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Envelhecimento e

Morte
• As mudanças demográficas no Brasil
apresentam, hoje, o aumento do número
proporcional e absoluto de idosos na
população (aumento na expectativa de vida,
Desenvolvimento decréscimo nas taxas de mortalidade e de
na velhice fecundidade). O país terá de enfrentar
problemas ligados ao envelhecimento da
população em uma situação paradoxal, pois
o ritmo inesperado do fenômeno não dará
tempo para superar problemas típicos do
subdesenvolvimento (BARRETO, 1992).
Desenvolvimento na velhice

• A velhice pode ser divida em três grupos:

• Idosos jovens (65 a 74 anos) → ativos, cheios de


vida e vigorosos.
• Idosos velhos (75 a 84 anos) → maior tendência
para a fraqueza e enfermidades; pode ter
dificuldade para desempenhar atividades da vida
diária.
• Idosos mais velhos (85 anos ou mais) → as
mesmas características anteriores de maneira
mais acentuada.
• De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006),
uma classificação da velhice mais significativa é
pela idade funcional:

• Envelhecimento primário: processo gradual e


Desenvolvimento inevitável de deteriorização corporal que
começa cedo na vida e continua ao longo dos
na velhice anos.
• Envelhecimento secundário: é constituído pela
consequência de doença, de abuso e de
ausência de uso de medidas preventivas;
alimentando-se bem e mantendo-se fisicamente
em forma, é possível evitar os efeitos
secundários do envelhecimento.
Desenvolvimento na velhice

• Quanto à atitude social em relação à velhice, segundo Barreto (1992),


é a de negar a velhice enquanto tal, valorizando-se a pessoa que
consegue disfarçá-la física (“velhos bem conservados”) e/ou
psicologicamente (“velhos de espírito jovem”). Não há a valorização
da velhice, “conserva-se uma norma que estabelece que os idosos
devam ser respeitados, mas esse ‘objeto de respeito’ encontra-se
desaparecido, ‘disfarçado de jovem’, física, moral e psicologicamente”
(p. 23).
Desenvolvimento na velhice

• Cabe ressaltar que essas atitudes sociais e esses preconceitos contra


os idosos envolvem toda a sociedade e são incorporados sem crítica e
aceitos pelas próprias pessoas nessa faixa etária.

• Sintetizando, estes dois pontos devem nortear os estudos sobre a


velhice:
• O primeiro está relacionado ao aumento na expectativa de vida e
consequentemente ao alargamento dessa fase no ciclo vital; e
• O segundo está relacionado aos preconceitos e às representações que os
próprios idosos nutrem sobre a velhice.
• A maioria das pessoas na velhice é
razoavelmente saudável, principalmente se
tem um estilo de vida que incorpore exercícios
e boa nutrição. Entretanto, é comum
Desenvolvimento apresentarem problemas crônicos, tais como:
físico na velhice artrite, hipertensão, problemas cardíacos.

• A grande maioria também tem boa saúde


mental. A depressão e muitos problemas,
inclusive alguns tipos de demência, podem ser
revertidos com tratamento adequado; outras
demências, aquelas ocasionadas pelo mal de
Alzheimer, mal de Parkinson ou derrames
múltiplos, são irreversíveis (PAPALIA; OLDS;
FELDMAN, 2006).
• Problemas visuais, combinados com
coordenação e tempo de reação mais lenta,
podem afetar certas habilidades. O treinamento
pode melhorar a força muscular e o tempo de
reação.

Desenvolvimento • Muitas pessoas idosas são sexualmente ativas,


embora o grau de tensão sexual e a frequência e
físico na velhice a intensidade de experiência sexual geralmente
sejam mais baixos do que para adultos mais
jovens (GRIFFA; MORENO, 2001).

• Outras mudanças físicas podem ocorrer, como a


perda de pigmentação, textura e elasticidade da
pele, os pelos tornam-se mais finos e brancos,
há a diminuição da estatura, rarefação dos ossos
e tendência a dormir menos (ibidem).
• Apesar da maioria dos idosos serem saudáveis
e ativos, há um declínio da capacidade física e
da saúde. Pode-se afirmar que após 65 anos
se inicia um declínio mais intenso da reserva
Desenvolvimento orgânica, do sistema imunológico e da força
físico na velhice muscular. Isso pode desencadear uma grande
suscetibilidade às doenças crônicas, agudas,
bem como ao câncer e a problemas cardíacos.

