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Rev Port Cardiol. 2017;36(1):1---8

Revista Portuguesa de
Cardiologia
Portuguese Journal of Cardiology
www.revportcardiol.org

PERSPETIVAS EM CARDIOLOGIA

Pela melhoria do tratamento da insuficiência cardíaca


em Portugal --- documento de consenso
Posição de peritos subscrita pelo Grupo de Estudos de Insuficiência Cardíaca da
Sociedade Portuguesa de Cardiologia; Núcleo de Estudos de Insuficiência Cardíaca da
Sociedade Portuguesa de Medicina Interna; Colégio da Especialidade de Medicina Geral e
Familiar da Ordem dos Médicos; Núcleo de Estudos de Doenças Cardiovasculares em
Medicina Geral e Familiar e Núcleo de Enfermagem em Cardiologia da Sociedade
Portuguesa de Cardiologia (Anexo 1),
Cândida Fonseca a,∗ , Dulce Brito b , Rui Cernadas c , Jorge Ferreira d , Fátima Franco e ,
Teresa Rodrigues f , João Morais g , José Silva Cardoso h

a
Unidade de Insuficiência Cardíaca, Serviço de Medicina III e Hospital Dia, Hospital São Francisco Xavier --- Centro Hospitalar
de Lisboa Ocidental, NOVA Medical School, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal
b
Serviço de Cardiologia, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte. Faculdade de Medicina, Universidade
de Lisboa, Lisboa, Portugal
c
Administração Regional de Saúde (ARS) Norte, Porto, Portugal
d
Hospital de Santa Cruz --- Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Serviço de Cardiologia, Portugal
e
Hospital Universidade de Coimbra --- Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Serviço de Cardiologia, Coimbra, Portugal
f
Hospital de Santa Maria --- Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Serviço de Urgência. Faculdade de Medicina, Universidade
de Lisboa, Lisboa, Portugal
g
Centro Hospitalar de Leiria, Serviço de Cardiologia, Leiria, Portugal
h
Centro Hospitalar de São João, Serviço de Cardiologia, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto, Portugal

Recebido a 27 de outubro de 2016; aceite a 28 de outubro de 2016


Disponível na Internet a 14 de dezembro de 2016

PALAVRAS-CHAVE Resumo A insuficiência cardíaca é uma síndrome com elevada prevalência, morbilidade e
Insuficiência mortalidade, sendo, no entanto, pouco reconhecida junto dos cidadãos e decisores políti-
cardíaca; cos. O presente documento foi elaborado por um conjunto de peritos constituído por médicos
Documento de especialistas em cardiologia, medicina interna e medicina geral e familiar, e pretende expor
consensos; detalhadamente o problema da insuficiência cardíaca em Portugal a vários níveis: peso da sín-
Prevalência; drome, diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos doentes. Para tal, são identificados
Tratamento e discutidos em detalhe os diferentes aspetos inerentes ao manejo da síndrome durante o
multidisciplinar processo assistencial, nas várias fases da doença e que incluem doentes hospitalizados e em
integrado; ambulatório. De modo a otimizar a assistência médica prestada a estes doentes, são apontadas
Impacto diversas soluções e estratégias a curto, médio e longo prazo com potencial para melhorarem a
socioeconómico articulação e utilização dos recursos disponíveis. Pretendeu-se desta forma destacar estratégias
que, não se traduzindo num modelo único de melhoria, poderão ser adaptadas às diferentes

∗ Autor para correspondência.


Correio eletrónico: mcandidafonseca@gmail.com (C. Fonseca).
http://dx.doi.org/10.1016/j.repc.2016.10.006
0870-2551/© 2016 Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Todos os direitos reservados.
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2 C. Fonseca et al.

especificidades regionais, de modo a aumentar o reconhecimento e a atenção prestada à insu-


ficiência cardíaca em Portugal.
© 2016 Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Publicado por Elsevier España, S.L.U. Todos os
direitos reservados.

