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TRABALHO FILME - PARA SEMPRE ALICE

Curitiba
2020
Breve introdução sobre o filme

Para sempre Alice, nos faz mergulhar na triste realidade de Alice Howland,
que muito brevemente iria contrair a doença de Alzheimer, para desespero de seu
marido, colegas e filhos. O caso de Alice é um tipo raro da doença, desencadeado
por uma mutação genética dominante e hereditária.
Alice nos é apresentada na narrativa como uma pessoa com hábitos
saudáveis, bons relacionamentos interpessoais e com uma carreira acadêmica de
sucesso, reconhecida como uma notável professora de linguística, onde a mesma
dedicou sua carreira ao estudo da fala e da comunicação.
Logo no início da narrativa, percebemos alguns esquecimentos esporádicos
de Alice, que no decorrer da trama, acaba por ficarem mais frequentes, sinalizando
sintomas da doença de Alzheimer.
Alice por ser uma notável professora e ter construído uma carreira de
sucesso, deseja isso também para seus filhos, Tom, Lydia e Anna. Sua filha mais
nova, Lydia sonha em seguir a carreira do teatro em cima dos palcos, que gera um
certo tipo de incomodo em Alice, onde a mesma afirma que Lydia não teria garantias
se não desse certo seguir esse caminho, o que gera um certo tipo de afastamento
entre as duas.
No decorrer da trama, os lapsos de memória ficam mais frequentes em Alice,
ela apresenta dificuldades em se lembrar de determinadas palavras; os
compromissos parecem sumir de sua cabeça; sente dificuldades em fazer a
manutenção de suas atividades cotidianas; e também perde a noção espacial em
alguns momentos.
Alice por ser uma pessoa inteligente e ter uma capacidade intelectual
avançada, reconhecida por conseguir articular com facilidade suas palavras, a
desenvoltura de sua doença ocorre de forma muito veloz. Com o agravamento da
doença já instalado, Alice desesperadamente recorre a busca incansável pela sua
identidade, não se deixa ser levada tão facilmente pela doença, utiliza dos recursos
que possui para resgatar em suas memórias os constructos e feitos de sua carreira.
Como por exemplo: blocos de anotações, marca textos e jogo de palavras em seu
aparelho celular, com isso ela estimulava sua atividade cerebral, para preservar
suas funções cognitivas.
Apesar de todos os esforços de Alice para retardar a evolução da doença,
não obteve sucesso. Em seu estágio mais avançado, ela não conseguia se
comunicar com facilidade, soltando palavras soltas, além da dificuldade de articular
pensamentos e ideias.
Na cena final do filme, onde Lydia conta sobre sua peça de teatro, Alice
Diz “amor”, e logo se encerra com uma imagem em branco, o que nos leva a pensar
que Alice chegou em seu esquecimento total e um nível de demência avançado.

Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer provoca deterioração das funções cerebrais, como


perda de memória e da linguagem. Os sintomas geralmente se desenvolvem
lentamente e pioram com o tempo, tornando-se graves o suficiente para interferir
nas atividades cotidianas. Como explica Alois Alzheimer, citado por Smith (1999).
Caracterizada pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer em 1907, é
uma afecção neurodegenerativa progressiva e irreversível de aparecimento
insidioso, que acarreta perda da memória e diversos distúrbios cognitivos.

Os primeiros sintomas que caracterizam o mal de Alzheimer é a perda de


memória recente. Com a progressão da doença, vão aparecendo sintomas mais
graves como bem como irritabilidade, falhas na linguagem, prejuízo na capacidade
de se orientar no espaço e no tempo. Não existe um exame preciso para detectar a
doença, mas avaliações neuropsicológicas podem ajudar nesse processo, como
exemplifica Chaves et al (2011).
A avaliação neuropsicológica pode caracterizar alterações cognitivas,
comportamentais e funcionais e pode auxiliar o médico no curso da
avaliação diagnóstica, planejamento de reabilitação e manejo.

