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AULA PRATICA DE COLETA SANGUINEA

A coleta de sangue é amplamente praticada e continua sendo de inestimável valor


para o diagnóstico e tratamento de vários processos patológicos. O teste de
laboratório é parte integrante do processo de tomada de decisão do médico e os
resultados influenciam diretamente a qualidade de vida do paciente.
Os avanços em tecnologia de instrumentos e o investimento em automação
simplificaram os processos no diagnóstico laboratorial, melhorando a qualidade dos
resultados. Porém, a grande questão enfrentada hoje é que cerca de 70% do total de
erros que afetam os resultados dos testes laboratoriais ocorre na fase pré-analítica.
Isso se deve principalmente à dificuldade em obter procedimentos padronizados para
a coleta de amostras.
Os testes de laboratório são divididos três fases: pré-analítica, analítica e pós-
analítica. A fase pré-analítica compreende todos os processos a partir do momento em
que um médico solicita o exame até que a amostra seja enviada para análise no
laboratório. Inclui então a indicação do exame, instruções de preparo do paciente,
procedimentos de coleta de sangue, armazenamento, preservação e transporte da
amostra.
Claro que qualquer uma das fases pode apresentar erros de processo. Entretanto, eles
apenas refletem a falta de cuidados durante a fase pré-analítica, com os fatores que
afetam diretamente a amostra. As boas práticas e sistematização da fase pré-analítica,
principalmente no processo de coleta da amostra, evita uma série de erros,
retrabalhos e desperdícios de amostras e de reagentes, evitando danos aos pacientes e
também ao laboratório.
VARIÁVEIS PRÉ-ANALÍTICAS PARA COLETA DE SANGUE
Na coleta de sangue para a realização de exames laboratoriais é importante que se
conheça, controle e, se possível, evite algumas variáveis que possam interferir na
exatidão dos resultados. A primeira delas é a condição do paciente e as orientações
que devem ser passadas antes do exame.
PREPARAÇÃO DO PACIENTE
Esta é uma das tarefas mais desafiadoras da fase pré-analítica, pois engloba variáveis
que normalmente ocorrem antes que o indivíduo chegue para a coleta da amostra.
Alimentação, exercícios, medicamentos e outros fatores podem interferir na análise,
por isso é fundamental a orientação antes da realização da coleta de sangue.
Gênero: Além das diferenças hormonais específicas e características de cada sexo,
alguns outros parâmetros sanguíneos se apresentam em concentrações
significativamente distintas entre homens e mulheres.
Idade: Alguns parâmetros bioquímicos possuem concentração sérica dependente da
idade do indivíduo.
Atividade física: Alterações significativas no grau de atividade física, como ocorrem,
por exemplo, nos primeiros dias de uma internação hospitalar ou de imobilização,
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causam variações importantes na concentração de alguns parâmetros sanguíneos. Os


pacientes também devem ser instruídos para evitar exercícios moderados a
extenuantes antes da coleta de sangue.
Jejum: habitualmente, é preconizado um período de jejum para a coleta de sangue em
exames laboratoriais. A ingestão de determinados alimentos é uma fonte significativa
de variabilidade pré-analítica.
Dieta: da mesma forma que o jejum, a dieta a que o indivíduo está submetido pode
interferir na concentração de alguns componentes, dependendo das características
orgânicas do próprio paciente.
Uso de fármacos e drogas de abuso: este é um item amplo e inclui tanto a
administração de substâncias com finalidades terapêuticas como outras drogas de
abuso, incluindo álcool e cigarro. Eles podem causar variações nos resultados de
exames laboratoriais, seja pelo próprio efeito fisiológico ou por interferência analítica.
TUBOS DE COLETA DE SANGUE A VÁCUO
Os produtos utilizados para efetuar a coleta do sangue são de extrema importância,
pois além de auxiliar em um melhor resultado dos exames, podem reduzir a ocorrência
de erros na coleta e os fatores de interferência na fase pré-analítica. Os sistemas para
coleta de sangue a vácuo reduzem o risco de exposição direta ao sangue e tornam
mais fácil a coleta de múltiplas amostras através de uma única punção. Além de maior
conforto para o paciente também proporciona maior segurança para o profissional
que realiza a coleta e reduz as chances de contaminação da amostra.
Existe um tubo específico com aditivos diferentes para cada tipo de aplicação e
exames. (Confira aqui os tubos de coleta mais utilizados, a tabela de cores e sua
aplicação). Para fazer uma coleta múltipla basta trocar os tubos à medida em que for
colhendo as amostras desejadas. Os tubos de coleta a vácuo já contêm a quantidade
de vácuo calibrado ao volume de sangue que deve ser colhido, assim é possível
garantir a proporção correta de sangue e aditivo.
Mas é preciso seguir uma sequência correta para evitar a contaminação cruzada de
aditivos entre tubos, gerando resultados alterados nos analíticos sensíveis a este tipo
de interferência. A ordem correta para coleta de sangue por tubos a vácuo é:
1. Azul (citrato de sódio);
2. Amarelo/vermelho (ativador de coágulo);
3. Verde (heparina);
4. Lilás/roxo (ETDA);
5. Cinza (fluoreto de sódio).

