Você está na página 1de 256

MANUAL DO FORMANDO

Versão 1.0
Manuais Técnicos

International Trauma Life Support

MANUAL DESENVOLVIDO POR

2
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Índice

Capitulo 1 – Avaliação do Cenário _________________________________________ 4


Capitulo 2 – Avaliação e Abordagem Inicial da Vítima de Trauma _______________ 21
Capitulo 3 – Abordagem Inicial da Via Aérea _______________________________ 42
Capitulo 4 – Trauma Torácico ___________________________________________ 57
Capitulo 5 – Abordagem e Avaliação do Choque ____________________________ 70
Capitulo 6 – Trauma Crâneo-Encefálico ___________________________________ 88
Capitulo 7 – Trauma Vértebro-Medular __________________________________ 105
Capitulo 8 – Trauma Abdominal ________________________________________ 134
Capitulo 9 – Trauma das Extremidades ___________________________________ 142
Capitulo 10 – Queimaduras ____________________________________________ 155
Capitulo 11 – Trauma Pediátrico ________________________________________ 174
Capitulo 12 – Trauma Geriátrico ________________________________________ 184
Capitulo 13 – Trauma na Grávida _______________________________________ 194
Capitulo 14 – Vítimas sob Influência de Álcool ou Drogas ____________________ 207
Capitulo 15 – Paragem Cardio-respiratória em Trauma ______________________ 217
Capitulo 16 – Precauções Universais em ambiente Pré-Hospitalar _____________ 227
Anexo A – Grelhas de Avaliação dos Formandos
Anexo B - Abordagem e Avaliação Inicial da Vítima de Trauma (Aptidões Práticas)

3
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Avaliação do
Cenario
Manuais Técnicos

Avaliação do Cenário

O Trauma é a principal causa de morte nos indivíduos com idades inferiores a 45 anos e,
considerando todas as faixas etárias, apenas as doenças cardiovasculares e o cancro apresentam taxas
de mortalidade superiores ao trauma.
No século XXI, o desenvolvimento de grandes centros urbanos e o consumo de drogas
provocaram um aumento da violência o que, acrescido de outros factores como o aumento das acções
terroristas, de confrontos regionais e o aumento do número de acidentes de viação, leva a que se possa
considerar o trauma quase como uma pandemia da sociedade moderna.
A preocupação do Homem com o trauma é bem antiga e muitos relatos históricos referem-se à
prática médico-cirúrgica em campos de batalha, por exemplo, ou nos acidentes de trabalho, reflectindo
grande preocupação com os problemas das fracturas, sobretudo das fracturas expostas.

Fig. 1 – Fixação externa de costelas

Historicamente, a capacidade de agressão existe desde o aparecimento do Homem. A maioria


dos avanços nos cuidados prestados a doentes criticamente traumatizados, tem como génese a
experiencia militar. Obviamente, quanto menor for o tempo de resposta, maior será a taxa de
sobrevivência. Este facto, foi demonstrado pelo sucesso do Mobile Army Surgical Hospitals (MASH), que
trouxe para junto dos campos de batalha todo o equipamento e pessoal necessários para a prestação de
cuidados imediatos e prioritários.
Mas apenas em fins do século XIX (1864) foi constituído nos Estados Unidos o primeiro sistema
organizado de socorro às populações, especificamente vocacionado para as consequências do trauma
(sobretudo pelo problema de acidentes de trabalho verificados nas obras dos caminhos de ferro). É
apenas em 1922 que o Colégio Americano de Cirurgiões formou o seu primeiro Comité de Trauma.

5
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Verdadeiramente, só a partir da última metade do século XX teve início uma preocupação


crescente com as vítimas do tráfego automóvel e a análise das causas de morte nos traumatizados levou
ao aparecimento do conceito de “morte evitável” neste grupo de doentes.
A partir de 1964 começa então a falar-se de cuidados pré-hospitalares nos doentes
traumatizados e da necessidade de cuidados de reanimação e de terapêuticas adequadas, quer no local
do acidente quer durante a fase de transporte, sobretudo orientados para a protecção das vias aéreas e
manutenção da circulação.
Nos últimos anos, os conhecimentos entretanto adquiridos na área da fisiopatologia, da
bioquímica, do equilíbrio electrolítico e ácido básico, no controle da dor e da infecção, associados ao
desenvolvimento das terapêuticas de manutenção das funções vitais e ainda à organização dos cuidados
pré-hospitalares e hospitalares têm vindo a diminuir de modo significativo quer a mortalidade quer a
morbilidade associada ao Trauma.

Objectivos:

 No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Perceber a relação entre o tempo dispendido no local e a sobrevivência das vítimas;
 Descrever as etapas de avaliação de um cenário;
 Identificar os principais mecanismos de lesão por movimento;
 Reconhecer as potenciais lesões apresentadas pelas vítimas através da observação da
deformação do veículo, das estruturas interiores e estruturas orgânicas;
 Identificar os cinco tipos de acidentes de viação;
 Compreender as potenciais lesões associadas ao uso adequado e inadequado do cinto de
segurança, apoios de cabeça, e air bags numa colisão frontal;
 Perceber as potenciais lesões nos diferentes tipos de acidentes de viação;
 Indicar duas formas mais comuns de lesões por penetração e seus mecanismos associados;
 Descrever os possíveis mecanismos de lesão por explosão.

6
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

7
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

8
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

9
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

10
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

11
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

12
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

13
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

14
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

15
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

16
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

17
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

18
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

19
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

20
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Avaliação Inicial e
Abordagem da
Vítima de Trauma
Manuais Técnicos

Avaliação Inicial e Abordagem da Vítima de Trauma ITLS

A avaliação da vítima ITLS encontra-se dentro das guidelines nacionais e internacionais de


trauma, tendo sido desenvolvidas no sentido de proporcionar uma avaliação rápida e completa da
vítima.
De entre todas as intervenções realizadas, no local ou não, a única que comprovadamente
apresenta resultados positivos na sobrevivência das vítimas de trauma é a chegada a um centro de
trauma com tratamento cirúrgico. Assim, deve-se ter sempre em mente o conceito de “golden-hour”,
que é o tempo desde o acidente em que a vítima deve chegar a um centro de trauma, que apresenta as
melhores probabilidades de sobrevivência e com menor morbilidade. Deve-se tentar sempre tempos no
local com a vítima de 10 minutos ou menos.
Para fazer um uso mais eficiente do tempo e recursos, a avaliação inicial e abordagem da vítima
de trauma ITLS, é dividida em 3 etapas (Exame Primário, Exame Secundário e Avaliação em Transporte)
e cada uma é composta por determinados passos. Estas são a base dos cuidados pré-hospitalares em
trauma.
Neste sentido a avaliação da vítima ITLS assenta no conceito de avaliação simultânea (chefe de
equipa) e delegação de intervenções (restantes elementos da equipa), em que o chefe de equipa
concentra-se apenas na avaliação da vítima, delegando as intervenções aos outros elementos. Isto
resulta do facto de se ter demonstrado que a maior quantidade de erros ocorrem, porque o elemento
que se encontra a avaliar a vítima interrompe o raciocínio para efectuar intervenções e que quando
recomeça a avaliação ficam sempre passos por avaliar. Assim a avaliação inicial ITLS só é interrompida
em 3 situações: o local fica perigoso, obstrução da via aérea, ou paragem cardiorrespiratória (PCR).
O exame primário ITLS é composto pela avaliação do cenário, avaliação inicial (exame rápido do
estado de consciência e ABC) e um exame rápido de trauma (exame rápido da cabeça aos pés), de forma
a determinar rapidamente a existência de situações de risco de vida, “life-threatning”, e assim decidir
quais as vítimas que devem ser transportadas rapidamente.
O exame secundário ITLS é diferente do primário, na medida em que se avaliam todas as lesões,
não só as de risco de vida.
A avaliação durante o transporte ITLS é feita de modo a identificar alterações no estado da
vítima.
As vítimas com lesões mínimas terão uma breve avaliação inicial antes de se verificarem estas
lesões, por outro lado, as vítimas críticas terão um exame muito mais

22
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

generalizado e exaustivo, mas em ambas as situações o exame começa da mesma forma (Avaliação
Inicial).
A Avaliação do Cenário marca o ponto a partir do qual se desenvolve o resto da exame primário
ITLS.
Se existe um mecanismo de lesão generalizado grave (acidente de viação, queda em altura,
atropelamento, etc.) ou se a vítima se encontra inconsciente, dever-se-á passar imediatamente da
avaliação inicial para o Exame Rápido de Trauma. Depois realizam-se as intervenções necessárias,
transporte, avaliação em transporte e possivelmente um exame secundário ITLS em transporte. A
realização da Avaliação Inicial e do Exame Rápido de Trauma não devem demorar mais de 2 minutos.
Se existe um mecanismo focalizado de lesão grave ou uma lesão que sugere uma lesão isolada
(ferida por arma de fogo, ferida por arma branca no tórax), realiza-se a avaliação inicial e depois um
Exame Focalizado limitado à área da lesão. O Exame Rápido de Trauma não é necessário nesta situação.
Depois realizam-se as intervenções, transporte, avaliação durante o transporte e possivelmente um
exame secundário ITLS.
Se não há risco de vida significativo associado ao mecanismo de lesão (tiro no 1º dedo do pé),
realiza-se a avaliação inicial e se normal, passa-se directamente a um Exame Focalizado baseado na
principal queixa da vítima. O Exame Secundário poderá não ser necessário.
Assim importa ter sempre em consideração o mecanismo de lesão como factor decisor de vítima
prioritária.
Após a realização da Avaliação Inicial, do Exame Rápido de Trauma ou do Exame Focalizado,
dependendo do mecanismo de lesão, já se tem informação suficiente para decidir se estamos perante
uma vítima crítica (“Load-and-Go”). Estas vítimas são transportadas de imediato, sendo a maior parte
das intervenções realizadas durante o transporte.
Quanto ao Exame Secundário ITLS, consiste num exame mais detalhado e demorado, cuja
realização e momento mais apropriado dependem da situação.
Em vítimas críticas este exame deverá ser realizado durante o transporte. Se há um curto
transporte e se têm de efectuar intervenções, pode-se não ter tempo para realizar o exame. Se o Exame
Primário não revela uma situação crítica o exame secundário pode ser realizado no local.
A Avaliação em Transporte é efectuada de forma a detectar alterações no estado da vítima
durante o transporte para o hospital. Em contraste com o exame secundário que só é realizado uma vez,
a Avaliação em Transporte é realizada diversas vezes durante um transporte prolongado. Em situações
críticas poderá não haver tempo para a realização do Exame Secundário, aqui, a Avaliação em
Transporte poderá ocupar o seu lugar.

23
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Ainda em relação à Avaliação em Transporte, deverá ser realizada e registada a cada 5 minutos
em vítimas críticas e a cada 15 minutos para vítimas estáveis. Deve ainda ser realizada cada vez que se
mobiliza a vítima, de cada vez que se realiza uma intervenção e de cada vez que o estado da vítima
piora.
Todos os passos deste exame serão explicados e treinados em estações práticas, podendo
encontrar no fim deste capítulo um anexo com o algoritmo completo da Avaliação da Vítima ITLS.

Objectivos:

 No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Enumerar os passos na Avaliação e Abordagem à vítima de trauma.
 Descrever o Exame Primário ITLS.
 Explicar a Avaliação Inicial e como este se relaciona com a decisão de Exame Rápido de Trauma e
Exame Focalizado.
 Descrever quando é que a Avaliação Inicial pode ser interrompida
 Descrever quando as intervenções críticas devem ser feitas e onde as realizar.
 Identificar quais os pacientes que têm condições críticas e como elas devem ser abordadas.
 Descrever o Exame Secundário ITLS.
 Descrever a Avaliação em Transporte ITL.

24
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

25
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

26
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

27
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

28
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

29
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

30
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

31
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

32
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

33
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

34
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

35
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

36
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

37
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

38
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Algoritmo

Avaliação Inicial e Abordagem da Vítima de Trauma

Exame Primário ITLS


Avaliação do Cenário
Medidas de Protecção Universais
Cuidados de Segurança
Número de vítimas
Necessidade de mais meios

Avaliação Inicial
Impressão Geral da vítima
Nível de consciência
Via aérea
Ventilação
Circulação

Mecanismo
de lesão?

Mecanismo de Mecanismo de
lesão generalizado lesão localizado
ou desconhecido

Exame Rápido de Exame Focalizado


Trauma

Load-and-Go?

EXAME SECUNDÁRIO AVALIAÇÃO DURANTE O


ITLS TRANSPORTE ITLS

39
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Exame Primário da Vítima ITLS

Avaliação do Cenário
Medidas de Protecção Universais, Cuidados de Segurança, Número de vítimas, Necessidade de
mais meios, Mecanismos de lesão
Avaliação Inicial
Impressão geral da vítima
(Idade, Sexo, Peso, Aparência Geral, Posição, Movimentos, Lesões/Hemorragias Óbvias)
Nível de consciência
(AVPU)
Controle da Cervical
Via aérea
(ronco, gorgolejar, estridor, silêncio)
Ventilação
(ritmo ventilatório, expansão torácica, esforço)
Circulação – Pulso Radial ou Carotídeo
(ritmo cardíaco, qualidade)
Cor da pele, Temperatura, Humidade; Tempo de preenchimento capilar
Hemorragias externas visíveis
Abordagem rápida à vítima
Inspecção da Cabeça e do Pescoço
(Lesões faciais graves, Hematoma, Inchaços, Lesões penetrantes, Enfisema subcutâneo)
(Distensão das jugulares? Desvio da Traqueia?)
Inspecção da Caixa Torácica
(Assimetria, Contusões, Lesões penetrantes, Movimentos paradoxais, Instabilidade, Crepitações)
Sons Ventilatórios
(Presentes? Iguais? se Diferentes: Percussão)
Sons Cardíacos
Abdómen
(Hematomas, Penetrações/Eviscerações, Fragilidade, Rigidez, Distensão)
Pélvis
(Dor/Hipersensibilidade, Instabilidade, Crepitação (TIC))
Membros Inferiores/Superiores
(Edemas, Deformidade, Instabilidade, Motor e Sensorial)
Posterior
(Lesões penetrantes, Deformidade, Edema Ampola Rectal)
Se situação crítica, transferência para ambulância e posterior exame completo
Sinais Vitais
Pulso, Ventilação, Pressão arterial
Pupilas?
(Tamanho? Reacção? Simétricas?)
(se estado mental alterado:)
Avaliação na escala de coma de Glasgow
Olhos, Voz, Movimentos, Orientação, Estado emocional

40
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Exame Secundário da Vítima ITLS


Avaliação do Cenário
LOC
(AVPU)
Via aérea
Controle da Cervical
(ronco, gorgolejar, estridor, silêncio)
Ventilação
(ritmo ventilatório, expansão torácica, esforço)
Circulação – Pulso Radial ou Carotídeo
(ritmo cardíaco, qualidade)
Cor da pele, Temperatura, Humidade; Tempo de preenchimento capilar
Hemorragias externas visíveis?

Avaliação detalhada
Historial da vítima
Histórico completo SAMPLE
Sinais Vitais
(Pulso, Ventilação, Pressão arterial)
Oxímetro, Monitor cardíaco, Glicemia, Monitor de CO2
Avaliação na escala de coma de Glasgow
Olhos, Voz, Movimentos, Orientação, Estado emocional
Cabeça
(Pupilas, Battle’s Sign, Raccoon Eyes, Drenagem, Deformidades, Contusões, Abrasões, Lesões
Penetrantes, Queimadoras, Hipersensibilidade, Lacerações, Edemas [DCAP-BTLS)
Pescoço
(DCAP-BTLS); Distensão das jugulares? Desvio da Traqueia?
Caixa Torácica
(Assimetria; Movimentos paradoxísticos; DCAP-BTLS; Fragilidade; Instabilidade, Crepitações
[TIC])
Sons Ventilatórios
(Presentes? Iguais? se Diferentes: Percussão)
Sons Cardíacos
Abdómen
(DCAP-BTLS; Rigidez, Distensão)
Pélvis
(DCAP-BTLS)
Extremidades Inferiores/Superiores
(DCAP-BTLS; TIC; PMS)
Posterior
Se não executada na Avaliação Primária da Vítima ITLS
(DCAP-BTLS )

41
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Abordagem Inicial
da Via Aérea
Manuais Técnicos

Abordagem Inicial da Via aérea

De todas as acções desempenhadas pela equipa de emergência em ambiente pré- hospitalar á


vítima de trauma, nenhuma é mais importante que o controlo da via aérea. Manter a via aérea
permeável e uma adequada ventilação no paciente de trauma é um desafio em qualquer local, mas
pode tornar-se quase impossível num ambiente hostil que é o ambiente pré-hospitalar dificultado pela
deficiente iluminação, pelo caos que muitas vezes rodeia o incidente, pela posição do paciente ou por
vezes por mirones agressivos.
O controlo da via aérea é uma tarefa que deverá ser prioritária uma vez que não se pode
esperar até chegar ao hospital para resolver a situação. Vítimas que se apresentem cianóticas,
hipoventiladas ou com ambos os sinais, necessitam de ajuda imediata – ajuda que só o socorrista pode
dar nas etapas iniciais do seu socorro. Cabe-lhe então a si, ser conhecedor da estrutura básica e
funcionamento da via aérea, bem como conseguir e manter as vias aéreas permeáveis, e ainda oxigenar
e ventilar a vítima.
Devido à natureza imprevisível do ambiente pré-hospitalar, o socorrista irá deparar-se com
problemas das vias aéreas em quase todas as situações imagináveis; em veículos acidentados, suspensos
sobre rios, no interior de um centro comercial, na berma de uma auto- estrada. Assim necessitará de
opções e alternativas para poder escolher o método mais adequado a cada situação. O que pode ajudar
numa vítima pode não ser o mais adequado para outra: Uma vítima pode necessitar apenas da elevação
do maxilar inferior para abrir a via aérea, enquanto outra pode necessitar de um procedimento cirúrgico
para prevenir a instalação da morte.
Quaisquer que sejam os procedimentos necessários, deve sempre começar pelas manobras mais
simples. Poderá ser perigoso aplicar técnicas mais avançadas antes de tentar as mais simples. A
discussão do controlo da via aérea na vítima de trauma vai ser baseada em três fundamentos: o ar deve
entrar e sair, o oxigénio é bom, e o azul é mau. Tudo o resto obedece a estes fundamentos.

