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DOCUMENTO REGULAMENTAR PARA A ATRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA DE

MEDICINA PALIATIVA PELA ORDEM DOS MÉDICOS

 Introdução
É hoje reconhecido que o desenvolvimento social e os progressos da Medicina ao
longo do século XX levaram a um aumento da longevidade e à alteração marcada
dos padrões de morbilidade e de mortalidade. As principais causas de morte
passaram a ser as doenças crónicas, com o final da vida a ocorrer após um período
mais ou menos longo de dependência, e assistimos a uma nova realidade, com um
número crescente de doentes com cancro avançado e com outras doenças
progressivas graves não-oncológicas.1,2 Estes doentes, cada vez mais presentes
nas enfermarias dos nossos hospitais3-5, e também no domicílio, carecem de
cuidados de saúde adequados, embora diferentes na sua natureza e especificidade
daqueles que são oferecidos aos que têm doença aguda e/ou com perspectiva de
cura.
Grande parte do orçamento da Saúde dos países Ocidentais é gasto com os
cuidados prestados durante o último ano de vida dos doentes. 4,6,7 Estudos apontam,
no entanto, para que os tratamentos que lhe são prestados, nas estruturas
tradicionais de saúde vocacionadas para o tratamento curativo, não são os
adequados, quer nos objectivos de intervenção no sofrimento, quer no controlo de
sintomas, e mesmo na atenção à família. 2,4,5,8 Esse facto leva a sofrimento
desnecessário e evitável nas pessoas doentes em fim de vida e traduz alguma
desadequação da resposta dos serviços de saúde 9. Existe também a evidência de
que, de acordo com diferentes contextos assistenciais e com a maior ou menor
formação dos médicos em cuidados paliativos, as pessoas com doenças
avançadas, irreversíveis e progressivas recebem diferentes tipos de cuidados de
saúde, nem sempre adequados às suas reais necessidades. 8,10
A formação dos médicos nas questões de fim de vida surge pois, como um factor
crítico para o desenvolvimento dos serviços de saúde em geral, e particularmente
dos de Cuidados Paliativos, com a consequente melhoria da qualidade dos
cuidados de saúde prestados a um número relevante (milhares) de cidadãos
portugueses e também a melhoria da eficiência dos serviços de saúde – estamos
por isso, a falar de aumentar Ganhos em Saúde.

1 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Conceito de Cuidados Paliativos
Na década de sessenta do séc. XX, face ao abandono a que eram votados os
doentes com doenças avançadas e prognóstico limitado, surgiu o “Movimento dos
Hospices”. A criação em 1967, do St Christopher’s Hospice em Sydenham, Londres,
por Dame Cicely Saunders, foi um primeiro e valioso marco neste Movimento. No
Canadá, em 1975, o médico Balfour Mount fundou o primeiro Serviço integrado num
hospital terciário, constituído não só por uma unidade de internamento mas também
por consulta externa, apoio domiciliário e apoio no luto. É ele também o responsável
pela introdução do termo “Cuidados Paliativos” 11,12, um outro marco fundamental
neste processo.

Os Cuidados Paliativos foram definidos pela OMS, em 2002, como “uma abordagem
que melhora a qualidade de vida dos doentes e suas famílias que enfrentam
problemas associados às doenças graves (que ameaçam a vida) e/ou avançadas e
progressivas, através da prevenção e alívio do sofrimento por identificação precoce,
prevenção e tratamento rigorosos da dor e de outros problemas físicos, psico-
sociais e espirituais”. O seu âmbito não se restringe aos idosos, aos doentes
oncológicos ou aos doentes terminais (meses de vida) e muito menos aos doentes
moribundos (últimos dias ou horas de vida), mas a todos aqueles que têm doenças
avançadas e progressivas, como as doenças neurológicas degenerativas, a SIDA
ou as falências de órgão em fase avançada. Com esta definição abre-se a hipótese
de estreita colaboração, num modelo de cuidados partilhados e que devem ser
oferecidos muito antes da morte (semanas, meses, e por vezes anos), entre os
Cuidados Paliativos e as especialidades médicas que seguem estes doentes desde
fases mais precoces da doença.13

No que concerne à doença oncológica, estima-se que cerca de 50% dos novos
casos evoluirá desfavoravelmente, atendendo também ao facto de muitos casos
serem diagnosticados tardiamente e numa fase avançada. Nestes doentes, os
sintomas presentes - e estes constituem apenas uma parte do sofrimento que eles
experimentam - são múltiplos e numerosos, em função da progressão da doença. 14
Noutras doenças como a SIDA, a Insuficiência Renal Crónica, a Doença Pulmonar
Obstrutiva Crónica e a Insuficiência Cardíaca Congestiva, os sintomas são
igualmente muito prevalentes 14-16 e implicam sofrimento acrescido para um largo
número de doentes e suas famílias. Segundo a EAPC no seu documento sobre

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organização de serviços, calcula-se que 60% dos doentes oncológicos e 40% dos
doentes não oncológicos beneficiam de Cuidados Paliativos.
Os Cuidados Paliativos proporcionam uma intervenção estruturada no sofrimento
associado à doença avançada, existindo hoje evidência consistente de que
proporcionam melhor controlo de dor e dos outros sintomas, sem encurtar a vida do
paciente, com maior adequação aos objectivos do doente, maior satisfação do
cuidador e menores gastos em saúde, traduzindo uma maior eficiência. 17-19

A implantação dos Cuidados Paliativos é muito variável nos países europeus. Estes
cuidados assumem várias tipologias assistenciais, como as Unidades de
Internamento, integradas em Hospitais ou em instituições residenciais e atendendo
diferentes tipologias de doentes paliativos, as Equipa Intra-Hospitalares de Suporte
em Cuidados Paliativos (EIHSCP) sem camas directamente adstritas, as Equipas de
Apoio Domiciliário, as Unidades de Dia e as Clínicas de Ambulatório com consulta
externa.2,3,20
As necessidades estimam-se em 80-100 camas de internamento em Unidades de
Cuidados Paliativos (UCP) e unidades tipo hospice por milhão de habitantes 20, uma
EIHSCP por cada hospital de agudos (pelo menos nos que têm 250 camas ou mais)
20
.

 Desenvolvimento de serviços de Cuidados Paliativos em Portugal


Apesar do surgimento progressivo nos últimos 20 anos de várias equipas de
Cuidados Paliativos, em Portugal estamos ainda muito aquém do recomendado 21,22.
De acordo com dados do Portal do SNS , (https://www.sns.gov.pt/sns/cuidados-
paliativos/), existem atualmente em Portugal continental 39 EIHSCP (6 hospitais do
SNS não têm), 19 ECSCP / equipas domiciliárias e 27 unidade de internamento
(UCP) com um total de 376 camas (207 para doentes agudos e 169 em UCP-
RNCCI). Existe ainda um Serviço Integrado de CP na Região Autónoma da Madeira
com UCP (10 camas), EIHSCP e Equipa domiciliária e na Região Autónoma dos
Açores, uma UCP (10 camas) e EIHSCP no Hospital de Ponta Delgada e 3 equipas
domiciliárias, nas ilhas Terceira, Faial e S. Miguel. A estas equipas do serviço
público de saúde associam-se equipas de CP em diversos hospitais privados.

