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MANUAL DE COLHEITAS

Laboratório de Análises Clínicas

ELABORADO POR: __________________________________ DATA:____/____/____

APROVADO POR: __________________________________ DATA:____/____/____

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MANUAL DE COLHEITAS

PARTE I

NORMAS DE COLHEITA

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1. SECÇÃO INTRODUTÓRIA

1.1. Introdução
O Laboratório Clínico é um local onde são testados, analisados ou avaliados diversos produtos biológicos.
Para a obtenção de resultados fidedignos e precisos, torna-se necessário a obtenção das respectivas
amostras. O pessoal de Laboratório responsável pela respectiva colheita, deve ter em consideração as
seguintes noções:

A. A importância da atitude face ao paciente.

Diariamente, irá encontrar muitos pacientes nervosos e stressados. Por vezes, é difícil não reagir
aos problemas desses pacientes. Como profissional, espera-se que seja caloroso e atencioso com
os pacientes.
Profissionalismo é a palavra chave.

B. A importância da técnica correcta.

A colheita de sangue e de outros produtos biológicos, necessita da introdução, mesmo que


temporariamente, um corpo estranho no paciente. A técnica correcta durante a colheita de sangue
reduz o risco de infecções e de infecções cruzadas ( contágio de infecção de um paciente para
outro ) ao mínimo, e assegura o sucesso da obtenção da amostra. Apesar de as técnicas poderem
variar de indivíduo para indivíduo, há princípios específicos que temos de aderir sem desvios. Os
técnicos não podem trabalhar se estiverem doentes, e, mais importante ainda, têm sempre de usar
equipamento limpo e estéril. Deverão de preferência utilizar material de protecção, como o caso de
luvas cirúrgicas.

C. A importância da colheita correcta.

Não importa quão profissional é a atitude e a técnica, a colheita incorrecta de uma amostra
inviabiliza a amostra colhida, causando uma punção desnecessária ao paciente. Antes de obter
qualquer amostra, deve ter-se absoluta certeza dos tubos necessários e da quantidade de sangue
necessária para efectuar todos os testes. Em caso de dúvida, deve-se sempre procurar a
informação necessária para assegurar uma colheita correcta. O tempo gasto para se certificar
sobre o modo de efectuar a colheita da amostra é bem gasto e recompensa o esforço, pois evita a
repetição da mesma, com mais gastos de tempo e material, reduzindo assim os custos da não
qualidade.

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D. Organização dos técnicos.

Organização é a palavra chave para os técnicos. Uma das primeiras tarefas é rever as etiquetas e
verificar o número e variedade de tubos a utilizar de acordo com as determinações pretendidas, de
modo a corrigir possíveis duplicações e erros. Após toda a parte administrativa ter sido
confirmada, pode começar a colheita. O aspecto mais importante deste trabalho é manter-se
organizado ao etiquetar as amostras colhidas o mais cedo possível e depois de devidamente
identificadas, colocá-las por ordem no suporte adequado.

E. Os técnicos são responsáveis pela colheita correcta da amostra nos tubos adequados e pela
etiquetagem correcta de cada amostra. O técnico é responsável por todas as amostras
colhidas por si e por toda a identificação associada ás amostras.

No acto da colheita, deve-se ainda anotar, na requisição do doente, e de forma legível, dados que
sejam importantes para uma posterior validação dos resultados, tais como:
 Para testes de coagulação; medicação/dose
 Para hormonas sexuais femininas; data do início do ciclo menstrual ou tempo de gravidez
 Para anticorpos de doenças víricas; vacinas, eventuais contactos com doentes
 Para toxoplasmose e rubéola; gravidez, histórico
 Para colheitas bacteriológicas; medicações/dose
 Toma de medicamentos/vitaminas, etc…
 Outras informações dadas pelo utente/cliente que se julgue pertinente

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2. SANGUE

2.1. Introdução e objectivos

A colheita de sangue é definida como a prática de punção de uma veia ou outro vaso sanguíneo, para se
obter sangue. Os Laboratórios Clínicos usam este método para obter amostras de sangue de pacientes
para análises. Estas amostras podem ter várias finalidades: diagnóstico, monitorização, controle terapêutico
e despiste de doenças.

2.2. Aplicação do garrote

O garrote deve ser aplicado durante a punção venosa para encontrar a veia mais facilmente. Em veias
normais deve ser retirado durante a extracção de sangue. Deve-se respeitar as seguintes normas:

- O garrote deve ser aplicado a uma distância de 8/10 cm da zona de punção.

- O fluxo arterial nos vasos do braço não deve ser interrompido pela compressão do garrote. O refluxo
venoso deve ser completamente comprimido e o pulso ser palpável (no caso da compressão normal, a
pressão eleva-se aprox. a 79-100 mm em coluna de mercúrio).

- Se comprimir fortemente o braço, o fluxo sanguíneo arterial pode ser interrompido e como consequência, o
fluxo sanguíneo da veia para o tubo de extracção também cessará.

- Pode-se detectar uma compressão demasiado forte pela produção de cianose no braço (o braço fica
arroxeado). Deve retirar o garrote imediatamente.

- Se para localizar a zona da punção manteve o braço comprimido por um longo período de tempo, antes de
puncionar deve-se retirar o garrote durante 1–2 minutos. Se o braço esteve comprimido por mais de 3
minutos, os resultados das análises podem sofrer alterações.

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2.3. Escolha da zona de punção

Para obter uma amostra sanguínea, podem-se puncionar todas as veias superficiais da fossa antecubital,
antebraço e dorso da mão. Uma regra básica é que não se prefira outra zona potencial de punção, antes de
examinar perfeitamente o braço do doente.

Para a punção devem examinar-se as veias pela seguinte ordem:

1. Fossa antecubital de ambos os braços:

- Veias medianas

- Veia basílica

- Veia cefálica

2. Antebraço:

- Veia cefálica

3. Dorso de ambas as mãos:

- Veia do dorso da mão

Primeiro aplica-se o garrote. O paciente fecha o punho de modo que se possa ver as veias mais facilmente.
O seu braço permanece estendido para baixo.

Palpar as veias cuidadosamente ajuda a encontrar os vasos situados mais profundamente para que sejam
puncionados facilmente.

As veias são facilmente palpáveis, estão tensas, elásticas e fáceis de distinguir dos tendões e músculos.

Atenção: a artéria é um vaso sanguíneo pulsante e palpável na zona antecubital.

2.3.1. Problemas específicos relativos à zona de punção

Recomenda-se o seguinte procedimento no caso das veias do antebraço e fossa antecubital de ambos os
braços não se poderem ver nem serem palpáveis:

- Abrir e fechar o punho várias vezes depois de aplicar o garrote.

- Colocar o braço para baixo.

- Dar uma massagem ao braço desde o pulso até à zona antecubital.

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- Golpear ligeiramente com o dedo indicador e o médio a zona de punção.

- Aplicar calor ao braço (panos quentes, saco de água quente).

Estas medidas dilatam as veias e asseguram uma melhor circulação sanguínea.

Como regra, as veias cujas paredes se tenham alterado, ou nas quais se adiram depósitos, são bastante
duras. No caso destas veias, ou de esclerose causada por picadas frequentes, há que procurar uma punção
alternativa.

No caso de “ veias móveis “, é extremamente difícil fixar a veia. A veia deve ser fixada desde 2-3 cm atrás
da zona de punção seleccionada, esticando a pele com o dedo polegar sobre a veia ou pressionando no
braço com o polegar esquerdo e o dedo médio. Ao mesmo tempo estica-se a pele do braço para os lados.

2.4. Punção venosa

Após seleccionar a zona de punção adequada, deve desinfectá-la cuidadosamente com álcool a 70º ou um
desinfectante adequado.

Não deve palpar a zona de punção após esta ser desinfectada, mesmo que use luvas.

O braço do paciente deve estar estirado e o punho fechado, se possível, com um suporte apropriado
(almofada) debaixo do cotovelo. Se o cotovelo estiver dobrado, a veia desaparece dentro dos tecidos, e a
punção torna-se difícil ou quase impossível.

- O estiramento da pele facilita a penetração e auxilia a fixar a veia.

- Para a punção venosa, devem ser utilizadas as agulhas 21 G (verdes), 22G (pretas) ou 23G (azuis) no
caso dos bebés.

- Durante a punção, o adaptador deve ser mantido num ângulo de 15º com o braço do paciente.

- A agulha deve ser introduzida ao longo do curso da veia, até que toda a abertura da mesma se encontre
no interior da veia.

- Devem ser utilizadas agulhas bem afiadas e lubrificadas. Uma punção dolorosa pode causar uma
contracção dos tecidos e vasos, e por consequência problemas com a extracção de sangue.

2.4.1 Extracção de Sangue usando Sistema Fechado

 Principio de colheita pelo método tradicional

1. Imediatamente antes da punção coloca-se o tubo na agulha e encaixa-se suavemente rodando no


sentido do relógio.

2. Punciona-se a veia, alivia-se o garrote e puxa-se o êmbolo lentamente. Espera-se que fluxo de
sangue pare.

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3. Retira-se o tubo desencaixando-o suavemente através de rotação no sentido contrário ao relógio. A


agulha permanece na veia.

4. Quando é feita uma colheita múltipla introduz-se outros tubos na agulha e procede-se às colheitas
tal como descrito acima.

5. Por fim, retira-se o último tubo da agulha e só então se remove a agulha da veia. Em primeiro
lugar retira-se o tubo e só então se retira a agulha da veia do paciente.

6. Procede-se á agitação dos tubos que contêm anticoagulante.

7. Para o transporte e centrifugação dever-se-á puxar o êmbolo até à base do tubo, fixando-o e
partindo em seguida.

 Principio de colheita pelo método de vácuo

1. Antes da colheita a agulha deve estar introduzida na veia do paciente. Poder-se-á fazer
directamente ou então proceder à primeira colheita através do método tradicional seguido depois o
método a vácuo.

2. Imediatamente antes da colheita fixa-se o êmbolo à base do tubo. Uma vez seguro o êmbolo, a
haste do mesmo deverá ser removida.

3. Alivia-se o garrote, introduz-se o tubo na agulha e fixa-se com uma rotação no sentido do relógio.

4. Aguarda-se que o fluxo de sangue pare.

5. Retira-se o tubo da agulha através de uma rotação do mesmo no sentido contrário ao relógio. A
agulha permanece na veia.

6. Quando são realizadas colheitas múltiplas repete-se o procedimento referido acima.

7. Retira-se o último tubo da agulha e só então se retira a agulha da veia.

Em primeiro lugar retira-se o tubo e só então se retira a agulha da veia do paciente.

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Os tubos deverão ser extraídos na seguinte ordem:

1º tubo seco

2º tubo de coagulação

3º tubos com outros aditivos ( hemograma, vs, etc. )

2.4.2 Extracção de sangue usando seringa e agulha

A técnica de punção venosa é basicamente semelhante quando se utiliza agulha e seringa.