• É importante destacar, no entanto, que os


cuidados com a saúde e a qualidade da
assistência médica podem interferir de forma
a minorar essas ou outras doenças.
• Outro aspecto a ser considerado diz respeito
à necessidade de sono que tende a diminuir
Desenvolvimento nos idosos, como também podem aparecer
disfunções sexuais e, por outro lado, as
físico na velhice habilidades linguísticas tendem a aumentar
até a idade muito avançada. No entanto, o
sistema nervoso tende a ficar mais lento,
devido à perda de substância cerebral, e há
também um aumento no tempo de
processamento e de reação.
• Dessa forma, é frequente que ocorram falhas na
memória, embora isso esteja relacionado a
vários fatores. Nesse sentido, a memória de
longo alcance é mais durável, enquanto a
operacional ou curta é a primeira a desacelerar.
Em outras palavras, a demência é uma doença
que pode aparecer na velhice, principalmente
Desenvolvimento nos mais idosos. O Alzheimer, a depressão ou as
físico na velhice drogas podem desencadear a demência.

• Contudo, percebe-se que mesmo que a


inteligência e a memória sofram desgastes, a
maioria dos idosos encontra formas
compensatórias, intensificando seus interesses,
valores filosóficos ou estéticos, e o mais
importante é manter a cognição funcionando. O
papel da família é fundamental para que o idoso
continue ativo e saudável.
• Os estereótipos sociais sugerem que na
velhice o indivíduo tem uma queda na
função intelectual, na memória e na
aprendizagem. Entretanto, segundo
Gerrig e Zimbardo (2005), há poucas
evidências para sustentar a ideia de que
Desenvolvimento as capacidades cognitivas gerais
cognitivo na declinem entre os idosos saudáveis. As
pesquisas apontam (GERRIG;
velhice ZIMBARDO, 2005) que os adultos mais
velhos que buscam altos níveis de
estimulação ambiental tendem a
manter altos níveis de capacidade
cognitiva. Tudo indica que o desuso, e
não o declínio, pode ser responsável
pelas deficiências no desempenho
intelectual.
• Na velhice a memória mais afetada pela
perda é a memória secundária, aquela
que recupera um dado vários minutos
ou horas depois de ser apresentado às
pessoas, e não a memória primária, a
Desenvolvimento qual permite recordar um dado pouco
depois de ter sido informado.
cognitivo na
velhice
• Já a memória terciária é completamente
preservada, que é a que conserva a
informação do acontecido muitos anos
antes. Por essa razão, o idoso é capaz de
contar histórias do seu passado ricas em
detalhes e não é capaz de responder se
tomou o seu remédio pela manhã.
Desenvolvimento psicossocial na
velhice

• Erikson (1974) propõe a velhice


como a oitava crise. Nela, ou seja,
no último estágio psicossocial, o
indivíduo se depara com uma
opção entre a integridade do ego e
o desespero ou a desesperança e a
partir dela avaliará a própria vida.
Desenvolvimento psicossocial na
velhice

• É muito comum nessa etapa da vida que


a maioria das pessoas examine, reflita e
faça um último “balanço” sobre a própria
vida. Se, diante dessa análise, o indivíduo
sentir-se satisfeito com a vida que viveu,
estiver em paz consigo mesmo, ou seja,
apresentar um sentimento de realização
e satisfação, achando que lidou de
maneira adequada com os acertos e
erros da vida, pode-se dizer que ele tem
a integridade do ego e conquistou a
virtude da sabedoria, aceitando o seu
lugar e o seu passado.
Desenvolvimento psicossocial na
velhice

• Por outro lado, se o indivíduo se depara


com um sentimento de frustração,
aborrecido porque perdeu
oportunidades e arrependido de erros
que não pode corrigir, não há mais
tempo para corrigi-los, então há a
desesperança. Os indivíduos ficam
desgostosos consigo mesmos, ranzinzas,
ficam amargos em relação ao que
poderiam ter sido, criticam e são
intolerantes com as novas gerações.
Desenvolvimento psicossocial na
velhice

• Segundo Erikson (1987), as pessoas


idosas precisam fazer mais do que refletir
sobre o passado. Elas precisam continuar
ativas, participantes vitais, buscando
desafios e estímulos no seu ambiente. É
importante que se envolvam com as
tarefas concernentes a avós, voltem a
estudar e desenvolvam novas habilidades
e interesses. O apoio da família é
fundamental nesse sentido para que o
idoso se sinta útil, feliz e amado.
Desenvolvimento psicossocial na
velhice