Apesar do aumento significativo de recursos específicos de CP nos últimos anos, a


grande maioria das equipas está subdimensionada em recursos humanos, nem

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todos têm a formação adequada, o que condiciona uma clara escassez de
respostas face às necessidades e às recomendações das entidades competentes.
O distrito de Leiria contínua ainda a não ter qualquer resposta específica de
Cuidados Paliativos.

Urge por isso, desenvolver uma verdadeira Rede estrutural e funcional de CP, com
respostas nos Hospitais de Agudos, nas instituições residenciais para crónicos, com
equipas de suporte em todos os Hospitais e também equipas na comunidade para
apoio domiciliário. Este desenvolvimento assentará, obviamente, em recursos
humanos, nomeadamente médicos, devidamente formados e qualificados.

Em Portugal existiram a partir de 2004 e como circular normativa do Ministério da


Saúde, vários Programas Nacionais de Cuidados Paliativos, em que se reconhecia
a necessidade dos profissionais que trabalham nesta área, nomeadamente os
médicos, possuírem formação específica credível para poderem desempenhar esta
actividade.26 Mais tarde, também no Decreto-Lei de Junho de 2006 que cria a Rede
Nacional de Cuidados Continuados essa necessidade é ressaltada e reconhecida,
sendo previsível a necessidade crescente de profissionais que sustentem o
desenvolvimento da referida Rede, nomeadamente no que concerne aos médicos e
aos Cuidados Paliativos. Mais recentemente, em 2012, foi aprovado no Parlamento
a Lei de Bases dos Cuidados Paliativos (Decreto-Lei 52/2012, de 5 de Setembro)
que cria a Rede Nacional de Cuidados Paliativos, e já em 2016 foi empossada a 1ª
Comissão Nacional de Cuidados Paliativos (Despacho nº 7824/2016 de 15 de
junho), iniciando-se assim a regulamentação desta Rede e a implementação de um
plano estratégico para a organização dos serviços e formação dos recursos
humanos na prestação de Cuidados Paliativos (Plano Estratégico para o
Desenvolvimento dos CP no biénio 2017-2018, aprovado pelo Despacho nº 14311-
A-2016 de 28 de novembro).
 Necessidade e níveis de Formação em Medicina Paliativa
Sendo os Cuidados Paliativos necessariamente interdisciplinares, na sua vertente
médica eles correspondem à Medicina Paliativa, que apresenta hoje um corpo de
conhecimentos específicos, com atitudes e aptidões bem determinadas e expressas
através de documentos com recomendações curriculares para diferentes níveis,
nomeadamente o de especialização. O seu campo de trabalho é bem reconhecido:

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“é o doente com doença grave e/ou avançada e prognóstico limitado, em que a
acção é o alivio global do sofrimento e a promoção do conforto e qualidade de vida
da pessoa doente, família e/ou dos que lhe são significativos”. 2,20

Esta área de actuação da Medicina moderna, que retoma o mandato ancestral de


acompanhamento para todo o tipo de doentes, mesmo quando não se curam,
representa a resposta eficaz para doentes sem expectativa de cura e em sofrimento,
e tem conhecimentos que envolvem não só um saber clínico de controlo da dor e de
outros sintomas, como também uma abordagem holística dos problemas
existenciais, emocionais, espirituais, o apoio à família, apoio no luto, a comunicação
adequada e o trabalho em equipa. 2,20

Tal como noutras áreas da saúde, não existem estruturas de Cuidados Paliativos
credíveis nem Cuidados Paliativos de qualidade sem recursos humanos
devidamente preparados. As Equipas de Cuidados Paliativos têm na sua
constituição mais básica pelo menos um médico, um enfermeiro, um assistente
social e um psicólogo – embora, por motivos que vão desde a prevenção do “burn-
out" ao assegurar serviços em continuidade, seja desejável que tenham mais
elementos - com formação obrigatória, avançada e específica, e treino em cuidados
paliativos. Aliás, convém voltar a sublinhar que a formação é considerada o factor
crítico de sucesso na implementação dos serviços de Cuidados Paliativos, estando
também demonstrado que a falta de reconhecimento da Medicina Paliativa como
competência/especialidade dificulta o desenvolvimento dos referidos serviços 23,24
Na Recomendação Rec (2003) 24 do Comité de Ministros do Conselho da Europa
aos seus Estados Membros é explicitada a necessidade de formação em Cuidados
Paliativos em três níveis: básico, intermédio e avançado. Essa mesma
recomendação é repetida pela “European School of Oncology” (ESO) e pela
“European Association for Palliative Care” (EAPC). 6,23,24 Esta última recomenda
também 3 níveis de formação: A - Formação básica obrigatória incluída no curso de
Medicina; B - Formação de pós-graduação para médicos generalistas e outros
especialistas com interesse em Cuidados Paliativos; C - Formação de especialista
em Medicina Paliativa (tabela 1). A nível de desenvolvimento de competências
necessárias para a prestação de Cuidados Paliativos, esta mesma associação
recomenda que ela se desenvolva também em três níveis: uma abordagem paliativa
básica (acções paliativas); cuidados paliativos generalistas (para médicos com

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formação básica em paliativos mas em que os cuidados paliativos não são o foco
principal do seu trabalho, e que prestem cuidados a doentes oncológicos e pessoas
com doenças crónicas) e cuidados paliativos especializados (por profissionais que
tenham necessariamente formação e treino avançados e dediquem a maior parte do
seu tempo a esta prática).

A resolução mais recente da OMS sobre cuidados paliativos é extremamente


importante e reforça a necessidade de diferentes níveis de formação nesta área. Foi
aprovada unanimemente em 2014 na Assembleia Mundial de Saúde.

Tabela 1. Níveis de Formação propostos para Portugal27, de acordo com EAPC

Já desde há alguns anos que nalgumas Faculdades de Medicina do país se


leccionam Cuidados Paliativos, quer a um nível pré-graduado, quer pós graduado, a
nível de mestrados. Quanto ao ensino pré-graduado nas Faculdades de Medicina,
entidades como a Associação Europeia de Cuidados Paliativos vêm desde há anos
a fazer recomendações claras sobre o desenvolvimento de curricula, com sugestão
de conteúdos a ministrar e as competências a alcançar 28. Lamentavelmente, a
formação em Cuidados Paliativos não está disponível a nível pré-graduado em
todas as Faculdades e apenas nas Universidades do Algarve, Minho e Faculdade
de Medicina da Universidade de Lisboa a sua frequência é obrigatória.