Antes da punção, ajustar bem a agulha à seringa e verificar se esta está integra. O protector é removido e a
agulha é introduzida na veia, com o bisel voltado para cima. Isto pode ser feito com um único movimento, ou
em dois movimentos separados, um para a pele e outro para a veia, dependendo da preferência pessoal e
do grau de profundidade da veia.

Com uma das mãos segurando o corpo da seringa, para que a agulha não escape da veia, aspira-se o
sangue para dentro da seringa, puxando o êmbolo devagar. Deve-se ter o cuidado de evitar que a
velocidade de aspiração supere a da entrada do sangue na veia; caso contrário, a parede da veia poderá
aderir ao bisel da agulha e interromper o fluxo de sangue.

Se o garrote ainda não tiver sido libertado, fazê-lo antes de retirar a agulha. Após remover a agulha, aplica-
se pressão directamente no local de punção, com algodão ou gaze esterilizada, mantendo o braço recto ou
um pouco elevado.

Quando se usa seringa, encher os tubos com anticoagulantes em primeiro lugar, e por último os tubos de
separação de soro. Os tubos contendo anticoagulantes devem ser homogeneizados imediatamente para o
que podem ser invertidos quatro a cinco vezes com uma mão enquanto a outra pressiona o braço do
paciente se este não puder ajudar.

Após a colheita, etiquetar adequadamente os tubos com as etiquetas de código de barras do computador
e/ou com etiquetas gráficas.

O adesivo só deve ser aplicado depois de a pressão ter sido mantida durante tempo suficiente para o
completo estancamento do sangue.

A ordem aconselhada de enchimento dos tubos com seringa é a seguinte:

1. Citrato, coagulação

2. EDTA

3. Citrato, VS

4. Sem aditivo, soro

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2.5 Problemas específicos com a Extracção de Sangue

 A ponta da agulha não está completamente dentro da veia.

Introduzir mais a agulha até perfurar a veia.

 A abertura da agulha aderiu à parede interna da veia.

Rodando ligeiramente o corpo de extracção, consegue-se

separar a agulha da parede da veia.

 A agulha foi introduzida junto da veia, mas sem acertar.

Palpar a veia com o dedo da mão esquerda e corrigir a posição da

agulha.

 A agulha atravessou a veia.

Retroceder ligeiramente a agulha.

 A veia colapsou totalmente.

Tirar o tubo da agulha, para não exercer vácuo sobre a veia.

A veia recuperará e a extracção poderá ser recomeçada, utilizando o mesmo tubo.

Se a veia colapsa várias vezes, deve-se retirar o garrote para restabelecer a circulação e voltar a aplicá-lo.
Deste modo não se dificulta o fluxo arterial e a veia recupera.

Em caso de colheitas extremamente difíceis, em que não se consegue extrair o sangue nem do braço, nem
do antebraço, nem do dorso da mão, o médico pode realizar uma punção femural.

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2.6 Cuidados posteriores a ter na zona de punção

Pressionar a zona de punção com algodão, durante alguns minutos de forma a evitar a formação de
hematomas.

O braço deve manter-se acima do nível do ombro.

Quando o estancamento do sangue está assegurado, colocar um penso apropriado e rejeitar o algodão para
recipiente adequado à sua posterior incineração. Dever-se-á solicitar ao utente/cliente que não utilize a mão
do braço puncionado para pegar quaisquer tipo de pesos.

Se se constatar a formação de um eventual hematoma no local de punção, relacionada com a fragilidade


capilar individual de cada um, aplicar um medicamento com aplicação na dermatologia com acção vascular.

Recomendar ao utente/cliente a continuação desta aplicação, e eventualmente o recurso a gelo se se


observar inchaço.

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Tubo de Coagulação
(tubo com citrato de sódio 3.8% ou 3.2%)
Tampa Verde

Relação de análises efectuadas neste tubo:

 Tempo Protrombina (INR)


 APTT
 Anticoagulante lúpico (PTT-LA)
 Antitrombina III
 Factores de coagulação (Von Willebrand, Feltcher, II, IX, V, VII, VIIIc, X, XI, XII; XIII)
 Fibrinogénio
 Proteína C
 Proteína S
 Tempo Tromboplastina Parcial
 Alfa 2 Antiplasmina
 Produtos de Degradação da Fibrina (PDF)
 Resistência à Proteína C activada no Plasma

Nota: É fundamental que o volume colhido seja correcto, i.e. nove partes de sangue e uma parte de
anticoagulante. Tenha a certeza de que o vácuo foi totalmente preenchido ( compare o nível do sangue com
a marca do tubo ).

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Tubo de Hematologia
(tubo com EDTA K3)
Tampa Vermelha/Rosa

Relação das análises a serem efectuadas neste tubo:


 Hemograma com plaquetas  HCV (Carga viral)
 HLA B27 (Antigénios de  HCV RNA Qualitativo
histocompatibilidade)  Hemocromatose, estudo Molecular (por
 Ácido Fólico Intra-Eritrocitário PCR)
 ACTH  Hemoglobina A2
 Anticorpos anti-Plaquetários  Hemoglobina F
 Acetilcolinesterase  Hemoglobina Glicosilada (Hgb A1c)
 Ácido láctico (lactato)  Hemoglobina S
 Alfa Caroteno  HIV (carga viral)
 Amónia (amoniémia)  HLA (B27, B5, B8, DR, A, ABC, B, C)
 AMPc (plasmático)  Homocisteina
 Angiotensina II  Legionella pneumophila (PCR)
 Beta Caroteno  Mercúrio
 Cadeias leves de expressão celular  Metanefrinas plasmáticas
 Carboxihemoglobina  Piruvato-Quinase (eritrocitária)
 CD (10, 103, 11b, 11c, 117, 13, 14, 15&56,  Porfirinas Eritrocitarias (protoporfirinas)
19, 2, 20, 22, 23, 25, 3, 33, 34, 38, 4, 43, 5,  Populações Linfocitárias
55, 56, 59, 71, 79ª, 8, 9)  Renina
 Chumbo  Reticulócitos
 Ciclosporina  Seritonina
 Coombs Directo  Somatomedina C (IGF1)
 Electroforese das Hemoglobinas  Vasopressina H Antidiurética (HAD)
 Fosfatase Alcalina Granulocitária  Vitamina B1
 Fragilidade osmótica dos eritrócitos  Vitamina B2
 Glucagon (IRG)  Vitamina B6
 Glucose-6 P Desidrgenase  Vitamina C
 Grupo sanguíneo
 HBV (Pesquisa do DNA do vírus Hepatite B)

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Tubo para Química Clínica


(com gel e acelerador de coágulo)
Tampa Amarela/Castanha

Relação das análises a serem efectuadas neste


tubo:

 Glucose  Reacção de Waller rose  Apolipoproteína B


 Ureia  VDRL / RPR  Apolipoproteína A1
 Creatinina  TPHA  Beta-2-Microglobulina
 Ácido úrico  PSA  B-HCG Livre
 Proteínas totais  CEA  B-HCG Total Bicarbonatos
 Albumina  T3  Borrelia burgdorferi (Lyme) G+M
 Ionograma  T4  CA 125
 Cálcio  TSH  CA 15.3
 Fósforo  T3 livre (FT3)  CA 195
 Lítio  T4 livre (T4)  CA 19.9
 Colesterol total  HIV17HIV2  CA 50
 Colesterol HDL  Ag. HBS  CA 549
 Triglicéridos  Ac. HBS  CA 72.4
 LDH (Desidrogenase láctica)  Ac. HBC  Cadeias leves Kappa (KAP)
 CK  Carbamazepina  Cadeias leves Lambda (LAM)
 CK-MB  Ácido Valpróico  Cadeias leves
 TGO/AST  Àcido fólico  Cálcio ionizado
 TGP/ALT  ADA Adenosina desaminase  Calcitonina
 Fosfatase alcalina  ADN Vírus Herpes Simplex 1/2  Capacidade Fixação do Ferro
 Gama GT  AFP Alfa-Fetoproteina  CD Tect-Transferrina def. em
 Bilirrubina Total  Aldolase HC
 Bilirrubina Directa  Aldosterona Plasmática  Células LE (pesquisa) / LE teste
 Amilase  Alfa 1 Anti-tripsina  Ceruloplasmina
 Proteína C Reactiva  Alfa 2 Macroglobulina  Citomegalovírus, Avidez das IgG
 Reacção de Widal  Alfa-1-Glicoproteína Ácida  Citratos
 Reacção de Hudlesson  Alumínio  Cobre
 Reacção de Weil-Felix  Alumínio após Desferrioxamina  Colinesterase
 Reacção de Paul-Bunnel  Amiodarona (Pseudocolinesterase)

 TASO  ANA Anticorpos Anti-nucleares  Complemento Total (CH100)

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 RA Teste  ANCA Ac. Anti-citoplasma  Complemento Total (CH50)


 Crioaglutininas (pesquisa) neutrófilo  Coombs indirecto
 Crioglobulinas (pesquisa)  Ferritina  Cortisol plasmático
 Cyfra 21.1  Ferro  IgG 3 (IgG subclasse 3)
 C1 Esterase inibidor  Fosfatase Ácida Prostática  IgG 4 (IgG subclasse 4)
 C1q  Fosfatase Ácida Total  IgM
 C2 (fracção do complemento)  Fosfatase Alcalina Óssea  Lactose
 C3 (fracção do complemento)  Fosfolípidos  Lamotrigine
 C3 Proactivador  Frutosamina  Leucina-Amino Peptidase
 C4 (fracção do complemento)  FSH – Foliculoestimulina  LH – Hormona Luteinica
 C5 (fracção do complemento)  FTA-ABS (Fluorescent  Imunocomplexos circulantes
 C6 (fracção do complemento) Treponemal Antibody)  Imunoelectroforese
 C7 (fracção do complemento)  Gabapentina  Imunoglobulinas
 DHEA  Gastrina  Índice de saturação da
Dehidroepiandrosterona  Gentamicina transferrina
 DHEA-S  Haptoglobina HAV Ac. (IgM)  Inibina A
Dehidroepiandrosterona-  HAV Ac. (Total)  Insulina
Sulfato  HBc Ac. IgM (anti-HBc IgM)  Isoenzimas da Desidrogenase
 Delta 4 Adorstenediona  HBe Ac. (anti-HBe) Láctica (LDH)
 Diazepan (Valium)  HBe Ag.  Isoenzimas da fosfatase alcalina
 Digoxina  HBV (Pesquisa DNA virus  K/L
 DHT - Dihidro Testosaterona Hepatite B)  Lipase
 ECA – Enzima conversor  HCG (Gonadotrofina Coriónica)  Lípidos totais
Angiotensina  HCV Ac.  Lipoproteína (a) – Lp(a)
 Electroforese das proteínas  HAV Ac. Imunoblot  Lisoenzima
 Electrofosere das  HDV Ac. – Anti-Delta  Lorazepan
lipoproteínas  Helicobacter pylori  Magnésio
 ENA (Ac. Anti-Antigénio  HEV Ac. – Anti-HEV  MCA (Mucin-like Carcinoma
Nuclear Extraível)  HGH - Hormona crescimento – Antigen)
 Entamoeba histolytica – Somatotrofina  Metotrexato
Amebíase  Hidroxiprolina  Mucoproteínas
 Equinococcus  IgA  NSE – Enolase Neuronal
 Estradiol  IgA 1 (IgA subclasse 1) Específica
 Estriol não conjugado uE3  IgA 2 (IgA subclasse 2)  Osmolalidade
 E1 – Estrona  IgD  Osteocalcina
 Factor Reumatóide  IgE Total  Oxalatos
 Febre Q – IgM (Coxiella  IGF BP-3 (proteína-3 de  PAP
burnetti) transporte de IGF-1)  PAPP-A
 Fenilalanina
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 Fenitoina  IgG  PTH-I Paratormona