KEYWORDS For the improvement of Heart Failure treatment in Portugal - Consensus statement
Heart failure;
Abstract Heart failure is a syndrome with high prevalence, morbidity and mortality, but aware-
Consensus statement;
ness of the disease is poor among the general public and policy makers. This document, which
Prevalence;
was prepared by a group of experts consisting of cardiologists, internists and general practi-
Integrated
tioners, aims to set out in detail the problem of heart failure in Portugal at several levels:
multidisciplinary
burden of the disease, diagnosis, treatment and monitoring. To this aim, different aspects of
treatment;
the management of the various stages of the disease are identified and discussed in detail,
Socioeconomic
covering both outpatients and hospitalized patients. In order to optimize the medical care pro-
impact
vided to these patients, various short-, medium- and long-term solutions and strategies are put
forward that have the potential to improve the integration and use of available resources. The
intention is to highlight strategies that are not based on a single model but can be adapted to
different regional circumstances, in order to increase awareness and improve management of
heart failure in Portugal.
© 2016 Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Published by Elsevier España, S.L.U. All rights
reserved.

Introdução: o problema da insuficiência medicina geral e familiar [MGF]), e aos decisores em saúde,
cardíaca cujas deliberações podem afetar a atenção sobre a IC.
Pretende-se, igualmente, que esta publicação constitua uma
referência norteadora de futuras iniciativas a desenvolver
A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome com elevada
junto do público em geral, com o intuito de alertar e con-
prevalência, morbilidade e mortalidade, que representa
tribuir para um desejável despertar de consciências.
uma sobrecarga económica e social de grande mag-
Os redatores do presente documento, médicos especia-
nitude. Porém, em Portugal tem sido alvo de pouca
listas em cardiologia, medicina interna e MGF, desenvolvem
atenção, sofrendo de uma baixa notoriedade e sendo pouco
a sua atividade no âmbito do SNS, em contexto hospi-
reconhecida junto dos cidadãos e decisores políticos. Adicio-
talar (incluindo serviços de urgência) e de cuidados de
nalmente, ainda não houve por parte da comunidade médica
saúde primários (CSP). Sustentam as opiniões aqui expressas
uma reflexão coletiva que possa conduzir à organização do
na sua experiência pessoal clínica e organizativa, apoi-
processo assistencial --- passo fundamental para uma melhor
ada naturalmente nos documentos de orientação elaborados
gestão da síndrome e dos recursos --- e ao consequente
pela European Society of Cardiology (ESC) e pelos Ame-
impacto positivo nos indicadores em saúde. Considerando
rican College of Cardiology/American Heart Association
a importância atual e futura da IC --- em que se perspetiva
(ACA/AHA). Consensual, o documento é subscrito pelas
um crescimento da sua prevalência e incidência ---, torna-se
Sociedades/Associações Científicas das principais especia-
necessário incluí-la como uma prioridade de saúde em Por-
lidades envolvidas no tratamento da IC (Anexo 1).
tugal e capacitar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para uma
melhoria de desempenho, quer em termos clínicos quer no
que concerne ao enquadramento organizativo e financeiro. A insuficiência cardíaca no mundo
O presente documento pretende alertar para a neces- e em Portugal: o peso da síndrome
sidade urgente de priorização da IC na agenda da saúde,
tendo em conta a prevalência atual e o seu aumento A IC define-se como uma síndrome causada por uma anoma-
expectável a curto prazo, a elevada mortalidade e mor- lia da estrutura e/ou da função cardíaca, conduzindo a um
bilidade a que está associada, e o fardo socioeconómico débito sanguíneo inadequado às necessidades metabólicas
para doentes, famílias e sociedade. Pretende-se ainda con- do organismo em repouso ou exercício1 .
tribuir para a identificação das principais lacunas e propor Resulta, na maioria dos casos, de um contínuo que
soluções para as mesmas, tendo em vista uma otimização da se inicia pelos fatores de risco cardiovascular que sur-
articulação entre as diferentes partes envolvidas no diagnós- gem hoje de forma cada vez mais precoce, progredindo
tico, tratamento e acompanhamento destes doentes, a nível para a disfunção cardíaca. Esta pode ser assintomática
nacional. numa fase inicial, surgindo posteriormente os sintomas2 .
Os autores dirigem esta reflexão à classe médica, Tipicamente, a síndrome evolui por surtos de agudização
sobretudo a envolvida na gestão dos doentes com IC (descompensação da IC) que debilitam a condição clínica
(cardiologistas, internistas, intensivistas e especialistas de do doente, contribuem para o agravamento progressivo da
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Pela melhoria do tratamento da Insuficiência Cardíaca em Portugal 3