43
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

PROCEDIMENTOS

Aspiração da via aérea

O uso do aspirador de secreções a bateria também deve ser ensinado nesta altura.

1 – Adapte a sonda de aspiração ao aspirador portátil


2 – Ligue o aspirador
3 – Insira a sonda de aspiração através do nariz (sondas flexíveis) ou boca (sondas flexíveis ou rígidas)
4 – Inicie a aspiração intermitente e, com movimentos rotativos vá removendo a sonda de aspiração
5 – Repita o procedimento 4 conforme necessário

Nota: Apesar do objectivo ser aspirar corpos estranhos, o ar e oxigénio também são aspirados. Nunca
aspire por mais de 15 segundos. Após aspirar administre oxigénio ao paciente o quanto antes.

COLOCAÇÃO DO TUBO NASOFARÍNGEO

1 – Escolha o tamanho apropriado. Deve ser tão largo quanto possível mas passar com facilidade
através da narina do paciente. O tamanho do 1º dedo da mão do paciente pode ser usado para
determinar o tamanho do tubo
2 – Lubrifique o tubo com um lubrificante à base de água
3 – Introduza a direito através da narina direita com a extremidade em bisel do tubo junto ao septo
4 – Suavemente passe através da faringe posterior utilizando movimentos rotativos até que a parte
mais saliente esteja junto à narina
5 – Para inserir na narina esquerda, rode o tubo ao contrário, para que o bisel esteja próximo do septo;
insira então suavemente a direito com movimentos rotativos até atingir a faringe posterior. Neste
ponto, rode o tubo 180º e insira-o na faringe.
Nota: Se a língua está a obstruir a via aérea, a pressão longitudinal do maxilar inferior ou a elevação do
queixo deve ser executado para permitir que o tubo nasofaringeo se desloque para baixo da língua.

44
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

COLOCAÇÃO DO TUBO OROFARÍNGEO

1 – Escolha o tamanho adequado. A distância do canto da boca ao lóbulo da orelha é uma estimativa
adequada
2 – Abra a via aérea:
a) Elevação do maxilar inferior
b) Espátula
3 – Introduza o tubo suavemente sem empurrar a língua para trás, para a faringe
a) Introduza o tubo sob directa observação e com a ajuda de uma espátula
b) Introduza o tubo ao contrário ou de lado e rode-o para ficar no local. Este método não
deve ser usado em crianças.
4 – Se o tubo orofaríngeo causar engasgo, retire-o e substitua-o pelo tubo nasofaríngeo.

UTILIZANDO A MÁSCARA DE BOLSO COM OXIGÉNIO SUPLEMENTAR

1 – Estabilize a cabeça do paciente numa posição anatómica


2 – Conecte o tubo de oxigénio à máscara e à garrafa de oxigénio

3 – Abra a garrafa de oxigénio e regule o débito para 12 L/min


4 – Faça a abertura das vias aéreas
5 – Introduza o tubo nasofaríngeo ou orofaríngeo
6 – Coloque a máscara na face tendo o cuidado de manter uma boa selagem
7 – Ventile boca – máscara com um suficiente volume ( cerca de 800 a 1000 cc de ar) para produzir uma
adequada elevação do tórax. A fase inspiratória deve ter uma duração de 1,5 a 2,0 segundos. Deixe o
paciente expirar durante 1,5 a 4,0 segundos.

UTILIZANDO O INSUFLADOR MANUAL

1 – Estabilize a cabeça do paciente numa posição anatómica


2 – Adapte o tubo conector de oxigénio ao insuflador manual e à garrafa de oxigénio

3 – Adapte o saco reservatório de oxigénio ao insuflador manual


4 – Abra o manómetro da garrafa de oxigénio e regule o debitómetro para 12 L/min
5 – Escolha a máscara de tamanho adequado e adapte-a à válvula do insuflador manual 6 – Abra
a via aérea
7 – Introduza o tubo orofaríngeo (tubo nasofaríngeo se o paciente apresentar reflexo do vómito)

45
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

8 – Coloque a máscara na face e peça a outro socorrista para efectuar e manter uma boa selagem
9 – Usando ambas as mãos, ventile cerca de 800 a 1000 cc de oxigénio
10 – Se não estiver disponível outro socorrista, use uma mão para manter a selagem e com a outra mão
aperte o balão. Isto irá diminuir o volume ventilado porque menos volume é produzido apertando o
balão do insuflador só com uma mão.

UTILIZANDO O OXÍMETRO DE PULSO

O oxímetro de pulso consiste num dispositivo fotoeléctrico não invasivo que mede a saturação
de oxigénio arterial e a frequência cardíaca na circulação periférica. Consiste num monitor portátil e
num sensor que se adapta ao dedo da mão, do pé, ou do lóbulo da orelha do paciente (fig. 5-1). O
dispositivo mostra a frequência cardíaca e a percentagem da saturação de oxigénio arterial (%SaO2). É
bastante útil, devendo ser utilizado em todos os pacientes com qualquer tipo de alteração respiratória.
O oxímetro de pulso é útil para avaliar a situação respiratória do paciente, a eficácia da oxigenoterapia,
e a eficácia da ventilação artificial.
Lembre-se que o dispositivo faz a medição da %SaO2, e não da pressão parcial do oxigénio
arterial. A molécula de hemoglobina é tão eficiente no transporte de oxigénio que está 90% saturada
(90% SaO2) quando a pressão parcial de oxigénio é apenas de 60 mmHg (100 é o valor normal).

Fig. 5-1 – Oxímetro de pulso portátil

Se está habituado a pensar em PaO2 (em que 90 – 100 mmHg é o valor normal), então poderá ser
levado a pensar que uma leitura da SaO2 (oximetria de pulso) de 90% é normal, quando esta é
extremamente baixa. Como regra geral, qualquer oxímetro de pulso que apresente valores abaixo de
92% deve ser encarado como uma situação preocupante, e requer intervenção imediata (abertura de via
aérea, aspiração, administração de oxigénio, ventilação assistida, entubação, descompressão de
pneumotórax hipertensivo, etc.).

46
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Um valor da oximetria de pulso abaixo de 90% é grave e requer uma intervenção imediata para manter a
oxigenação tecidual. Tente manter as leituras acima dos 95%. No entanto não retire o oxigénio de um
paciente com uma oximetria de pulso acima dos 95% que também apresenta sinais e sintomas de hipoxia
ou dificuldade respiratória

Situações em que se torna duvidosa a medição da oximetria de pulso:

1 – Deficiente perfusão periférica (choque, vasoconstrição, hipotensão). Não adapte o sensor do


aparelho numa extremidade lesada. Tente não utilizar o sensor no mesmo braço onde está a avaliar a
pressão arterial. Esteja desperto para que os valores da oximetria irão descer quando a braçadeira do
esfigmomanómetro começar a insuflar.
2 – Anemia grave
3 – Intoxicação por monóxido de carbono. Isto irá dar leituras com valores errados uma vez que o
sensor não consegue distinguir entre a oxíhemoglobina e a carboxihemoglobina
4 – Hipotermia
5 – Movimentos excessivos por parte do paciente
6 – Luz ambiente muito forte (sol brilhante, luz de alta intensidade na área do sensor)
7 – Verniz das unhas ou unhas sujas se estiver a usar um sensor de dedo. Utilize acetona para limpar as
unhas antes de adaptar o sensor ao paciente.

Para usar o oxímetro de pulso, ligue o aparelho, limpe a área onde irá fazer a leitura (lóbulo
da orelha, dedo do pé ou da mão), e adapte o clip do sensor a essa aérea. Lembre-se que enquanto
auxiliar importante, o oxímetro de pulso é apenas um aparelho que o ajuda a avaliar a condição do
paciente. Como todas as ferramentas que pode utilizar, ela tem limitações e não deverá substituir um
exame físico cuidadoso.

47
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Objectivos:

No final deste capítulo o formando deverá ser capaz de:

 Descrever, sumariamente, a anatomia e fisiologia do sistema respiratório;


 Explicar a importância da observação e a forma como esta influencia o controlo da via aérea;
 Perceber os métodos de administração suplementar de oxigénio numa vítima de trauma;
 Indicar as indicações, contra-indicações, vantagens e desvantagens dos adjuvantes da via aérea;
 Compreender a manobra de Sellick;
 Indicar os componentes essenciais de um Kit de via aérea.

48
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

49
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

50
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

51
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

52
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

53
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

54
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

55
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

56
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Traumatismo
Torácico
Manuais Técnicos

Traumatismo Torácico

O traumatismo torácico é uma das principais causas de mortalidade entre a população actual.
Tem uma incidência de 1:1000 pessoas a cada ano e corresponde a 25% das mortes por trauma. As
complicações respiratórias derivadas do traumatismo torácico são responsáveis por 75% dessas mortes.
As lesões têm uma fisiopatologia com origem em vários tipos, podendo ser penetrantes,
contusas ou iatrogénicas. Na avaliação da vítima deve-se levar em consideração que o trauma não é um
evento estático, mas que está sempre em evolução. O exame primário da vítima deve ser
cuidadosamente efectuado através da metodologia da vida é fundamental para a avaliação inicial.
A hipóxia tecidual, a hipercápnia e a acidose metabólica são resultados frequentes do trauma
torácico.
A hipóxia tecidual pode resultar de:
 Uma oferta inadequada de oxigénio aos tecidos, normalmente, causada por hipovolémia;
 Alteração da relação ventilação/perfusão pulmonar (contusão, hematoma, colapso
alveolar, etc.);
 Alterações na relação da pressão intratorácica (pneumotórax hipertensivo, aberto, etc.);
 A hipercápnia leva à hipoventilação;
 Na fase aguda, a hipóxia é o factor mais importante a ser corrigido;
 A acidose respiratória é causada pela ventilação inadequada, por alterações na relação da
pressão intratorácica por depressão do nível de consciência, etc.
 A acidose metabólica é causada pela hipoperfusão dos tecidos (choque).
A discrepância entre a oferta de O2 e o consumo de O2 pode ser causada por alterações
fisiopatológicas importantes do organismo, como a hipoxémia, a hipovolémia e a insuficiência
miocárdica.
Em relação ao trauma resultante de projécteis de arma de fogo, é importante ressalvar que a
área atingida pode chegar a nove vezes a área transversa do projéctil.
Além disso, lesões da região inferior do tórax podem levar a uma perfuração diafragmática, que
obriga a intervenção cirúrgica emergente. Em relação às lesões contusas, em particular, podem surgir
três mecanismos de lesão: contusão directa, lesão por desaceleração e lesão compressiva. Em adultos, a
caixa torácica óssea absorve grande parte dos choques contusos. Em crianças, as estruturas
cartilaginosas flexíveis torácicas proporcionam a transmissão da força de contusão para as estruturas
intratorácicas, resultando numa maior incidência de contusão pulmonar do que em fracturas de
costelas.

58
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

A profilaxia das infecções secundárias também é importante além de que deve-se proporcionar
uma correcta analgesia da vítima, afim de proporcionar a diminuição do sofrimento da mesma.
A relevância deste capítulo é permitir o reconhecimento dos principais sinais e sintomas das
maiores lesões torácicas e providenciar os cuidados adequados. As lesões torácicas podem resultar de
acidentes de viação, quedas, feridas por arma de fogo, lesões por esmagamento, feridas por arma
branca e outros mecanismos.

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Identificar os principais sinais e sintomas do traumatismo torácico;
 Conhecer, sucintamente, a anatomia torácica;
 Descrever as principais lesões torácicas que colocar a vítima em risco imediato de vida;
 Explicar a fisiopatologia e consequente tratamento das diferentes lesões torácicas;
 Identificar os sinais clínicos de um pneumotórax hipertensivo e seu tratamento;
 Compreender a tríade de sinais clínicos no diagnóstico do tamponamento cardíaco;
 Perceber o envolvimento cardíaco e tratamento associado nas lesões fechadas do tórax.
 Conhecer outras lesões torácicas.

59
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

60
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

61
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

62
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

63
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

64
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

65
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

66
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

67
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

68
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

69
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Avaliação e
Abordagem do
Choque
Manuais Técnicos

Avaliação e Abordagem de Choque

A abordagem do choque tem sido alvo de uma intensa investigação ao longo de décadas e, com
os resultados que se obtiveram, foram feitas alterações nas recomendações para o tratamento pré-
hospitalar do choque. A experiência dos Estados Unidos e do Reino Unido na guerra do Iraque levou a
reformular novamente a abordagem do choque. Neste capítulo irá ser revisto o conhecimento actual
sobre a fisiopatologia e tratamento do choque numa vítima de trauma.
Muitos dos sintomas de choque de qualquer etiologia, incluindo a clássica, o choque hemorrágico,
são causados pela libertação de catecolaminas. É enviada uma informação ao cérebro de que a perfusão
dos tecidos é insuficiente, este envia uma reposta para a espinal medula do sistema nervoso simpático e
as glândulas supra-renais, libertam catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) para a circulação. As
catecolaminas circulantes causam taquicardia, ansiedade, sudorese e vasoconstrição. Ocorre uma
vasoconstrição e um desvio do sangue arterial para melhorar a irrigação dos órgãos nobres.
Acompanhar o início dos sintomas do choque pode permitir a detecção de um aumento inicial da tensão
arterial devido ao fenómeno de libertação de catecolaminas e da consequente vasoconstrição, no
entanto nem sempre acontece.
Inicialmente a hipoperfusão provoca sensação de lipotímia e sede, depois, uma alteração do nível de
consciência (confusão, agitação, ou combatividade) e agrava a palidez. Se o choque persistir, a
prolongada hipoxia tecidular provoca acidose. Esta acidez pode finalmente provocar uma perda de
resposta às catecolaminas, agravando a queda na tensão arterial. Esse é muitas vezes o ponto em que o
paciente em "choque compensado" de repente passa a descompensado. Eventualmente, a hipóxia e
acidose, levam à paragem cardíaca, e por fim a morte. Apesar da resposta individual, a hemorragia pós-
traumática pode variar, muitos pacientes terão os seguintes padrões clássicos
 O choque precoce (perda de cerca de 15 a 25 por cento do volume de sangue), o suficiente
para estimular uma leve a moderada taquicardia, palidez, diminuição da pressão pulso,
sede, lipotímia e, possivelmente, aumento do tempo de preenchimento capilar. No estado
de choque inicial, o corpo tenta compensar a agressão física que está a causar o problema
(hemorragia, desidratação, pneumotórax hipertensivo, entre outros).
 O choque tardio (perda de cerca de 30 a 45 por cento do volume de sangue), o suficiente
para causar hipotensão, bem como outros sintomas de choque hipovolémico mencionados
anteriormente. Quando ocorre o choque «final», isto significa que a capacidade do
organismo para compensar a agressão física falhou. Como referido anteriormente, a
hipotensão é o primeiro sinal do "choque tardio."

71
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

O paciente hipotenso, então, está perto da morte, necessitando de uma avaliação

e abordagem agressiva pelo técnico de emergência para evitar a morte do paciente.