 Fenobarbital  IgG 1 (IgG subclasse 1)  Pepsinogénio
 Phadiotop  IgG 2 (IgG subclasse 2)  Péptico C
 Phadiotop Infant anti-  anti-Peptido Citrulinado [ CCP ]  anti-Shistosoma
Leishmania donovani  anti-Virus Rubéola IgG  anti-Sm
 anti-Leptospira interrogans  anti-Virus Rubéola IgM  anti-SSA (Ro)
IgG  anti-Virus Varicela IgG  anti-SSB (LA)
 anti-Leptospira interrogans  anti-Virus Varicela IgM  anti-Supra Renal
IgM  anti-Yersinia enterocolitica IgG  anti-Taenia solium
 anti-Leucocitarios  anti-Yersinia enterocolitica IgM  anti-Tiroideus (Tg+TPO)
 anti-Listeria monocytogenes  anti-Músculo Liso [SMA]  anti-Toxocara canis
 anti-LKM  anti-Mycoplasma pneumoniae  anti-Toxoplasma IgA
 anti-Membrana Basal (IgG)  anti-Toxoplasma IgG
Glomerular  anti-Mycoplasma pneumoniae  anti-Toxoplasma IgM
 anti-Mitocondria [AMA] (IgM)  anti-Transglutaminase (IgA)
 anti-Mitocondriais M2 [AMA-  anti-Parvovírus B19 (IgG)  anti-Treponema pallidum (IgG)
M2]  anti-Parvovírus (IgM)  anti-Treponema pallidum (IgM)
 anti-Músculo Estriado  anti-Plasmodium falciparum  anti-Vimentina anti-Virus
 anti-Músculo Liso [SMA]  anti-Pneumococo (IgG) Coriomeningite Linfocitaria
 anti-Mycoplasma pneumoniae  anti-Vírus Epstein Barr [ EBV  anti-Vírus Coxsackie A (Soro)
(IgG) EBNA ]  anti-Vírus Coxsakie B (Soro)
 anti-Mycoplasma pneumoniae  anti-Vírus Epstein Barr [ EBV  anti-Virus da Papeira (IgG)
(IgM) VCA IgG ]
 anti-Ovário  anti-Vírus Epstein Barr [ EBV
 anti-Papilomavirus [HPV] IgM  VCA IgM ]
 anti-Papilomavirus [HPV]  anti-Vírus Epstein Barr
(IgG) (IgG/IgM)
 anti-Leptospira interrogans  anti-Vírus Herpes Simplex 1
IgM (IgG/IgM)
 anti-Leucocitarios  anti-Vírus Herpes Simplex 2
 anti-Listeria monocytogenes (IgG/IgM)
 anti-LKM  anti-Queratina
 anti-Membrana Basal  anti-Receptores Acetilcolina
Glomerular  anti-Reticulina
 anti-Mitocondria [AMA]  anti-Rickettsia conorii IgG
 anti-Mitocondriais M2 [AMA-  anti-Rickettsia conorii IgM
M2]
 anti-RNP
 anti-Músculo Estriado
 anti-Saccharomyces cerevisae
[ASCA] (anti-Scl 70
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Tubo de VS
(Com Citrato Trisódico)
Tampa Roxa

Relação de análises a efectuar neste tubo:


 Velocidade de Sedimentação na 1ª hora
 Velocidade de Sedimentação na 2ª hora
 Índice da Katz

Tubo de Heparina
(com heparina de lítio)
Tampa Laranja

Relação de análises a efectuar neste tubo:


 Troponina
 Mioglobina
 D-Dímeros
 Cádmio
 Frutose-1,6-Difosfatase
 Magnésio Intra-Eritrocitário
 Resistência Osmótica dos Eritrócitos

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3. URINA

3.1. Introdução e objectivos

O papel do sistema urinário na regulação dos processos do organismo é vital. A formação e excreção de
urina é a principal via através da qual o organismo excreta água e fica livre de resíduos. A análise de urina
tem como objectivo detectar desordens metabólicas ou endócrinas, em que os rins excretam quantidades
anormais de produtos metabólicos finais e específicos de determinada doença, ou mesmo revelar condições
intrínsecas que podem afectar os rins ou o tracto urinário. Desta forma, a colheita adequada de uma
amostra de urina é essencial para que os resultados analíticos a obter sejam válidos.

3.2. Urina tipo II

A amostra preferida para a análise de urina tipo II, é a que consiste na colheita de urina proveniente da
primeira micção da manhã. Esta amostra é normalmente mais concentrada e usualmente tem um pH ácido,
o que ajuda a preservar quaisquer células presentes.
Deve colher-se o primeiro jacto da micção, desprezando a restante urina. A urina deverá ser acondicionada
em recipiente próprio, de preferência adquirido em Farmácia. Caso não seja possível, dever-se-á utilizar um
recipiente de plástico, bem lavado e seco, e que não tenha servido a doces ou sumos. Nas crianças da 1ª
infância, recomenda-se a utilização de colectores apropriados adquiridos em Farmácia.
Como requisito geral, e se após a colheita não for possível a entrega imediata da urina no LAB, recomenda-
se a sua conservação refrigerada (2 a 8ºC), por forma a evitar a deterioração dos respectivos elementos
celulares e químicos, bem como prevenir a multiplicação bacteriana com a consequente alteração dos
constituintes urinários, até um máximo de 6 a 8 horas.

3.3. Diagnóstico Imunológico da gravidez (DIG)

Para a realização do diagnóstico imunológico da gravidez (DIG), as condições de colheita e


acondicionamento são as descritas para a análise de urina tipo II, contudo dever-se-á recomendar à
paciente que evite urinar durante 8-10 horas antes da respectiva colheita. Se a amostra não poder ser
analisada imediatamente, ela poderá conservada refrigerada (+2 a 8ºC) por um máximo de 24 horas.
Quando possível, solicitar igualmente informação sobre o eventual tempo de amenorreia.

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3.4. Contagem de Addis (urina de 12 horas)

Para colheita de urina para execução da contagem de Addis, dever-se-á obter uma amostra de urina que
seja representativa de 12 horas. Para isso, e na véspera da colheita, o paciente não poderá ingerir líquidos
após o jantar. Antes de se deitar, deverá urinar, rejeitando esta micção. No dia em que inicia a colheita, o
utente/cliente deverá recolher toda a urina da manhã, bem como toda a urina que efectuar nas 12 horas
seguintes à 1ª micção da manhã.
O volume total de urina obtido das 12 horas deverá ser misturado e acondicionado em recipiente próprio
cedido pelo LAB. Caso não seja possível, dever-se-ão utilizar garrafas de plástico de água mineral, as quais
devem ser previamente lavadas com detergente ou lixívia, e secas.
Como requisito geral, e até entrega no Laboratório, recomenda-se a conservação refrigerada (+2 a 8ºC) da
urina, até um máximo de 6 a 8 horas.

3.5. Urina de 24 horas

No caso de se pretender a colheita de urina de 24 horas, em que os resultados a obter são quantitativos e
expressos em unidades por 24 horas, é imprescindível que se tenha em consideração a diurese do
utente/cliente. O procedimento a adoptar deverá ser o seguinte:
No dia em que se inicia a colheita, o utente/cliente deverá rejeitar a primeira micção da manhã, esvaziando
completamente a bexiga, recolhendo todas as micções seguintes ao longo do dia, incluindo a 1ª do dia
seguinte.
O volume total de urina obtido deverá ser misturado e acondicionado em recipiente próprio cedido pelo LAB.
Caso não seja possível, dever-se-ão utilizar garrafas de plástico de água mineral, as quais devem ser
previamente lavadas com detergente ou lixívia, e secas.
Como requisito geral, e até entrega no Laboratório, recomenda-se a conservação refrigerada (+2 a 8ºC) da
urina, desde o início até ao final da colheita, de forma a evitar a deterioração dos elementos químicos que
se pretendem dosear. Após a última colheita, toda a amostra colhida deve ser entregue no LAB nas 24
horas seguintes.
Aquando da recepção da amostra no LAB, este deverá conferir e anotar a respectiva diurese.

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4. FEZES

4.1. Introdução e objectivos

O exame de fezes tem valor clínico aquando de uma diarreia crónica, e de uma forma geral em processos
decorrentes de insuficiência digestiva, ou mesmo para pesquisa de um agente bacteriano ou parasitológico
responsável por uma eventual patologia clínica. Pese embora o seu valor relativo e somente demonstrativo
em casos muito avançados, o exame de fezes poderá indirectamente fornecer igualmente informação sobre
o funcionamento pancreático.

4.2. Grau de digestão de fezes

Antes de proceder à colheita de fezes para avaliação do grau de digestão, o utente/cliente deverá fazer uma
alimentação normal, não recorrer ao uso de “clisters” nem de laxantes. A colheita de fezes deve ser feita
para recipientes de boca larga, bem lavados e limpos, que sejam à prova de vazamento e com tampa de
fecho seguro. As amostras podem ser igualmente colhidas para um bacio e seguidamente transferidas para
o recipiente adquirido em Farmácia, para posterior entrega.
Nunca se deve contaminar as fezes com urina e/ou água.
Como requisito geral, e se após a colheita não for possível a entrega imediata das fezes no LAC,
recomenda-se a sua conservação refrigerada (+2 a 8ºC), no máximo de 2-3 dias.

4.3. Gorduras fecais

Para o doseamento de gorduras fecais, recomendam-se os mesmos critérios e condições de colheita,


acondicionamento e conservação utilizados para na colheita para grau de digestão de fezes. Contudo, e no
caso de se pretender doseamento, e não pesquisa das gorduras fecais, dever-se-á colher e enviar ao LAB a
quantidade total de fezes efectuadas, por forma a que este possa tomar nota do seu peso total.

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5. CÁLCULO URINÁRIO

5.1. Introdução e objectivos

A colheita de cálculos urinários só é possível após eliminação espontânea dos mesmos, ou após adequada
intervenção cirúrgica. A análise laboratorial de um cálculo urinário, tem como objectivo a avaliação das suas
características físico-químicas, de forma a permitir identificar a sua origem, e, eventualmente, prevenir o seu
reaparecimento, mediante uma terapêutica ou dieta adequada.