IC e requerem assistência médica urgente. Este contínuo HTA atinge 42% dos portugueses18 e em Portugal ocorrem
poderá ser interrompido a qualquer momento, de forma cerca de 12 mil EAM por ano8 .
imprevisível, por um episódio de morte súbita, ou culminar A prevalência global de IC crónica foi estimada em 4,36%
em morte por falência de bomba. no estudo EPICA (1998-2000), variando entre 1,36% na faixa
etária dos 25-49 anos e 16,14% nos indivíduos com mais de
A insuficiência cardíaca no mundo 80 anos19 . Tendo em conta o envelhecimento da população
registado nos últimos 20 anos, o número de doentes com IC
A prevalência da IC aumenta com a idade, sobretudo a partir em Portugal será hoje certamente superior ao determinado
dos 65 anos, fruto nomeadamente da maior ocorrência no referido estudo. Considerando os dados de prevalência
de hipertensão arterial (HTA) e de enfarte do miocárdio por faixa etária obtidos naquele estudo e os dados do
nestes escalões etários e também do aumento da sobrevida Census 2011, poderão existir actualmente cerca de 380 000
dos doentes após este último3 . Com efeito, a IC afeta doentes com IC no nosso país20 .
cerca de 1-2% da população mundial e 6-10% dos indivíduos O relatório «Portugal --- Doenças Cérebro-
com idade superior a 65 anos3,4 . Globalmente, cerca de -Cardiovasculares em números», de 2015, destaca a IC
26 milhões de adultos em todo o mundo sofrem de IC, o (enquanto diagnóstico principal) como a 2.a maior fonte de
que é considerável quando comparado com os 32 milhões produção hospitalar, responsável em 2014 por 182 512 dias
atingidos pelo cancro ou os 34 milhões com VIH/SIDA3 . de internamento (cerca de 1,9 vezes mais dias do que o EAM)
Adicionalmente, as mais recentes projeções indicam que a e 18 588 doentes saídos, ou seja, doentes que tiveram alta
prevalência de IC aumentará em 25% até 20305 . após internamento por IC descompensada. A duração média
Os episódios de descompensação requerem frequen- do internamento por IC foi de 9,8 dias em 2014. Entre nós,
temente o recurso ao serviço de urgência e o posterior a IC detém a mais alta taxa de mortalidade intra-hospitalar
internamento ou reinternamento dos doentes. Nos paí- dentre todas as doenças cérebro-cardiovasculares, a qual
ses desenvolvidos, a IC é responsável por 1-4% de todas ascende a 12,5%8 .
as hospitalizações3 , sendo a primeira causa de interna- Em Portugal, a IC é frequentemente apresentada sob
mentos na Europa e nos Estados Unidos da América (EUA) a forma de diagnóstico secundário nos processos clínicos,
dos indivíduos com mais de 65 anos1 . Aproximadamente pelo que o número real de doentes internados com IC é efe-
25% dos doentes são reinternados durante o primeiro mês, tivamente superior ao reportado21 . Com efeito, o relatório
pós-alta4,6 . «Impacte do internamento dos doentes crónicos do SNS» da
Cada internamento representa um agravamento adicio- IASSIST Portugal mostra que o número de internamentos por
nal da IC, contribuindo para o declínio da condição clínica IC cresceu em 33% entre 2004-201222 , sendo de admitir que
do doente, até à ocorrência da sua morte. Na Europa, estes números estarão subestimados, devido à deficiente
a mortalidade intra-hospitalar por IC ronda os 7-9%7 , codificação dos grupos de diagnóstico homogéneos (GDH)
sendo atualmente superior à do enfarte agudo do miocárdio relativa à IC21 . A taxa de internamento hospitalar por IC
(EAM)8 . A mortalidade aos seis meses após internamento foi de 27,9/100 000 habitantes, semelhante às verificadas
por IC pode atingir os 27%9 e, aos 12 meses, pode atingir no caso da diabetes (30,0/100 000 habitantes), da asma
os 50% nos doentes internados em choque cardiogénico10 . (29,5/100 000 habitantes) e da doença pulmonar obstru-
Mais de 50% dos doentes terão falecido cinco anos após o tiva crónica (DPOC) (29,4/100 000 habitantes), algumas
diagnóstico de IC1 , o que representa uma taxa de sobre- das epidemias do século XXI22,23 . No entanto, em 2012 a
vivência inferior à de alguns tipos de cancro, como o da taxa bruta de mortalidade foi superior para a IC (12,9%)
mama, próstata, cólon e leucemia3,11 . comparativamente à diabetes (5,1%), à asma (0,8%) e à
O peso económico da IC é muito substancial a nível mun- DPOC (7,5%). O mesmo se verificou em igual período para a
dial, representando nos EUA e na Europa 1-3% do orçamento taxa de readmissões aos 30 dias, também superior no caso
total da saúde. Em ambas as regiões, este é o diagnóstico da IC (14,6%), comparativamente com aquelas patologias
ao qual está associada a maior sobrecarga económica den- (diabetes 8,2%, asma 5,1% e DPOC 14,0%)22 .
tre todas as doenças3 . De facto, nos EUA os gastos devidos A taxa de readmissões, principalmente aos 30 e aos
à IC são superiores ao dobro dos relativos à totalidade das 60 dias, tem aumentado, facto que tem sérias implicações
neoplasias12 . Adicionalmente, os custos dos internamentos económicas e assistenciais22 . Segundo dados oficiais, em
são consideráveis, representando 68% do total da verba des- 1998 as hospitalizações por IC em Portugal tiveram um
pendida com a IC nos EUA e na Europa13 . custo total aproximado de 24 milhões de euros24 , idêntico
ao relativo às hospitalizações por DPOC no mesmo ano
(23 milhões de euros25 ). Quase 20 anos volvidos, tendo
A insuficiência cardíaca em Portugal. Dos fatores em conta a prevalência crescente da IC e o aumento da
de risco cardiovascular ao impacto socioeconómico sofisticação da assistência médica, estima-se que este custo
seja hoje substancialmente superior.
Em Portugal existe uma elevada prevalência dos fatores de O doente hospitalizado por IC é um grande consumidor
risco cardiovascular. Vinte e quatro por cento dos portugue- de recursos, quer pela necessidade frequente de técni-
ses são fumadores14 e 27,5% têm síndrome metabólica15 . cas de diagnóstico onerosas quer ainda pelo custo elevado
O nosso país é, entre os europeus, um dos que regista associado a alguns fármacos e dispositivos médicos ou a
um aumento mais rápido da prevalência do excesso de intervenções cirúrgicas23 . Na realidade, estima-se que os
peso e obesidade: atinge 53% dos portugueses entre os cuidados de saúde prestados a estes doentes tenham um
18-64 anos16 . Como corolário, três milhões de portugueses custo muito superior àquele que lhes é atribuído pelo
têm diabetes ou alteração do metabolismo glucídico17 . A SNS.
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4 C. Fonseca et al.

