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Resumo Podcast Saúde Sem Tabu – Envelhecimento e Memória

O podcast Saúde Sem Tabu discute temas de saúde que são poucos ou mal abordados
pela mídia e até por médicos por consequências de preconceitos.

Introdução

Conforme envelhecemos, vamos perdendo a memória recente tendo mais dificuldade


de concentração. Fatos que antes guardávamos com facilidade, como o número de
telefone de um parente ou o horário de tomar um medicamento por exemplo, passam
a serem esquecidos com mais frequência. Isso é normal e faz parte do processo de
envelhecimento.
A partir dos 50 anos, memorizar se torna um processo mais lento, por outro lado,
quando o esquecimento afeta as atividades diárias, pode ser sinal de demência que
não atinge apenas a memória, mas também a capacidade intelectual do indivíduo.
A demência mais comum é a doença de Alzheimer, que atinge cerca de 10% das
pessoas com mais de 65 anos e cerca de 25% das pessoas com mais de 85 anos.

Por que a memória tende a piorar conforme envelhecemos?


As crianças têm um apego da sua zona de interesses, para elas, o mundo é novo e
diferente, então elas se apegam a questões individuais e não esquecem com tanta
facilidade. A partir dos 3 – 4 anos, a memória começa a ficar mais clara, antes disso
existe memória, porém é uma memória comportamental, quando a criança domina a
linguagem, a memória começa a melhorar e tem seu pico entre 20 – 30 anos de idade,
onde é o topo da capacidade do órgão cérebro e, a partir deste ponto, ocorrerá um
leve declínio que geralmente é compensado por outras questões como possuir maior
maturidade, inteligência, conhecimento dos caminhos e atalhos. Depois dos 60 anos,
essa compensação se torna mais difícil e por isso as queixas de memórias aumentam.
Como a memória é muito complexa, ela tende a ser sensível a diversas coisas, como ao
mal uso, às substâncias, aos hormônios que estejam desregulados, à doenças
neurológicas, aos distúrbios de sono, alimentação inadequada, etc.

A capacidade de memorização vai se dificultando ao longo dos anos, isso ocorre por
causa do declínio do órgão, todo órgão tem seu ápice que trabalha com uma grande
reserva, valendo para o pulmão, coração, para a pele etc. Com o envelhecimento essa
reserva vai se perdendo pelas ocorrências de vida e pelo próprio declínio do ser
humano existe uma pequena baixa.
A vida adulta nos faz pensar e fazer em várias coisas ao mesmo tempo, tendo mais
ansiedade, as vezes sinônimos depressivos, tudo isso também perturba o quadro de
memórias na vida adulta.
Quando vamos envelhecendo, as coisas não parecem mais novas e interessantes como
antes, juntando o hábito de vida e a falta de inovação. Neurologistas recomendam
sempre viver diferente, viver o novo e com brilho pois o cérebro tende a se incomodar.
Outra questão é a simplificação cognitiva da terceira idade, alguns pararam de
trabalhar, falecimento de algum amigo, ter uma vida social um pouco mais restrita.
Então o baixo uso e a rotina pode levar à piora da cognição.

Por que lembramos quase que perfeitamente de coisas que aprendemos na infância?
Um jovem ou um adulto não consegue se lembrar de letras de m poema, mas podem
se lembrar de músicas que cantavam na infância. Quando se fala de memória, não se
fala de uma função mas sim de uma sequência de funções dependendo da vivência e
seu tempo, do impacto emocional no ato da vivência, da concentração e fixação. Anos
depois será buscado a vivência que foi consolidada e no caso de memórias infantis, se
sabe que possui muito o impacto emocional, a criança viveu como um colorido
diferente. O adulto por ter muitas responsabilidades costuma deixar o cérebro no
“piloto automático” onde o deixa memorizar e esquece de organizar, com a
multitarefas e o bombardeio de informações acaba que o esquecimento se torna
comum.

Pessoas possuem melhor memorização do que outras?