COMO REALIZAR A COLETA DE SANGUE


O profissional que irá realizar a coleta deve fazer a assepsia das mãos antes do
atendimento ao paciente e sempre utilizar luvas. Os tubos devem ser devidamente
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identificados e colocados na ordem correta para realizar o procedimento. E na


sequência, seguir os passos abaixo:
1. Lave as mãos após rotular os tubos e reunir o material;
2. Coloque o material na mesa de cabeceira ou em uma bandeja próxima a
você na sala de coleta;
3. Posicione o paciente de forma confortável, sentado ou deitado em decúbito
dorsal para garantir uma melhor visualização das veias.
4. Calce as luvas de procedimento.
5. Selecione e palpe a veia a ser puncionada.
6. Prenda o garrote aproximadamente 5 cm acima do local da punção e peça
para que o paciente abra e feche a mão.
7. Faça antissepsia ampla da área com algodão embebido em álcool a 70% no
sentido do retorno venoso, para estimular o aparecimento das veias.
8. Deixe o algodão na bandeja ou segure-o com o dedo mínimo.
9. Com o polegar da mão não-dominante fixar a veia, esticando a pele abaixo
do ponto da punção.
10. Segurar a seringa horizontalmente, com a mão dominante, mantendo o
indicador sobre o canhão da agulha.
11. Introduzir a agulha com o bisel e a graduação da seringa voltada para cima.
A agulha deve penetrar na veia aproximadamente 1 cm e ser mantida num
ângulo de 15 graus.
12. Aspirar a seringa com a mão que fixava a veia. Isso evitará movimentos
desnecessários e evitará o deslocamento da agulha (obs.: esta é uma das
técnicas da forma de segurar a seringa para aspirar o sangue, sendo que há
outras formas que vocês poderão perceber nos vídeos sobre o assunto de
Punção Venosa postados).
13. Após o sangue fluir para dentro da seringa ou do tubo (depende de qual
você está utilizando), peça para o paciente abrir a mão, desprenda o
garrote e remova a agulha com movimento único e suave, apoiando o local
com algodão.
Para facilitar a hemostasia, fazer leve pressão no local, e, se a punção para
coleta foi realizada em veia da fossa antecubital do braço, peça para que o
paciente não dobre o braço para não formar hematomas no local da
punção.
14. Se você coletou com sistema a vácuo o sangue necessário já se encontra
dentro de cada tubo específico, bastando apenas você desprezar a agulha
no Descarpack, agora, se você coletou com seringa e agulha, agora você
deve transferir o sangue para os tubos, como proceder. Escorra
vagarosamente o sangue da seringa pela parede do tubo, evitando a
hemólise. Se o frasco contiver anticoagulante, após tamá-lo, homogenize-o
virando o tubo algumas vezes para misturar o anticoagulante com o sangue
de forma homogênea para evitar a coagulação desta amostra. ****
15. Observar a hemostasia no local e desprezar o algodão.
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16. Deixar o ambiente em ordem e o paciente confortável.


17. Tirar as luvas e lavar as mãos.
18. Enviar o material ao laboratório com a requisição.
19. Registrar o cuidado prestado, descrevendo as observações, carimbar e
assinar.

INSTRUÇÃO DE USO DE TUBOS DE COLETA DE SANGUE


As amostras podem sofrer algumas interferências que afetam significativamente os
resultados dos testes. Isso pode levar a testes adicionais, diagnósticos incorretos e
tratamentos potencialmente desfavoráveis para o paciente. As interferências
observadas com maior frequência são amostras hemolizadas, lipêmicas e ictéricas
(Confira aqui a característica de cada uma delas).
ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DA AMOSTRA DE SANGUE
Vários fatores interferentes são relatados no armazenamento da amostra, como o
tempo de contato prolongado do soro ou plasma com as células, existência de
hemólise em grau variado, hemoconcentrações causadas por evaporação, exposição à
luz, temperatura incorreta de armazenamento, transporte incorreto, uso incorreto de
aditivos (anticoagulantes), etc.
Deve-se adotar sempre medidas de segurança para a preservação da amostra,
armazenando o sangue em local adequado e na temperatura apropriada. O transporte
deve ser realizado por empresas especializadas com pessoal treinado quanto aos
cuidados necessários, a fim de evitar interferências, principalmente no que se refere à
temperatura.
DESCARTE DE MATERIAIS UTILIZADOS NA COLETA
Os materiais utilizados para a coleta de sangue devem ser de uso único e os
perfurocortantes devem ser descartados em um recipiente adequado e de paredes
rígidas para evitar acidentes. Todos os materiais devem ser encaminhados para
descarte seguindo as normas de biossegurança. Veja aqui como é realizado o descarte
de materiais perfurocortantes.

REFERÊNCIAS
Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial
para coleta de sangue venoso. 2. ed. Barueri: Minha Editora, 2010.
Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial
(SBPC/ML): coleta e preparo da amostra biológica. Barueri, SP: Manole, Minha Editora,
2014.
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Diretrizes da OMS para a tiragem de sangue: práticas em flebotomia. World Health


Organization.

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