Note-se que durante a avaliação inicial, o choque precoce apresenta-se como um pulso rápido,
com palidez e sudorese, enquanto choque tardio pode apresentar como pulso fraco ou perda do pulso
periférico. Uma dica útil é lembrar que o pulso radial aparece na tensão sistólica de cerca de 80 mmHg,
o pulso femoral aparece na tensão sistólica de cerca de 70 mmHg, e o pulso carotídeo aparece na tensão
sistólica de cerca de 60 mmHg. Assim, se você tivesse uma vítima de trauma com um pulso carotídeo,
mas sem pulso radial, você pode estimar a pressão sistólica do paciente será entre 60 e 80 mmHg. O
pulso filiforme juntamente com outro sinal de choque (como os referidos acima), deve levá-lo
rapidamente a suspeitar de choque descompensado. A agressividade com que você trata o choque vai
depender de uma série de factores e será guiado pela tensão arterial sistólica do paciente. O
prolongamento do tempo de preenchimento capilar foi previamente pensado para ser muito útil para
detectar o choque precoce. Tempo de preenchimento capilar é testado pressionando a palma da mão,
ou numa criança, apertando o pé inteiro. O teste poderá levar a suspeitar de choque quando a área
pressionada permanece pálida por mais de 2 segundos. Estudos científicos deste teste mostraram que
este tem uma alta correlação com o choque final, mas parecer ter pouco valor para detectar o choque
precoce. Surgiram resultados frequentes de falsos - positivos e falsos - negativos. A hipovolémia, baixas
temperaturas, e a vasoconstrição provocada pelo efeito das catecolaminas podem causar diminuição da
perfusão do leito capilar da pele e assim levar a resultados anormais. A avaliação do tempo de
preenchimento capilar é útil para crianças pequenas, nos quais é difícil ter uma pressão arterial exacta,
mas é de pouca utilidade para a detecção precoce de choque em adultos.

72
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Adquirir conhecimentos básicos de avaliação e abordagem do choque;
 Enunciar os quatro componentes do sistema vascular para uma perfusão adequada;
 Descrever os sinais e sintomas da progressão do choque;
 Identificar os três tipos comuns de choque;
 Descrever a abordagem à hemorragia controlável e hemorragia incontrolável;
 Enunciar os sintomas de choque não hemorrágico;
 Discutir a utilização de agentes hemostáticos na hemorragia incontrolável das
extremidades;
 Discutir as indicações actuais para o uso de fluidos endovenosos no tratamento do
choque hemorrágico.
73
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

74
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

75
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

76
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

77
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

78
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

79
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

80
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

81
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

82
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

83
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

84
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

85
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

86
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

87
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Traumatismo
Crânio-Encefálico
Manuais Técnicos

Traumatismo Crânio Encefálico

Os traumatismos cranianos representam um enorme problema nos politraumatizados, com 40%


apresentando lesões do sistema nervoso central. Este grupo tem uma mortalidade duas vezes superior
(35% contra 17%) à das vítimas que não apresentam lesões do sistema nervoso central. As lesões crânio
encefálicas contribuem com cerca de 25% das mortes por traumatismos, e mais de metade de todas as
mortes ocorrem devido a acidentes de viação. Os traumatismos cranianos podem resultar em contusão
do tecido cerebral com edema e aumento da pressão intracraniana, lesão dos vasos sanguíneos com
hemorragia e aumento da pressão intracraniana, ou por lesões penetrantes do crânio que destruem
directamente o tecido cerebral. Tal como noutro tipo de lesões, a rápida e organizada avaliação e
tratamento destas situações dão ao paciente um aumento da possibilidade de sobrevivência e de
completa recuperação. Para uma melhoria da prestação de cuidados a estas vítimas, deve ter uma base
de trabalho que assente num conhecimento da anatomia e fisiologia da cabeça e cérebro. Deve assumir
sempre que um traumatizado crânio encefálico grave pode apresentar lesão da coluna cervical e da
medula espinal.
O traumatismo craniano é uma grave complicação de situações de trauma. No sentido de dar ao
seu paciente uma maior hipótese de sobrevivência, deve estar familiarizado com a anatomia da cabeça
e do sistema nervoso central. Perceber como o trauma das várias áreas do cérebro se apresentam
clinicamente. Os passos mais importantes nos cuidados de emergência ao traumatizado craniao-
encefálico são a rápida avaliação, boa manutenção das vias aéreas, prevenção da hipotensão, rápido
transporte para um centro de trauma e reavaliações frequentes. Em nenhuma outra área do trauma o
registo das reavaliações é tão importante para as decisões de tratamento futuras.

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Descrever, sumariamente, a anatomia da cabeça e do cérebro;
 Explicar a diferença entre lesão primária e lesão secundária;
 Compreender a avaliação da vítima com Traumatismo Crânio Encefálico;
 Indicar o tratamento da vítima com Traumatismo Crânio Encefálico;
 Compreender o tratamento da síndrome de Herniação Cerebral;

 Identificar os problemas potenciais no tratamento de uma vítima com Traumatismo Crânio


Encefálico.

89
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

ERROS MAIS COMUNS OU PROBLEMAS POTENCIAIS

1 – Lesão da coluna cervical – Suspeite sempre de lesão da coluna cervical na vítima com traumatismo
craniano.

2 – Hipóxia – Vítimas com traumatismo craniano grave não toleram hipóxia ou hipotensão. Administre
oxigénio em alta concentração e monitorize a oxigenação com a oximetria de pulso, ou se possível,
através de capnografia.

3 – Choque – O choque inexplicável na vítima com traumatismo craniano é considerado como


hipovolémico até prova em contrário. Trate a hipotensão.

4 – Convulsões – O traumatismo craniano, particularmente a hemorragia intracraniana, pode causar


convulsões. A vítima com convulsões torna-se hipóxica e hipertérmica, assim, uma actividade convulsiva
persistente pode agravar o seu estado. È comum as convulsões estarem relacionadas com um deficiente
controlo das vias aéreas, por isso lembre-se que a oxigenação e a ventilação são de extrema
importância.

5 – Vómito – Vítimas com traumatismo craniano vomitam com frequência. Deve manter-se alerta para
prevenir a aspiração. Mantenha o aspirador mecânico disponível e esteja preparado para efectuar o
rolamento lateral da vítima (mantendo imobilização da coluna vertebral)

6 – Rápida deterioração do estado da vítima – A vítima que mostra rápida deterioração dos sinais vitais
ou rápida progressão da lesão cerebral (ex: inconsciência, dilatação pupilar, postura de descorticação ou
descerebração, diminuição do resultado da Escala de Glasgow de
≥ 2 após correcção da hipoxia e hipotensão) deve ser transportado rapidamente para um centro de
trauma. Esta é a única situação em que está indicada a hiperventilação. A hiperventilação embora
podendo causar isquemia, diminui o edema cerebral temporariamente. Embora sendo uma medida
desesperada, isto pode fazer ganhar tempo suficiente para levar o paciente até à cirurgia que lhe pode
salvar a vida. Dê informação via rádio para que o neurocirurgião possa estar disponível e a sala de
operações preparada quando chegar ao hospital.

7 – Causas não traumáticas para a alteração do estado de consciência – Lembre-se que a hipoglicemia,
a hipoxia, disritmias cardíacas, e drogas também podem alterar o estado de consciência. Se possível
verifique o valor da glicemia capilar em todos os pacientes com alterações do estado de consciência.

99
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

91
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

92
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

93
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

94
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

95
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

96
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

97
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

98
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

99
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

100
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

101
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

102
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

103
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

104
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Traumatismo
Vértebro-Medular
Manuais Técnicos

Traumatismo Vértebro-Medular

As lesões da medula espinal são o resultado bastante negativo do trauma dos nossos dias. Os
cuidados á vítima de trauma requerem uma contínua vigilância para a identificação de lesões da
medula. No entanto, o uso de imobilização também pode estar associada a complicações. Os socorristas
devem desenvolver técnicas de identificação do mecanismo de lesão e de avaliação da vítima para
efectuar uma imobilização apropriada a estas vítimas.
Neste capítulo iremos rever o processo de avaliação do mecanismo de lesão, proporcionando
uma avaliação estruturada, manuseamento, tratamento e transporte das vítimas com lesões da medula
espinal, sejam elas conhecidas ou potenciais.

A COLUNA VERTEBRAL E A MEDULA ESPINAL

COLUNA VERTEBRAL

É importante saber diferenciar a coluna vertebral da medula espinal. A coluna vertebral é um


tubo ósseo composto por 33 vértebras (fig. 1). Suporta o corpo numa posição vertical, permite o uso das
extremidades e protege a medula espinal. As 33 vértebras da coluna estão alinhadas formando uma
curva em forma de S. São identificadas segundo a sua localização; 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares e
as restantes encontram-se unidas formando a porção posterior da pélvis, denominada região sagrada.
As vértebras são assim numeradas em cada secção de cima para baixo. A 3ª vértebra cervical a partir da
cabeça é denominada C3, a sexta é denominada C6 e assim sucessivamente. As vértebras torácicas são
denominadas de T1 a T12 nas quais estão unidos os 12 pares de costelas. A coluna lombar é numerada
de L1 a L5, em que a L5 é a última vértebra acima da pélvis.
Cada vértebra está separada por um disco fibroso que actua como almofada protectora contra
impactos. O alinhamento é mantido por ligamentos muito fortes entre cada vértebra e por músculos
que percorrem toda a coluna vertebral no seu comprimento da cabeça até à pélvis (estes são os
músculos lesados quando se efectua um levantamento incorrecto). A curva em S é mais proeminente ao
nível da C5-C6 e T12-L1 nos adultos, fazendo com que essas áreas sejam mais susceptíveis de lesão.

106
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Fig. 1 Anatomia da coluna vertebral

Fig.2 Vértebra vista de cima. A medula espinal passa através do buraco vertebral

MEDULA ESPINAL

A medula espinal consiste num condutor eléctrico, uma extensão do cérebro que continua para
baixo até ao nível da primeira vértebra lombar. A medula tem um diâmetro de 10 a 13 mm e está
suspensa no meio do buraco vertebral (fig. 2). A medula é macia e flexível como uma cordão de
algodão, e está rodeada e banhada pelo líquido céfaloraquidiano ao

107
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

longo de todo o seu comprimento. O fluido e a flexibilidade oferecem alguma protecção contra lesões. A
medula é composta por vários fios de fibra que estão dispostos de uma determinada maneira. A medula
espinal percorre o canal vertebral donde nascem pares de ramos nervosos que saem de cada vértebra
(fig. 3) estes ramos estão posicionados próximo dos discos intervertebrais e na região lateral da
vértebra, fazendo com que estejam susceptíveis de serem lesados quando ocorre o trauma nestas áreas
(fig. 4).
Os feixes nervosos transmitem sinais sensitivos do corpo para a medula espinal e, depois para o
cérebro. Os feixes também transmitem sinais do cérebro para músculos específicos, fazendo com que
eles se movimentem. Estes sinais circulam nos dois sentidos rapidamente, e alguns são suficientemente
fortes para só por si provocarem acções: são os chamados reflexos. Este sistema de reflexo é
demonstrado quando se aplica uma pancada no joelho causando a extensão da perna. Se
acidentalmente põe o dedo num local quente, o seu sistema de reflexos faz com que a mão se
movimente ainda antes do cérebro receber a mensagem de aviso. Os sinais fortes também podem
oprimir (esconder) a capacidade da medula espinal para enviar os sinais para o cérebro. Isto é o que
ocorre quando um politraumatizado com fractura do ilíaco se queixa com dor no joelho ou uma vítima
com ruptura do baço se queixa de dor no ombro.

Fig.3 – Raízes Nervosas. A medula espinal é uma continuação do sistema nervoso central no exterior do crânio .

A integridade da função da medula espinal é testada nas suas funções motoras, sensoriais e
reflexas. Uma perda da sensibilidade é o sinal mais fidedigno para definir o nível

108
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

de lesão medular. A força muscular é outra função fácil de avaliar na vítima consciente. Os reflexos são
importantes para distinguir lesões totais ou parciais da medula espinal, no entanto deverão ser
pesquisadas apenas no hospital. A medula espinal é também um centro integrado do sistema nervoso
autónomo. Mantém e controla a frequência cardíaca, o tónus vascular e o fluxo sanguíneo à pele. A
lesão desta componente resulta em choque neurogénico que será discutido mais tarde.

Fig.4 Relação entre a medula espinal e a vértebra. Verifique como os ramos nervosos saem entre as
vértebras.

MECANISMOS DE LESÃO VERTEBRO MEDULAR

Uma coluna vertebral saudável pode ser sujeita a fortes impactos mantendo a sua integridade sem que
ocorram lesões da medula espinal. Mas determinados mecanismos de trauma podem sobrepor-se a essas defesas,
lesando a coluna e a medula. Os mecanismos mais comuns são a hiperextensão, hiperflexão, compressão e
rotação: Menos comuns, as forças laterais. Estes mecanismos e as suas lesões estão ilustradas na tabela 1.

LESÃO DA COLUNA VERTEBRAL

A cabeça é uma bola relativamente larga situada no cimo do pescoço. Movimentos súbitos da
cabeça ou do tronco irão produzir flexão, extensão ou forças laterais que poderão lesar a estrutura
óssea ou os componentes próximos à coluna vertebral. A lesão da coluna vertebral é como a lesão de
qualquer outro osso do corpo: requer uma quantidade de força significante, a menos que exista um
defeito ou uma fraqueza pré existente do osso. Por este
109
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

motivo, os idosos e as pessoas que sofrem de artrite ou osteoporose têm maior susceptibilidade para
este tipo de lesões.
Como nas outras lesões ósseas, a dor é o sintoma mais comum, mas poderá não ser
referenciada pela vítima, principalmente se este apresentar outras lesões. No local da lesão óssea,
poderá ocorrer espasmo muscular. Lesões de feixes nervosos podem resultar da lesão óssea da coluna
vertebral, com dor localizada, paralisia ou perda sensitiva. Assim, sinais que podem indicar lesão
medular incluem dor na região dorsal, sensibilidade ao longo da coluna vertebral, dor ao movimento do
tronco, deformação visível, feridas do dorso, paralisia, enfraquecimento e parestesia (sensação de
queimadura ou formigueiro na pele).
Felizmente as lesões vértebro-medulares podem ocorrer sem que haja lesão da medula espinal.
Estatisticamente, apenas 14% de todas as lesões de coluna apresentam lesão medular evidente. É
comum a coluna cervical apresentar lesão medular, com cerca de 40% das lesões da coluna a
apresentarem lesão medular associada.
Apenas 63% das lesões medulares apresentam evidência de lesão da coluna vertebral. Isto
significa que cerca de metade das vítimas com algum grau de paralisia não irão apresentar lesões ósseas
ou ligamentares óbvias (mesmo após o Rx).
A vítima inconsciente apresenta um elevado risco (15-20%) de apresentar lesão vértebro-
medular. Frequentemente as lesões apresentam-se em mais do que um local, e assim a vítima de
trauma inconsciente deverá ser imediatamente imobilizado.

110
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

DESCRIÇÃO DIAGRAMA EXEMPLOS

HIPEREXTENSÃO
Movimento posterior Face contra o pára-brisas num
excessivo da cabeça acidente de viação
ou do pescoço Queda de um idoso

Lesão no futebol americano

HIPERFLEXÃO
Projecção de um cavalo
Movimento anterior ou de uma mota
excessivo da cabeça
contra o tórax Mergulho em águas
pouco profundas

COMPRESSÃO
Mergulho em águas
O peso da cabeça ou pouco profundas
da pélvis em
movimento contra o Queda de altura
pescoço ou dorso em superior 3 metros
sobre a cabeça ou as

ROTAÇÃO
Rotação excessiva do Capotamento no
torso, ou da cabeça e acidente de viação
pescoço, movendo um
lado da coluna vertebral Acidente com
contra o outro

FORÇA LATERAL
Embate lateral no
Força lateral directa na acidente de viação
coluna vertebral

Enforcamento
TRACÇÃO
Criança com o cinto de
Alongamento excessivo segurança do ombro em
da coluna e medula volta do pescoço

Veiculo da neve ou
motociclo a passar por

Tab.1 - Mecanismos de lesão não penetrante da coluna vertebral.

111
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

LESÃO DA MEDULA ESPINAL

A lesão da medula espinal é devastadora. É mais frequente em vítimas entre os 16 e os 35 anos


de idade, ou seja, naqueles que são activos e produtivos. Existem 15000 a 20000 lesões de medula
espinal nos Estados Unidos todos os anos. Destas 65% envolvem acidentes de viação (incluindo
atropelamentos), 19% quedas, 12% feridas penetrantes, 7% actividades recreativas, e as restantes 6%
estão relacionados com outras causas. Abaixo dos 16 anos as quedas são a causa mais comum de lesão
medular. Abaixo dos 8 anos, o tamanho da cabeça faz com que a porção superior da coluna cervical seja
o local mais comum de lesão, o que pode ser extremamente grave.
A lesão da medula espinal resulta em deficiente condução do sinal nervoso, originando uma
perda da função motora e dos reflexos, perda ou mudança da sensibilidade, e/ou choque neurogénico.
A frágil estrutura dos nervos na região da medula espinal fazem com que seja muito sensível a qualquer
forma de trauma. A denominada lesão primária ocorre no momento do trauma. Esta lesão resulta no
corte da medula, esmagamento e interrupção do seu aporte sanguíneo. Habitualmente é irreversível
não obstante a qualidade dos cuidados prestados ás vítimas. A lesão secundária ocorre devido à
hipotensão, hipóxia generalizada, lesão dos vasos sanguíneos, edema ou compressão da medula devido
a hemorragias próximas. Os esforços da equipa de emergência devem ser direccionados para a
prevenção da lesão secundária tendo atenção ao ABC e imobilização cuidadosa da vítima.