Também as limitações físicas e psicológicas decorrentes por parte da população em geral profissionais de saúde e
da IC têm fortes implicações psicossociais (p. e., isolamento decisores.
social, ansiedade, frustração e depressão), traduzindo-se Também os dados oficiais relativos à IC em Portugal
numa redução da qualidade de vida dos doentes e dos seus são limitados, não caracterizando a real evolução e ges-
cuidadores26 . Em Portugal, não existem dados quanto ao tão desta síndrome. Com efeito, o último e único estudo
impacto preciso da IC no que concerne ao absentismo labo- de prevalência efetuado até à data no nosso país tem
ral e à perda de produtividade. Contudo, esta é mais uma cerca de 15 anos19 , não havendo hoje dados sobre a
dimensão relevante da IC pelas suas repercussões não ape- evolução da prevalência e, de grande importância, sobre
nas no sistema de saúde, mas também nas áreas social e a evolução havida no diagnóstico e tratamento. Adicional-
económica. mente, a sua caracterização no Programa Nacional para
as Doenças Cérebro-Cardiovasculares, da Direção Geral de
Saúde, encontra-se incompleta, já que são desconhecidos
Os problemas relativos à insuficiência cardíaca dados relativos ao número de readmissões por IC e número
em Portugal total de admissões em urgências hospitalares. Importa ainda
acrescentar que a produção hospitalar caracterizada neste
relatório tem como base a codificação GDH que, tal como
O desconhecimento da relevância da insuficiência
anteriormente referido, não captura o número real de doen-
cardíaca e a ausência de uma reflexão e ação tes internados com IC21 .
conjunta

O problema primordial da IC no nosso país tem a ver Ausência de um debate organizativo a nível
com o facto de esta não ter sido ainda alvo de uma da classe médica, inter e intraespecialidades
reflexão e ação conjunta por parte de todos os inter-
venientes na sua gestão (Figura 1), resultando no baixo Entre a classe médica, a compreensão da real importância
reconhecimento da sua importância e das suas implicações da IC é fragmentária, não existindo uma reflexão sobre o