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Passando à área pós graduada, acresce que a larga maioria dos médicos,
nomeadamente dos que trabalham em áreas como a Medicina Interna, a Oncologia,
a Medicina Geral e Familiar, a Neurologia – áreas de elevada prevalência de
doentes crónicos incuráveis e em fim de vida -, não têm qualquer formação – pré ou
pós graduada - em Cuidados Paliativos, seja ela efectuada dentro ou fora do
período de realização do internato. Isso, para além de gerar maior ineficiência,
maior sofrimento para doentes, famílias e profissionais, reflecte-se quer no tipo de
cuidados prestados a estes doentes, quer no facto de não serem devidamente
referenciados para equipas de Cuidados Paliativos. Ainda de acordo com dados
apresentados pelo Observatório Português de Cuidados Paliativos em janeiro de
2016, numa amostra de mais de 1200 doentes internados nos nossos hospitais em
2014, apesar de se terem encontrado cerca de 50% de pacientes com critérios para
poder beneficiar de Cuidados Paliativos, menos de 8% foram referenciados para
esses Cuidados. Está claramente identificada uma lacuna formativa dos médicos
portugueses no que às questões de fim de vida diz respeito.

Quanto à especialização, de referir que a Medicina Paliativa é já reconhecida como


especialidade na Grã-Bretanha há mais de 20 anos, mais recentemente foi-o na
Austrália e Nova Zelândia, e é uma sub-especialidade nos Estados Unidos da
América, Canadá, França, Alemanha, Letónia, Polónia, Roménia e Eslováquia. 2,24
Nestes países, um especialista em Medicina Paliativa é definido em vários domínios
específicos, como Perito médico/ “Clinical decision maker”, Comunicador/
Colaborador, Gestor, Provedor da Saúde e Profissional, com capacidade para agir
em qualquer contexto, (hospitalar, domiciliário, “hospice”). Os domínios, temas e
objectivos de aprendizagem são similares nos programas dos vários países,
diferindo na duração e nos pré-requisitos para frequentar os ditos programas.

Em Portugal, existem algumas Unidades de Cuidados Paliativos desde há mais de


20 anos, onde trabalham médicos que, para além da formação realizada em
instituições (nacionais e estrangeiras) credenciadas e da larga experiência
acumulada, realizaram formação específica avançada, o que confere maior
credibilidade à sua prática.21 São 58 os colegas que, cumprindo critérios de
exigência bem definidos, já têm reconhecida a competência em Medicina Paliativa
pela Ordem dos Médicos.

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O processo de estabelecimento da Medicina Paliativa como uma Competência
Médica pela Ordem dos Médicos começou há cerca de 4 anos. Este avanço deverá
contribuir decididamente para, por um lado, garantir a qualidade da formação
através de um conhecimento estandardizado adequado para acompanhar estes
doentes e suas famílias, e por outro, garantir que um maior número de médicos
acedam a formação específica avançada de qualidade, com reconhecimento
nacional e internacional.

Por outro lado, fica também claro que as necessidades neste âmbito são crescentes
e significativas, e que na realidade portuguesa as respostas assistenciais neste
sector são ainda manifestamente insuficientes. Acresce que a devida preparação
dos médicos nesta matéria é também insuficiente. Exige-se uma preparação
transversal e consistente, iniciada a nível pré-graduado e depois disso, de todos os
médicos que se dedicam ou venham a dedicar às áreas clínicas com maior
prevalência de doenças crónicas, por forma a responder adequadamente a este
cenário. Exige-se ainda a preparação ao nível de especialização de um grupo de
médicos, com formação avançada e treino adequado, que se dedicarão
especificamente a esta área.

Dito isto, convém sistematizar dizendo que, no âmbito alargado da formação em


Medicina Paliativa, a nossa visão é de que:
o deve existir uma disciplina obrigatória de M.Paliativa em todas as Escolas
Médicas do país
o deve realizar-se formação pós-graduada obrigatória de Medicina Paliativa, a
implementar faseadamente e de acordo com existência de recursos credíveis para
ministrar esta formação, nos internatos médicos de pelo menos as seguintes
especialidades: Medicina Interna, Oncologia, Medicina Geral e Familiar, Neurologia,
de acordo com as recomendações para esta área
o deve consolidar-se a competência em Medicina Paliativa para dar lugar à
criação da especialidade de Medicina Paliativa na Ordem dos Médicos.

 Definição e âmbito da formação avançada em Cuidados Paliativos: a


competência e a criação da especialidade

Do que aqui apresentámos, fica claro que a Medicina Paliativa reúne uma
especificidade própria, não sendo ministrada de forma sistematizada e obrigatória a

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nível pré graduado, nem a nível pós graduado dos curricula de outras
especialidades já existentes. Esta área de diferenciação é necessária para
responder a especificidades do sofrimento associado à situação das pessoas com
doença grave, avançada e terminal, e suas famílias.

A Medicina Paliativa diferencia-se pelo estudo e abordagem holística dos pacientes


com doença grave e/ou progressiva, avançada, para a qual o prognóstico é limitado
e o foco principal dos cuidados é a Qualidade de Vida. Esta área de competência
específica envolve não só o controlo sintomático, como o apoio global aos
indivíduos com doenças graves, incuráveis e progressivas, às quais está associado
sofrimento relevante, sendo esse apoio prestado por uma equipa multidisciplinar e
extensível às famílias. A intervenção clínica, em equipa multidisciplinar, vai para
além do tratamento rigoroso dos sintomas e das manifestações físicas da doença
causadoras de sofrimento, estendendo-se ao apoio psicológico, social e espiritual e
prolonga-se pelo período do luto.
Esta intervenção deve fazer-se precocemente no curso da doença e não apenas
nas fases finais da mesma, num modelo de cuidados cooperativos e partilhados
com outras especialidades que podem oferecer intervenções dirigidas à doença.

O treino avançado e especializado em Medicina Paliativa pressupõe uma formação


médica pós-graduada robusta e uma prática clínica orientada para os aspetos
clínicos da Medicina Paliativa. Isto inclui a identificação correta das necessidades
associadas ao sofrimento e intervenção nas mesmas, o correto diagnóstico e
tratamento dos sintomas (baseado no conhecimento da fisiopatologia relevante), a
aplicação de medidas de farmacologia clínica e de medidas não farmacológicas, e o
apoio psicossocial aos doentes e seus familiares. Torna-se ainda fundamental que o
formando médico conheça os princípios do trabalho em equipa e da prática
interdisciplinar, estando ciente da possibilidade de vir a liderar e coordenar equipas
e de se articular com outros profissionais de saúde e outros recursos assistenciais.

O médico com a competência de Medicina Paliativa é um perito médico e um


decisor clínico (conhecendo o significado da doença e dos problemas na perspetiva
do doente, e tomando as decisões clinicas mais apropriadas), um comunicador e um
colaborador (pelas relações de apoio ao doente e familiares, e pela articulação que
estabelece com outros profissionais), um gestor de cuidados (gerindo os seus
conhecimentos, os recursos disponíveis, buscando a eficiência), um advogado em

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saúde (defendendo as soluções para as necessidades dos seus doentes), um
professor (ao transmitir a outros os ensinamentos e experiência que detém), ou
seja, um profissional completo.

O objetivo do treino avançado é que os formandos possam desenvolver-se apoiados


nas aptidões cognitivas e práticas adquiridas durante a formação, desejavelmente
num ambiente formativo multiprofissional e estimulando uma prática reflexiva. No
final do programa de formação avançada em Medicina Paliativa, os formandos
deverão ser competentes para trabalhar como consultores na área, desenvolvendo
uma prática profissional consistente, responsável e autónoma em Medicina
Paliativa.