CHOQUE NEUROGÉNICO

As lesões da medula a nível cervical ou torácico podem produzir choque devido a alteração da
dinâmica dos vasos. O choque neurogénico resulta na incapacidade do sistema nervoso autónomo
regular o tónus vascular e o débito cardíaco. Isto significa que a vítima se irá encontrar hipotenso, com
uma cor da pele e temperatura normais e uma frequência cardíaca inapropriadamente lenta. Na vítima
saudável, a pressão sanguínea é mantida pela libertação controlada de catecolaminas (adrenalina e
noradrenalina) das glândulas supra- renais. As catecolaminas causam constrição dos vasos sanguíneos,
aumentando a frequência cardíaca e a força de contracção do coração, e estimulam as glândulas supra-
renais á sudorese.
Sensores na aorta e nas artérias carótidas monitorizam a pressão sanguínea. O cérebro e a
medula espinal enviam um sinal à glândulas supra-renais para libertarem catecolaminas para manter a
pressão sanguínea a níveis normais. No choque hemorrágico estes sensores detectam o estado de
hipovolémia e compensam contraindo os vasos sanguíneos e aumentando a frequência cardíaca. Os
altos níveis de catecolaminas causam palidez,

112
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

taquicardia e sudorese. O mecanismo de choque por lesão da medula funciona simplesmente ao


contrário. Não existe perda sanguínea significativa, mas também não existe o sinal que deveria ser
enviado às supra-renais (a condução pela medula espinal não é feita), assim não são libertadas as
catecolaminas.
Os vasos sanguíneos dilatam, o sangue estagna, e a pressão sanguínea não pode ser mantida. O
cérebro não consegue corrigir isto uma vez que não consegue enviar a mensagem para as glândulas
supra-renais. A vítima com choque neurogénico não apresenta sinais de palidez, taquicardia e sudação
uma vez que a lesão da medula não permite a libertação de catecolaminas. Como o choque neurogénico
é causado pela dilatação dos vasos sanguíneos, a vítima pode responder positivamente às calças anti-
choque que funcionam por compressão circunferencial dos vasos sanguíneos na porção inferior do
organismo. Este uso apenas deverá ser opção se tiver a certeza de que não existe hemorragia interna. A
utilização das calças anti- choque é porém controversa. A lesão intra abdominal e a hemorragia interna
podem ser difíceis de detectar uma vez que a vítima com choque neurogénico habitualmente não
apresenta sensibilidade a nível do abdómen. O politraumatizado pode apresentar tanto choque
neurogénico como hemorrágico. O choque neurogénico é um diagnóstico de exclusão, após todas as
outras causas potenciais de choque estarem colocadas de parte. No meio pré- hospitalar, o choque
neurogénico é tratado da mesma forma que o choque hemorrágico.

AVALIAÇÃO DA VÍTIMA

Todas as vítimas de trauma são avaliadas utilizando o plano de prioridades, do qual a avaliação
da função da medula espinal faz parte. Pistas para a lesão da medula espinal são fornecidas na tabela 2.
Uma parte do exame neurológico é efectuada durante a avaliação sumária. O restante exame
neurológico é efectuado durante o exame secundário. Habitualmente isto é feito após a vítima estar na
ambulância. A que necessita de desencarceramento é uma situação especial. Antes de iniciar o
desencarceramento deve verificar a sensibilidade e função motora das mãos e pés, registando estes
achados mais tarde no verbete. O exame neurológico antes do desencarceramento irá, não só alertá-lo
para qualquer lesão medular, mas também irá fornecer documentação se houve perda da função
medular antes de se ter iniciado o desencarceramento. Infelizmente existem algumas situações de
vítimas que culparam os socorristas de causarem as suas lesões medulares. Como é óbvio não há tempo
para efectuar o exame neurológico antes do desencarceramento se a vítima tiver necessidade de
extracção imediata.
O exame neurológico é descrito mais detalhadamente no Cap. II e VIII, mas iremos rever o
exame do sistema nervoso periférico agora. Este exame deverá ser simples e breve. Se

113
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

a vítima está consciente e consegue movimentar os dedos das mãos e dos pés, os nervos motores estão
intactos. Qualquer achado diferente da sensibilidade normal (zumbidos ou diminuição da sensibilidade)
leva a suspeita de lesão da medula. A vítima inconsciente pode reagir com fuga se lhe premir os dedos
dos pés e das mãos. Se assim for, demonstrou que os nervos motores e sensitivos estão intactos, e
assim, que a medula está intacta. Isto não quer dizer que não tenha que imobilizar a vítima. Todas as
vítimas de trauma inconscientes devem ser imobilizadas. Paralisia flácida, mesmo nas vítimas
inconscientes com traumatismo craniano, habitualmente significa lesão medular. Registe estes achados
importantes.

CUIDADOS DE EMERGÊNCIA Á VÍTIMA


Com base no mecanismo de lesão, é adequado colocar a cabeça e o pescoço da vítima numa
posição neutra enquanto efectua o exame. A coluna é tratada como se de um osso longo se tratasse.
Assim, considere a cabeça como sendo o topo e a pélvis a sua porção inferior. A coluna é então mantida
estável até que a vítima esteja imobilizada convenientemente com colar cervical, apoios laterais de
cabeça e os cintos no plano duro. O objectivo da imobilização da coluna é diminuir os movimentos da
coluna prevenindo o agravamento de qualquer lesão existente. A preparação para a imobilização deve
ser iniciada quando é chamado para o local de um acidente de viação, queda, explosão, traumatismo
craniano ou lesão do pescoço.
A vítima instável deve ser submetida a rápida extracção do veículo ou estrutura. Esta forma de
desencarceramento é usada nas vítimas em que o exame primário indique um estado crítico ou perigo
eminente para a sua vida. As indicações para uma extracção rápida de emergência são as seguintes:
1 – Identificação no local de uma situação que coloque em risco imediato a vítima ou os socorristas:
a) Incêndio ou perigo imediato de incêndio
b) Perigo de explosão
c) Perigo de afogamento
d) Estrutura em risco de desabamento
e) Exposição a substâncias tóxicas

2 – Identificação de situações que requerem intervenção imediata durante o exame primário da vítima
a) Obstrução das vias aéreas que não pode ser resolvida por elevação do maxilar inferior ou
extracção manual (com o dedo indicador em gancho ou pinça)
b) Paragem cardíaca ou ventilatória
c) Lesões torácicas ou da via aérea que requeiram ventilação ou ventilação assistida

114
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos
d) Choque profundo ou hemorragia incontrolável

São indicadores de que a medula espinal poderá ter sido lesada, devendo estas vítimas ser imobilizadas:

MECANISMO DE LESÃO
Trauma não penetrante acima das clavículas
Acidente de mergulho
Acidente com veículo a motor ou de bicicleta
Queda
Lesão penetrante ou objecto empalado próximo da coluna vertebral
Disparo ou lesão por explosão no dorso
Qualquer lesão grave provocada por forças que possam ter atingido a coluna vertebral ou a espinal medula

QUANDO A VÍTIMA SE QUEIXA DE:


Dor no pescoço ou nas costas
Formigueiros ou zumbidos
Perda de movimento ou enfraquecimento

QUANDO AO EFECTUAR O EXAME ENCONTRA:


Dor ao movimento ou palpação da coluna vertebral
Deformação óbvia da coluna vertebral
Defesa ao movimento da coluna vertebral
Perda de sensibilidade
Enfraquecimento ou flacidez dos músculos
Perda de controlo dos esfíncteres
Erecção involuntária do pénis (priapismo)
Choque neurogénico

Tab.2 Sinais de lesão medular durante o Exame da Vítima

A extracção imediata é uma técnica que requer vários socorristas para remover a vítima para o
plano duro ao longo do eixo do seu corpo, usando as suas mãos para manter o alinhamento da coluna
cervical, e para minimizar os movimentos da coluna. Quando a técnica de extracção imediata é utilizada,
o registo deve ser cuidadosamente elaborado para assegurar uma documentação adequada da técnica
utilizada e das suas indicações.
O método de imobilização cervical mais fácil e rápido é utilizando as suas mãos ou os joelhos. As
mãos do socorrista deverão ser colocadas para estabilizar o pescoço em relação ao eixo da coluna
vertebral.
“Traccionar” não está indicado no pré-hospitalar, não sendo este termo a designação apropriada
para a imobilização da coluna cervical. A tracção irá causar instabilidade de qualquer lesão preexistente
da coluna vertebral. A correcta abordagem é a estabilização, sem “puxar” o pescoço.

115
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Se estiver disponível um colar cervical de tamanho adequado pode colocá-lo na vítima assim que
a permeabilidade das vias aéreas tiver sido verificada. Estes colares de uma ou duas peças não deverão
ser considerados dispositivos de imobilização definitiva para o controlo da coluna cervical. Deverão ser
utilizados apenas como imobilização temporária para prevenir grandes movimentos do pescoço. As
mãos do socorrista podem ser retiradas apenas quando a cabeça e a medula espinal estiverem
convenientemente imobilizadas no plano duro com os imobilizadores de cabeça colocados.
Para a vítima consciente, o posicionamento da cabeça e do pescoço numa posição confortável é
uma boa regra a seguir. Os cuidados à vítima prosseguem com o exame da vítima e com os tratamentos
de emergência. A imobilização da coluna cervical apenas fica completa quando a cabeça e o corpo estão
imobilizados ao plano. A colocação adequada dos cintos irá imobilizar o pescoço e o corpo mesmo
quando movimentar, rolar, ou descer a vítima. Assim que esta está segura ao plano, o socorrista deve
ter presente que é capaz de rolar o plano se a vítima começar a vomitar ou apresentar obstrução das
vias aéreas. Imobilizar num plano duro elimina a sua capacidade para proteger a sua via aérea, passando
assim a ser esta da responsabilidade do socorrista. Esta regra continua a ter efeito na admissão da
urgência do hospital, onde um elemento da equipa de urgência do hospital, deve assumir a
responsabilidade de manter a permeabilidade da via aérea.
A imobilização definitiva ocorre quando já foram colocados cintos, almofadas, cobertores, ou
toalhas em rolos no plano duro de maneira a manter a cabeça, coluna cervical, dorso e pélvis alinhados.
No passado, sacos de areia eram utilizados para imobilizar a cabeça, fazendo um bom trabalho
enquanto a vítima se encontrava em decúbito dorsal. No entanto, se o plano fosse inclinado ou a vítima
e o plano rolados (para prevenir a aspiração quando a vítima vomitava), o peso dos sacos de areia
causavam de imediato o movimento da cabeça.
Assim os sacos de areia deixaram de ser uma válida na imobilização pré-hospitalar. Objectos
volumosos de baixo peso como toalhas ou cobertores enrolados, ou imobilizadores de cabeça, são
instrumentos mais adequados para esta função. Quando aplicados adequadamente, e fixação manual da
cabeça, estes dispositivos permitem a remoção da porção frontal do colar cervical e observação do
pescoço, como na vítima com feridas abertas do pescoço. Dispositivos de imobilização cervical
comerciais podem estar já colocados no plano duro.
Existem algumas vítimas (crianças assustadas e vítimas com o estado mental alterado) que irão
lutar tão violentamente que irão destruir as suas tentativas para eliminar o movimento da coluna. Pode
não existir boas soluções para isto. A Manga de Reeves (fig. 8) pode ser o melhor dispositivo para
imobilizar uma vítima adulta agressiva.

116
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Fig. 8 – Manga de Reeves

Estudos recentes sugeriram que a verdadeira posição neutral para um adulto é obtida com o uso
de uma almofada de 2 a 5 centímetros por baixo do occipital no plano duro (Fig. 9). Esta pequena altura
eleva a cabeça e mantém a vítima numa posição mais confortável.
Isto é efectuado quando a cabeça fica apoiada no próprio dispositivo de imobilização cervical ou
na almofada que é usada com os apoios de cabeça no plano duro. Algumas vítimas idosas necessitam de
uma altura maior por baixo da cabeça devido a uma postura natural em flexão do pescoço (cifose).

Fig.9 - Posição neutra da coluna em crianças

Em algumas situações, assim que a vítima é imobilizada com os cintos ao plano duro, este tem
de ser rodado lateralmente. Mulheres com um tempo de gravidez superior a 20 semanas devem ser
sempre transportados com o plano duro inclinado 20 a 30 graus para o lado esquerdo da vítima
retirando o útero de cima da veia cava inferior. Vítimas com problemas da via aérea são transportadas
melhor de lado. Isto é de estrema importância quando existe uma hemorragia incontrolável para a via
aérea ou quando existe um trauma massivo da face

117
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

ou do pescoço. Nestas situações a gravidade ajuda a drenar os fluidos para o exterior prevenindo a
aspiração da vítima se vomitar. Também as vítimas inconscientes, devido ao perigo de vómito e
aspiração, devem ser transportados lateralmente.

INDICAÇÕES PARA A IMOBILIZAÇÃO DA COLUNA

Estudos recentes documentaram as circunstâncias em que ocorrem a lesão da coluna vertebral


e da medula, conseguindo assim muitas vezes tratar a vítima sem imobilizar a coluna. Estes estudos
resultaram num protocolo tido até ao momento como o principal para lidar com traumatismos da
coluna (Quadro 1), tendo sido escrito por Peter Goth, médico. O socorrista deve verificar o mecanismo
de lesão, interrogar e examinar a vítima, usando depois esta informação para determinar quais as
vítimas que necessitam de imobilização. A partir da observação do local, história e exame surgem as
pistas que identificam as vítimas que necessitam de imobilização.
Segundo o protocolo, o primeiro socorrista verifica o mecanismo de lesão. A imobilização não é
necessária se não estiver presente qualquer mecanismo de lesão que possa lesar a medula (ex:
traumatismo do pé por um carro). Se o mecanismo é um evento com grande quantidade de energia
transferida, a vítima é imobilizada segundo os outros achados clínicos.
Estas situações de alto risco incluem acidentes de viação a grande velocidade, quedas de altura
superior a três vezes a altura da vítima, feridas penetrantes da coluna vertebral ou da sua proximidade,
lesões desportivas na cabeça e pescoço, acidentes de mergulho e qualquer situação de trauma na qual
esta se encontre inconsciente. Se o perigo de lesão vertebral é incerta (queda a nível do chão, depressão
no pára-choques a baixa velocidade), o socorrista irá manualmente estabilizar a coluna e de seguida
examinar a vítima procurando sinais de lesão medular.
A vítima deve estar suficientemente desperta para perceber o socorrista e responder
exactamente às perguntas, assim crianças e vítimas com alterações do estado de consciência ou tensões
emocionais são excluídas. Então a vítima é observado procurando evidências de intoxicação ou outras
lesões que possam mascarar a dor provocada pela lesão medular. Esta é interrogada sobre existência de
dor na área da coluna vertebral. Se não estiver presente dor no pescoço ou costas, e se não existirem
outras lesões que possam gerar dor insuportável que irá distrair a vítima de se aperceber da existência
de dor no pescoço ou nas costas, o socorrista examina com cuidado a coluna vertebral e efectua o
exame neurológico. Se existe alguma dor à palpação da área da coluna vertebral ou se esta se queixa de
dor na linha média quando estimulado a mover as costas, a vítima deverá ser imobilizada. O mesmo
deverá acontecer com as vítimas com alterações no exame motor ou sensorial.

118
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Se a vítima não sofreu mecanismos de lesão de alto risco, não apresenta alteração do estado
mental, não está intoxicado, não apresenta dor nem sensibilidade à palpação da coluna, e não
apresenta défices neurológicos, então pode ser tratado e transportado sem imobilização da coluna. Este
protocolo, deve ser rigorosamente efectuado, com a aprovação do elemento mais qualificado no
incidente. Sempre que haja qualquer dúvida, não hesitar e imobilizar a vítima.

Quadro 1 - Protocolo para imobilização da coluna vertebral

119
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

COMPLICAÇÕES COM A IMOBILIZAÇÃO DA COLUNA

Existem complicações potenciais quando imobiliza a vítima no plano duro. Esta irá sentir-se
desconfortável e queixar-se de dor na cabeça e na região sagrada, áreas de pressão que se encontram
directamente relacionadas com a imobilização ao plano duro. A cabeça e a via aérea estão numa posição
fixa, o que pode produzir compromisso das vias aéreas e aspiração se ocorrer o vómito. As vítimas
obesas e os que apresentam doença cardíaca congestiva podem sofrer perigo de vida devido a hipóxia.
No plano rígido existe uma pressão desigual da pele que pode resultar em úlceras de pressão. O
levantamento do plano pode causar lesões aos socorristas. A imobilização deve ser aplicada
adequadamente àqueles que irão beneficiar com ela, e deve ser evitada se não for necessária.