5.2. Composição centesimal

Não são aplicáveis quaisquer medidas específicas de acondicionamento e conservação. Contudo,


recomenda-se que após obtenção do cálculo, o paciente o acondicione num recipiente adequado, bem
lavado e seco até entrega no LAB.

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PARTE II

NORMAS DE COLHEITA, CONSERVAÇÃO E

TRANSPORTE DE AMOSTRAS

EM MICROBIOLOGIA

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6. COLHEITAS PARA ANÁLISE MICROBIOLÓGICA

6.1 Introdução e Objectivos

O principal objectivo do Laboratório de Microbiologia é fornecer informação válida e relevante no processo


de diagnóstico das doenças infecciosas.

Toda a informação diagnóstica que o laboratório de microbiologia pode proporcionar depende da qualidade
da amostra recebida. Nada é mais importante para a eficácia do laboratório do que uma amostra que tenha
sido adequadamente seleccionada, colhida e transportada. Se a colheita e gestão das amostras não forem
assumidas como prioridades para o laboratório, este pouco ou nada poderá contribuir para os cuidados de
saúde dos pacientes.

Uma colheita mal efectuada, pobremente recolhida ou mal transportada, determinará uma possível falha na
recuperação dos agentes patogénicos ou da flora normal, que poderá induzir em erros de diagnóstico e
inclusive em tratamentos inadequados do paciente. Pressupondo-se a necessidade de formação contínua
de todo o pessoal de saúde, há que tomar consciência do gasto inútil e do impacto negativo da falsidade
dos dados obtidos a partir de uma amostra realizada de forma inadequada.

O objectivo deste manual é fornecer informação actualizada sobre a colheita, transporte e conservação de
amostras microbiológicas, fazendo-se referência ao material necessário, técnica de obtenção, condições de
transporte e conservação segundo as diferentes localizações e características especiais de cada uma delas
ou dos microrganismos a investigar.

6.2 Amostras de Urina (Urocultura)

Informação geral

A) Apesar da urina ser normalmente estéril ou então apenas colonizada temporariamente com um
pequeno número de organismos, a contaminação das amostras com organismos geralmente
existentes na uretra ou em superfícies periuretrais podem permitir a proliferação de organismos e
conduzir a resultados de cultura enganosos.

B) Para pacientes sintomáticos (dores ao urinar, urgência ou frequência), geralmente uma amostra é
suficiente para um diagnóstico correcto e outra amostra é colhida 48 a 72h após o início da terapia.
Para pacientes assintomáticos, podem ser necessárias duas ou três amostras. Em casos onde
exista a suspeita de tuberculose renal, devem ser analisadas três amostras consecutivas de urina
matinal.
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MANUAL DE COLHEITAS

C) A folha da requisição deve indicar se o paciente é ou não sintomático e se está ou não sujeito a
antibioterápia. Esta informação é essencial para uma interpretação quantitativa da cultura,
especialmente em amostras de urina com baixas contagens.

D) Urina mantida à temperatura ambiente favorece o crescimento tanto de patogénicos como de


contaminantes. Toda a urina DEVE ser refrigerada se não for cultivada dentro de meia hora após a
colheita. As amostras refrigeradas devem ser cultivadas dentro de 24h.

Urina obtida por micção média

A) Selecção
Dá-se preferência à primeira urina da manhã.

Colher a amostra após a rejeição da primeira porção de urina.

Esta primeira porção de fluxo de urina retira a maior parte dos contaminantes da uretra. A porção
intermédia representa a flora da bexiga.

Em pacientes pediátricos, a colheita é efectuada utilizando uma bolsa de plástico ou colectores com
um mecanismo de fita adesiva, após limpeza cuidadosa, tal como descrito a seguir.

B) Colheita

1. Materiais

a. Contentor estéril com tampa de rosca

b. Sabonete antibacteriano (sabão normal é aceitável) ou pacotes comerciais de toalhetes.


Alguns sabonetes comerciais anti-sépticos e desinfectantes podem irritar a zona
periuretral e inibir o crescimento bacteriano na cultura, caso contaminem o copo de
colheita.

c. Esponjas de gaze

d. Água de lavagem

2. Método

a. Fornecer ao paciente instruções claras, tal como: «É necessário uma boa amostra de
urina de modo a detectar a sua infecção. É importante que compreenda o procedimento
de modo a não contaminar a amostra com outros germes»

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MANUAL DE COLHEITAS

Instruções para mulheres

i. Inicialmente, lavar cuidadosamente as mãos com água e sabão.

ii. Sentar confortavelmente na sanita e afastar um dos joelhos para o lado, tanto quanto
possível.

iii. Abrir a zona genital com uma mão mantendo os grandes lábios afastados, enquanto se
limpa e efectua a colheita da amostra.

iv. Lavagem. Assegurar uma boa limpeza antes de colher a amostra. Utilizando um dos
toalhetes antissépticos de papel fornecidos, limpar a zona genital o mais cuidadosamente
possível de frente para trás entre as pregas de pele (labium minor); rejeitar o toalhete.

v. Usando um segundo toalhete, limpar o orifício uretral (urinário), efectuando igualmente


movimentos de frente para trás. Utilizar cada toalhete apenas uma vez.

vi. Segurar no copo com os dedos na parte exterior, não tocar na orla do copo. Deixar o
primeiro jacto de urina sair para a sanita para limpar a uretra e depois encher o copo até
cerca de metade. Sómente a porção média do fluxo de urina deve ser colhida como
amostra ideal para análise microbiológica.

vii. Colocar a tampa no copo e fechá-lo bem.

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Instruções para homens

i. Inicialmente,lavar cuidadosamente as mãos com água e sabão.

ii. Se não for circuncidado, retrair a pele que cobre a glande (a cabeça do pénis) e
mantenha-a assim todo o tempo de colheita.

iii. Limpar a glande, nomeadamente o orificio uretral, com os toalhetes antissépticos


fornecidos ou com sabão neutro; descartar o toalhete.

iv. Segurar com os dedos na parte exterior de um recipiente próprio esterilizado


imediatamente após abertura do mesmo, não tocar na orla do copo

v. Urine para a sanita o primeiro jacto de urina (primeiros 20 – 25 mililitros) para limpar
a uretra e depois, sem interromper a micção recolha o resto no copo estéril
enchendo-o até cerca de metade. Sómente a porção média do fluxo de urina deve
ser colhida como amostra ideal para análise microbiológica.

a. Assegurar que a tampa do copo está bem fechada. Um recipiente mal fechado é perigoso para
os pacientes e para o pessoal do laboratório. O utente/cliente deverá sempre evitar tocar a parte
interna do recipiente ou da tampa do mesmo.

b. Refrigerar a amostra caso não seja levada imediatamente para o laboratório (dentro de 30
minutos).

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Instruções para crianças

Em crianças com mais de três anos de idade a urina é colhida de forma similar aos adultos.

Em bebés e crianças menores de três anos a urina é colhida em colectores ou bolsas plásticas estéreis
especialmente desenhados para eles da seguinte forma:

1. Lavar cuidadosamente os orgãos genitais e toda a área perineal.

2. Colocar a bolsa e plástico ou o colector.

3. Vigiar a bolsa cada 30 minutos e mal o bebé tenha urinado deve retirar-se e enviar ao
laboratório para o seu processamento. (A bolsa deve ser substituída por outra nova a cada 30
minutos, caso o bebé não tenha urinado nesse intervalo de tempo).

a. Assegurar que a bolsa está bem fechada. Um recipiente mal fechado é perigoso para os
pacientes e para o pessoal do laboratório.

b. Efectuar a cultura de bolsas ou colectores imediatamente de modo a minimizar a interferência


de contaminantes.

c. Refrigerar a amostra caso não seja levada imediatamente para o laboratório (dentro de 30 minutos).

C. Volume mínimo de amostra

É suficiente um volume mínimo de urina de 10 – 15 ml.

D. Identificação

1. Identificar a amostra com a informação do paciente.

2. Indicar na folha de requisição se o paciente é sintomático e se está a tomar antibióticos.

E. Comentários

1. Efectuar a cultura de sacos pediátricos imediatamente de modo a minimizar a interferência de


contaminantes.

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2. Amostras de urina de rotina são inaceitáveis para cultura anaeróbia.

3. Necessidades pediátricas: Com a supervisão de adultos, este tipo de colheita pode ser
efectuado em crianças a partir dos três anos de idade. Como para os adultos, é essencial haver
uma limpeza eficaz da uretra externa. Apesar da limpeza e colheita da porção intermédia de
urina ter um efeito questionável na redução de contaminantes na urina de crianças, estes
procedimentos aumentam a qualidade da amostra colhida. Para bebés, um saco de plástico
pequeno e estéril pode ser ligado ao perinium após limpeza de modo a permitir a colheita na
próxima urina. Amostras colhidas desta forma têm de ser transportadas para o laboratório
dentro de 30 minutos. Amostras de urina recolhidas de fraldas descartáveis não podem ser
utilizadas com confiança para cultura.

4. Para a pesquisa de micobactérias (B. K.), a urina é colhida de forma idêntica à anteriormente
descrita, durante 3 dias consecutivos. O volume de urina deve ser de 100 – 150 mL. E deve-se
escolher a primeira micção da manhã. Quando se suspeita da presença de fungos e vírus, o
volume de urina deverá ser superior a 20 mL E no caso de suspeita de parasitas deverá
recolher-se a urina de 24 horas.

Urina de pacientes com cateterização permanente

Obtenção da amostra

Limpar o catéter com uma gaze ou algodão humedecidos em álcool ou solução iodada. Deixar secar
uns minutos. Puncionar com uma agulha o catéter aspirando entre 5 – 10 mL. Passar a urina para
um recipiente estéril.

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6.3 TRACTO GENITAL

6.3.1 TRACTO GENITAL FEMININO

6.3.1.1 Exsudados Vaginais

Informação Geral

A flora vaginal normal inclui uma grande variedade de microrganismos, tanto aeróbios como anaeróbios,
pelo que a interpretação das culturas do tracto genital feminino, implica um conhecimento profundo da flora
comensal e envolve uma separação dos comensais dos eventualmente patogénicos.

As amostras para cultura de N. gonorrhoeae devem ser obtidas directamente do cervix uterino. As culturas
para anaeróbios não devem ser efectuadas, com excepção do líquido de abscessos aspirado por seringa e
agulha dum abscesso perivaginal. Outras infecções e síndromes, como tricomoníase, candidiase, e
vaginose bacteriana envolvendo vários anaeróbios, Gardnerella vaginalis, Mobiluncus spp. e Mycoplasma
hominis, podem ser diagnosticados por exame directo, coloração de Gram, e outros testes.