O documento curricular contém os conceitos mais abrangentes, os objetivos de


aprendizagem com eles relacionados e os conhecimentos teóricos associados, as
perícias clínicas, atitudes e comportamentos requeridos e habitualmente utilizados
pelos médicos de Medicina Paliativa.
É expectável que todo o ensino e aprendizagem associados ao Currículo de
Medicina Paliativa sejam efetuados no contexto da prática diária do médico,
integrando os aspetos específicos desta disciplina e adequando-se ao contexto
assistencial em que o formando se encontra.

O Colégio da Competência de Medicina Paliativa da Ordem dos Médicos


Lisboa, Junho 2017

10 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


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Requisitos obrigatórios para a atribuição da competência de Medicina Paliativa pela
Ordem dos Médicos:
1- Ser médico de uma especialidade clínica, com Título de especialista reconhecido
pela Ordem dos Médicos Portuguesa;

2- Frequência com aproveitamento de ações de formação organizadas por


entidades idóneas, que cumpram critérios de formação avançada (mínimo de 400
horas de contacto ou 60 ECTS de trabalho global) de acordo com as bases
curriculares sugeridas pela EAPC, aqui traduzidas e adaptadas), e são
apresentadas em anexo no ponto V (formação teórica).
3- Formação prática com duração total igual ou superior a 810 h* em Equipas de
Cuidados Paliativos em que pelo menos um dos médicos possua a Competência em
Medicina Paliativa, e desejavelmente realizada nas diferentes vertentes
assistenciais dos Cuidados Paliativos (internamento, EIHSCP com Consulta externa
/ Hospital de dia e apoio domiciliário).
* Poderão ser creditadas as horas / ECTS de prática efetuada em contexto de formação
académica.
4- Publicação ou apresentação em reunião científica de âmbito nacional ou
internacional, de pelo menos 3 trabalhos na área dos Cuidados Paliativos como
autor principal

Os referidos médicos deverão ainda apresentar a seguinte documentação:


a) Documento comprovativo do título de Especialista pela Ordem dos Médicos e
de como se encontra no pleno gozo dos seus direitos estatutários.
b) Documentos comprovativos da realização da formação pós graduada e dos
estágios em instituições idóneas, com a respectiva carga horária
c) Curriculum vitae, até ao máximo de três páginas, em que conste: nome, n° de
Cédula Profissional, data de nascimento, ano de licenciatura, instituições
responsáveis pela formação, local atual de trabalho, concursos, trabalhos
publicados e apresentados em reuniões científicas e outros elementos biográficos
considerados importantes pelo candidato, incluindo ações de formação
frequentadas

Sempre que entendido como necessário, o júri de avaliação pode solicitar o


fornecimento de dados específicos ou esclarecimentos adicionais sobre os itens
referidos.

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Objetivos Curriculares - Currículo Específico de Medicina Paliativa
(adaptado das recomendações da EAPC):

Programa Curricular (resumo)


1. Introdução aos Cuidados Paliativos
1.1 História, filosofia e definições
1.2 Qualidades pessoais e atributos dos médicos de Medicina Paliativa
1.3 Comunicação entre serviços
2. Cuidados Físicos e Tratamento
2.1 Gestão da doença progressiva e com prognóstico reservado
2.2 Processos específicos de doença
2.3 Princípios gerais do controlo sintomático
2.4 Avaliação e tratamento da Dor
2.5 Avaliação e tratamento de outros sintomas e problemas clínicos
2.6 Emergências em Cuidados Paliativos
2.7 Procedimentos Práticos / Competências
2.8 Farmacologia e terapêutica
2.9 Reabilitação
2.10 Cuidados ao doente nos últimos dias de vida (agonia) e à sua família
3. Cuidados e intervenções psicossociais
3.1 Relações sociais e familiares
3.2 Comunicação com doentes e famílias
3.3 Respostas psicológicas nas doenças graves, que ameaçam a vida, e na
perda
3.4 Atitudes e reações dos médicos e de outros profissionais
3.5 Luto
3.6 Aspetos financeiros no doente e família
4. Cultura, Linguagem, Religião e Espiritualidade
4.1 Cultura e etnicidade
4.2 Religião e espiritualidade
5. Ética
5.1 Ética Teórica
5.2 Ética aplicada à prática clínica em Cuidados Paliativos
6. Enquadramento jurídico

12 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


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6.1 Morte
6.2 Terapêutica
6.3 Relação médico /doente
7. Trabalho de equipa
8. Formação (aprendizagem e ensino)
8.1 Aprendizagem
8.2 Ensino
9. Investigação
10. Gestão
10.1 Recursos humanos
10.1.1 Recrutamento
10.1.2 Desenvolvimento do pessoal
10.2 Competências de liderança
10.3 Competências de gestão
10.4 Gestão da informação
10.5 Sistemas de cuidados de saúde relacionados com os cuidados paliativos
10.6 Auditorias

13 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
Programa Curricular Detalhado
1. Introdução aos Cuidados Paliativos
1.1 História, filosofia e definições
 História dos Cuidados Paliativos
 Definição de: Cuidados paliativos; Medicina Paliativa; cuidados de conforto
(“supportive care”); “hospice”; unidade especializada de cuidados paliativos;
unidades de longa duração
 Natureza evolutiva dos cuidados paliativos ao longo da progressão da
doença, incluindo a integração com o tratamento ativo (cuidados partilhados) e o
significado dos pontos de transição ao longo da doença
 Readaptação e reabilitação
 Expectativas e perceções sociais na doença progressiva e avançada, e na
morte
 Conceitos diferentes sobre o que constitui a qualidade de vida (incluindo a
sua medição) e sobre uma boa morte
 Desenvolvimento e estado da Arte dos Cuidados Paliativos num contexto
internacional

1.2 Qualidades pessoais e atributos dos médicos de Medicina Paliativa


 Os requisitos para uma boa prática médica incluem:
o Empatia, respeito e preocupação pelos doentes e suas famílias
o Autoconfiança apropriada, temperada por autoavaliação crítica e
reconhecimento das limitações próprias
 O desenvolvimento aprofundado dos seguintes aspetos de boa prática
médica, particularmente pertinentes para o exercício de cuidados paliativos:
o Trabalho em Equipa
o Avaliação e balanço dos benefícios e contras dos tratamentos a utilizar
(frequentemente de contornos subtis)

14 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
o Cooperação com outras equipas multiprofissionais

o Juízo crítico acerca de quando agir prontamente


o Autoconsciência para observar as estratégias próprias de coping e estilo de
gestão / liderança
o Capacidades de ensino flexível e efetivo
o Prática reflexiva
o Respeito por valores e práticas sociais e religiosas diferentes das do próprio
o Consciência das restrições e diferentes formas de trabalhar em ambientes
diferentes
o Comunicar de forma efetiva e apropriada