Apresentação
Doente Doente em
hospitalizado ambulatório

Suspeita de IC e exames
complementares de diagnóstico

Referenciação

Preparação para alta e fase de transição


Confirmação de diagnóstico, investigação
para ambulatório
da etiologia e tratamento

Internamento, investigação
da etiologia e tratamento
Estabilização e otimização do tratamento
em consulta hospitalar/hospital de dia

Estabilização da fase aguda Seguimento


em cuidados de saúde primários;
Referenciação nos casos de agudização;
Estabilização e otimização do tratamento
em consulta hospitalar/hospital de dia
Diagnóstico em serviço de urgência

Cuidados paliativos em IC

Apresentação

Figura 1 Os fluxos assistenciais em torno da insuficiência cardíaca evidenciam a necessidade de equipas multidisciplinares, coor-
denadas, envolvendo os vários níveis do Sistema Nacional de Saúde e que assegurem o manejo integrado da síndrome e prestem
cuidados médicos conforme as recomendações internacionais.
Abreviaturas IC: insuficiência cardíaca.
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Pela melhoria do tratamento da Insuficiência Cardíaca em Portugal 5

papel das diversas especialidades que lidam com esta enti- A ecocardiografia é hoje uma técnica de fácil acesso.
dade. Assim, será necessário o estabelecimento de um fluxo Contudo, a falta de uniformização dos relatórios ecocardi-
organizado do processo assistencial e uma definição clara ográficos torna-os inadequados para um diagnóstico correto
das responsabilidades, de forma a garantir um suporte oti- em doentes com IC, sendo frequentemente omissos ou de
mizado ao doente do início ao fim do seu percurso no sistema difícil leitura por não-cardiologistas, o que constitui um
de saúde (Figura 1). problema adicional a superar.
Os intervenientes principais na gestão assistencial desta
síndrome são os especialistas de MGF, os cardiologistas, os
Tratamento no ambulatório e referenciação
internistas e os intensivistas. Os doentes com IC apresen-
Atualmente, ainda persiste alguma indecisão no seio de
tam frequentemente múltiplas comorbilidades e, portanto,
especialistas de MGF relativamente à iniciação e titulação
outros especialistas deverão, igualmente, desempenhar um
da terapêutica farmacológica na IC. Existem também cons-
papel importante na sua gestão clínica.
trangimentos no que concerne à referenciação hospitalar e,
Assim, diferentes especialidades médicas intervêm em
reversamente, na articulação entre os hospitais e os CSP
torno de um mesmo doente, tornando-se essencial que a
relativa ao retorno dos doentes à MGF após o evento agudo.
comunicação e articulação entre todas e entre os vários
De um modo geral, os profissionais de saúde especializa-
níveis dos cuidados de saúde seja eficaz. É facto assente que
dos em IC escasseiam entre nós, assim como estruturas
os doentes são mais bem tratados em programas de manejo
especializadas que possam prestar cuidados de proximidade
integrado da síndrome e por equipas multidisciplinares dedi-
nesta patologia e que permitam diagnosticar e tratar pre-
cadas à IC1,27 (Figura 1).
cocemente as descompensações da mesma. A oferta de
Contudo, o fluxo de informação entre os diferentes níveis
programas de reabilitação cardíaca para os doentes com IC
de prestação de cuidados de saúde é deficitário, apesar da
é igualmente diminuta27 .
existência da Plataforma de Dados para a Saúde (PDS). Como
tal, a articulação entre os CSP e os cuidados hospitalares,
nomeadamente os serviços de cardiologia e de medicina Fase aguda e internamento
interna, bem como entre especialidades intra-hospitalares, Atualmente, tal como é o caso para o EAM, considera-se fun-