As amostras vaginais de raparigas prépubescentes podem ser cultivadas para determinar o agente
etiológico de vulvovaginite prémenarcal ou de uma doença sexualmente transmitida.
Vários factores podem contribuir para o desenvolvimento de vulvaginites nas raparigas: (1) diferenças
anatómicas na vagina imatura, (2) um pH neutro que facilita o sobrecrescimento bacteriano, e (3) uma falta
de higiene pessoal, resultando na contaminação fecal das áreas vulvar e uretral. A maioria das doenças
sexualmente transmissíveis nas raparigas em prépuberdade causa vaginite em vez de cervicite. Uma
amostra de qualquer descarga que possa estar presente pode ser enviada para cultura bacteriana. Para as
crianças com descarga mínima, é necessária uma amostra intravaginal.

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Material Necessário
- Espéculo estéril
- 2 Zaragatoas com meio de transporte

Técnica
Não deve haver higiene matinal.

A colheita deve ser feita em posição ginecológica usando espéculo estéril, à excepção de grávidas ou
virgens.
Com a paciente em posição ginecológica, introduzir um espéculo «sem
lubrificante». Colher a amostra sob observação directa, com uma zaragatoa,
da zona de maior exsudado ou na sua ausência, do fundo do saco vaginal
posterior. Repetir a operação com uma segunda zaragatoa.

Obter-se-ão duas zaragatoas, uma destinada ao estudo microscópico e outra à


cultura.

Transporte e conservação
O envio da amostra deve ser imediato sempre que seja possível e não
demorar mais de 2 horas . Devem-se empregar zaragatoas com meio de
transporte.

Não refrigerar as amostras.

Observações
Embora ocasionalmente possa isolar-se N. gonorrhoeae de amostras vaginais, esta não é a localização
habitual da infecção, pelo que não se deve eliminar essa possibilidade com um exame cultural do exsudado
vaginal normal. Quando se suspeite de infecção por Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis,
Mycoplasma hominis ou Ureoplasma urealyticum, deverá enviar-se uma amostra endocervical.

Neisseria gonorrhoeae é encontrada nos exsudados , enquanto as Chlamydia são intracelulares e infectam
células específicas.

Não devem utilizar-se nos dias prévios à recolha da amostra, soluções antissépticas vaginais, óvulos nem
pomadas.

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6.3.1.2 Exsudados endocervicais

Material necessário
1. Espéculo estéril
2. Zaragatoas com meio de transporte
3. Zaragatoas com meio de transporte específicas para Mycoplasma e Chlamydia.

Técnica
Com a paciente em posição ginecológica, introduzir suavemente o espéculo sem lubrificante (podendo ser
molhado em água quente).

Limpar o exocervix do muco e secreções vaginais com uma zaragatoa seca e descartar a zaragatoa.

Sob observação directa, comprimir levemente o cervix com os bordos do


espéculo e introduzir uma zaragatoa no canal endocervical, fazendo
suaves movimentos de rotação com a zaragatoa de modo a obter o
produto das glândulas endocervicais. Repetir a operação com uma
segunda zaragatoa.

Para a investigação de Mycoplasma e Chlamydia, colher com uma


terceira zaragatoa com meio de transporte específico. Para a pesquisa
destes agentes é necessário rodar bem a zaragatoa de encontro às
paredes, a fim de obter quantidade de células suficiente.

Transporte e conservação
O envio da amostra deve ser imediato sempre que possível e não
demorar mais de 2 horas. As zaragatoas têm de ser enviadas em meio
de transporte á temperatura ambiente. Não refrigerar.

Não se pode garantir a viabilidade de Neisseria gonorrhoeae passadas 6


– 8 horas.

Deve evitar-se o uso de zaragatoas de algodão, já que contém ácidos gordos que podem inibir o
desenvolvimento de N. gonorrhoeae.

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6.3.2 TRACTO GENITAL MASCULINO

6.3.2.1 Exsudados Uretrais

Material

- Zaragatoas uretrogenitais
- Meio de Transporte

Técnica

Quando exista exsudado franco, abundante, pode colher-se com uma zaragatoa ou até com uma ansa de
inoculação, o exsudado deve estimular-se espremendo a uretra.
Quando não se obtenha exsudado, deve-se introduzir uma zaragatoa
suavemente com um movimento de rotação, até penetrar uns 2 cm dentro da
uretra (3 – 4 cm para a investigação de Chlamydia trachomatis). Repetir a
operação com uma segunda zaragatoa.

Transporte e conservação

Deve ser imediato e nunca ser superior a 2 horas. As zaragatoas têm de enviar-
se sempre em meio de transporte.
Não refrigerar a amostra. Enviar à temperatura ambiente.

A amostra deve ser colhida preferencialmente, antes da primeira micção da manhã, ou pelo menos 1 hora
depois do paciente ter urinado.

Observações

O diagnóstico de gonorreia nos homens pode frequentemente ser confirmado pela coloração de Gram do
exsudado uretral. Para as mulheres, a confirmação pela coloração de Gram nas secreções vaginais ou
cervicais não é possível porque algumas espécies não patogénicas da vagina podem assemelhar-se
morfológicamente aos diplococos de N. gonorrhoeae.

Neisseria gonorrhoeae é nutricionalmente exigente e muito sensível e frágil ao meio ambiente, e não pode
tolerar temperaturas frias ou falta de CO2.

Em conjunto com o teste para N. gonorrhoeae, considerar também uma pesquisa para clamidia porque este
agente é frequentemente encontrado em pacientes com uretrites.

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A escolha do tipo de zaragatoa é critico. Verificar a embalagem ou contactar o laboratório para determinar
que tipo de zaragatoas devem ser usadas com o procedimento seleccionado.

6.3.3 Amostras para o estudo de Chlamydia trachomatis e Mycopasma sp.

Amostras para pesquisa directa de Chlamydia trachomatis

As amostras adequadas não são as secreções, já que C. trachomatis só afecta as células colunares do
epitélio de transição do cervix. Não são adequadas amostras vaginais para estas determinações.

A amostra é colhida rodando energicamente a zaragatoa de encontro às paredes, a fim de obter quantidade
de células suficiente. Basta uma zaragatoa com meio de transporte específico destinado exclusivamente ao
estudo de Chlamydia.

O seu processamento deve ser imediato ou em caso contrário, conservar-se refrigerada a 4ºC durante 24
horas. Para períodos mais longos, congelar a -70ºC.

Amostras para pesquisa directa de Mycoplasmas urogenitais

Seguem-se as mesmas instruções que para as amostras de Clamidias. Com a diferença de o meio de
transporte específico ser outro e destinado exclusivamente para o estudo dos Micoplasmas urogenitais.

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6.4 TRACTO GASTROINTESTINAL

6.4.1 FEZES (coprocultura)

Material necessário:

Recipiente de boca larga e tampa hermética para recolher as fezes. Não é necessário que seja estéril se
não se destinar a exame bacteriológico, só é necessário que esteja limpo. Não deverá conter restos de
sabão, detergentes, desinfectantes ou iões metálicos.
Meios ou sistemas de transporte para fezes só se empregam se o envio da amostra ao laboratório se
atrasa ou se torna demorado.
Espátulas, colheres ou depressores.

Obtenção da amostra:

Se as fezes são moldadas ou pastosas toma-se um porção do recipiente onde tenham sido emitidas,
transferem-se para o sistema escolhido para o envio ao laboratório. Escolhem-se zonas onde exista sangue,
muco ou pus.
Não são válidas as amostras contaminadas com urina. Não se deve utilizar as recolhidas do papel
higiénico porque podem conter sais de bário que inibem algumas bactérias enteropatogenicas.

Volume mínimo

Amostras do tamanho de uma noz são mais adequadas, pois permitem realizar a maioria dos exames
possíveis. Se as fezes são líquidas, entre 5 e 10 ml.

Transporte

Para o estudo bacteriológico é suficiente enviar a amostra num recipiente estéril se se vai processar num
prazo de 2 a 3 horas após a sua emissão. Caso contrário, envia-se num meio de transporte para bactérias.
Em ambos os casos mantêm-se em refrigeração até ao processamento para evitar o sobrecrescimento da
flora normal que pode mascarar ou destruir os enteropatogénicos. Para o estudo de toxinas frente a C.
difficile a amostra pode-se manter refrigerada até 48 horas e, congelada a –20ºC pode manter-se
indefinidamente.

É preferível enviar as amostras para o estudo virológico sem meio de cultura, pois este dilui as partículas
virais diminuindo a sua sensibilidade.
Para o estudo de parasitas é útil enviar uma amostra pequena num meio conservante ( álcool polivinílico )
(PVA ).

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Observações

As amostras para coproculturas devem recolher-se antes da administração de antimicrobianos ou agentes


antidiarreicos. É conveniente também evitar, sobretudo para estudos parasitológicos, a utilização prévia de
antiácidos e laxantes oleosos, assim como dos compostos utilizados para estudos radiológicos digestivos
( bário, bismuto ).

Para a pesquisa de Shigella spp., o ideal é efectuar a sementeira imediatamente após a dejecção. Pode no
entanto, usar-se um meio de transporte constituído por glicerol e tampão fosfato, em partes iguais, se a
sementeira imediata não é possível.

O laboratório deve ser notificado em caso de suspeita de outras bactérias para além de Salmonella,
Shigella, ou Campylobacter spp. como causa da diarreia. O isolamento de Vibrio, Yersinia, Aeromonas spp.
ou E. coli O157:H7 requer procedimentos especiais do laboratório.

Estudos de sensibilidade aos antibióticos não são por rotina efectuados nos isolamentos de Campylobacter
spp.

Se com a primeira amostra não se detecta a presença de enteropatogénicos é necessário enviar nos dias
seguintes duas recolhas adicionais. Para os estudos parasitológicos devem-se enviar sempre três amostras
recolhidas em dias consecutivos.

Uma única amostra de fezes pode não excluir bactérias ou parasitas patogénicos como uma causa de
diarreia, excepto quando é usado um teste de Enzimo Imunoensaio para detectar o antigénio de Giardia. Os
modernos métodos de Enzimoimunoensaio tornam desnecessário, na maioria dos casos, o envio de três
amostras de fezes. Muitos estudos têm mostrado que uma amostra é geralmente suficiente para detectar os
antigénios.

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6.4.2 ZARAGATOAS RECTAIS

Obtenção da amostra

Em geral deve-se desaconselhar o seu uso, ainda que se recorra a ele se não se podem dispor de fezes,
como em recém nascidos ou adultos debilitados. Não é válido para a busca de antigénios. Para realizar-se a
pesquisa, introduz-se a zaragatoa passando um pouco para além do esfíncter anal e roda-se para fazer a
recolha das criptas anais, deixar de 10 a 30 segundos para que se absorvam os microorganismos e retirar.
Uma vez realizado introduz-se num meio de transporte e envia-se imediatamente ao laboratório.

6.4.3 AMOSTRAS DIGESTIVAS ALTAS

ASPIRADOS (LAVAGEM GÁSTRICA, ASPIRADO DUODENAL)

Material necessário

- Tubo de lavagem gástrica.


- Recipientes estéreis de boca larga.
- Meio de transporte para parasitas.
- Solução salina.

Recolha de amostras

- Lavagem gástrica. (Ver pesquisa de micobactérias).