1.3 Comunicação entre serviços


 Reconhecimento da necessidade duma comunicação clara e atempada entre
os diferentes prestadores de cuidados de saúde, de forma a permitir uma
continuidade dos cuidados para o doente entre as diferentes instituições,
nomeadamente, domicílio/unidades de cuidados paliativos/hospital/unidades de
crónicos
 Cuidados partilhados com outras equipas multiprofissionais, em que os
Cuidados Paliativos especializados assumem um papel de liderança ou um papel de
suporte, tanto no hospital como nas outras instituições

2. Cuidados Físicos e Tratamento


2.1 Gestão da doença grave, progressiva e com prognóstico reservado
 Avaliação inicial – história detalhada e exame objetivo; avaliação do impacto
da situação no doente e família
 Complexidade da formulação de prognósticos
 Consideração duma larga gama de opções de manejo/tratamento das
doenças

15 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Juízo crítico dos benefícios e malefícios das investigações, tratamentos e da
não-intervenção

 Admitir a necessidade de e ter competências na reavaliação e revisão clínica


 Antecipação e prevenção dos problemas expectáveis (ver item 2.6)
 Reconhecimento dos pontos de transição durante a evolução da doença
 Reconhecimento do processo de morrer e do fim de vida
 Gestão de crise
 Cuidados partilhados com outras especialidades – benefícios, dificuldades,
facilitação
 Reconhecimento das limitações do conhecimento e experiência individuais

2.2 Processos específicos de doença


 Os princípios da terapêutica oncológica, incluindo quimio e radioterapia
paliativa
 A apresentação, vias de metastização e terapêutica atual de todas as
neoplasias malignas mais frequentes
 A apresentação, evolução usual e terapêutica atual de outras doenças
graves, incuráveis e progressivas tratadas no âmbito dos Cuidados Paliativos

2.3 Princípios gerais do controlo sintomático


 Sintomas como uma experiência física, psicológica, social e espiritual
 Importância da anamnese e exame objetivo apropriado no controlo
sintomático – incluindo a utilização das tecnologias de diagnóstico modernas, como
RMN, PET scan, procedimentos invasivos, etc.
 Necessidade de correto diagnóstico da fisiopatologia dum sintoma (seja
devido a doenças concomitantes e respetivo tratamento, seja por etiologias
relacionadas com o cancro ou outra doença causal)

16 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 O leque de opções terapêuticas – tratamentos dirigidos à doença e
tratamentos para controlo sintomático (cirurgia paliativa, radioterapia, quimioterapia,

imunoterapia, terapia hormonal, outros fármacos, fisioterapia, intervenções


psicológicas, terapias complementares)
 Escolha adequada entre tratamento ou não-tratamento, considerando prós e
contras de todas as opções
 Controlo dos efeitos adversos do tratamento
 Necessidade da reavaliação regular da resposta sintomática
 Métodos de avaliação da resposta sintomática
 Controlo de sintomas intratáveis – reconhecimento e oferta de suporte
emocional para doentes, cuidadores, equipas multiprofissionais e para o próprio
médico
 Referenciação a outras Equipas, quando necessário

2.4 Avaliação e Tratamento da Dor


 A Dor como experiência física, psicológica, social e espiritual
 Fisiologia da Dor
 História clínica, exame objetivo e outros exames para a avaliação da Dor
 Instrumentos de avaliação da Dor – clínicos e de investigação
 Diferentes tipos de Dor – nociceptiva, neuropática, irruptiva
 Síndromes dolorosas mais comuns e reconhecidos
 Tratamento Farmacológico da Dor – escada analgésica da OMS e utilização
apropriada de fármacos adjuvantes
 Indicações e benefícios relativos dos diferentes opioides
 Indicações para a apropriada utilização da rotação de opioides
 Controlo dos efeitos secundários dos tratamentos farmacológicos

17 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Avaliação dos prós e contras dos tratamentos, incluindo radioterapia e
quimioterapia

 Tratamentos não farmacológicos – TENS (Estimulação Elétrica


Transcutânea), Acupunctura, Fisioterapia
 Bloqueio de nervos mais comuns e outros procedimentos neurocirúrgicos
 Princípios da administração de analgésicos por via espinal
 Apoio e intervenções psicológicas no controlo da Dor
 Referenciação apropriada para e cuidados partilhados com unidades de
tratamento da Dor

2.5 Avaliação e Tratamento de outros sintomas e problemas clínicos


 Boca seca e mucosite
 Náuseas e vómitos
 Disfagia e alterações da deglutição
 Obstipação/Impactação fecal
 Diarreia
 Tenesmo
 Ascite
 Obstrução Intestinal
 Icterícia
 Prurido
 Dispneia
 Tosse
 Soluços
 Obstrução das vias aéreas

18 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Derrame pleural e pericárdico
 Hemoptise
 Espasmo da bexiga

 Obstruções urinárias
 Problemas sexuais
 Linfedema
 Fístulas
 Deiscência de feridas
 Lesões hemorrágicas/ulcerativas
 Odores
 Úlceras de pressão
 Fraturas patológicas
 Anorexia, caquexia
 Astenia, adinamia
 Alterações hidro-electrolíticas como hipercalcémia, hiponatrémia,
hipomagnesémia
 Síndromes Paraneoplásicos, incluindo secreção inapropriada de HAD
 Neuropatias
 Pressão intracraniana aumentada
 Depressão e outras alterações do humor
 Ansiedade e medo
 Insónia
 Estados confusionais / Delirium
 Alucinações
 Toxicodependência pré-existente
 Nutrição e hidratação
19 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina
Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Sintomas induzidos pelos tratamentos – radioterapia, quimioterapia,
imunoterapia, associados a utilização de fármacos
 Sintomas que ocorrem nos últimos dias de vida

2.6 Emergências em Cuidados Paliativos


 Dor e sofrimento extremos
 Obstrução da veia cava superior
 Hipercalcémia
 Compressão medular
 Tamponamento cardíaco
 Fraturas patológicas
 Delirium / agitação terminal
 Paragem cardiopulmonar
 Hemorragia massiva
 Crise Epilética
 Anafilaxia
 Estados confusionais agudos
 O doente violento
 Ideação suicida aguda
 Sobredosagem
 Síndrome de abstinência alcoólica e de drogas
 Hipoglicémia
 Crises de distonia aguda, oculogíricas e serotonérgicas
 Síndroma maligno associado ao uso dos neuroléticos
 Retenção urinária aguda
 Pneumotórax
 Tromboembolismo pulmonar
20 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina
Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Estridor
 Broncospasmo
 Insuficiência cardíaca congestiva aguda

 Insuficiência renal aguda


 Complicações previsíveis de intervenções terapêuticas ou de outros
procedimentos, incluindo suporte avançado de vida (se tal for apropriado no
contexto clínico)

2.7 Procedimentos Práticos / Competências


 Anamnese e Exame Objetivo dos doentes com doença avançada
 Manuseamento das complicações com :
o estomas
o traqueostomia
o PEG (Gastrostomia Endoscópica Percutânea)
o Sondas nasogástricas
o Ventilação não invasiva
 Toracocentese
 Paracentese
 Seringas infusoras
 Câmaras para nebulização
 Manuseamento de catéteres epidurais/intratecais e perfusões contínuas
(utilizando guidelines locais)