INTERVENÇÕES DA VIA AÉREA

Quando o socorrista efectua imobilização da coluna, a vítima perde alguma da sua capacidade
para manter permeável a sua via aérea. Como mencionado anteriormente, o socorrista deve então
assumir esta responsabilidade até que a vítima tenha novamente o controlo da sua via aérea ou tenha a
certeza de não apresentar lesão da coluna vertebral após avaliação no serviço de urgência, sendo
removidos os dispositivos de imobilização. Isto é especialmente importante nas crianças uma vez que
apresentam grande predisposição para o vómito ou para a sua aspiração após lesão traumática.
A manipulação das vias aéreas da vítima de trauma requer uma execução cuidada. Pesquisas
recentes indicam que qualquer intervenção nas vias aéreas irá causar movimento da coluna vertebral. O
alinhamento manual é o método mais eficaz para minimizar este movimento.
Os colares cervicais apenas auxiliam parcialmente a prevenir o movimento. O seu plano de
prioridades deve incluir a imobilização manual, e só depois o uso de métodos de controlo da via aérea
que esteja habilitado a executar. Quando pesar os riscos e os benefícios de cada procedimento para
manutenção das vias aéreas, lembre-se que o risco de morrer com uma via aérea não permeável é
maior que o risco de induzir lesão da medula espinal quando usando uma abordagem cuidadosa na
manutenção da via aérea.

120
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Conhecer, sumariamente, a anatomia e fisiologia da coluna vertebral e da medula espinal;
 Descrever os mecanismos de lesão que indicam a necessidade de imobilização da coluna
vertebral;
 Compreender o processo de imobilização da coluna vertebral desde a abordagem á vítima até
ao transporte, incluindo a manutenção das vias aéreas;
 Identificar critérios de avaliação que reconhecem vítimas que não necessitam de imobilização;
 Perceber as situações especiais nas quais as técnicas de imobilização necessitam de ser
alteradas;
 Saber diferenciar choque neurogénico de choque hemorrágico.

121
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

122
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

123
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

124
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

125
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

126
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

127
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

128
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

129
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

130
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

131
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

132
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

133
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Trauma
Abdominal
Manuais Técnicos

Trauma Abdominal

As lesões do abdómen podem ser de difíceis de determinar no hospital. No pré- hospitalar ainda
mais difícil se torna. Uma vez que as lesões intra-abdominais são uma das principais causas evitáveis de
morte traumática, a possibilidade da presença de lesões intra- abdominais deve ser reconhecida,
registada e tratada imediatamente. As lesões abdominais penetrantes obviamente necessitam de
cirurgia imediata; as lesões não penetrantes podem ser mais subtis, mas não deixam de ser
potencialmente mortais.
Qualquer que seja o resultado do trauma, penetrante ou não penetrante, a lesão abdominal
representa sempre duas ameaças para a vítima: a hemorragia e a infecção. A hemorragia tem
consequências imediatas, e assim, o socorrista deve estar alerta para o perigo de choque em todos os
pacientes com lesões abdominais. A infecção pode ser tão mortal mas não requer intervenção no local
uma vez que é de instalação lenta.
O tratamento pré-hospitalar nestas situações tem sido assunto de alguma controvérsia. Estudos
efectuados em meados de 1980 demonstraram que uma intervenção precoce e apropriada por
paramédicos bem treinados podia melhorar o estado hemodinâmico do paciente em estado grave com
feridas do abdómen. Estudos mais recentes sugeriram que a aplicação das calças anti-choque (PASG) e
uma fluidoterapia vigorosa no pré-hospitalar pode ser mais prejudicial do que benéfica (Ver capítulo 5).
Os efeitos do tratamento no trauma não penetrante encontram-se menos estudados.
É importante ter em atenção às variações e inespecificidade de muitos sinais e sintomas
relacionados com trauma abdominal, sobretudo no trauma contuso, porque podem induzir várias vezes
a uma incorrecta avaliação.
Devemos ter sempre em atenção a determinadas situações especiais como eviscerações e
objectos empalados nas quais existem algumas variações na actuação.
No terreno, é necessário recordar que uma rápida avaliação do paciente e o rápido transporte
para o hospital são as chaves para o tratamento nestas situações.

135
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Identificar a anatomia básica do abdómen e explicar como as lesões abdominais e torácicas se
podem relacionar
 Estabelecer as diferenças entre lesões contusas e penetrantes e identificar as complicações
associadas com cada uma delas.
 Descrever o tratamento para a vítima com evisceração
 Relacionar como lesões aparentes exteriores do abdómen podem danificar estruturas
subjacentes.
 Discutir possíveis lesões intra-abdominais baseado nos achados da história, exame físico e
mecanismo de lesão.
 Discutir intervenções de suporte avançado de vida para vítimas com lesões abdominais.

136
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

137
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

138
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

139
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

140
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

141
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Trauma das
Extremidades
Manuais Técnicos

Trauma das Extremidades

Um socorrista nunca deve deixar que as extremidades deformadas ou feridas ocupem a sua
atenção quando podem existir situações mais ameaçadoras para a vida do paciente. Estas lesões
embora de aparência dramática são fáceis de identificar na primeira abordagem à vítima, e, embora
podendo ser incapacitantes, raramente colocam a vida da vítima em risco. É importante recordar que a
permeabilização da via aérea, os mecanismos de ventilação, a manutenção do volume de sangue
circulante, e o tratamento adequado do choque deverão ser sempre resolvidos antes de imobilizar
qualquer fractura.
O choque hemorrágico é um potencial perigo apenas num número diminuto de lesões musculo-
esqueléticas. Apenas as lacerações directas de artérias ou a fractura da pélvis ou do fémur estão
habitualmente associadas hemorragias que podem causar o choque. As lesões de nervos ou vasos que
servem as mãos e os pés são as complicações mais comuns das fracturas e das luxações. Estas lesões
causam a perda de função, a que se denomina de compromisso neurovascular. Assim, a avaliação da
sensibilidade e circulação (pulso, mobilidade e sensibilidade, PMS) distal às fracturas é muito
importante.
As fracturas podem ser abertas (compostas) quando os topos ósseos perfuram a pele, ou podem
ser fechadas (simples) quando a factura não apresenta comunicação para o exterior. Os topos ósseos
são extremamente afiados sendo muito perigosos para os tecidos que circundam o osso. Uma vez que
os nervos e as artérias frequentemente estão localizados ao longo do osso, através do lado flexor das
articulações, ou muito próximos da pele (mãos e pés), estes são frequentemente lesados. As lesões
neurovasculares podem dever-se a lacerações provocadas por fragmentos ósseos ou devido à pressão
exercida pelo edema e pelos hematomas. As fracturas fechadas podem ser tão perigosos como as
fracturas abertas devido à lesão dos tecidos moles que muitas vezes sangram profusamente. É
importante recordar que qualquer abertura na pele próximo da fractura óssea deve ser considerada
como uma porta de entrada infecção.
A fractura fechada de um dos fémures pode causar a perda de mais de um litro de sangue,
podendo a fractura de ambos causar uma hemorragia suficientemente grande para colocar a vítima em
risco de vida. A fractura da pélvis pode causar uma extensa hemorragia para o abdómen e para o espaço
retroperitoneal. Estas fracturas podem ainda lacerar a bexiga ou os grandes vasos sanguíneos que
envolvem a pélvis. Ambas as estruturas podem causar hemorragias para o abdómen que serão fatais
para a vítima. Múltiplas fracturas podem causar risco de vida sem que exista qualquer perda sanguínea
para o exterior.
As luxações articulares são lesões extremamente dolorosas. São quase sempre facilmente
identificáveis devido à alteração anatómica que é visível. As luxações articulares, embora vistas como
não colocarem a vítima em risco de vida, são muitas vezes verdadeiras
143
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

emergências devido ao compromisso neurovascular que podem, caso não sejam tratadas rapidamente,
resultar em amputação. É impossível reconhecer se existe uma fractura associada à luxação.
A amputação é uma lesão incapacitante e muitas vezes colocam a vida do paciente em perigo.
Apresentam o risco potencial para a hemorragia massiva, embora esta, na maioria das vezes, seja fácil
de controlar rapidamente com a aplicação de uma simples pressão sobre o coto.
Os nervos e os vasos sanguíneos de maior calibre geralmente encontram-se próximo,
geralmente na região flexora, da maioria das articulações. Ambos podem ser lesados, e a perda de
circulação e/ou de sensibilidade pode dever-se á interrupção, edema ou compressão dos fragmentos
ósseos ou hematomas. Corpos estranhos ou topos ósseos fracturados também podem danificar estas
delicadas estruturas e causar-lhes uma deficiente função. Deve-se verificar sempre o PMS antes e depois
de manusear a extremidade, aplicar uma tala ou efectuar tracção.
Os objectos empalados não devem ser removidos. Aplicar um penso volumoso, de forma a
almofadar em volta do objecto para o fixar no local. A pele é um ponto pivô nestes casos e qualquer
movimento exterior ao corpo é transformado ou ampliado através dos tecidos onde a extremidade do
objecto pode lacerar ou ofender estruturas sensíveis. A bochecha da face é a excepção a esta regra uma
vez que se consegue atingir o interior da boca o que permite aplicar uma pressão directa sobre a
hemorragia.
As extremidades contêm tecido muscular num espaço fechado que está rodeado por duras
membranas que não distendem. O trauma (lesões por colisão, fracturas abertas ou fechadas, ou
compressão continuada nestas áreas (antebraço e perna mais habitualmente)) pode causar hemorragia e
edema nos espaços fechados. Conforme a zona fica edemaciada, a pressão é transmitida aos vasos
sanguíneos e nervos. Esta pressão pode comprimir os vasos sanguíneos de modo a que a circulação se
torna impossível. Os nervos também podem estar comprometidos. Estas lesões habitualmente
desenvolvem-se num período de algumas horas. Os sintomas tardios são conhecidos pelos cinco Pês:
Pain (Dor), Palidez, ausência de Pulso, Parestesias e Paralisia. Os sintomas precoces são habitualmente a
dor e as parestesias. Tal como no choque, deve-se pensar no diagnóstico antes do desenvolvimento dos
sinais tardios. Não existe nenhuma regra que determine a sequência exacta a seguir sob a forma como
deve imobilizar o paciente de trauma. Em geral os pacientes mais graves, irão beneficiar se só for
efectuada uma imobilização completa (coluna vertebral) antes do transporte. O paciente que necessita
de uma abordagem do tipo “load-and-go” deve ser sujeito a uma cuidadosa imobilização ao plano duro.
Isto não significa que o socorrista não tenha a responsabilidade de identificar e proteger as extremidades
fracturadas, mas em vez disso significa que é melhor efectuar as imobilizações na ambulância a caminho
do hospital. Não é adequado desperdiçar

144
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

tempo imobilizando um membro para prevenir a incapacidade quando esse tempo é necessário para
salvar a vida do paciente. Por outro lado, se o paciente aparentemente se encontra estável as fracturas
das extremidades deverão ser imobilizadas antes de mobilizar o paciente.

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Adquirir conhecimentos básicos de avaliação e abordagem a uma vítima com trauma das
Extremidades;
 Abordar os principais mecanismos de lesão do trauma das extremidades
 Enunciar as prioridades no trauma das extremidades;
 Enunciar as principais complicações no trauma das extremidades.
 Abordar os tratamentos ao trauma das extremidades;

145
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

146
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

147
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

148
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

149
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

150
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

151
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

152
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

153
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

154
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Queimaduras
Manuais Técnicos

Queimaduras

O maior órgão do corpo, a pele, é composto por duas camadas. A camada externa é chamada de
epiderme. Ela serve como uma barreira entre o ambiente e o nosso corpo. Por debaixo da epiderme fina
está uma espessa camada de tecido conjuntivo chamada de colagénio na derme. Esta camada contém
os nervos sensoriais importantes e também as estruturas de apoio, como os folículos pilosos, glândulas
sudoríparas e as glândulas sebáceas. A pele tem muitas funções importantes, que incluem a função de
barreira mecânica e de bactérias e outros microorganismos de facilmente entram no organismo. A pele
também é um órgão vital sensorial que fornece informações para o cérebro sobre dados gerais e
específicos do ambiente e tem um papel fundamental na regulação da temperatura. Danos à pele torna-
o incapaz de exercer essas funções e põe o corpo em risco para problemas graves.
O resgate de vítimas queimadas pode ser extremamente perigoso, seguir as regras de segurança
do cenário é extremamente importante. Múltiplos agentes podem causar lesões por queimaduras, mas,
em geral, os danos patológicos da pele é semelhante. Diferenças específicas entre os tipos de
queimaduras serão discutidas em secções posteriores.
Tipos de lesão por queimadura:
 Térmica: chama, escaldão, vapor;
 Eléctrica;
 Química;
 Radiação.
Lesão por queimadura à pele ocorre quando o calor ou produtos químicos corrosivos entram em
contacto com a pele e prejudicam a sua composição química e de componentes celulares. Em adição à
lesão tecidual real, a resposta inflamatória do organismo aos danos da pele também podem resultar em
lesões adicionais ou aumentar a gravidade de uma queimadura. As partes da pele que são necrosadas
pela lesão térmica são referidas como "zona de coagulação” e sofreram lesões irreversíveis. Em redor
desta área existe a “zona de estase”, o fluxo de sangue está comprometido e os tecidos vão morrer se o
fluxo sanguíneo não for restaurado. Esta condição é vista nas queimaduras de espessura parcial mais
profundas e são ajudadas pelo bom atendimento à lesão por queimadura e pela reposição de fluidos.
Circundante a esta é a “zona de hiperemia”, onde há maior fluxo de sangue para os tecidos, como
resultado das acções dos mediadores inflamatórios liberados pela pele danificada.
As queimaduras são caracterizadas, com base na profundidade do dano tecidual e resposta da
pele, como o grau (superficial em primeiro lugar), espessura parcial (segundo grau), ou de espessura
total (terceiro grau).

156
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

A resposta inflamatória normal do corpo à queimadura pode resultar em dano tecidual


progressivo para um dia ou dois após a queimadura, que pode resultar num aumento da profundidade
da queimadura. Qualquer condição que reduz a circulação (choque) a este tecido danificado ou por si só,
causa dano ao tecido ainda levará para queimar a progressão com o aumento da profundidade da
queimadura. Devido a esse processo de queimadura em progressão, não é essencial determinar
exactamente a profundidade da queimadura no campo. Deve-se, entretanto, ser capaz de distinguir
claramente entre queimaduras superficiais e profundas. Porque o transporte para uma unidade de
queimados depende tanto da profundidade e extensão da queimadura, devendo-se estimar a
quantidade de superfície do corpo envolvidas na queimadura.
O tamanho da queimadura é estimado em campo utilizando a regra dos noves. O corpo é
dividido em áreas que são 9% ou 18% da superfície corporal total e pelo desenho das áreas queimadas,
a medida pode ser estimada. Só as queimaduras de espessura parcial e de espessura total são utilizados
para este cálculo. Em crianças pequenas, há algumas diferenças nas proporções de tamanho corporal, o
gráfico de Lund e Browder é útil. Para queimaduras menores ou irregulares, o tamanho pode ser
estimado utilizando a superfície palmar (incluindo os dedos) da mão do paciente, que é de cerca de 1%
total do corpo. Mesmo pequenas queimaduras podem ser graves se envolverem certas partes do corpo
que afectam a função ou a aparência.
A avaliação da queimadura do paciente é muitas vezes complicada por natureza dramática das
lesões. Morte no período pós-trauma imediato é uma consequência do trauma, associado ou condições,
tais como compromisso das vias aéreas ou inalação de fumo. A abordagem cuidadosa e sistemática para
a avaliação do paciente permitirá identificar e gerir os problemas críticos com risco de vida e para
melhorar o resultado paciente.
Deve-se discutir especificamente o transporte, para determinar que funções especiais podem
necessitar de acompanhamento e para determinar o intervalo adequado para a administração de
fluidos, pois as queimaduras muitas vezes exigem fluidoterapia agressiva para suporte cardiovascular
adequada. A necessidade de fluidos para queimados é calculada usando a fórmula de Parkland:

4 ml / kg de solução salina normal ou lactato de Ringer X % Superfície Corporal Queimada X peso


(kg) = necessidades de líquidos nos primeiros 24 horas

Metade destes fluidos devem ser administrados nas primeiras 8 horas e o restante nas próximas 16
horas. É importante fazer registos cuidadosos, indicando a condição do paciente e do tratamento
efectuado durante o transporte.

157
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:

 Adquirir conhecimentos básicos de avaliação e abordagem a uma vítima queimada;


 Rever os tipos e classificações das queimaduras;
 Discutir a abordagem aos diferentes tipos de queimaduras.
 Discutir as principais complicações das queimaduras;
 Discutir a necessidade para considerar o mecanismo de lesão;
 Discutir o tratamento para a intoxicação por monóxido de carbono.
 Discutir os sintomas que sugerem lesão por inalação
Nota: No final do capítulo encontram – se as tabelas 16-2, 16-3, 16-5 traduzidas.
158
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

159
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

160
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

161
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

162
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

163
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

164
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

165
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

166
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

167
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

168
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

169
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

170
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

171
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

172
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

173
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Trauma
Pediátrico

175
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Trauma Pediátrico

Para fornecer bons cuidados à criança traumatizada, deve possuir equipamento adequado,
saber como interagir com os pais assustados, conhecer os valores médios dos sinais vitais para as
diversas idades (ou tê-las assinaladas no saco de trauma pediátrico), e estar familiarizado com as lesões
mais comuns nas crianças. A sequência da avaliação do paciente é a mesma para a criança e para os
adultos. Se efectuar uma avaliação correcta, irá obter a informação necessária para efectuar as decisões
mais correctas para o tratamento adequado. Focalize-se na avaliação e tratamento da via aérea da
criança (com controlo da coluna cervical), na ventilação e na circulação.