Algumas pessoas conseguem memorizar textos ou números com mais facilidade que
outras que só conseguem memorizar com muito esforço. A memória varia de pessoa
para pessoa, por questões genéticas, existem pessoas que nascem prodigiosas com
uma habilidade um pouco mais bem desenvolvida, as pessoas podem ser mais atentas
ou tem uma área de interesse maior e tem a questão de aprendizado como a forma
que se é ensinado, as maneiras cómicas e lúdicas que se ensinou o aprendizado. Cada
um tem sua forma de aprender, e sem dúvidas que a memória de uma pessoa é
incomparável com a memoria de outra.

Existem outras formas de memorização?


As escolas costumavam insistir bastante no método de repetição para os alunos
memorizarem, hoje em dia já se possui outras formas de ensinamento. O cérebro tem
um vínculo à aquilo que tem graça, que chama a atenção. A repetição não precisa ser
chata, ela pode fazer a informação voltar cada vez de uma forma diferente sendo
lúdica ou subliminar sem que a criança perceba que está aprendendo. O cérebro gosta
de coisas intensas que destoam do ambiente, que fazem sentido, que da um tempo de
ser processadas e que tenha um charme.
Cada criança aprende de maneira diferente, existem crianças com TDAH, crianças que
são mais inquietas, crianças um pouco mais depressivas, crianças com TEA. É
importante que a escola tenha uma individualidade para cada pessoa, fazendo a
criança aprender da melhor forma para ela.

O que caracteriza a perda de memória fisiológica da patológica?


As pessoas mais velhas podem ter dificuldade de memorização sem que seja um sinal
de doenças como outras vezes pode ser sinal de uma demência.
A memória oscila e declina um pouco com o envelhecimento que é a perda fisiológica,
primeiramente é a quantidade, geralmente um déficit de memória leve para coisas
cotidianas de baixa relevância como esquecer onde deixou algo por exemplo, e não
costumam esquecer coisas intensas como fogo aceso, contas a pagar ou recados. Uma
coisa é esquecer e logo depois lembrar e outra coisa é esquecer e perde totalmente o
registro da informação.
Outro sinal de alarme importante é se além do esquecimento houver outras
modalidades acometidas. Ter problema de se localizar em locais desconhecidos, em
reconhecer pessoas conhecidas, em se comunicar , o risco de demência é maior.
A demência é a perda intensa de memória ou outras funções cognitivas e que acaba
atrapalhando a rotina de vida. Já a perda fisiológica não tem impacto o suficiente para
atrapalhar a rotina de vida.

Entre o envelhecimento normal e a demência existe um outro estado chamado de


distúrbio cognitivo leve, que também merece um tratamento e acompanhamento pois
parte destes que o possuem poderá evoluir para a demência.

Tipos de demência
Quando se fala em demência é comum já logo pensar no Alzheimer, porém existem
outros tipos de demência.
A doença de Alzheimer é a demência mais importante seja no impacto ou na
frequência. Cerca de 70% dos pacientes que possuem demência tem um grau de
Alzheimer, onde a doença pode estar isolada ou pode estar com outras causas de
demências chamadas de demência mista.
Existe demência por AVC chamada de demência vascular, que são acúmulos de lesões
vascular pequenas ou grandes que levam ao declínio cognitivo. Existe demência por
infecção cerebral, por sífilis, por HIV, por meningite, por encefalite por herpes,
demência por traumatismo craniano seja ele aguda que pegou áreas da inteligência ou
cognição, seja ele crônico que se vê em pugilistas que tiveram pancadas na cabeça que
pararam o esporte e só no futuro desenvolvem quadros cognitivos como o esportista
Muhammad Ali, além de pancadas, podem ser desenvolvidos por falta de vitamina
B12, hipotireoidismo, pode existir um quadro de depressão grave no idoso que simula
um quadro de demência.
Das demências degenerativas o Alzheimer é o principal, mas existem outras como
demência por Corpúsculos de Lewy e demência Frontotemporal. O especialista vai
fazer uma ampla investigação no começo com exames de sangue, ressonância, vai
avaliar o paciente pra dar o diagnóstico de Alzheimer isolado ou concomitante

O que acontece se não tratar a demência?