2.8 Farmacologia e terapêutica


 Princípios gerais da farmacodinâmica e farmacocinética

21 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Farmacogenética
 Necessidade de ajuste de dose nos doentes frágeis, idosos e crianças
 Necessidade de ajuste de dose nos casos de metabolismo alterado,
progressão de doença, insuficiência de órgão e últimos dias de vida

 O papel das farmácias hospitalares e comunitárias


 Formulários terapêuticos em Cuidados Paliativos
 Gestão dum orçamento de farmácia: aspetos de custos versus benefícios
 Prescrição - aspetos legais relacionados com a prescrição de fármacos de
prescrição controlada
 Utilização de fármacos segundo uma lógica individual de cada doente
 Utilização de fármacos para além das licenças do respetivo produto
 Utilização de fármacos em ensaios clínicos
 Problemas da polifarmácia
 Ajudar doentes e cuidadores a compreender indicações e a gerir medicação
 Relatar reações farmacológicas adversas ao Infarmed
 Recomendações, guidelines e protocolos – redação, implementação e
utilização
 Adesão e não-adesão aos tratamentos – razões para não-adesão e formas
de aumentar adesão
 Princípios da homeopatia, incluindo indicações e potenciais efeitos
secundários
 Princípios das terapias complementares, incluindo indicações e possíveis
complicações

Relativamente aos fármacos mais frequentes utilizados na medicina paliativa ou


usualmente tomados por doentes que recorrem aos cuidados paliativos, conhecer:
 Vias de administração

22 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Absorção, metabolismo, excreção
 Semi-vida, frequência habitual de administração
 Efeitos adversos e seu controlo

 Utilização de fármacos em seringas infusoras, estabilidade e miscibilidade


dos mesmos
 Interações com outros fármacos
 Possibilidade de tolerância, dependência, adição e síndromes de abstinência
 Disponibilidade de fármacos na comunidade

2.9 Reabilitação
 Treino físico – incluindo fisioterapia, etc.
 Princípios da reabilitação relacionada com as doenças associadas a
dependência gradual e progressiva
 Conceito de manutenção de função através do exercício e terapias
 Reconhecimento da mudança de objetivos ao longo da evolução de uma
doença
 Lidar com os conflitos do paciente/família decorrentes de expectativas
irrealistas
 Equipamentos disponíveis para reabilitação
 Competências específicas de outros profissionais de saúde, por exemplo,
fisioterapeuta, terapeuta ocupacional
 Serviços de apoio disponíveis no domicílio

2.10 Cuidados ao doente nos últimos dias de vida (agonia) e à sua família
 Reconhecimento da fase da agonia
 Avaliação inicial do moribundo
23 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina
Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Prestar cuidados a doentes moribundos e às suas famílias
 Avaliação da medicação requerida
 Reconhecimento de quando suspender ou não iniciar investigações e
tratamentos adicionais

 Gestão dos sintomas na fase de agonia


 Cuidados psicológicos à família
 Conhecimento das práticas culturais e religiosas mais relevantes que se
relacionam com a prática médica, a morte e o luto
 Compreensão dos dilemas éticos na fase de agonia
 Compreensão das medidas farmacológicas nos doentes agónicos, incluindo o
uso de uma seringa infusora
 Compreensão do papel dos fluxogramas e protocolos de cuidados na
melhoria dos cuidados aos moribundos
 Sedação paliativa – indicações e contraindicações

3. Cuidados e intervenções psicossociais

3.1 As relações sociais e familiares

 Valorização do doente na relação com a sua família, com o trabalho e as


circunstâncias sociais
 Impacto da doença nas relações interpessoais
 Impacto da doença na imagem do corpo, na sexualidade e no desempenho
 Construção e utilização de genogramas
 Avaliação da resposta à doença e expectativas entre os membros da família
 Quando e como realizar as conferências familiares

24 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Formas de integrar as necessidades dos parceiros e das famílias na
prestação de cuidados paliativos, tanto em ambiente hospitalar, como em ambiente
domiciliário
 Prestação de cuidados paliativos aos sem-abrigo e aos presos
 Compreensão dos conceitos de ressonância, guiões familiares, homeostase
nas famílias e do impacto da doença e das perdas no sistema familiar

 Consciência das transferências e contratransferências nas relações


profissionais com os doentes e familiares

3.2 Comunicação com os doentes e familiares

 Habilidades em escutar com empatia e falar de forma aberta:


o sobre as preocupações nos domínios físico, psicológico, social e espiritual
o sobre o conhecimento da doença e do seu prognóstico
 Barreiras comuns à comunicação tanto para os doentes como para os
profissionais
 Gestão da transmissão de más notícias, de perguntas difíceis e da
informação, dada com sensibilidade e de forma apropriada, de acordo com os
desejos e as necessidades do indivíduo
 Facilitação da tomada de decisões e promoção da autonomia do doente
 Reconhecimento e gestão de conflitos entre a confidencialidade e a
necessidade de compartilhar as informações com outros
 Problemas/limitações comuns de comunicação: dificuldades de expressão,
surdez e dificuldades de aprendizagem (ver também secção 4)
 Teorias e fundamentos baseados na evidência da prática da comunicação
 Conhecimento e prática de uma variedade de estruturas e de estilos de
realizar consultas

25 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Avaliação crítica das competências pessoais de realizar consulta

3.3 Respostas psicológicas nas doenças graves, que ameaçam a vida, e na


perda
 Reconhecimento das diferentes respostas e emoções expressas pelo doente
e por outras pessoas, incluindo medo, culpa, raiva, tristeza e desespero
 O impacto psicológico da dor e dos sintomas de difícil controlo

 As respostas às incertezas e perdas nas diferentes fases da doença


 A doença em pessoas com demência ou problemas psicológicos ou
psiquiátricos pré-existentes
 Identificação de respostas psicológicas como uma fonte de problemas
adicionais para a família do doente e como formas potenciais de dificultar os
objetivos dos cuidados
 Lidar com:
o a raiva e as emoções fortes
o a perturbação ansiosa
o a transferência
o o conluio e a conspiração de silêncio
o a negação
 As respostas e as necessidades das crianças (incluindo os irmãos) em
diferentes estágios de desenvolvimento
 As respostas e as necessidades de crianças e adultos com dificuldades de
aprendizagem
 A distinção entre tristeza e depressão clínica
 O conhecimento e a aplicação de intervenções terapêuticas, incluindo:
o o aconselhamento

26 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
o a terapia comportamental
o a terapia cognitiva
o as atividades de grupo/grupos auto ajuda
 Papel do relaxamento / hipnoterapia, observação de imagens e visualização,
terapias criativas
 O papel e a disponibilidade dos serviços especializados de apoio psicológico
e psiquiátricos e as indicações para a referenciação

