisará reparar o modo como essas crianças aprendem e a
partir desses dados preparar as táticas didáticas para que o ensino da criança com TDAH
possa ser desenvolvido significativamente (Porto, 2013).
No âmbito escolar, o profissional de neuropsicopedagogia pode colaborar sugerindo
adequações nos métodos e meios de aprendizado para com o TDAH, com foco nas
brincadeiras que incentivem a racionalidade e soluções de situações-problemas (Legnani e De
Almeida, 2009).
A afetividade é tida como relevante para a criança, desse modo, é de suma relevância
que todos os que estão envolvidos sugiram circunstancias disso acontecer, precisa ser
reparado também as particularidades dessa criança, a fim de que todo o trabalho possa ser
orientado. (Legnani e De Almeida, 2009).
Assim sendo, a neuropsicopedagogia e sua equipe de profissionais, os
neuropsicopedagogos atualmente são de suma importância para as crianças portadoras de
TDAH, ajudando o ambiente escolar, familiar e a sociedade. (Legnani e De Almeida, 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que perante o TDAH a melhor alternativa ainda é a prevenção. Isto é,


possibilitar tarefas que viabilizem o docente ir reconhecendo prováveis indícios e a partir
disso pode interferir apropriadamente, impedindo que os sintomas piorem, adequadamente
assistido por uma orientação psicopedagógica. Vale a partir de então que o docente inicie a
observação, realizar anotações, ser intermediador, produzir possibilidades diferentes e realizar
intervenções.
A diagnose do TDAH é uma temática contínua das digressões e debates pelos
profissionais de saúde, principalmente a psicológica e pedagógica. Embora ainda esteja
estacionada no âmbito teórico, é de se ver que os efeitos das pesquisas pelos estudiosos
confluem para tópicos em comum, principalmente ao que se rotula o TDAH como um
distúrbio neurobiológico genético, cujo terapêutico, constantemente requer interferência de
medicamentos.
Conclusões consistentes sugerem que a falta de atenção, impulsividade e
hiperatividade são as principais características do TDAH. Uma diagnose de TDAH precisa ser
feito por meio de avaliação extensa e aprofundada, e não é razoável limitar a pesquisa a
psicopedagogos ou docentes devido ao risco de generalizações perigosas e precipitações de
medicações.
Como visto, a análise por uma equipe multidisciplinar, com referências próprias em
neurologia e psiquiatria, levou a uma diagnose com mais segurança, pois foram expostas
particularidades constantes, possibilitando a relação com quadros de TDAH. Deve-se atentar
também para as referências excessivas e o uso descontrolado e precipitado de medicamentos,
que podem até ter efeitos colaterais prejudiciais.
A criança ou o adolescentes pode ficar inquieto ou desatento por diversas razões, não
obrigatoriamente por causa de uma doença. A agitação pode indicar uma inteligência ativa e
questionadora que precisa ser totalmente incentivada em ambientes domésticos e escolares.
Estar no “mundo da lua” pode ser apenas uma técnica inconsciente para chamar a atenção
para várias questões emocionais e de ensino, que merecem atenção objetiva.
Nesse contexto, aumenta a relevância da psicopedagogia na pesquisa do TDAH e o
impacto dos sintomas durante o aprendizado para impedir análises ingênuas e precipitadas.
Para pessoas com TDAH, mesmo que estejam em uso de medicação, é indispensável
acompanhamento psicoterápico, e o ambiente escolar deve estar envolvido holisticamente em
todo o processos.
Salienta-se que, de começo, a escola tem capacidade de fazer um primeiro
encaminhamento para uma diagnose/análise psicopedagógica a partir das dificuldades vistas,
podendo distinguir os aspectos do aluno que o levam a outros encaminhamentos próprios.
Surpreendentemente, profissionais de psicopedagogia e outros que trabalham com
pessoas portadoras de TDAH são essenciais para a reabilitação, especialmente emocional,
cognitiva e acadêmica.
Durante o acompanhamento psicopedagógico, as crianças e os adolescentes receberão
apoio terapêutico ao longo dos estudos, pois atuarão nas dificuldades escolares apresentadas,
preencherão suas lacunas, ajudarão na compreensão e adaptação às concepções expostas em
salas de aula, nas diversas matérias e permitir que novos aprendizados ocorram nas condições
dos alunos. (BENCZIK, 2000).
Com uma criança com TDAH, o profissional de neuropsicopedagogia precisa
trabalhar seus problemas, ou seja, desatenção, impulsividade, hiperatividade, bem como suas
questões emocionais, que engloba baixa autoestima, baixa complacência ao desapontamento,
ansiedade, dentre outros, por meio de brincadeiras, atividades de ler e escrever, atividades
manuais e expressões de arte terapia e trabalhos lúdicos, sem que deixe de lado as atividades
que diz respeito aos comportamentos e costumes relacionados à concentração, ordenação da
rotina, realização e insistência nas atividades, entre outros aspectos.
Adaptar as crianças à sua própria realidade e ampliar as probabilidades de ensino e
saber está no cerne do compromisso do psicopedagogo, que também é responsável pelo
trabalho de mentoria e reflexão com pais e docentes de crianças com TDAH.
O profissional de psicopedagogia entra com uma função muito importante, para dar
apoio e diversos instrumentos aos docentes auxiliando-os a enfrentar os obstáculos,
obstáculos esses que acabará implicando em transformações produzindo algo novo, e quando
se refere de algo novo, sempre haverá certa insegurança e relutância.
É necessário um suporte enorme de todos os profissionais que atuam no âmbito
escolar, seja docentes, funcionários, agentes administrativos, todos, sem exceção precisam ser
conscientes de que os alunos e professores, sem que se esqueça do suporte familiar, todos são
chamados a formar uma área pedagógica que permita uma melhoria na qualidade do
aprendizado sem limitações e com um método que foque na inclusão.
É indispensável também que se disponha de um projeto pedagógico com foco nas
tarefas que possam prender a atenção e concentração dos alunos. Principalmente os jogos, a
obtenção desse instrumento tenciona a possibilitar um grande foco, sobretudo quando se
trabalha com crianças que têm o diagnóstico de TDAH.
O aluno portador de TDAH deve tomar conhecimento de que é parte integrante do
âmbito escolar, do âmbito familiar e do meio social. Desse modo, precisamos fornecer aos
portadores de TDAH um universos de várias probabilidades e incentivá-lo exibindo ao mundo
que é viável explorar sua inteligência, seus princípios e suas emoções.

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