requer uma franca melhoria. damental que o tratamento da IC aguda seja iniciado o mais
precocemente possível1 . No entanto, as recomendações,
baseadas na pouca evidência existente nesta área, per-
Ausência de um «processo assistencial de manejo
mitem atuações díspares, baseadas fundamentalmente na
integrado da insuficiência cardíaca» e deficiências
experiência individual do médico, não existindo em Portugal
ao longo do percurso no sistema de saúde um algoritmo de tratamento padronizado e sistematica-
mente aplicado, e/ou equipas adequadamente preparadas
A ausência de um «processo assistencial de manejo inte- para o implementar nos serviços de urgência, medicina
grado do doente com IC» devidamente organizado reflete-se interna e cardiologia1 .
num conjunto vasto de deficiências ao longo do percurso
destes doentes no sistema de saúde (Figura 1).
Pré-alta e fase vulnerável
Em Portugal, não existem ainda cuidados de transição orga-
Diagnóstico
nizados de forma sistemática. O correto planeamento da
Em Portugal, o diagnóstico é muitas vezes tardio, ocorrendo
alta deve incluir, entre outros, a educação do doente e cui-
frequentemente só aquando do primeiro internamento, ao
dador, a introdução e titulação adequada de todos os fárma-
invés de ser efetuado precocemente pela MGF, o que se
cos capazes de alterar o curso da doença, a transferência da
deve em muito à ausência de reconhecimento dos sinais
informação e o agendamento de reavaliação precocemente
e sintomas por parte dos doentes e/ou cuidadores, pouco
em consulta hospitalar até às duas semanas após a alta e pela
alertados para a doença. A suspeita do diagnóstico estabele-
MGF na 1a semana após a alta hospitalar, de forma a redu-
cido com base na clínica (por vezes adicionada do ECG e/ou
zir o risco de reinternamento e de morte durante esta fase
radiografia do tórax) carece de comprovação objetiva da
vulnerável1 . É ainda recomendada a referenciação dos doen-
existência de disfunção cardíaca oriunda de outros exames
tes de maior risco a programas multidisciplinares de manejo
complementares de diagnóstico: doseamento de peptídeos
integrado da IC e a programas de reabilitação cardíaca1 .
natriuréticos (BNP/NT-proBNP) e/ou exames de imagem,
sendo o ecocardiograma o mais acessível1,27 .
A MGF não tem um acesso fácil aos exames complemen- Referenciação a programa multidisciplinar de manejo
tares, nomeadamente ao doseamento dos biomarcadores integrado da insuficiência cardíaca
(BNP ou NT-proBNP) não comparticipados pelo SNS em As clínicas de IC têm cada vez maior relevância no processo
ambulatório, os quais, dado o seu elevado valor preditivo assistencial de IC. Estas são constituídas por equipas multi-
negativo, evitariam falsos diagnósticos de IC e o recurso disciplinares, envolvendo especialistas em IC (cardiologistas
desnecessário à ecocardiografia, muito mais dispendiosa. e/ou internistas e/ou especialistas de MGF e enfermeiros)
A disponibilização destes doseamentos à MGF traduzir-se-ia e outros profissionais de saúde, farmacêuticos, dietistas,
numa melhoria assistencial, no sentido em que permitiria fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais que pro-
seguramente diagnósticos mais precoces, e numa redução movem uma abordagem sistematizada da IC. Estas equipas
dos custos advindos da repetição de exames, de diagnós- mostraram ser custo-efetivas e capazes de melhorar a
ticos errados e da referenciação incorreta para serviços qualidade de vida dos doentes, de reduzir os internamentos
hospitalares. e a mortalidade1 .
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6 C. Fonseca et al.