Cada demência vai ter sua evolução de acordo com a causa. As doenças degenerativas
tendem a piorar conforme o envelhecimento, se o médico tratá-las logo em seu
começo será retardado alguns sintomas e diminuir o sofrimento mesmo que hoje em
dia não se tem uma maneira de conte-las em sua condição de plenitude.
A demência vascular por exemplo, pode ser parada após identificar o fator fazendo o
paciente deixar de ter pequenos AVC, isso ocorre pois o processo é de uma natureza
diferente do envelhecimento. Demências como o hipotireoidismo ou a carência de
vitamina B12 podem ser revertidas o quanto antes o médico ser procurado, seja
minimizando o progresso da demência, seja contendo uma doença que possa não
progredir ou revertendo algo que se reverta.

Como a perda de funções neurológicas afeta os pacientes?


O Alzheimer em fase avançada não tem somente a dificuldade em memorização, mas
também em controlar funções neurológicas, perdendo o controle dos esfíncteres
desenvolvendo incontinência fecal ou urinaria.
O Alzheimer possui varias fases, inicialmente o primeiro sintoma é a dificuldade de
fixar novas memórias, a pessoa articula bem sobre o passado porque a evocação está
boa, porém tem um esquecimento para coisas recentes. No estado intermediário
começa a dificuldade de cálculo, de levar a cabo atividades do dia a dia, alterações de
comportamento como depressão, apatia ou agressividade, e alucinações. Na fase
avançada terão outras funções não intelectuais como perda de massa magra,
empobrecimento da expressão facial e dos movimentos, alterações como dificuldade
de incontinência ou até com relação ao comportamento da continência. Portadores de
Alzheimer pode levar de forma mais demorada de 8 – 10 anos para chegar na fase
avançada, como também podem chegar de forma mais rápida, as vezes 1 – 3 anos, a
velocidade depende da forma do Alzheimer e da biologia do paciente.

Quais as recomendações para os cuidadores dos portadores de Alzheimer?


Percebemos que na primeira fase do Alzheimer com o esquecimento, o paciente sofre
mais da percepção na desconstrução, nas fases mais avançadas o familiar sobre
bastante, primeiro por ver a desconstrução neurológica de que ele ama, segundo pela
sobrecarga e inversão inesperada de papel de cuidado para cuidador, existem
questões econômicas, sociais e familiares. O cuidador deve estar bem-informado pois
diminuirá o risco, o cuidador terá de mudar o ambiente de forma mais preventiva
evitando quedas, sinalizar o ambiente, colocar relógios e fotografias.
Quando se ajuda o idoso com Alzheimer a se organizar, se tem o menor risco. E não só
o idoso, mas o cuidador também precisa de ajuda, os cuidadores podem acabar
pegando ansiedade ou depressão, então é importante manter a saúde do cuidador.
Nem sempre é recomendado colocar um familiar para ser o cuidador, pois por causa
do afeto que a pessoa tem pelo idoso, a troca de papel pode prejudicar a relação de
pai e filho, mãe e filha tornando o familiar não sendo a pessoa mais adequada para
esse cuidado.

É possível melhorar a capacidade de memorização ao longo dos anos?


Cuidar do cérebro é o mais importante, tendo boas noites de sono pois o cérebro
organiza as memórias durante o sono, ter uma boa alimentação sendo mais próxima
da dieta mediterrânea que é pobre em alimentos industrializados, que não seja rico
em frituras, que seja rica em Ômega 3 – 6 – 9, Resveratrol, frutas mais in naturas,
tendo uma boa alimentação sem dúvidas que o órgão terá uma resistência maior tanto
em questão vascular como pelo próprio envelhecimento normal. Atividades físicas
regular melhora a memória, a concentração, a criatividade, nunca é cedo demais e
nunca é tarde demais para se exercitar. Fazer uma coisa de cada vez, desligando o
piloto automático, avisar o cérebro, fazer analogias, usar a regra mnemônica, etc.
Durante as oscilações hormonais, é sempre bom buscar tratamento e orientações
médicas. Nunca é bom tolerar sintomas depressivos e ansiosos residuais.

Se fizermos tudo certo, as chances de desenvolver o Alzheimer decairá em 40%.


Em relação ao hábito cognitivo, o mais importante é a leitura, é o hábito mais
estudado em estudos científicos que mais protege a memória é a leitura, é
recomendado que tenha sempre um momento do dia para ler.

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