 Lidar com indivíduos violentos e potencialmente suicidas; aplicação de


tratamentos compulsivos

3.4 Atitudes e reações de médicos e outros profissionais

 Consciencialização dos valores pessoais e sistemas de crenças, e como


estes influenciam os julgamentos e comportamentos dos profissionais
 Consciencialização das suas próprias habilidades e limitações e do efeito das
dificuldades ou perdas pessoais
 Capacidade para pedir ajuda aos outros quando necessário
 As fontes potenciais de conflito na relação médico-doente e como lidar com
estes, incluindo:
o o sobre-envolvimento
o a identificação pessoal
o os sentimentos negativos e o choque de personalidade
o os pedidos que não podem ser satisfeitos
 Reconhecimento e gestão do impacto emocional e psicológico dos cuidados
paliativos em si mesmo, na equipe e nos outros colegas
 Ser um colega de apoio a outros membros da equipa

27 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Reconhecimento dos indivíduos que estão a ter dificuldades, e consciência
de quando e como agir, se isso afeta negativamente os cuidados ao doente
 Reconhecimento das vias de apoio que podem ser oferecidas aos
profissionais
 Avaliação da segurança pessoal e dos membros da equipe quando realizam
visitas na comunidade

3.5 Luto

 Teorias sobre o luto, incluindo o processo de luto, a adaptação à perda e o


modelo social de luto
 Dor e luto em crianças
 Reconhecimento do efeito de múltiplas perdas sobre o indivíduo
 Preparação de cuidadores de crianças para o luto
 Suporte do indivíduo ou da família em situação aguda de luto
 Antecipação e identificação de luto anormal e complicado em adultos
 Conhecimento sobre o luto, sobre o sistema de suporte e organização de
serviços de apoio
 Identificação do suporte apropriado no luto para um indivíduo ou família
 O impacto epidemiológico do luto
 Fatores de risco para ocorrência de luto patológico

3.6 Aspetos financeiros no doente e família

 Avaliação financeira do individuo e família


 Acesso a benefícios, subsídios e prémios disponíveis para os doentes e
familiares
 O papel do assistente social e / ou do gabinete de apoio social

28 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
4. Cultura, linguagem, religião e espiritualidade

4.1 Cultura e etnicidade

 Reconhecimento das influências culturais sobre o significado da doença para


o doente e família
 Reconhecimento e integração das diferenças de crença e prática, por forma a
garantir uma avaliação minuciosa das necessidades e cuidados aceitáveis

 Uso e apoio de intérpretes no caso de dificuldades de comunicação


 Consciencialização sobre as crenças e os comportamentos pessoais e a
importância de não os impor aos outros
 Capacidade para reconhecer e lidar com conflitos de crenças e valores dentro
da equipa

4.2 Religião e espiritualidade


 Capacidade para distinguir as diferenças entre a espiritualidade de um
indivíduo e as suas necessidades religiosas
 Capacidade para detetar, de forma apropriada e integrada no processo de
avaliação, as preocupações espirituais
 Questões de espiritualidade relacionadas com doenças graves, que põem a
vida em risco, e o papel da assistência espiritual
 Reconhecimento da importância da esperança e da capacidade de promover
a esperança em cuidados paliativos
 Capacidade de reconhecer e responder à angústia espiritual, incluindo o
encaminhamento para outros profissionais/elementos
 Conhecer os sistemas pastorais de diferentes grupos religiosos e trabalhar
com os seus representantes dentro da equipe multidisciplinar

29 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Conhecer as práticas culturais e religiosas mais relevantes que se relacionam
com a prática médica, a morte e o luto

5. Ética
5.1 Ética teórica
 História da Ética Médica dando ênfase à evolução filosófica e códigos de
prática/conduta

 Análise crítica das abordagens teóricas atuais à ética médica, incluindo os


quatro princípios da ética principialista (beneficência, não-maleficência, justiça e
respeito pela autonomia)

5.2 Ética aplicada à prática clínica dos cuidados paliativos


 Reconhecimento das questões éticas decorrentes da prática clínica diária e
do trabalho em equipa
 Consentimento informado
 Dar informação
 Confidencialidade
 Competência para tomada de decisões específicas
 Indivíduos não-autónomos ou incompetentes
 Juízos no melhor interesse do doente
 Tratamento apropriado e futilidade diagnóstica/terapêutica
 Conflitos de interesses entre doentes e familiares
 Responsabilidade das decisões (de médicos, doentes e equipas)
 Afetação de recursos (incluindo o próprio médico)

30 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Abstenção ou suspensão de tratamentos (incluindo hidratação/não-
hidratação)
 Eutanásia
 Suicídio medicamente assistido
 Princípio do duplo efeito
 Decisões sobre reanimação cardio-respiratória
 Investigação/Ensaios clínicos

6. Enquadramento jurídico

 Conhecimento da legislação sobre os cuidados médicos em fim de vida,


incluindo as questões sobre eutanásia e o suicídio medicamente assistido
 Conhecimento das “linhas orientadoras”/”guidelines” elaboradas pela EAPC e
organizações nacionais de cuidados paliativos

6.1 Morte
 Procedimentos para certificação do óbito, incluindo a sua definição e
processos para confirmação da morte cerebral
 Regulamentos sobre cremação
 Procedimentos a ter face aos familiares após o óbito
 O papel do agente funerário
 Procedimentos no “post-mortem”

6.2 Terapêutica
 Definições de tratamento
 Direito a recusa de tratamento por parte dos doentes

31 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Aspetos legais da prescrição de opioides
 Responsabilidades do médico prescritor/ farmacêutico/ enfermeiro
 Armazenamento de fármacos controlados
 Uso de fármacos não-licenciados
 Suspensão/ abstenção de tratamento em doentes competentes e
incompetentes
 Obrigações de tratar e “não tratar”
 Linhas orientadoras da reanimação/”Guidelines” de reanimação

6.3 Relação médico/doente


 Consentimento

 Doentes autónomos/parcialmente autónomos/ não-autónomos


 Capacidade/competência
 Procuração /poder de representação
 Registo clínico e acesso do doente a este
 Confidencialidade e seus limites
 Agressão / maus tratos físicos / homicídio aplicados à Medicina
 Assistência aos menores (crianças)
 Planificação antecipada de cuidados
 Testamento e diretivas antecipadas de vontade

7. Trabalho de Equipa
 Experiência de trabalho em pelo menos dois serviços de cuidados paliativos
 Capacidade de trabalhar em equipa multiprofissional
 Teorias do trabalho em equipa (psicológicas, psicodinâmicas, de gestão)

32 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Posicionamento do próprio em relação a estes diferentes modelos teóricos do
trabalho em equipa
 Papel e responsabilidade dos médicos nas equipas multidisciplinares
 Competências e contributos dos outros membros da equipa multidisciplinar
 Natureza dos papéis nas equipas: alguma sobreposição, outros
profissionalmente distintos, com limites pouco claros
 O papel dos voluntários nos serviços de cuidados paliativos
 Dinâmicas de grupo em situações diferentes e ao longo do tempo
 Formas de apoio/suporte da equipa
 Estratégias que facilitam o funcionamento das equipas e as que o dificultam
 A inevitabilidade de conflito numa equipa e estratégias para a sua
resolução/manejo