A adesão à terapêutica farmacológica e não farmacoló- • os media, enquanto meios para a informação e
gica e a deteção precoce de descompensações são outros educação da população;
dos aspetos fundamentais a promover na fase estável. Para • a indústria farmacêutica e dos dispositivos médicos,
tal, é necessário implementar a educação dos doentes e dos enquanto parceiro para a melhoria das condições de
cuidadores, tarefa habitualmente a cargo de enfermagem, saúde.
a qual deverá também ser especializada em IC. 2. Implementação de um plano nacional para formação de
Outro aspeto essencial é a acessibilidade a estas estrutu- profissionais de saúde em IC, nomeadamente médicos e
ras, permitindo o tratamento precoce da descompensação enfermeiros, promovendo a sua especialização. Inclusão
em regime de hospital de dia, evitando o reinternamento da IC no Plano Nacional de Saúde e elaboração de normas
e/ou o recurso ao serviço de urgência, minimizando os cus- de orientação clínica (NOC), baseada nas recomendações
tos. O recurso à telemedicina para a gestão do doente em fundamentais da ESC. As NOC deverão adaptar-se ao con-
ambulatório poderá ser ponderado e revela-se promissor, texto nacional e ter em conta o aumento da prevalência
mas requererá ainda algum trabalho de investigação. da síndrome nos próximos anos.
Contudo, é fundamental reconhecer que estas 3. Inclusão da IC como prioridade no «Programa Nacional
estruturas são escassas entre nós, tal como o é a para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares», já a partir
enfermagem especializada em IC. da próxima edição (inclusive) e nos programas locais de
saúde.
Reabilitação cardíaca 4. Melhoria do diagnóstico precoce através da disponi-
Igualmente escassos, senão virtuais, são os programas de bilização do doseamento de NT-proBNP aos CSP e da
reabilitação cardíaca dirigidos aos doentes com IC em Portu- comparticipação pelo SNS.
gal, apesar dos benefícios comprovados, das recomendações 5. Criação de um «Boletim de IC» que permita um acom-
inequívocas para a referenciação e da existência de um panhamento adequado do doente através do registo e
apelo da Sociedade Portuguesa de Cardiologia à ação nesta transmissão da informação clínica, facilitando o acesso à
área, como patente no documento publicado no website mesma a todos os que participam na assistência a estes
desta sociedade28 . doentes.
6. Promoção da partilha de boas práticas entre serviços de
assistência aos doentes com IC (serviços de cardiologia,
Cuidados paliativos e de fim de vida
serviços de medicina interna, hospitais de dia, MGF).
Será ainda necessário refletir numa estratégia para a
prestação de cuidados paliativos e de fim de vida aos doen-
tes com IC, raramente contemplados no planeamento destas
estruturas.
Sugestões de medidas a médio prazo:
Estratégias para a melhoria da assistência
médica aos doentes com insuficiência cardíaca 1. Implementação de uma campanha de informação e
em Portugal sensibilização sobre IC junto dos cidadãos, dos doentes,
dos enfermeiros e dos médicos. Esta tarefa poderá ser
conjugada com as iniciativas da ESC (através da Heart
A fim de melhorar a assistência médica aos doentes com
Failure Association) e pela Sociedade Portuguesa de
IC no nosso país, são necessárias medidas a curto, médio e
Cardiologia, nomeadamente ao nível do seu Grupo de
longo-prazo.
Estudos de IC. Sugere-se que esta campanha inclua a
divulgação de:
Sugestões de medidas a curto prazo: • Carta Europeia Para a Saúde do Coração;
• site heartfailurematters, tendo como alvos os doentes
1. A medida mais urgente a implementar para a modificação e os cuidadores.
do panorama descrito será a união dos diferentes interve- 2. Criação de um «processo assistencial de manejo inte-
nientes em saúde para a constituição de uma «aliança», grado da IC» codificado e aplicável em todo o país,
com o objetivo de tornar a IC uma prioridade de saúde e começando pela criação de protocolos de articulação
melhorar a sua gestão. Esta «aliança» deverá envolver: técnico-científica, entre agrupamentos de centros de
• poder político e regulador, nomeadamente a Comis- saúde (ACES) e os centros hospitalares da respetiva área
são de Saúde da Assembleia da República, o Ministério geográfica. Este processo implicará a criação de uma
da Saúde, com o envolvimento particular de algu- rede nacional de equipas multidisciplinares dedicadas
mas das suas estruturas designadamente a Direção ao tratamento integrado do doente com IC. Entre outras
Geral de Saúde e a Coordenação das Doenças Cérebro- medidas, sugerem-se a implementação dos hospitais de
-Cardiovasculares; dia e o aumento da oferta de programas de reabilitação
• as sociedades científicas, nomeadamente as Socieda- cardíaca para doentes com IC.
des Portuguesas de Cardiologia, de Medicina Interna, 3. Implementação de indicadores de desempenho relativos
de Cuidados Intensivos; à assistência médica aos doentes com IC quer em
• a Ordem dos Médicos e os colégios das várias especia- termos da consulta externa quer de internamento,
lidades envolvidas; aplicáveis aos serviços hospitalares e à MGF. Para tal,
• a Ordem dos Enfermeiros; poderão ser utilizados os performance measurements
• associações de doentes com IC; preconizados pela ESC e pela ACC/AHA29,30 .
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Pela melhoria do tratamento da Insuficiência Cardíaca em Portugal 7