- Aspirado duodenal. Para a pesquisa de Giardia lamblia,


Strongyloides stercolaris, Ascaris lumbricoides, introduzir o tubo pela boca até alcançar o duodeno e
aspirar. Para a busca de Giardia lamblia é necessário chegar á terceira parte do duodeno, é
necessário um volume mínimo de 0.5 a 3 ml de aspirado duodenal.

Transporte

Num recipiente estéril de boca larga, envia-se e processa-se rapidamente ou conservado em PVA ( álcool
de polivinilo ) ou formalina a 5% se há demora no transporte ou processamento. Manter as amostras á
temperatura ambiente.

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6.5 TRACTO RESPIRATÓRIO

6.5.1 TRACTO RESPIRATÓRIO SUPERIOR

6.5.1.1 Orofaringe

Material necessário

- Zaragatoa de alginato de cálcio e meio de transporte


- Depressor de língua

Recolha da amostra

O sucesso com a cultura ou com a pesquisa directa do antigénio depende do passar cuidadosamente mas
firmemente com a zaragatoa numa área inflamada da garganta.

1. Sob visão directa, deve rebaixar-se a língua do paciente com ajuda de um depressor língua ou
espátula de madeira, e olhar para o fundo da garganta e região amigdalina para observar áreas
localizadas de inflamação e exsudato.

2. Estas áreas , faringe posterior e região amigdalina, são as mais produtivas para a detecção dos
agentes etiológicos da faringite aguda.

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3. toca-se com a zaragatoa em todas as partes com exsudado, membranas ou inflamação. Devem-
se esfregar as cristas amigdalinas e a faringe posterior. Nunca tocar na mucosa oral, na língua ou
na úvula..

4. Inserir a zaragatoa de novo no tubo e quebrar o envólucro com meio de transporte.

Não requer medidas especiais para transporte.

Observações

Investigar-se-á por rotina, apenas a presença de Streptococcus beta-hemoliticos.


Enquanto a principal preocupação são os Streptococcus pyogenes (grupo A) devido ás sequelas que podem
provocar, os estreptococos beta-hemolíticos dos grupos C e G também podem ser isolados de culturas da
orofaringe de pacientes sintomáticos.

Outros microorganismos para além dos Streptococcus beta-hemolíticos geralmente não causam faringites
agudas primárias. Os Estafilococos podem causar abcessos amigdalinos, H. influenza causa epiglotite
constritiva e Corynebacterium diphtheriae causa faringite membranosa. Se se suspeita de Neisseria
gonorrhoeae ou outos estreptococos não beta-hemolíticos, o laboratório deve ser notificado. Os métodos
directos para detectar o antigénio dos estreptococos do grupo A têm falta de sensibilidade nos casos em
que um baixo número de microorganismos pode estar presente nas mucosas ou quando é usada uma
técnica de colheita incorrecta. Por isso, testes de antigénio negativos ainda necessitam da confirmação da
cultura.

Os testes de sensibilidade aos antibióticos não devem ser efectuados nos isolados bacterianos provenientes
de culturas da orofaringe, a não ser que o paciente seja alérgico ás penicilinas.

Os estreptococos beta-hemolíticos (particularmente os estreptococos do grupo A) são universalmente


susceptíveis à penicilina. Outros microorganismos não são considerados uma causa de faringite aguda na
ausência de complicações específicas.

Nas suspeitas de difteria deverão mandar-se porções de membranas e uma zaragatoa nasofaríngea por via
pernasal.

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6.5.1.2 NASOFARINGE

É a amostra indicada para pesquisa de Bordetella pertusis.

A . Selecção
1. As amostras devem ser colhidas de modo a evitar contaminação com a flora nasal ou oral.
2. A nasofaringe pode ser atingida inserindo uma pequena zaragatoa flexível e própria , através do
nariz ou da garganta.

B . Recolha da amostra
1. Material
Zaragatoa nasofaringea, fina e flexível, com meio de transporte.

2. Método
 Remover o excesso de secreções ou exsudato das narinas anteriores.
 Suavemente passar a zaragatoa através do nariz até à nasofaringe.
 Rodar a zaragatoa na membrana nasofaringea e deixá-la permanecer 10 a 15 segundos para
absorver os microrganismos.
 Remover a zaragatoa cuidadosamente e colocá-la no meio de transporte.
 Alternativamente, curvar o corpo flexível da zaragatoa num determinado ângulo e inseri-la na
garganta. Movê-la então para cima em direcção ao espaço nasofaríngeo.

Transporte

Não refrigerar a amostra.


Transportar ao laboratório rapidamente. As amostras devem processar-se antes de 2 horas.

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Observações

Estas culturas são efectuadas principalmente para despiste de portadores crónicos, nomeadamente de
Staphylococcus aureus ou Neisseria meningitidis.

Ou perante a suspeita de Bordetella pertussis, Mycoplasma pneumoniae e Corynebacterium diphteriae .

O uso rotineiro de zaragatoas da nasofaringe para exame cultural não é recomendado.

As amostras recebidas em zaragatoas grandes (tipo Culturette) são assumidas como sendo provenientes
do nariz e não da nasofaringe, independentemente da forma como vêm etiquetadas.

6.5.1.3 FOSSAS NASAIS

A . Selecção
1. A amostra de escolha é uma zaragatoa colhida pelo menos 1 cm no interior do nariz.
2. Lesões no nariz requerem amostras provenientes da margem avançada da lesão.
B . Recolha da amostra
 Cuidadosamente inserir a zaragatoa, pelo menos 1cm no interior das narinas.
 Rodar a zaragatoa com cuidado , mas firmemente, por 10 a 15 segundos.
 Retirar a zaragatoa, inseri-la no tubo de transporte e quebrar a ampola de meio de transporte no
interior deste.

Transporte

1. Transportar a amostra ao laboratório o mais rápido possível.


2. Não refrigerar a amostra.

Observações

Culturas das narinas anteriores, (exsudado nasal) sem uma indicação da presença de uma lesão, são
por rotina examinadas apenas para Staphylococcus aureus e estreptococos beta-hemolíticos.

6.5.1.4 SEIOS PERINASAIS

Realiza-se punção e aspiração dos mesmos, pelo que se requer um especialista em ORL ou pessoal
especializado nesta técnica. As amostras assim obtidas constituem excelentes produtos para pesquisa de
bactérias anaeróbias obrigatórias.

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Material necessário

- Povidona iodada a 10%.


- Contentor estéril.
- Meio de transporte para anaeróbios.
- Material cirúrgico de ORL.

Recolha da amostra

Desinfectar o lugar da punção com povidona.


Introduzir uma agulha no atrium maxilar, por debaixo do cornete inferior ou no seio frontal por debaixo do
marco supraorbital do olho.

Aspirar o líquido do seio ou instilar 1 ml de soro salino estéril se não se tiver obtido líquido, e aspirá-lo.
Injectar uma parte da amostra num meio de transporte para anaeróbios e enviar o resto num contentor
estéril ou na própria seringa. Deve enviar-se rapidamente ao laboratório.

6.5.1.5 CAVIDADE ORAL

Este exame emprega-se habitualmente para o diagnóstico de candidiase ou da ‘angina de Vincent’.

Recolha da amostra
- Pedir-se-á que o paciente enxague a boca com água.
- Esfregar ou raspar as lesões com uma zaragatoa e fazer uma extensão sobre uma lâmina.
- Repete-se a recolha com uma segunda zaragatoa para a cultura ( pesquisa de Candida ).
- Não requer medidas especiais para o transporte e conservação.

6.5.2 TRACTO RESPIRATÓRIO INFERIOR

6.5.2.1 EXPECTORAÇÃO, EXPECTORAÇÃO INDUZIDA

Nas condições habituais da clínica diária não é uma amostra representativa da situação existente no tracto
respiratório inferior pela sua mistura de secreções procedentes de toda a arvore traqueobronquial e com a
flora saprófita da orofaringe. Não obstante, é um método fácil e rápido cuja utilidade e relação entre o
resultado obtido e a verdadeira etiologia depende em grande parte da sua correcta obtenção, controlo de
qualidade antes de começar o seu processamento, tipo de agente que se pretende detectar e valorização
adequada do resultado.

Recolha da amostra
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- Recolha de preferência a expectoração pela manhã observando as seguintes normas:

- Lave bem a boca bochechando várias vezes com água destilada estéril ou solução salina mornas.
Para pacientes com dentaduras, remova a dentadura primeiro.

- Tussa profundamente, a fim de descolar as secreções.

- Se não se produzir expectoração espontânea, pode induzir-se o escarro com vapores de soro
fisiológico estéril ( 15 ml durante 10 segundos ) ou procederà nebulização com soluto de cloreto de sódio

- a 15% + glicerol a 10%. Precisa-se de um volume mínimo de 2 a 10 ml, se possível.

- Expectore para o recipiente esterilizado que lhe é fornecido, tapando-o logo de seguida.

Transporte e conservação

Envio imediato ao laboratório; se não for possível, conservar no frigorífico a 4ºC.

Indicar se a amostra é para exame bacteriológico de rotina, bacilos ácido-álcool-resistentes ou cultura de


fungos.

Observações

É preferível realizar a recolha antes de começar o tratamento antibiótico.

Não é uma recolha útil para pesquisa de anaeróbios.

A expectoração deve rejeitar-se até obter um escarro de qualidade suficiente ( mais de 25 leucócitos
polimorfonucleares por campo de 100 x e menos de 10 células epiteliais por campo de 100 x).

Uma única amostra, adequadamente colhida , deve ser suficiente para o diagnóstico das infecções
bacterianas do tracto respiratório inferior.

Para o diagnóstico de micobactérias ou fungos, processar separadamente três amostras colhidas em dias
consecutivos.

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6.6 EXSUDADOS AURICULARES

Ouvido externo

A infecção do ouvido externo não é considerada uma infecção típica do tracto respiratório superior; pode
ser uma lesão da pele, do meato auditivo ou pús de supuração do ouvido médio.

Técnica

Limpeza do ouvido externo com um anti-séptico suave e soro fisiológico estéril.


Após alguns minutos, colher com zaragatoa no canal auditivo externo ao nível de qualquer lesão
presente.

Ouvido médio

Tímpanocentese. A amostra deve ser obtida por um especialista em ORL.


Limpar o canal auditivo externo com uma zaragatoa impregnada com uma solução anti-séptica.
Puncionar o tímpano através dum otoscópio estéril. Pode ser dada uma anestesia local uma vez que a
incisão é bastante dolorosa.
O material recolhido na seringa ou num tubo de drenagem, pode ser aspirado para um sistema de
transporte para anaeróbios ou ser enviado directamente na seringa. As amostras em zaragatoa não
servem para a cultura de anaeróbios.

Amostras com tímpano perfurado. Após a limpeza do canal auditivo externo, a amostra é colhida com
zaragatoa e introduzida em meio de transporte apropriado.
Estas amostras não são válidas para anaeróbios e além disso a amostra pode contaminar-se com a flora
do canal auditivo externo, pelo que a interpretação dos resultados é sempre complicada.