Todos nós que estamos envolvidos no tratamento de crianças com lesões graves devemos ter
como preocupação a prevenção. O ensino com base em assuntos relacionados com a utilização de
dispositivos de segurança nos automóveis, a utilização de capacetes de ciclismo, segurança nos
desportos aquáticos, prevenção de queimaduras ou a segurança com armas de fogo, estão dentro da
área do socorrista. Deve perder algum tempo a ensinar segurança e as leis de segurança (cintos em
cadeiras de segurança, cintos de segurança, condução sem ingestão de álcool) que permitem salvar
vidas.

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Descrever as técnicas para ganhar a confiança da criança e dos pais
 Prever as lesões pediátricas com base nos mecanismos de lesão mais comuns
 Descrever o exame primário e secundário no paciente pediátrico
 Demonstrar a compreensão da necessidade de transporte imediato em situações de risco
eminente de vida para a criança, tendo em conta a ausência de imediato consentimento pelos
pais
 Diferenciar o equipamento necessário aos pacientes pediátricos do equipamento dos adultos
 Descrever as várias formas de imobilizar a criança e em que difere do adulto
 Discutir a necessidade de envolvimento do socorrista em programas de prevenção para as
crianças e para os pais

176
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

177
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

178
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

179
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

180
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

180
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

181
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

182
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

183
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Trauma
Geriátrico
Manuais Técnicos

Trauma Geriátrico

O trauma no idoso é uma problemática que assume já hoje, uma importância fulcral no
quotidiano de toda a população, em especial nos prestadores de cuidados pré-hospitalares. Os idosos
são já uma fatia importante da população em todos os países desenvolvidos, tendência esta que tenderá
a crescer no futuro.
Enquanto elemento do sistema integrado de emergência médica na qualidade de prestador de
cuidados pré-hospitalares nos diversos níveis, deve estar preparado a actuar perante esta população, de
algum modo especial. Apesar dos mecanismos de lesão poderem ser diferentes dos adultos mais jovens
as prioridades na avaliação e tratamento são iguais em ambos.
Regra geral as vítimas de trauma idosas apresentam lesões mais graves e mais complicações que
as vítimas mais jovens, o processo de envelhecimento e as doenças frequentes nesta população fazem
com que a avaliação e tratamento destas vítimas sejam mais difíceis. Devemos estar atentos a estas
diferenças para prestar uma boa assistência a estas vítimas.
Apesar de idoso ser definido em termos cronológicos como tendo mais de 65 anos, é mais
adequado considerar as alterações relacionadas com o envelhecimento nos diversos sistemas corporais,
alterações estas, que poderão ter influência na resposta desta população à lesão traumática. As vítimas
idosas tendem a responder à lesão de forma menos favorável que a população mais jovem, estando as
primeiras mais susceptíveis a sofrerem lesões fatais, mesmo perante lesões que não aparentam ser
graves. De acordo com dados norte-americanos (National Safety Council) as lesões térmicas e os
acidentes de viação são as principais causas de morte por trauma nesta população.
As causas mais comuns de lesão na população geriátrica são as quedas com fracturas do fémur,
punho e traumatismos cranianos. As lesões térmicas incluem a inalação, contacto com a fonte de calor e
lesões eléctricas.
Com uma melhor compreensão acerca das alterações fisiológicas normais do processo de
envelhecimento, consegue-se estar melhor preparado para prestar os cuidados necessários a estas
vítimas.
Enquanto processo gradual o envelhecimento envolve alterações nas funções orgânicas de
vários sistemas corporais. Estas alterações são responsáveis pelo elevado risco de lesão na população
geriátrica. Estas alterações ocorrem nas vias aéreas, sistema respiratório, sistema cardiovascular,
funções neurológica e sensitiva, termorregulação, rins, sistema músculo- esquelético, sistema
gastrointestinal, sistema imunitário e outras. Além destas alterações é de acrescentar também o facto
de esta população tomar diversas vezes múltiplas medicações que podem interferir na capacidade de
resposta ao choque. As alterações que podem aumentar a

185
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

susceptibilidade a lesões são a existência de reflexos mais lentos, diminuição da capacidade visual e
auditiva, artrite, fragilidade cutânea, vascular e óssea.
Como referido anteriormente as prioridades no tratamento da vítima geriátrica são as mesmas
das restantes, no entanto devem-se ter em atenção 3 aspectos: os sistemas orgânicos podem funcionar
de forma diferente do adulto jovem, sobretudo os sistemas cardiovascular, renal e pulmonar; estas
vítimas podem ter doenças crónicas que podem afectar o resultado final das intervenções; as fracturas
podem ocorrer com forças de menor amplitude.
Na abordagem a estas vítimas vários aspectos devem ser tidos em conta, desde logo o facto de
estas vítimas poderem falecer devido a lesões menos graves que o adulto jovem. Além disso, é também
difícil muitas vezes separar os sintomas devidos ao envelhecimento, resultantes de doenças crónicas e
causados pelas lesões apresentadas. É importante relembrar que estas vítimas podem não ter a mesma
resposta à dor, hipoxia ou hipovolémia que os jovens. Podem surgir também dificuldades de
comunicação devido às alterações fisiológicas nos órgãos dos sentidos já mencionadas.
Os procedimentos de exame da vítima nesta população são os mesmos que na população em
geral, devendo-se ter sempre em consideração as adaptações necessárias às características desta idade.
Um aspecto importante prende-se com a imobilização destas vítimas, em que se devem almofadar
possíveis espaços que se encontrem aumentados em virtude do processo de envelhecimento. As vítimas
com cifose acentuada necessitam de acolchoamento das áreas debaixo dos ombros e da cabeça, para
manter a cervical no alinhamento habitual. Não se deve forçar o pescoço para uma posição neutra se o
paciente referir dor, ou se o pescoço está obviamente mantido numa posição anterior.
Todos os algoritmos de decisão ITLS de vítima crítica e transporte imediato, do momento de
realização do exame secundário, mantêm-se nestas vítimas.

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Descrever as alterações que ocorrem com a idade, e explicar como estas alterações podem
afectar a sua abordagem das vítimas de trauma geriátrico.
 Descrever a abordagem da vítima de trauma geriátrico.
 Descrever a actuação perante uma vítima de trauma geriátrico.

186
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

187
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

188
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

189
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

190
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

191
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

192
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

193
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Trauma na
Grávida
Manuais Técnicos

Trauma na Grávida

A vítima de trauma grávida é um desafio único para o socorrista. É importante recordar- se que
está perante duas vítima com necessidades separadas, as da mãe e as do feto. Assim, qualquer
intervenção deve ter o objectivo de apoiar a mãe e identificar as necessidades do feto. Estas vítimas
apresentam um risco de maior incidência de trauma acidental. O aumento dos desmaios, a
hiperventilação, e excesso de fadiga que são comuns no início da gravidez, bem como as mudanças dos
parâmetros fisiológicos da vítima grávida, como a fragilidade das articulações da pélvis, juntos,
contribuem para o risco de trauma acidental. Está estimado que a lesão acidental pode complicar 6 a
7% de todas as gravidezes. A vítima grávida que sofre pequenas lesões raramente representa um
problema para o socorrista no pré-hospitalar. Sendo assim, a nossa discussão irá centrar-se nas lesões
moderadas e graves.
Para perceber os aspectos únicos associados ao trauma na gravidez, é importante rever certos
processos fisiológicos que são particulares á grávida. Durante os primeiros três meses de gravidez, o feto
está a formar-se, sendo o feto muito pequeno, o crescimento do útero durante este período também é
pequeno. Após o terceiro mês de gestação o feto e o útero crescem rapidamente, atingindo o umbigo
no quinto mês e o epigastro no sétimo mês. As alterações cardio-pulmonares que ocorrem durante a
gravidez são significativas. O débito cardíaco irá aumentar entre 20 a 30% durante as primeiras dez
semanas de gestação, aumentando o débito cardíaco para 6 a 7 l/min. O coração materno em média irá
comprimir mais 10 a 15 vezes por minuto enquanto a pressão arterial sistólica e diastólica irá perder 10
a 15 mmHg quando comparada com a vítima não grávida.
O estado da vítima sofre mudanças significativas, o alargamento do útero irá elevar o diafragma
e diminuir o volume da cavidade torácica, levando à proeminência das margens das costelas. Isto
diminui a quantidade de gás trocado por minuto, levando a alcalose e predispondo a vítima a um
síndrome de hiperventilação. A grávida também sofre uma mudança que é descrita como
“hipervolémia” da gravidez. Isto representa um aumento das células vermelhas e do plasma,
conduzindo a um aumento do volume de sangue de aproximadamente 45 a 50%. No entanto, uma vez
que existe um maior aumento de plasma face aos glóbulos vermelhos, a vítima tende a manifestar uma
anemia relativa.
Este aumento no volume de plasma é particularmente importante uma vez que a vítima pode perder 30
a 35% do sangue circulante antes de desenvolver hipotensão. Isto também significa que se a grávida
vítima de trauma apresenta uma hipotensão relativa, então ela já perdeu uma grande quantidade do
volume de sangue, e a ressuscitação irá necessitar de uma grande quantidade de fluídos, (de preferência
sangue).
As maiores alterações no sistema gastrointestinal são secundários ao aumento do útero, e
conduzem ao seguinte:
195
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

1 – Compartimentação dos orgãos no interior do abdómen. Esta compartimentação empurra a maior


parte do intestino delgado para cima, enquanto o útero se torna no maior orgão no interior da cavidade
abdominal. Isto é uma consideração importante quando tenta identificar os orgãos que ficaram lesados
tanto por trauma penetrante como não penetrante.
2 – Uma diminuição geral na motilidade gastrointestinal, resultando no atraso do esvaziamento
gástrico. Isto coloca muitas vezes a grávida acidentada em risco aumentado de vomitar e de fazer
aspiração do vómito.
3 – As alterações no sistema urinário são muitas; no entanto, a mais significativa é o deslocamento
anterior e superior da bexiga, colocando-a numa posição onde qualquer impacto tem maiores
possibilidades de lesar o orgão.

Ocorrem múltiplas mudanças no sistema reprodutivo passando o fluxo uterino, que é de


aproximadamente de 2% do débito cardíaco, para cerca de 20%. É importante compreender que os
vasos que abastecem o útero são vasos pouco resistentes que contraem vigorosamente em resposta às
catecolaminas produzidas no choque inicial. Assim, em períodos de stress, pode haver uma
vasoconstrição significativa com uma redução do fluxo sanguíneo no útero quando existe hipoperfusão
da placenta. Isto significa que no choque, mesmo numa fase inicial, o organismo irá retirar o sangue do
feto para salvar a mãe. Assim a morte do feto é muito comum quando a mãe teve um período de
hipotensão

O VALOR DA PRESSÃO ARTERIAL


MÉDIA É
DE 10 A 15 MMHG MAIS BAIXO
DURANTE A GRAVIDEZ. ESTA
DIMINUIÇÃO SURGE POR VOLTA DO
FINAL DO PRIMEIRO TRIMESTRE
DEVIDO A REDUÇÃO DA
PROPORCIONALIDADE MOTIVADA POR
UMA DIMINUIÇÃO ACENTUADA DA
PRESSÃO DISTÓLICA

O PERISTALTISMO ESTÁ MAIS


LENTO:
ASSIM O ESTÔMAGO PODERÁ
CONTER ALIMENTOS HORAS APÓS
A REFEIÇÃO. ESTEJA ALERTA PARA
O PERIGO DO VÓMITO E
ASPIRAÇÃO

Fig. 1 – Alterações fisiológicas durante a gravidez (continuação).

196
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

RESPOSTAS À HIPOVOLÉMIA

Perdas sanguíneas significativas resultam na diminuição do volume de sangue circulante. O


débito cardíaco diminui ao mesmo tempo que o retorno venoso cai. Esta hipovolémia causa uma
diminuição na pressão arterial, resultando numa incapacidade do tónus vagal e também na libertação
de catecolaminas. O efeito desta resposta é produzir vasoconstrição e taquicardia. Esta vasoconstrição
afecta profundamente a útero gravídico, levando a uma redução do fluxo sanguíneo do útero em cerca
de 20 a 30%. Esta redução no fluxo sanguíneo uterino pode ocorrer antes de que seja notada qualquer
alteração na pressão arterial do sistema materno. O feto reage a esta hipoperfusão com uma queda na
pressão arterial e uma diminuição na frequência cardíaca, começando a entrar em sofrimento devido à
reduzida concentração de oxigénio na circulação materna. É importante recordar-se que alguns dos
métodos de oxigenação da grávida com choque hemorrágico podem não oferecer uma oxigenação
adequada ao feto. Assim, é importante dar grandes quantidades de oxigénio suplementar para fornecer
oxigénio suficiente ao feto, que sofre tanto de inibição de oxigénio como de fornecimento sanguíneo
inadequado.
Outra causa de hipotensão que ocorre na vítima grávida resulta da diminuição do retorno
venoso quando esta se encontra em decúbito dorsal. O útero aumentado pode causar compressão
significativa da veia cava, que reduz o retorno venoso ao coração (fig. 17-3). Este efeito é
particularmente evidente após a vigésima semana de gestação. A redução do retorno venoso tem-se
mostrado como conduzindo a mãe à hipotensão, síncope e bradicardia fetal. Assim, deve transportar
todas as grávidas em decúbito lateral esquerdo. Faça isto apenas se poder fazê-lo sem risco para a
vítima. Se o tipo de lesão impede esta manobra, pode aliviar a obstrução da veia cava por um dos
seguintes métodos:

1 – Incline o plano duro 20 a 30º para a esquerda


2 - Manualmente desloque o útero para o lado esquerdo durante o transporte

ERROS MAIS COMUNS E PONTOS IMPORTANTES


1 – Não interprete os sinais vitais normais da grávida com os sinais de choque. A paciente grávida em
repouso apresenta mais 10 a 15 batimentos cardíacos e uma pressão 10 a 15 mmHg abaixo do habitual.
No entanto, é também importante aperceber-se que uma perda sanguínea de 30 a 35% pode ocorrer
nestas pacientes antes de haver uma alteração significativa da pressão arterial. Assim, esteja
especialmente alerta para todos os sinais de choque, e monitorize os sinais vitais com reavalições
frequentes.

197
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

2 – O trauma do compartimento abdominal pode causar hemorragia oculta tanto intra-uterina como
para o espaço retroperitoneal. Recorde-se que existe uma distensão gradual da parede abdominal
durante a gravidez, juntamente com alterações hormonais menos sensíveis aos estímulos irritáveis.
Assim, a hemorragia pode ocorrer para o espaço intraperitoneal, e os sinais de defesa e rigidez podem
não estar presentes

3 – Você está a tratar dois pacientes; no entanto, a mortalidade fetal está relacionada com o
tratamento efectuado à mãe. O objectivo da intervenção no pré-hospitalar é aumentar as hipóteses de
sobrevivência materna

4 – A hipóxia fetal pode ocorrer sem sinais aparentes na grávida. O tratamento deve incluir oxigénio em
alta concentração

5 – O transporte deve incluir uma imobilização da coluna vertebral adequada, talas nos membros, e
prevenção da compressão da veia cava

6 – Se a mãe morrer, continue a reanimação cardiopulmonar e informe o hospital para estar preparado
para imediata cesariana

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Perceber a dualidade na abordagem da vítima de trauma grávida;
 Descrever as mudanças fisiológicas associadas à gravidez;
 Perceber a resposta à hipovolémia da vítima de trauma grávida;
 Descrever os tipos de lesões mais frequentemente associadas com o trauma na gravidez;
 Descrever a avaliação e abordagem inicial da vítima de trauma grávida;
 Descrever a prevenção do trauma na gravidez.