A doença de Alzheimer possui 3 estágios diferentes de deterioração


progressiva, classificados por; inicial, intermediário e avançado. No estágio inicial a
pessoa raramente é acometida por seus sintomas, por serem interpretados pela
pessoa e seus familiares como sinais da “velhice”. “Em estágios iniciais da doença,
podem ser observadas a perda de memória episódica e a dificuldade na aquisição
de novas tarefas” (ZIDAN et al 2012).
No estágio intermediário da doença, já com sintomas mais evidentes, as
limitações da pessoa ficam mais claras e mais graves, o indivíduo passa a ter
difuculdades em suas atividades rotineiras, já com a perda de memória instalada.
“[...]pacientes com DA sofrem perda progressiva na habilidade de viver com
independência, em decorrência do comprometimento cognitivo e perda da memória”
(ZIDAN et al 2012).
No estágio avançado da doença, a interdependência se torna o fator o
principal de sobrevivência da pessoa, pois a mesma apresenta um quadro clinico
evoluído, os sintomas se tornam óbvios, por exemplo: ocorre o comprometimento
das funções motoras e um grau alto de deficiência para se comunicar. “Na fase
moderada ou grave têm risco de perda funcional e quedas muito maior do que o
esperado para idosos saudáveis” (ZIDAN et al 2012).

Alterações das funções cognitivas na personagem

ATENÇÃO

Em 31:50, Alice retira da geladeira um shampoo, algo um tanto quanto


inusitado. Aqui podemos ver um sinal de desatenção de sua parte.
A desatenção pode se manifestar de várias formas, uma delas é a lentidão de
processamento, Alice por estar tão sobrecarregada emocionalmente, pode não ter
dado a devida atenção para a atividade que estava realizando, agindo de forma
automática.

MEMÓRIA

Em 29:52, Alice pergunta para sua classe, qual era o tema da aula. Ocorre
um esquecimento de sua programação acadêmica. Ao ser alertada pelos alunos que
o tema era “fonologia” conseguiu reconhecer a palavra e seguir com a explicação.
Podemos ver um problema em sua memória explicita – Semântica. Essa
memória abrange o significado das palavras “é saber o que”.

Em 18:45, Alice se esquece da receita de pudim de pão, aqui vemos uma


alteração na funcionalidade de sua memória implícita.
A memória implícita se difere da explícita, a implícita é uma memória de
procedimentos “ como fazer” “ o saber como”.

LINGUAGEM

Em 54:53, Alice se refere ao seu aparelho celular como, “ esse negócio”. Aqui
podemos ver um distúrbio de linguagem, mais precisamente nas afasias.
A afasia é caracterizada como uma deficiência da linguagem expressiva, ou
seja, ela não conseguiu se expressar com clareza sobre o que de fato era esse
“negócio”, mas logo foi interpretado pelo seu filho, e a mesma concordou.

PRAXIAS

Em 1:16:54, Alice está amarrando seu tênis com um certo tipo de dificuldade,
com lentidão nos seus dedos.
Neste exemplo podemos notar um certo tipo de comprometimento em suas
ações motoras, mais precisamente na apraxia Mielocinética, que causa a dificuldade
na realização de movimentos finos e a velocidade e precisão dos movimentos
também ficam prejudicados.

FUNÇÕES EXECUTIVAS

Em 46:45, Alice desesperadamente busca por um banheiro, pois necessitava


fazer xixi, mas acabou não encontrando o banheiro.
Aqui podemos ver uma falha em seu controle inibitório, onde Alice não
conseguiu suportar por muito tempo, sua necessidade fisiológica. Ou seja, ela não
conseguiu exercer total controle sua necessidade.

REFERÊNCIAS

SMITH, Marília de Arruda Cardoso. Doença de Alzheimer. Rev. Bras.


Psiquiatr., São Paulo,  v. 21, supl. 2, p. 03-0, Oct.  1999. Disponível em >
http://www.scielo.br/scielo.php?
pid=S151644461999000600003&script=sci_arttext&tlng=pt

ZIDAN, Melissa et al. Alterações motoras e funcionais em diferentes estágios da


doença de Alzheimer. Rev. psiquiatr. clín.  São Paulo ,  v. 39, n. 5, p. 161-165,   
2012 Disponível em > http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-
60832012000500003&script=sci_arttext

Márcia L.F. Chaves , Claudia C. Godinho , Claudia S. Porto , Leticia Mansur, Maria
Teresa Carthery Goulart, Mônica S. Yassuda Rogério Beato. Doença de Alzheimer
Avaliação cognitiva, comportamental e funcional São Paulo , v. 5 n. 1 , p 21-33,
2011 Disponível em > https://www.redalyc.org/pdf/3395/339529025004.pdf

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