Etiquetagem

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1. Fornecer informações sobre o paciente.


2. Indicar a idade do paciente e qualquer história clínica pertinente, ( ex. otite crónica que não
responde à terapêutica ).

Transporte

1. Não refrigerar a amostra.


2. Transportar a amostra ao laboratório rapidamente. Mantê-la à temperatura ambiente.
3. Utilizar sempre zaragatoas com meio de transporte.

Observações

Colher amostras com zaragatoa não é recomendado para o diagnóstico de infecções de otite média.
Quando é utilizada uma zaragatoa, a flora do canal auditivo externo contamina a amostra, tornando a
interpretação sobre o desenvolvimento dos microrganismos clinicamente relevantes, difícil e complicada.

A amostra de escolha é um aspirado do interior do tímpano (membrana do tímpano) O fluido do ouvido


interno representa o processo infeccioso, não a flora do canal auditivo externo.

Uma pequena zaragatoa pode ser usada apenas quando houver ruptura da membrana do tímpano e o fuído
(pús) possa ser colhido.

O diagnóstico é dum modo geral feito clinicamente. A tímpanocentese é dolorosa e é efectuada apenas em
crianças novas e em pacientes com otite média crónica que não respondem à terapêutica.

As otites são comuns nas crianças em idade pré-escolar. A tímpanocentese é o método de escolha para
obtenção da amostra mas é apenas efectuada esporadicamente.

6.7 EXSUDADOS OCULARES

Esfregaços conjuntivais

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Técnica

Deve obter-se a amostra antes da instilação de analgésicos locais, colírios ou antibióticos.

Com uma zaragatoa embebida em soro fisiológico estéril passar sobre a conjuntiva tarsal inferior.

Para a investigação de Chlamydia trachomatis levantar e inverter a pálpebra e passar com uma zaragatoa
pela superficie conjuntival.
Utilizam-se zaragatoas com meio de transporte específico.

Para amostras conjuntivais, o laboratório necessita idealmente de duas zaragatoas da área infectada: uma
para a coloração de Gram e outra para cultura.

Observações

Ao processar culturas oculares, deve ser usado com meio de cultura um agar chocolate enriquecido, para
detectar microorganismos exigentes como Haemophilus spp., Neiseria spp., ou bacilos gram negativos de
crescimento lento. Um Gram directo deve sempre ser examinado em simultâneo com as culturas.
Microrganismos exigentes infectam com frequência o olho e podem ser perdidos se não é usado um meio
de cultura enriquecido. A presença de bacilos gram negativo que morfológicamente se assemelhem a
Pseudomonas spp. Deve imediatamente ser comunicado ao clinico porque estes microrganismos podem
rapidamente causar oftalmite cegante.

6.8 LÍQUIDO CEFALORRAQUÍDEO

Material necessário

- Panos estéreis.
- Luvas estéreis.
- Gases estéreis.
- Álcool etílico ou isopropílico a 70%.
- Povidona iodada.
- Anestésico local.
- Seringas de 5-10 ml.
- Agulhas de punção i.m.
- Trocares de punção lombar de vários tamanhos.
- Tubos estéreis com tampa de rosca.

Obtenção da amostra

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Obter-se-á antes de começar qualquer terapêutica antibiótica.

LCR obtido por punção lombar


Localiza-se a zona escolhida para a punção lombar por apalpação dos espaços intervertebrais uma vez
colocado o paciente numa posição adequada.

Desinfecta-se com álcool a 70% uma zona de 10 cm de diâmetro na área escolhida; a aplicação do
desinfectante faz-se de uma forma concêntrica do centro para a periferia. Repete-se a operação com
povidona iodada que se deixa secar durante 1 minuto.
Realizar a punção entre os espaços intervertebrais L3-L4, L4-L5 ou L5-S1 seguindo as normas da mais
estricta assépsia.
Ao chegar ao espaço subaracnoideu retirar o estilete e deixar sair livremente o LCR que se recolherá em 3
tubos sem conservantes com tampa de rosca. Geralmente o primeiro para o estudo bioquimico, o segundo
para o estudo microbiológico e o terceiro para a investigação de células. Não obstante, o tubo mais turvo
envia-se para a microbiologia.

Volume mínimo
Para o estudo bacteriológico de rotina é suficiente 1 mL, embora seja preferível dispor de volumes
superiores. Para fungos ou micobactérias são necessários pelo menos 2 mL adicionais por cada um dos
estudos, sendo desejável chegar aos 10 mL. Para o estudo de vírus necessita-se pelo menos 1 ou 2 mL
mais.

Transporte
O produto deve enviar-se imediatamente ao laboratório, pois alguns dos agentes etiológicos como S.
pneumoniae, podem lisar-se rapidamente a partir de 1 hora após a sua recolha. Se isso não é possível
deverá manter-se uma parte na estufa a 35 – 37 ºC

6.9 SANGUE

6.9.1 HEMOCULTURAS

A ) Selecção
1. O método de colheita e a quantidade de sangue obtido influenciam directamente o sucesso da
recuperação dos microorganismos e a interpretação dos resultados.

2. Factores que influenciam directamente os resultados:


a. Volume de sangue colhido: talvez o mais importante.
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b. Método de desinfecção da pele: crítico.

3. A colheita de sangue através de catéter periférico ou central leva frequentemente a erros devido
à contaminação pela flora comensal. Os resultados duma cultura de sangue obtido dum catéter
necessitam de ser acompanhados pelos resultados duma amostra colhida directamente da veia
para ajudar na interpretação.

B ) Colheita

1. Material
- Frascos de Hemocultura
- Seringa e agulhas
- Luvas estéreis
- Álcool etílico ou isopropílico a 70%
- Solução iodada
- Algodão ou gazes estéreis
- Garrote

2. Método

a. Retirar as capas externas dos frascos de hemocultura e desinfectar as tampas de borracha com
álcool ou álcool iodado. Deixar o álcool secar.

b. Preparar a pele para a punção venosa.

i. Palpar a veia para localizar o local de punção. Deve utilizar-se uma veia diferente por
cada extracção.
ii. Desinfectar com álcool uma zona de pele de uns 10 cm de diâmetro. Começando no
centro da área, ir-se-ão fazendo círculos concêntricos para o exterior.
iii. Repetir o passo anterior, mas com álcool iodado ou solução iodada, deixando secar 1
minuto.
iv. Opcional: Remover o iodo residual de novo com álcool.

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v. Sem palpar de novo a veia, extrair o sangue sem tocar em nenhum momento no campo
desinfectado.
vi. Ao retirar a seringa do braço do paciente, aplicar pressão com um algodão e solicitar-lhe
que segure o algodão no local por 2 a 3 minutos.
vii. Introduzir o sangue nos frascos (5 ml num frasco de 50 ml, 10 ml num frasco de 100 ml).
Os fabricantes de instrumentos de hemoculturas podem ter diferentes protocolos. Segui-
os.
viii. Limpar qualquer resíduo de sangue do topo e dos lados do frasco. Mover os frascos para
que o sangue e o meio de cultura se misturem.

C ) Identificação

1. Identificar a amostra com os dados do paciente.

2. Indicar a hora e o local de colheita (ex: braço esquerdo).

3. Anotar se o paciente está a tomar antibióticos.

4. Incluir o diagnóstico suspeito.

Volume da amostra

A quantidade de sangue a introduzir em cada frasco vem determinado pelo modelo utilizado em cada
laboratório, entre 5 a 10 ml no adulto e 1 a 3 ml na criança. Como norma geral é adequado que o sangue
mantenha uma proporção de 1:10 com o meio de cultura. Em caso de recém-nascidos e crianças pequenas
em que não se podem obter grandes volumes de sangue, é suficiente uma quantidade de 1-5 ml, que se
introduz num só frasco.

Número de amostras

Regra geral, três hemoculturas por paciente, antes do tratamento antimicrobiano. O intervalo entre as
extracções deve ser superior a uma hora sempre que possível, mas quando exista uma grande urgência em
iniciar o tratamento, este intervalo pode encurtar-se para 15 minutos.
1. Em caso de suspeita de sepsis agudo, meningite, osteomielite, artrite, pneumonia com
septicemia, devem colher-se duas hemoculturas de locais distintos (uma de cada braço, por ex.) antes do
inicio da terapêutica.

2. Em síndrome febril de etiologia desconhecida (brucelose, salmonelose, abcesso oculto, etc.), duas
colheitas iniciais e uma 24 a 36 horas depois.

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3. Na suspeita de endocardite aguda, devem efectuar-se três hemoculturas de picadas separadas,


intervaladas de 1 a 2 horas e antes de iniciar a terapêutica.

4. Na suspeita de endocardite subaguda, efectuar três hemoculturas no primeiro dia. ( Colher duas no
inicio de picos febris); se as três forem negativas às 24 horas, efectuar mais três no dia seguinte.

5. Em pacientes com terapêutica antimicrobiana já instituída e com bacteriemia de etiologia


desconhecida, efectuar duas hemoculturas por dia em 3
dias seguidos. As colheitas devem ser efectuadas imediatamente antes da administração do antibiótico.

Transporte

Devem enviar-se rapidamente ao laboratório.

Até ao seu envio manter a 35 – 37 ºC; quando isto não for possível, manter à temperatura ambiente.
Nunca deve refrigerar as amostras nem congelar.

Observações

Idealmente, colher o sangue durante a hora anterior a um pico febril previsível, ou no início do arrepio febril.

Colher o sangue imediatamente antes da administração de antibióticos.

Excepto na septicémia aguda, não tirar amostras de sangue para cultura com intervalos inferiores a uma
hora. (Este conceito está a ser alterado por dados que sugerem que a altura da obtenção do sangue pode
não ser tão crítica como inicialmente se pensaria. Contudo, devem ser obtidos mais dados antes de
modificar as recomendações actuais).

Um total de três hemoculturas por 24 horas é geralmente suficiente para descartar bacteriémia ou
endocardite.

Não são adequadas as amostras procedentes de catéter, a não ser que se suspeite de infecção do próprio
catéter. O problema está associado com a contaminação do próprio catéter, não do sangue.

Colheita através de catéter: Esta técnica é, normalmente, utilizada em pacientes com alimentação
parenteral e/ou administração de fármacos pela mesma via. É utilizada para controlo da colonização dos
respectivos catéteres, no intuito de evitar sepsis subsequentes. Colher após desinfecção do “Shunt” com
betadine, desprezando a primeira porção de sangue (1 a 1.5 ml no mínimo) antes de efectuar a colheita
para inoculação no meio de cultura.
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Paludismo

Material necessário:
Lâminas de microscópio limpas conservadas em álcool ou álcool-éter.
Lancetas estéreis descartáveis.
Álcool a 70 %.

Obtenção da Amostra:
Pode-se obter uma amostra de sangue por punção digital ou por punção venosa.

Punção digital.
Desinfectar a superficie do dedo com algodão humedecido em álcool. Picar com uma lanceta estéril. A
primeira gota de sangue limpar-se-á com um algodão e as gotas subsequentes recolher-se-ão sobre várias
lâminas para fazer os esfregaços sanguíneos.