198
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

199
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

200
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

201
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

202
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

203
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

204
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

205
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

206
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Vítimas sob
Influência de
Álcool ou Drogas
Manuais Técnicos

Vítimas sob influência de Álcool ou Drogas

A relação entre o álcool e trauma está bem documentada. Estudos mostram que os indivíduos
que abusam de substâncias estão sob maior risco de lesão que a população geral e têm também uma
maior probabilidade de sofrer múltiplas lesões.
O abuso de substâncias refere-se ao consumo de álcool, drogas ou ambos e está associado a um
elevado número de eventos traumáticos, como acidentes de viação ou actos de violência. Desta forma
não é de estranhar encontrar um elevado número de vítimas sob este efeito, nas variadas situações em
que as equipas de emergência são chamadas a intervir.
Às vezes é difícil estabelecer a origem das queixas apresentadas, como sendo resultado do
abuso de substâncias ou de uma situação de emergência traumática/médica. Estas vítimas representam
determinadas vezes desafios únicos que podem exigir determinadas actuações específicas em conjunto
com uma boa actuação ITLS.
A combinação de um alto índice de suspeição junto com os resultados do exame físico, história
obtida da vítima, espectadores e evidências no local podem dar a resposta acerca do abuso de
substância por parte da vítima.
A actuação perante as vítimas de abuso de substâncias deve ter em conta determinados
aspectos do exame da vítima. Deve ter-se especial atenção para as alterações do estado mental, pupilas,
discurso da vítima e ventilação (B). Alterações nestes aspectos podem-nos orientar na direcção de uma
ou outra substância como evidenciado na tabela 20-1.
A alteração do estado de consciência pode ser vista em praticamente todas as formas de abuso
de substância, no entanto, deve ter-se em conta que uma alteração do estado mental é sempre
resultado de lesões crânio-encefálicas, choque ou hipoglicémia, até prova em contrário.
A actuação ITLS geral resulta com os pacientes sob influência de substâncias. A atitude das
equipas de socorro pode ser determinante no sucesso de aproximação à vítima. Deve ser- se positivo e
imparcial, estando no local para socorrer vítimas sem emitir juízos de valor acerca das mesmas.
A actuação perante vítimas não cooperantes é sempre uma situação difícil de resolver. Pode ser
necessário recorrer a medidas de contenção física, quando o seu comportamento as põe em risco, à
equipa de socorro ou outros. A utilização de técnicas de contenção deve ter em conta o principio de não
agravamento das lesões da vítima. É imperativo ser-se conhecedor das medidas previstas na lei perante
este tipo de situações, podendo ser necessário recorrer muitas vezes ao auxílio das forças de segurança
quando tal se justificar.
Em situações de trauma é necessário estar sempre consciente da possibilidade de vítimas que
estão sob o efeito de abuso de substâncias. O conhecimento dos sinais e sintomas de abuso de álcool ou
drogas pode assim ajudar a actuar perante estas situações
208
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Listar sinais e sintomas de vítimas sob o abuso de álcool ou substâncias
 Descrever as 5 estratégias que deve usar para melhorar a cooperação durante a avaliação e
actuação perante uma vítima sob influência de álcool ou drogas.
 Descrever situações nas quais será necessário recorrer à restrição e descrever como proceder
perante uma vítima não cooperante
 Listar as considerações especiais a ter na avaliação e actuação de vítimas nas quais se suspeita
de abuso de substâncias.

NOTA: No final do capítulo encontram-se as tabelas, 20-1 e 20-2, traduzidas.

209
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

210
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

211
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

212
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

213
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

214
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Tabela 20-1: Drogas comuns de abuso e os seus sinais e


sintomas acompanhantes

Categoria da droga Nomes comuns Sinais e sintomas do uso ou


abuso
Álcool Cerveja, whisky, vinho Função mental alterada,
confusão, poliúria, discuro
arrastado,coma,
hipertensão, hipertermia,
taquicardia

Anfetaminas/ Metanfetamnias ice, speeds, Excitabilidade, hiperactividade,


ecstasy, MDMA pupilas dilatadas, hipertensão,
taquicardia, tremores, SEIZURES,
febre, delírio, psicose

Cocaína Coca, crack, pedra Os mesmos que com as


anfetaminas; dor torácica e
disritmias fatais.

Alucinogénios Ácido, LSD, PCP Alucinações,tonturas,


Pupilas dilatadas,
náuseas,discurso arrastado,
psicose, ansiedade,
pânico

Marijuana Erva, ganza, chá, bolota Euforia, sonolência, pupilas


dilatadas, boca seca, aumento do
apetite

Narcóticos/ Opiáceos Heroína, cavalo, codeína, Alteração do estado mental,


morfina, pupilas contraídas, bradicardia,
hipotensão, depressão
respiratória, hipotermia

Sedativos Torazina; Alteração do estado mental,


barbitúricos; pupilas dilatadas, bradicardia,
benzodiazepinas hipotensão, depressão
(ex.:, Valium, Xanax) respiratória, hipotermia

215
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Tabela 20-2: Categoria das drogas e tratamentos específicos a considerar

Categoria da droga Tratamento específico


Álcool Administrar tiamina e glicose EV; usar D50W se
indicado; estar atento para a hipotermia
Anfetaminas/ Metamfetaminas Monitorizar convulsões e disritmias; tratar as
convulsões com diazepam ou lorazepam

Cocaína Monitorizar convulsões e disritmias; tratar os


distúrbios do ritmo

Alucinogénios Tratamento de suporte

Marijuana Tratamento de suporte

Narcóticos/ Opiáceos Tentar naloxona*, estar atento para a hipotermia,


hipotensão e depressão respiratória (monitor de
CO2)

Sedativos Tentar naloxona* e considerar flumazenil**, estar


atento para a hipotermia, hipotensão e depressão
respiratória (monitor de CO2)

216
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Paragem
Cardio-
Respiratória em
Trauma
Manuais Técnicos

Paragem Cardio-Respiratória em Trauma

A vítima de trauma em paragem cardio-respiratória (PCR), sofre normalmente de um problema


ventilatório ou circulatório e não de uma doença cardíaca como na generalidade dos casos de PCR de
causa médica. Ao estar envolvido no socorro a uma destas vítimas, tem de se identificar a causa da PCR
com o Exame Primário ITLS e efectuar o transporte rápido enquanto se efectua os procedimentos para a
causa específica da PCR. No geral todos os procedimentos após estabelecer a via aérea devem ser feitos
durante o transporte.
Vítimas encontradas em assistolia após trauma contuso maciço normalmente estão mortas, não
havendo expectativa razoável de ressuscitação nestes casos.
As pobres taxas de recuperação da PCR traumática no adulto, podem ser devidas ao facto, de
estas estarem em hipoxia por um período prolongado, antes da ocorrência da PCR. Hipoxia prolongada
causa uma acidose grave que muitas vezes impede a resposta às manobras de reanimação.
A PCR na vítima de trauma grávida é abordada da mesma forma que os outros pacientes
excepto na questão da reposição de fluídos.
A PCR traumática em crianças é um caso especial, uma vez que as crianças talvez tenham
melhores resultados que os adultos, porque muitas vezes o pulso destas é difícil de detectar mas está
presente, não sendo sempre certo que nos estudos efectuados todos os casos fossem realmente de
PCR.
Um número significativo de vítimas de pré-afogamento (19% num estudo) que parecem estar
sem vida no local, terá eventualmente uma recuperação completa.
Em trauma os protocolos de suporte avançado de vida (SAV) devem ser realizados em função da
avaliação individual de cada vítima, a fluidoterapia agressiva e descompressão torácica, são exemplos de
procedimentos life-saving em determinadas situações.
Enquanto é muito raro ter sucesso na ressuscitação de uma vítima de trauma, em PCR
secundária a choque hemorrágico, a atenção aos detalhes permite a melhor chance de recuperar estas
vítimas, que é o maior desafio e satisfação dos técnicos de emergência pré- hospitalar.

218
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Objectivos:

No final deste capítulo deve ser capaz de:


 Identificar vítimas em PCR traumática para as quais deve reter as tentativas de reanimação
 Identificar causas tratáveis de PCR traumática
 Descrever a avaliação apropriada e actuação da vítima em PCR traumática

NOTA: No final do capítulo encontram-se as tabelas, 21-1 e 21-2, traduzidas..

219
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

220
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

221
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

222
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

223
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

224
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

225
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Tabela 21-1: Guidelines para reter ou terminar manobras de ressucitação


para PCR traumática

1. Ressuscitação deve ser retida/não iniciada em caso de:


a. Trauma contuso sem ventilação, pulso ou ritmo organizado no ECG à
chegada dos técnicos ao local
b. Trauma penetrante sem ventilação, pulso, reflexos pupilares, movimentos
espontâneos, ou actividade organizada no ECG.
c. Lesões incompatíveis com a vida (ex: decapitação)
d. Qualquer trauma com evidência significativa de intervalo de tempo
significativo desde a paragem do pulso, incluindo livores cutâneos, rigor mortis, etc…

2. Pacientes em PCR nos quais o mecanismo de lesão não se correlaciona com a


situação clínica, sugerindo uma causa não traumática de paragem, devem ter a
ressuscitação standard iniciada.

3. Deve-se considerar interrupção de manobras de reanimação (consultar parecer


médico):
a. Com PCR presenciada pelos técnicos e 15 minutos de manobras sem sucesso.
b. Quando o trasnporte para a unidade receptora tem um tempo superior a 15
minutos.

4. Considerações especiais devem ser tidas em conta em vítimas de afogamento,


choque por relâmpago e hipotermia

Tabela 21-2: Causas de PCR na situação de trauma

1. Problemas na Via Aérea


a. Corpo estranho
b. Queda da língua
c. Edema

2. Problemas na Ventilação
a. Pnemotórax Hipertensivo
b. Ferida aspirativa do tórax
c. Flail-chest
d. Lesão espinhal alta (C3 ou acima)
e. Inalação de monóxido de carbono
f. Inalação de fumo
g. Aspiração
h. Pré-afogamento
i. Depressão do SNC por drogas ou álccol
j. Apneia secundária a choque eléctrico ou relâmpago

3. Problemas na Circulação
a. Choque Hemorrágico (Síndrome do coração vazio)
b. Pneumotórax hipertensivo
c. Tamponamento Cardíaco
d. Contusão miocárdica
e. Enfarte agudo do miocárdio
f. Paragem cardíaca secundária a choque eléctrico

226
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Precauções
Universais
em ambiente
Pré-Hospitalar
Manuais Técnicos

Precauções Universais em ambiente Pré-Hospitalar

Precauções Universais, actualmente denominadas Precauções Básicas, são medidas de


prevenção que devem ser utilizadas na abordagem a todas as vítimas, na manipulação de sangue,
secreções e excreções, contacto com mucosas e pele não íntegra, isto independentemente dos
diagnósticos conhecidos.
Essas medidas incluem a utilização de Equipamentos de Protecção Individual (EPI), com a
finalidade de reduzir a exposição do profissional a sangue ou fluidos corporais, e os cuidados específicos
recomendados para manipulação e descarte de materiais perfurantes ou cortantes contaminados por
matéria orgânica.
Os equipamentos de protecção individual mais frequentemente utilizados são: luvas, máscaras,
barrete, óculos de protecção, avental e botas, e deverão ser utilizados de acordo com as seguintes
indicações:
Luvas - sempre que houver possibilidade de contacto com sangue, secreções e excreções, com
mucosas ou com áreas de pele não íntegra (ferimentos, úlceras de pressão, feridas cirúrgicas e outros);
Máscaras, barretes e óculos de protecção - durante a realização de procedimentos em que haja
possibilidade de salpicos de sangue e outros fluidos corpóreos, nas mucosas da boca, nariz e olhos do
profissional;
Avental - devem ser utilizados durante os procedimentos com possibilidade de contacto com
material biológico, inclusive em superfícies contaminadas;
Botas - protecção dos pés em locais húmidos ou com quantidade significativa de material
infectante (centros cirúrgicos, áreas de necrópsia e outros).

Recomendações para a descontaminação de material e equipamento


pré-hospitalar

Conceitos

Contaminação – Sujidade ou poluição de objectos inanimados ou material vivo, com material nocivo
potencialmente infeccioso ou outro material indesejado. Em condições clínicas é habitual ser matéria
orgânica e microrganismos, mas pode também incluir outras substâncias inorgânicas indesejáveis, como
por exemplo, produtos de degradação, material de empacotamento entre outros.

228
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Material contaminado – Material que tenha sido usado, exposto a uma situação clínica e esteja poluído
com matéria orgânica, microrganismos ou outras substâncias inorgânicas indesejáveis.

Descontaminação – É o método pelo qual se destrói ou remove a contaminação microbiana de modo a


tornar um material ou equipamento seguro na sua utilização. Implica a utilização da limpeza e
desinfecção ou só a limpeza.

Limpeza – É o processo pelo qual se remove fisicamente a sujidade, através de acção mecânica, usando
água e sabão ou detergente.

Desinfecção – É o processo pelo qual se elimina a maior parte dos microrganismos, com excepção das
formas esporuladas. A desinfecção não mata ou remove a totalidade dos microrganismos, mas reduz o
seu número para um nível não prejudicial à saúde.

Desinfectante – Substância química, capaz de eliminar por acção directa, os microrganismos


indesejáveis, inactivando-os ou reduzindo-os para um nível não prejudicial.

Esterilização – É o método pelo qual são destruídos todos os microrganismos, incluindo os esporos
bacterianos.

Objectivos:

No final deste capitulo deve ser capaz de:


 Descrever as três doenças mais comuns transmitidas por via sanguínea na emergência pré-
hospitalar;
 Identificar sinais e sintomas de tuberculose e quais as medidas de protecção;
 Indicar as precauções, em ambiente pré-hospitalar, que devem ser instituídas para prevenir a
exposição a sangue ou outro material potencialmente infectado;
 Saber utilizar o equipamento de protecção individual;
 Compreender os procedimentos utilizados em caso de exposição acidental.

229
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

230
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

231
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

232
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

233
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

234
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

235
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

236
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

237
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Folha de Avaliação
do Cenário
Manuais Técnicos

ITLS – Folha de Avaliação do Cenário

Nome do estudante Data: Cenário: Básico [ ] Prática[ ] Teste [ ] RT [ ]


Avançado[ ]

Hora de Início: Tempo primário Hora de Transporte: Tempo secundário concluído:


concluído:

ACÇÃO  COMENTÁRIOS

AVALIAÇÃO DA VÍTIMA – ABORDAGEM PRIMÁRIA

Avaliação do Cenário

Precauções padronizadas

Riscos no cenário

Número de vítimas

Necessidade de mais ajuda e equipamento

Mecanismo de lesão

Aspecto geral

Idade, sexo, peso

Aparência geral

Posição do corpo

Posição no ambiente

Actividade da vítima

Lesão ou hemorragia evidente

Estado de Consciência – AVDS

Via aérea Ressonar, gorgolejo, estridor, silêncio

Ventilação Presente? Avaliar, Profundidade, Esforço

Pulso Radial/Carotídeo

Presente? Avaliar, Ritmo, Qualidade

Cor da pele, Temperatura, Humidade, Tempo de preenchimento


capilar

Hemorragias externas incontroláveis?

Cabeça e pescoço

Grandes lesões faciais

Equimoses, edemas, feridas penetrantes

239
239
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Enfisema subcutâneo?

Ingurgitamento das jugulares?

Desvio da traqueia?

Tórax Observar: assimetria, contusões, feridas penetrantes,


movimentos paradoxais, elevação do tórax

Palpar: Macicez, Instabilidade, Crepitação

Sons respiratórios

Presentes? Simétricos?

Se apresentar diminuição dos sons respiratórios, percutir

Batimentos Cardíacos

Abdómen

Observar: equimoses, feridas penetrantes, evisceração

Palpar: macicez, rigidez, distensão

Pélvis Deformações, feridas penetrantes, TIC

Membros Inferiores

Superior: edemas, deformidades, TIC

Inferior: procurar feridas, edemas, deformidades

Nível motor e sensorial antes de transferência para maca

Membros Superiores

Procurar edemas, feridas, deformidades

Nível motor e sensorial antes de transferência para maca

Posterior

Feridas penetrantes, deformidades, edema

SE VÍTIMA CRÍTICA, TRANSPORTAR PARA AMBULÂNCIA

Chave: [] Completo, perícia realizada em sequência

[D] Atrasado, realizado fora da sequência

240
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

ACÇÃO  COMENTÁRIOS

Sinais vitais FC, FR, TA

História Clínica Simples

SE APRESENTAR ESTADO DE CONSCIÊNCIA ALTERADO

Pupilas Tamanho? Reactividade? Simetria?

Escala de Coma de Glasgow

Orientação, estado emocional

Sinais de herniação cerebral

Identificação de equipamentos médicos

Pesquisa de Glicemia Capilar

Decisão de transporte crítico

ACÇÃO  COMENTÁRIOS

AVALIAÇÃO DA VÍTIMA – ABORDAGEM SECUNDÁRIA

Repetir avaliação inicial

Repetir avaliação de sinais vitais

Considerar – monitorização cardíaca, Sat O2, PaCO2

Estado de Consciência

AVDS

Se consciente, orientação e estado emocional

Se estado de consciência alterado, Escala de Comas de Glasgow

Se estado de consciência alterado, glicémia

Se estado de consciência alterado, SatO2

Se estado de consciência alterado, considerar naloxona

Pupilas Tamanho, simetria, reactividade à luz

Motor Move os dedos das mãos e dos pés?

Sensorial Sente os dedos das mãos e dos pés?

Se inconsciente, responde ao beliscão?

Cabeça

DCAP – BTLS

Equimose peri-orbital

Sinal de Battle

241
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Drenagem das orelhas ou nariz

Boca

Reavaliar via aérea

Pescoço

DCAP – BTLS

Ingurgitamento das jugulares?

Desvio da traqueia?

Tórax

DCAP – BTLS, movimentos paradoxais

Instabilidade e crepitação

Sons respiratórios Presentes? Simétricos? Qualidade?