 Combinação de competências numa equipa, especialmente face à entrada de


novos membros
 Presidência/direção das reuniões de equipa
 Como equilibrar as necessidades de diferentes equipas,
concorrentes/sobrepostas a que o mesmo médico possa pertencer em diferentes
momentos
 Aplicação alargada do trabalho em equipa de modo a que inclua todos os
profissionais e organizações envolvidos no cuidado de um doente, como
enfermeiras especialistas, organizações legais ou de voluntários
 O impacto nos doentes e cuidadores do número de profissionais que possam
estar envolvidos nos cuidados

8. Formação (aprendizagem e ensino)


8.1 Aprendizagem

33 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Princípios da formação contínua e de adultos, estilo pessoal de
aprendizagem e prática reflexiva
 Papéis e responsabilidades do formando e do formador
 Papel da supervisão, tutoria, contratos de aprendizagem, avaliação da crítica
e feedback, aprendizagem experiencial.
 Planear objetivos, métodos e metas de aprendizagem
 Conceito de desenvolvimento profissional contínuo
 Medicina baseada na evidência, incluindo o recurso a bases de dados
eletrónicas e da web
 Análise crítica da literatura, incluindo investigação qualitativa e quantitativa
 Aplicação da evidência nos cuidados ao doente

8.2 Ensino

 Contextos de formação (grande / pequeno grupo, pré /pós-graduada,


médica / não médica, multi-profissional).
 Métodos e formas de ensino, incluindo palestras, aprendizagem baseada na
resolução de problemas, role play e ensino à cabeceira do doente
 Seleção, preparação e apresentação de materiais de ensino.
 Técnicas de apresentação
 Métodos de avaliação, incluindo exame clínico objetivo estruturado,
observação de casos, perguntas de desenvolvimento, relatórios de projetos e
estudos de caso.

9. Investigação
 Bases científicas da medicina e suas limitações/especificidades na área dos
cuidados paliativos

34 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Temas e tendências da investigação em medicina paliativa e disciplinas afins,
como por exemplo, oncologia, medicina da dor e reabilitação
 Dimensões éticas e legais da investigação, incluindo normas como a
Declaração de Helsínquia e diretrizes para a industria farmacêutica
 Ética da investigação, métodos de conceção de estudos no contexto
específico dos Cuidados Paliativos
 Conhecimento do método de investigação.
o Formulação de questões originais de investigação
o Desenvolvimento de ideias através da leitura e recurso a peritos locais e
supervisão adequada da investigação
o Aplicação de modelos de estudo adequados, tais como ensaios clínicos
randomizados, técnicas qualitativas, estudos uni e multicêntricos.
o Utilização adequada e limitações dos estudos-piloto
o Análise estatística planeada, adequada à questão de investigação
o Elaboração supervisionada de protocolos

o Fontes de financiamento e de escrita supervisionada de pedidos de


subvenção
o Informação para o doente e consentimento informado
o Segurança do doente e medidas a tomar se surgirem efeitos adversos
o Pedido de autorização para investigação à comissão de ética
o Capacidade de trabalho em grupos de investigação colaborativos
o Análise de dados
o Apresentação dos resultados de investigação num formato relevante, por
exemplo, escrever uma revisão crítica, escrever um artigo científico original para um
jornal com revisores, apresentação de um póster ou comunicação oral numa reunião
científica

35 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
10. Gestão
10.1 Recursos Humanos
10.1.1 Recrutamento
 Escrever uma descrição da sua atividade profissional, incluindo aspetos de
especificação pessoal
 Competências de escuta e entrevista
 Escrever uma carta de referência

10.1.2 Desenvolvimento do pessoal


 Competências de mentor
 Avaliação
 Avaliação de formandos / internos

10.2 Competências de liderança


 Motivar e liderar uma equipa

 Estilos de gestão
 Estabelecimento de metas
 Consciencialização da necessidade de ajuda e orientação
 Dirigir e delegar

10.3 Competências de gestão


 Gestão do tempo
 Trabalhar com um secretário
 Planear, executar e avaliar mudanças

10.4 Gestão da informação


 Colheita de dados do doente

36 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
 Proteção de dados, incluindo direitos de acesso à informação pelos doentes
 Utilização da informática médica e conhecimento do papel da telemedicina

10.5 Sistemas de cuidados de saúde relacionados com os cuidados


paliativos
 Avaliação e acreditação de Serviços de cuidados paliativos
 Avaliação de resultados e indicadores de produção

10.6 Auditoria
 Auditoria clínica, organizacional e multiprofissional
 Colheita de dados da atividade
 Conhecer padrões de referência (standards) relacionados com a prática dos
cuidados paliativos
 Métodos de auditoria da estrutura, processo e resultados aplicados aos
cuidados paliativos

37 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
Nota: este texto não respeita as regras do acordo ortográfico

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http://assembly.coe.int/documents/adoptedtext/ta09/eres1649.htm
26-Direcção Geral de Saúde Programa Nacional de Cuidados Paliativos. 2004
27- Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos, Biénio 2017-2018
Acedido em: https://www.sns.gov.pt/wp-content/uploads/2016/11/Plano-Estrat%C3%A9gico-
para-o-Desenvolvimento-CP-2017-2018-3.pdf
28 - European Association for Palliative Care Task Force on Medical Education:
Recommendation of the European Association for Palliative Care for the Development of
Undergraduate Curricula in Palliative Medicine at European Medical Schools. EAPC, 2013.
www.eapcnet.eu/; linkClick.aspx?fileticket=S1MI-tuIutQ%3d&tabid=1717.

39 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017
Modelo de Requerimento

Ao Conselho Nacional da Ordem dos Médicos

[NOME], médico com a cédula profissional n.º [CÉDULA], residente em [MORADA], vem
requerer a V. Exas. a admissão à competência de Medicina Paliativa, nos termos do
Regulamento Geral dos Colégios de Especialidades e de Competências e das Secções de
Subespecialidade e dos critérios de admissão em vigor, que me foram entregues.

[LOCAL], [DATA]
Pede deferimento,

Assinatura ______________________________

Telefone _____________________ Email _________________________________

CHECK-LIST
a) Documento comprovativo do título de Especialista pela Ordem dos Médicos e de
como se encontra no pleno gozo dos seus direitos estatutários.
b) Documentos comprovativos da realização da formação pós graduada e dos estágios
em instituições idóneas, com a respectiva carga horária
c) 3 exemplares do Curriculum vitae, (1 em papel e 2 em formato digital), até ao
máximo de três páginas, em que conste: nome, n° de Cédula Profissional, data de nascimento,
ano de licenciatura, instituições responsáveis pela formação, local atual de trabalho,
concursos, trabalhos publicados e apresentados em reuniões científicas e outros elementos
biográficos considerados importantes pelo candidato, incluindo ações de formação
frequentadas,

Sempre que entendido como necessário, o júri de avaliação pode solicitar o fornecimento de
dados específicos ou esclarecimentos adicionais sobre os itens referidos.

40 Documento Regulamentar - atribuição da Competência em Medicina


Paliativa pela Ordem dos Médicos - 2017

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