4. Revisão dos GDH para a IC no que concerne à sua Conflito de interesse


definição e atualização do seu valor bem como do da
sessão de tratamento da IC em regime de hospital de dia. Nenhum dos autores tem conflitos de interesse a declarar no
5. Padronização dos relatórios ecocardiográficos, promo- que concerne o conteúdo deste documento.
vendo uma maior homogeneidade a nível nacional, de O presente trabalho recebeu uma bolsa não condicionada
forma a melhorar a qualidade da informação fornecida por parte da Novartis.
aos clínicos.
6. Implementação de uma rede eficaz de cuidados
paliativos que contemple os doentes com IC. ANEXO 1. Pela melhoria do tratamento
da Insuficiência Cardíaca em Portugal ---
Documento de consenso
Sugestões de medidas a longo prazo:
Posição de peritos subscrita pelo Grupo de Estudos de Insu-
1. Promoção da melhoria dos sistemas eletrónicos de parti- ficiência Cardíaca da Sociedade Portuguesa de Cardiologia;
lha de informação clínica disponíveis, nomeadamente da Núcleo de Estudos de Insuficiência Cardíaca da Sociedade
PDS. Portuguesa de Medicina Interna (SPMI); Colégio da Especia-
2. Implementação de uma metodologia de recolha de lidade de Medicina Geral e Familiar da Ordem dos Médicos;
dados, de forma a atualizar os dados epidemiológi- Núcleo de Estudos de Doenças Cardiovasculares em Medicina
cos sobre a IC, permitindo um acompanhamento da Geral e Familiar e Núcleo de Enfermagem em Cardiologia da
progressão da síndrome e recolhendo, entre outros Sociedade Portuguesa de Cardiologia.
parâmetros, informação sobre qualidade de vida (com
recurso a questionários padronizados) e impacto da sín- Grupo de Estudos de IC da SPC
drome em termos de absentismo laboral de doentes e Cândida Fonseca (coordenadora)
cuidadores. Dulce Brito
Susana Costa
Núcleo de Estudos de IC da SPMI
Conclusões Paulo Bettencourt (coordenador)
César Lourenço
A insuficiência cardíaca constitui um grave problema de Inês Araújo
saúde pública em Portugal, dadas as suas elevadas preva- Irene Marques
lência, morbilidade e mortalidade e o considerável impacto Joana Pimenta
que representa do ponto de vista económico. Jorge Mercier
Pela grande diversidade nacional no que concerne à Pedro Morais Sarmento
prestação da assistência aos doentes com IC, quer a nível
hospitalar quer a nível dos cuidados primários, não foi Núcleo de Enfermagem em Cardiologia da SPC
ambição do presente trabalho sugerir um modelo único de Manuel Belo Costa (Coordenador)
melhoria. Ao invés, será necessário definir e implementar Madalena Carvalho
estratégias que atentem às especificidades regionais, de Susana Quintão
modo a otimizar os recursos existentes e a articulação dos Marisa Serrano
mesmos. Ana Catarina Bastos
Existe entre a comunidade portuguesa de pro- Colégio da Especialidade de Medicina Geral e Familiar
fissionais de saúde que se dedicam à IC uma inadiável da Ordem dos Médicos
vontade de mudança. Este documento, redigido por um José Maria da Silva Henriques (Presidente)
conjunto de peritos, pretendeu analisar o problema, iden- Anabela Pimentel Lopes Cunha Vaz
tificar as deficiências e propor soluções para um aumento Ângela Maria de Oliveira Teixeira
do reconhecimento da necessidade de agir, priorizando a António Nelson Gomes Rodrigues
gestão desta síndrome no contexto de saúde nacional. Lénia Isabel de Gouveia Olim
Maria de Lourdes Sousa Tavares Da Silva
Maria Luciana Gomes Domingues Couto Carvalho
Responsabilidades éticas Maria Pacheu Catanho Patrício
Noélia Rubina Correia Sousa Costa
Proteção de pessoas e animais. Os autores declaram que Pedro Camilo de Araújo Lima de Vasconcelos
para esta investigação não se realizaram experiências em
seres humanos e/ou animais. Núcleo de Estudos de Doenças Cardiovasculares em MGF
Maria Helena Febra (Coordenadora)
Maria Teressa Libório
Confidencialidade dos dados. Os autores declaram que não Maria Helena Oliveira
aparecem dados de pacientes neste artigo. Carolina Resende
Paula Oliveira
Direito à privacidade e consentimento escrito. Os auto-
res declaram que não aparecem dados de pacientes neste Referências
artigo.
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