Se apresentar sons diminuídos, percutir

Batimentos cardíacos

Procurar novamente feridas e lesões

Abdómen

Sinais de hemorragia interna ou trauma penetrante

Palpar os quatro quadrantes, macicez/ rigidez

Pélvis e extremidades

DCAP – BTLS

PMS distal em lesões nas extremidades

SE VÍTIMA CRÍTICA, TRANSPORTAR IMEDIATAMENTE

Chave: [] Completo, perícia realizada em sequência

[D] Atrasado, realizado fora da sequência

242
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

ACÇÃO  COMENTÁRIOS

AVALIAÇÃO DE PROGRESSO

Subjectivo Perguntar à vítima se sente diferenças na forma como


se sente

Reavaliar estado de consciência AVDS, pupilas

Se estado de consciência alterado, reavaliar ECG

Reavaliar via aérea

Reavaliar ventilação e circulação

Reavaliar sinais vitais

Cor da pele, características, temperatura

Procurar ingurgitamento das jugulares

Procurar desvio da traqueia

Reavaliar tórax

Sons respiratórios qualidade? Simetria?

Reavaliar batimentos cardíacos

Reavaliar abdómen – se possível lesões

Desenvolvimento da macicez, distensão ou rigidez

Avaliar todas as lesões identificadas

Por exemplo:

Lacerações e hemorragias

PMS distal em lesões nas extremidades

Pneumotórax

Lesões abertas do tórax

Verificar todas as intervenções

Por exemplo:

Entubaçao endotraqueal

Oxigénio

EV’s e soros

Selos em feridas penetrantes do tórax

Descompressão por agulha

Se grávida, posição do corpo

Talas e curativos

24324
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Monitor cardíaco, SaO2, PaCO2

Objectos empalados – estabilizar

ACÇÕES CRÍTICAS

Completa a avaliação do cenário e usa as precauções universais

Performance na abordagem inicial e interacção com a vítima

Performance na organização da avaliação rápida de trauma ou exame focalizado

Confirma/Certifica a estabilidade cervical

Confirma/Certifica apropriadamente o oxigénio e ventilação

Reconhece e trata todos os tratamentos das lesões

Usa apropriadamente os equipamentos e técnicas

Reconhece vítima de trauma crítica, tempo e transporte, de acordo com prioridades

Performance no Exame Secundário (quando o tempo permite)

ACÇÕES ADICIONAIS

Acaba as ligaduras e pensos depois do Exame Secundário (quando o tempo permite)

Sinais Vitais todos os 5 minutos em vítimas críticas, todos os 15 minutos em vítimas estáveis

Repete o exame de progresso sempre que a vítima se move ou uma intervenção é realizada

Repete o exame de progresso se a condição da vítima piorar

Interage apropriadamente com a vítima, família e espectadores

COMENTÁRIOS DO INSTRUTOR

244
244
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Abordagem e
Avaliação Inicial
da Vítima de Trauma
(Aptidões Práticas)
Manuais Técnicos

Anexo B
Abordagem e Avaliação Inicial da Vítima de Trauma (Aptidões Práticas)

Objectivos:

Após terminar este capítulo, deverá ser capaz de:

Exame Primário ITLS


 Executar correctamente o exame primário ITLS
 Identificar em 2 minutos as vítimas que necessitam de transporte imediato
 Descrever quando efectuar intervenções críticas

Exame Secundário e Avaliação em Transporte


 Executar correctamente o exame secundário
 Efectuar correctamente a Avaliação em Transporte
 Descrever quando deve executar intervenções críticas
 Demonstrar como deve ser estabelecida a comunicação com o Hospital

Avaliação e Abordagem da vítima de trauma


 Demonstrar a sequência correcta da avaliação e abordagem rápida do politraumatizado

246
246
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Avaliação Inicial e Abordagem da Vítima de Trauma

Exame Primário ITLS


Avaliação do Cenário

Medidas de Protecção Universais

Cuidados de Segurança

Avaliação Inicial

Impressão Geral da vítima

Nível de consciência

Via aérea

Mecanismo
de lesão?

Mecanismo de lesão Mecanismo de lesão


generalizado ou localizado
desconhecido

Exame Rápido de Exame Focalizado


Trauma

Load-and-Go?

EXAME SECUNDÁRIO ITLS AVALIAÇÃO DURANTE O


TRANSPORTE ITLS

247 247
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Exame Primário ITLS

Procedimentos
Irão ser usados pequenos cenários escritos juntamente com um modelo (para actuar como paciente). A
turma será dividida em equipas que irão praticar a abordagem inicial, efectuar abordagens, e transmitir
decisões. Cada membro da equipa deve praticar como chefe de equipa pelo menos uma vez. A
informação necessária abaixo descrita representa as perguntas que deverá fazer a cada passo da
abordagem. No final do capítulo encontra-se uma lista que representa as acções que devem ser
tomadas (pessoalmente ou delegadas como resposta à avaliação feita à vítima).

Exame Primário ITLS – Informação Importante


Se fizer as perguntas certas, irá obter a informação que precisa para tomar decisões importantes na
prestação de socorro à vítima. As questões estão apresentadas na sequência em que deverão ser
colocadas a si próprio ao mesmo tempo que efectua a avaliação do paciente. Esta é a informação
mínima que precisa em cada passo da avaliação inicial.

Avaliação do local
- Que equipamento de protecção individual necessito?
- Estou a ver, ouvir, cheirar ou sentir algo que possa ser perigoso?
- Existem outras vítimas?
- Preciso de mais ambulâncias ou pessoal?
- Preciso de equipamento especial?
- Qual foi o mecanismo de lesão?
- É generalizado ou localizado?
- Pode pôr em risco imediato a vida da vítima?

EXAME PRIMÁRIO
- Qual é a impressão geral com que fico da vítima ao aproximar-me?

Estado de consciência (AVPU)


- Apresente-se e diga: “Estou aqui para ajudá-lo. Pode dizer-me o que aconteceu?”

248
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Via aérea
- A via aérea está permeável e desobstruída?

Ventilação
- A vítima está a respirar?
- Quais são as características da ventilação?

Instruções da ventilação
- Está indicada a administração de oxigénio a qualquer vítima que apresente dificuldade respiratória,
alteração de consciência, choque ou outras lesões graves.
- Delegue a outro socorrista a ventilação assistida em vítimas com hipoventilação (< 12 ciclos por
minuto) ou se existir um movimento inadequado do ar.
- Hiperventile apenas as vítimas com traumatismo craniano que estão inconscientes e apresentam
sinais de herniação cerebral.

Circulação
- Qual é a frequência e amplitude do pulso da artéria radial (ou da artéria carótida se este não for
palpável)?
- Estão presentes hemorragias externas graves?
- Qual é a cor, temperatura e humidade da pele?

Decisão
- Está na presença de uma situação crítica?
- Existem intervenções que têm de ser realizadas de imediato?

Exame Rápido de Trauma

Cabeça e Pescoço
- Existem feridas da cabeça e pescoço?
- As veias do pescoço estão distendidas (ingurgitadas)?
- A traqueia encontra-se na linha média ou está desviada?
- Existe deformação ou dor à palpação do pescoço?

249
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Tórax
- O tórax está simétrico? Existem movimentos paradoxais? Existem lesões penetrantes ou não
penetrantes óbvias do tórax?
- Existe dor à palpação, instabilidade ou crepitação das costelas?
- Os sons respiratórios estão presentes e simétricos?
- Os sons respiratórios não são simétricos, o tórax está hiperressonante ou maciço?
- Os sons cardíacos encontram-se normais ou diminuídos?

Abdómen
- Existem feridas evidentes?
- O abdómen encontra-se depressível, rígido ou distendido?
- Existe dor à palpação?

Pélvis
- Existem feridas evidentes ou deformações?
- Existe dor à palpação, deformidade ou crepitação?

Coxa
- Existem feridas evidentes, edema, ou deformação?
- Existe dor à palpação, instabilidade ou crepitação?

Pesquisa das pernas e membros superiores


- Existem feridas evidentes, edema ou deformação?
- A vítima sente/move os dedos dos pés e mãos?

Exame da região posterior (executada durante a transferência para o plano duro)


- Existem deformações, contusões, abrasões, feridas penetrantes, queimaduras, dor à palpação,
lacerações ou edema na região posterior do paciente?

Decisão
- Está na presença de uma situação crítica?
- Existem intervenções que se devem proceder de imediato?

Antecedentes clínicos
- Qual é a história da vítima (SAMPLE)? (pode e deve ser obtida durante o exame rápido de trauma)

250
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Sinais vitais
- Os sinais vitais estão dentro dos parâmetros normais?

Disfunção neurológica
(Execute este exame agora se existir um estado de consciência alterado. Noutro caso, deixe-o para quando
realizar o exame secundário)
- As pupilas apresentam o mesmo diâmetro e reagem ambas à luz?
- Qual é o resultado da Escala de Glasgow?
- Existem sinais de herniação cerebral (inconsciente, pupilas dilatadas, hipertensão, bradicardia,
prostração)?
- O paciente apresenta placas de identificação de situações clínicas (Diabético, Alergias, Grupo
Sanguíneo)?

Exame Secundário ITLS

Procedimentos
Pequenos cenários escritos podem ser usados juntamente com um modelo (para actuar como vítima).
Irá dividir a turma em equipas para praticar o exame secundário, efectuar decisões críticas e
intervenções, e executar a reavaliação. Cada membro da equipa deve praticar como chefe de equipa
pelo menos uma vez.

Exame Secundário ITLS – Informação Importante


Se colocar as perguntas correctas, irá obter as informações necessárias para efectuar os cuidados
adequados ao seu paciente. As seguintes questões são apresentadas na ordem em que deverão ser
colocadas, enquanto efectua o exame secundário. Esta será a informação mínima que irá necessitar para
efectuar cada passo do exame.

SAMPLE
- Completar o SAMPLE agora se ainda não tiver sido feito
- Qual é a história clínica da vítima?

Sinais Vitais e Repetição da Avaliação Inicial


- Quais são os sinais vitais?
Via Aérea
251
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

- A via aérea está permeável?


- Sons respiratórios normais? (ronco, gorgolejo, estridor, silêncio)
Ventilação
- Qual é a qualidade das respirações?
Circulação
- Qual é o ritmo e qualidade do pulso?
- Cor da pele, condição e temperatura (tempo de preenchimento capilar nas crianças)?
- Hemorragias externas controladas?

Exame Neurológico
- Qual o nível de consciência?
- Qual o nível de glicose sanguínea (se houver alteração do estado mental)?
- As pupilas estão simétricas? Reagem à luz?
- A vítima consegue mexer os dedos das mãos e pés?
- A vítima tem sensibilidade quando lhe mexe nos dedos das mãos e dos pés?
- Qual é o valor da Escala de Glasgow (se existir alteração do estado mental)?

Exame Detalhado

Cabeça
- Existe algum sinal de lesão DCAP-BTLS na cabeça? Qual?
- Apresenta equimoses retro-auriculares ou peri-orbitárias?
- Existe saída de sangue ou líquido céfalo-raquidiano pelos ouvidos ou nariz?
- Existe palidez, sudorese ou cianose?

Pescoço
- Existem lesões do pescoço? Quais?
- As veias do pescoço estão normais, deprimidas ou distendidas?
- A traqueia apresenta-se na linha média ou está desviada?

Circulação
- Qual é a frequência e amplitude do pulso?
- Qual é a cor, temperatura e humidade da pele (reenchimento capilar nas crianças)?
- Todas as hemorragias externas encontram-se controladas?

252
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Tórax
- Existem lesões DCAP-BTLS do tórax? Quais?
- Existem movimentos paradoxais? Existem lesões penetrantes do tórax?
- Os sons respiratórios estão presentes e simétricos?
- Se os sons respiratórios não são simétricos, o tórax está hiperressonante ou maciço?
- Os sons cardíacos encontram-se normais ou diminuídos?
- Se o paciente está entubado, o tubo está bem posicionado?

Abdómen
- Existem lesões DCAP-BTLS do abdómen?
- O abdómen encontra-se depressível, rígido ou distendido?

Pélvis
- Se instável no exame primário, não deve ser examinada de novo.

Membros Inferiores
- Existem lesões DCAP-BTLS evidentes? Quais?
- O pulso, sensibilidade e mobilidade (PMS) são normais?
- A amplitude do movimento é normal (opcional)?

Membros superiores
- Existem lesões DCAP-BTLS? Quais?
- O pulso, sensibilidade e mobilidade (PMS) são normais?
- A amplitude do movimento é normal (opcional)?

Avaliação em Transporte

Informação importante
As questões seguintes são apresentadas na ordem pela qual deverão ser colocadas enquanto efectua a
reavaliação. Esta é a informação mínima de que precisa enquanto executa cada passo do exame.

Alterações significativas
- A vítima sente-se melhor ou pior?

253
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

Estado Mental
- Qual é o nível de consciência (LOC)?
- Qual o tamanho das pupilas? Estão simétricas? Reagem à luz?
- Se houver alteração do estado mental, qual o valor da escala de Glasgow neste momento?

Reavalie o ABC
Via aérea
- A via aérea está aberta e desobstruída?
- Se existirem queimaduras na face; existem sinais de lesões por inalação?

Ventilação e Circulação
- Qual a frequência e amplitude da ventilação?
- Qual a frequência e amplitude do pulso?
- Qual o valor da pressão arterial?
- Qual a cor, condição e temperatura da pele (tempo de preenchimento capilar na criança)?

Pescoço
- A traqueia está na linha média ou desviada?
- As veias do pescoço estão normais, planas ou distendidas?
- Existe um aumento do edema no pescoço?

Tórax
- Os sons respiratórios estão presentes e simétricos?
- Os sons respiratórios estão assimétricos; o tórax está hiperressonante ou maciço?
- Os sons cardíacos ainda estão normais ou sofreram alterações?

Abdómen (se o mecanismo de lesão sugerir possível lesão)


- Existe dor à palpação?
- O abdómen está depressível, rígido ou distendido?

Verificação de lesões anteriormente identificadas


- Existem alterações no estado de cada uma das lesões previamente identificadas?

Verificação de intervenções realizadas


- Adapte as perguntas à situação da vítima.
- A concentração de oxigénio está correcta?
- Os tubos conexão do oxigénio estão devidamente ligados?

254
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

- Os acessos venosos estão a fluir à taxa correcta?


- O penso da ferida aberta do tórax continua funcionante?
- A agulha de descompressão torácica ainda está a funcionar?
- Existem compressas encharcadas em sangue?
- As talas estão correctamente colocadas?
- Os objectos empalados estão devidamente imobilizados?
- A grávida está posicionada 30º inclinada para o lado esquerdo?
- O monitor cardíaco encontra-se bem adaptado e funcionante?

- O oxímetro de pulso está adaptado e funcionante?


- Se está entubado, o capnógrafo está funcionante?

Procedimento
Avaliação e Abordagem da Vítima

Pequenos cenários escritos serão usados juntamente com um modelo (para actuar como vítima). Serão
divididos em equipas para praticar a abordagem em situações simuladas de trauma usando os princípios
e as técnicas ensinadas até aqui.

Regras de avaliação para os formandos


1 – Irá ser inserido num grupo com outros dois elementos durante o exercício.
2 – Irá ter três cenários práticos. Isto permitirá a cada membro ser chefe de equipa uma vez 3 - Irá
ser avaliado como chefe de equipa uma vez
4 – Irá assistir como membro da equipa de socorro durante dois cenários. Deve auxiliar, mas toda a
abordagem é efectuada pelo chefe de equipa
5 – Espere no exterior até o instrutor lhe entregar o seu cenário.
6 - Será permitido certificar-se de que leva todo o material necessário antes de iniciar o
exercício

7 – Lembre-se de perguntar acerca da segurança no local se esta não for indicada no cenário 8 –
Lembre-se de colocar o equipamento de protecção individual
9 – Se tiver um modelo vivo como vítima, deverá falar com essa pessoa tal como se de uma vítima a
sério se tratasse. Deverá explicar os seus procedimentos enquanto examina a vítima. Esteja confiante e
seguro.
10 – Deve interrogar o seu instrutor sobre coisas que não consegue avaliar da vítima. Ex: pressão
arterial, pulso, sons respiratórios. 255
255
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados
Manuais Técnicos

11 – Feridas e fracturas devem ser tratadas ou imobilizadas como se fossem reais. Os procedimentos
devem ser executados correctamente (pressão arterial, rolamento, pensos, imobilizações, etc).
12 – Se precisar de equipamento que não está disponível peça ao seu instrutor. Ele pode permitir a
simulação da utilização de equipamento
13– Durante a prática e avaliação, pode ser autorizado a ir para qualquer cenário, mas não poderá fazer
o mesmo cenário duas vezes.

14 - Irá ser avaliado em relação a:

a – Avaliação do local
b – Avaliação do paciente
c – Abordagem do paciente
d – Eficiente uso do tempo
e – Liderança
f – Capacidade de decisão
g – Capacidade de resolver problemas
h – Relação com o paciente

15 – Quando acabar o seu cenário de teste, não haverá discussão do caso. Se tiver alguma questão,
deverá ser colocada no debreifing final.

256

256
Manual de ITLS
 Todos os Direitos Reservados

Você também pode gostar