Punção venosa.
Extrair 5 mL de sangue num tubo estéril sem anticoagulante. Colocar algumas gotas em lâminas para
realizar os esfregaços sanguíneos. O restante guardar-se-á para serologia.

Esfregaços finos.
Colocar uma gota de sangue sobre uma lâmina e com a ajuda da extremidade de outra lâmina, estender o
sangue até formar uma película fina de modo que possam observar-se microscópicamente hemácias
isoladas.

Gota espessa.
Colocar uma gota grande de sangue no centro de uma lâmina limpa. Com a esquina (vértice) de outra
lâmina ou com o auxilio de um palito, ir estendendo o sangue com movimentos de rotação até obter um
tamanho aproximado de uma moeda. Deixar secar e enviar ao laboratório.

Enviar sempre vários esfregaços finos, uma ou duas gotas espessas e 5 mL de sangue para serologia
parasitária. No período febril qualquer momento é bom para fazer a extração de sangue.

6.10 PELE E TECIDOS MOLES

(Feridas, Abcessos, Queimaduras, Exsudados)

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A ) Selecção

A amostra de escolha depende mais da extensão e caracter da infecção do que dos patogénicos
suspeitos.

Para a maioria das lesões abertas, remover a flora superficial antes de colher a amostra da margem
avançada ou da base da lesão.

Para lesões secas, encrustadas, a cultura não é recomendada a não ser que exista um exsudado.

Um abcesso fechado é o local de colheita de escolha. Colher exsudado e também uma pequena amostra
da parede do abcesso.

Para um abcesso aberto, descontaminar a lesão primeiro, tal como para outras lesões abertas.

A amostra de escolha é retirada da margem avançada ou da base da lesão e não apenas o pús. Remover
o exsudado para atingir o interior da lesão.

6.10.1 FERIDAS SUPERFICIAIS E ABCESSOS ABERTOS

Remover o mais possível a flora superficial por descontaminação da pele e lavar cuidadosamente a
superfície da ferida.

Recolher o pús com agulha e seringa, aspirando de preferência, as zonas profundas. Quando a amostra
for insuficiente instilar soro estéril, aspirando novamente com a seringa.

Quando não for possível os procedimentos anteriores, poderá efectuar-se um esfregaço das partes
profundas ou da margem da ferida com uma zaragatoa, embora seja de escassa rentabilidade. Enviar a
zaragatoa em meio de transporte para aeróbios. Não solicitar pesquisa de anaeróbios de amostras de
lesões superficiais abertas.

6.10.2 ÚLCERA DE DECÚBITO E QUEIMADURA

Limpar a área com soro fisiológico estéril e desinfectar a ferida. Assim que o exsudado for surgindo,
passar com firmeza com uma zaragatoa. Enviar a zaragatoa para cultura de aeróbios unicamente. Enviar
se possível, também um pouco de tecido de biópsia (3 a 4 mm3) como amostra de escolha, em recipiente
estéril. As amostras de superfície geralmente representam colonização.

A localização da lesão é importante para avaliar das possíveis fontes de infecção; se a região infectada
estiver perto da zona perianal, é provável existir flora do tracto gatrointestinal implicada, com o

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consequente envolvimento de anaeróbios. Do mesmo modo, pacientes com deficiente vascularização


(diabéticos) podem desenvolver lesões com implicação de anaeróbios.

6.10.3 LESÃO PROFUNDA

6.10.3.1 ABCESSO FECHADO

Desinfectar a pele, limpar a zona com álcool de forma concêntrica, começando pelo centro. Cobrir uma
zona de uns 10 cm. Repetir a operação com povidona. Deixar secar pelo menos 1 minuto para que a
povidona exerça a sua acção anti-séptica.

Aspirar o conteúdo do abcesso com agulha e seringa. Introduzir parte da amostra no meio de transporte
para anaeróbios. Não deverão utilizar-se nunca os meios que tenham adquirido uma coloração azul.

Deixar o resto da amostra na seringa e enviá-la assim ao laboratório.

As amostras devem ser enviadas o mais rapidamente possível ao laboratório. Até que isso suceda, manter
as amostras e o meio de transporte à temperatura ambiente.

6.10.3.2 LESÃO FISTULIZADA

Limpar cuidadosamente a superfície cutânea com álcool e depois com povidona. Aspirar o exsudado da
parte profunda da fístula com agulha e seringa.

Este tipo de amostras são inadequadas para a investigação de anaeróbios. Os trajectos fistulosos podem
estar colonizados habitualmente por diferentes microrganismos que não estão implicados na patogénese do
processo.

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6.10.4 PÚSTULAS OU VESÍCULAS

Seleccionar uma pústula intacta. Aplicar álcool e deixar secar. Retirar a parte superior da pústula com uma
agulha de 23 G (para pacientes pediátricos). Colher o fluido e células basais rodando vigorosamente uma
zaragatoa na pústula. Se a pústula é grande, pode ser utilizada uma agulha de 18 G numa seringa de
tuberculina para a puncionar. Se a lesão é antiga, a crosta deve ser removida e a base húmida da lesão
colhida passando uma zaragatoa pré humedecida em salino estéril.

B ) Identificação

1. Não identificar a amostra apenas como “ferida” sem fornecer a descrição específica da origem
anatómica.
2. Identificar a amostra com os dados do paciente.
3. Anotar se o exsudado é de uma ferida aberta ou fechada.
4. Indicar os pedidos de cultura para aeróbios ou anaeróbios.
a. Anaeróbios apenas. Enviar em meio de transporte para aeróbios.
i. Exsudados de lesões superficiais
ii. Exsudados de feridas abertas
iii. Exsudados de laceração
iv. Exsudados de abcessos abertos
b. Pedidos de anaeróbios e aeróbios. Enviar em meio de transporte para
anaeróbios.
i. Aspirados cirúrgicos
ii. Aspirados de abcessos fechados
iii. Tecido de biópsia

C ) Transporte
Transportar a amostra ao laboratório rapidamente.
Refrigerar a amostra se não puder ser cultivada dentro de 1 hora.

D ) Observações

A descontaminação da pele é critica para a interpretação adequada da cultura.

O laboratório avalia as amostras pela coloração de Gram. A presença de células epiteliais no esfregaço
indica contaminação superficial, e os resultados das culturas poderão estar comprometidos. A presença de
leucócitos na ausência de células epiteliais representa uma amostra apropriada.

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Tecido ou fluído são sempre superiores a uma amostra de zaragatoa. Se se tem de utilizar zaragatoas, usar
duas, uma para cultura e outra para coloração de Gram. Conservá-las em meio de Amies ou Stuart.

6.11 FUNGOS

Material

- Placas de Petri estéreis


- Lanceta, bisturí, espátulas, pinças, corta unhas, tesoura.
- Tubos de vidro estéreis ou envelope transparente limpo.
- Lâminas limpas.
- Álcool de 70% para desinfecção.
- Solução salina estéril.
- Meios bacteriológicos para isolamento de fungos.

Requisitos

Como medida geral limpar a pele com álcool etílico ou isopropílico a 70%. Antes de efectuar a colheita é
necessário assegurar-se que não foi aplicado nenhum produto antifúngico por via local ou geral, pelo menos
nos 4 dias precedentes.

Método de colheita
Varia segundo a zona afectada e o diagnóstico clínico.

6.11.1 PELE, ESCAMAS

No caso de lesões cutâneas secas, raspar as escamas com a ajuda de uma lanceta, ou melhor de um
bisturí, sobretudo na periferia da lesão, zona onde o fungo tem geralmente mais vitalidade, já que os
fungos se desenvolvem de modo centrífugo a partir do ponto de inoculação.
Se a lesão é pequena, rapá-la na totalidade. As escamas fazem-se cair numa placa de Petri, envelope
limpo, tubo de vidro ou directamente sobre o meio de cultura específico para o seu isolamento.

No caso de Pitiriase versicolor, em que o fungo está localizado nas células epidérmicas superficiais, pode
ser aplicada sobre a lesão um fragmento de fita adesiva transparente, que se retira energicamente e
depois se cola sobre uma lâmina.

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MANUAL DE COLHEITAS

No caso de lesões cutâneas húmidas, a colheita é efectuada com um escovilhão estéril, humedecido em
solução salina estéril.

6.11.2 CABELOS E PELOS

Escolher os cabelos ou pelos afectados, isto é, aqueles que apresentam alterações dérmicas na zona da
raiz. Remover pelo menos 10 a 12 com pinça. Os cabelos doentes devem ser arrancados do folículo
piloso. O material é recolhido directamente para uma placa de Petri, tubo ou pequeno envelope.

Se necessário utilizar a luz de Wood para escolher os cabelos parasitados porque alguns deles
(microsporum) apresentam fluorescência.

6.11.3 UNHAS E TECIDO PERIUNGUEAL

Micoses ungueais

Escolher a zona onde se há-de efectuar a colheita; a base da unha, sulco periungueal em caso de onixis
por Candida, ou a extremidade da unha no caso de onicomicoses por dermatófitos.

Limpar a unha com uma gaze embebida em álcool a 70% (não algodão). Colher escamas por debaixo das
unhas introduzindo um bisturi ou lanceta no leito subungueal anterior, que pode estar despegado,
raspando pacientemente até chegar à zona dolorosa, donde se extrairá o material de melhor qualidade.

Posteriormente com um bisturi raspar a zona espessada da unha, sobretudo a que tem tendência a
esfarelar-se. Colher os fragmentos da parte debaixo da unha para uma placa de Petri. Raspar a parte
superior da unha e descartar as raspas. Colher as raspas das áreas profundas e doentes da unha e juntá-
las ao material préviamente colhido da parte inferior da unha.

Os dermatófitos normalmente encontram-se na extremidade das unhas.

Perionixis

No caso de lesões supuradas de perionixis (perionicomicoses), extraie-se o pús mediante pressão e


recolhe-se com uma zaragatoa ou pipeta estéril.

Normalmente estas infecções (Perioniquia supurada) são provocadas por Candida que tem tendência a
surgir na base das unhas, que apresentam muitas vezes cor negra e algumas pús.

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MANUAL DE COLHEITAS

Transporte

Não refrigerar a amostra. Enviar à temperatura ambiente.

Observações

A cultura de fungos pode demorar várias semanas porque os fungos desenvolvem-se lentamente.
Resultados do exame directo estão disponíveis mais rapidamente.

Colher sempre na periferia de uma lesão de pele.

7. REGISTO HISTÓRICO

REVISÃO PONTOS REVISTOS Pág(s).


N.º Data N.º Descrição da Revisão N.º(s)
01 10-04-08 2.4.1 Foi revisto este ponto tendo em conta a alteração do método Pág.6,7
utilizado.

8. DISTRIBUIÇÃO / DISPONIBILIZAÇÃO

Recebido Devolvido
Área Detentor Rubrica: Rubrica:
Data: Data:

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