• A força básica, associada a essa fase


final do desenvolvimento, é a
sabedoria, que, derivada da
integridade do ego, é expressa na
preocupação desprendida com o todo
da vida. Ela é transmitida às próximas
gerações em uma integração de
experiências que é mais bem descrita
pela palavra “herança”.
Desenvolvimento psicossocial na
velhice

• Outro aspecto a ser destacado é que muitos


idosos param de se preocupar com uma série
de convenções sociais. Nessa etapa é
possível permitir que a máscara social – quer
dizer, os disfarces sucessivos que são
adotados para garantir uma aceitação social
– caiam aos poucos. Muitos idosos param de
se preocupar com uma série de convenções
sociais, com as repercussões do que “pensa,
fala, sente e faz”, e muitos afirmam que isso
é algo permitido nessa idade. Sentem-se
livres para escolher roupas que muitas vezes
não combinam e não se preocupam com as
repercussões de suas falas em um
determinado contexto. Há uma frase típica
entre os idosos que explicita essa questão:
“Minha idade me permite...”.
Desenvolvimento psicossocial na
velhice

• Ocorre uma libertação da busca


por conquistas, como a dos bens
materiais e do status, desacelera-se
a corrida por ascensão e o ego
preenche-se com o que está
próximo, no presente, sem
urgências.
Desenvolvimento psicossocial na
velhice

• Segundo Brochsztain (1998), o ser


humano pode tentar elaborar a
angústia frente à morte por meio
de vários mecanismos, entre os
quais estariam a criação artística
(cinema, literatura etc.) e a prática
da religião.
Desenvolvimento psicossocial na
velhice

• Nesse momento, a vida espiritual/religiosa


torna-se importante e, no Brasil, o
sincretismo religioso é exacerbado. É
comum um idoso exercer diferentes
práticas religiosas em um mesmo dia,
como, por exemplo, de manhã ouve a
missa católica pelo rádio, à tarde vai a um
culto evangélico e à noite em um centro
espírita. Com a perda de pessoas
significativas, como cônjuges, familiares e
amigos, alguns papéis sociais deixam de
ser exercidos e muitos dos idosos recorrem
à religião como forma de transcendência e
encontram nela novas possibilidades de
compreensão da vida, de esperança e
alegria.
Desenvolvimento psicossocial na
velhice
• Os relacionamentos sociais são muito
importantes para os idosos, embora a
frequência do contato social decline na
velhice. Em muitos casos, a rede social do
idoso fica esgarçada, já que ocorrem muitas
perdas e rupturas; alguns papéis sociais
deixam de ser exercidos, como o profissional,
e com isso o indivíduo perde as interações
sociais decorrentes deste.

• Por outro lado, estão cada vez mais claras as


evidências de que está havendo uma
transformação da representação
preconceituosa da velhice, mediante a
reinserção do idoso na sociedade, como
pode ser observado no crescimento dos
programas e setores voltados para essa
idade.
Estatuto do Idoso
Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados
às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público


assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania,
à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

Art. 4º Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação,


violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou
omissão, será punido na forma da lei.
Art. 9º É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde,
mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento
saudável e em condições de dignidade.

Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único
de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e
contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da
saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos.

§ 3º As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habitação


compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regular e
higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei.
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos
transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços
seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.

§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer


documento pessoal que faça prova de sua idade.
Morte e desenvolvimento humano

• Ao nascer, já se morre um pouco; quando, por exemplo, a mãe se afasta, a morte é


concebida como ausência, perda, separação.

• Para a criança, definir a morte é algo complexo, porque ao mesmo tempo em que ela
percebe o não movimento, a possibilidade de reversão está presente. Tal fantasia
também está no imaginário de outras pessoas, exemplo disso são os jovens ou
adolescentes que tentam o suicídio acreditando poder morrer só um pouco.
Morte e desenvolvimento humano

• À medida que a criança cresce, seus animais, alguns parentes e mesmo os amigos
morrem; na televisão, a violência, o sangue e a morte são evidenciados e passa-se a
conviver com a ideia de que a morte só ocorre com o outro.

• Outro fator presente na infância é o sentimento de culpa pela morte do outro, ao


vincular seus desejos à morte de fato. Para muitos adultos, isso também acontece;
mais no plano emocional do que no racional. Os adolescentes se sentem fortes e
distantes da morte. Para eles, a morte dos amigos em acidentes, o uso indevido de
drogas, entre outros, representam o fracasso, a fraqueza e a imperícia. No entanto, se
nessa fase ela parece estar tão distante, eles a desafiam constantemente.
Morte e desenvolvimento humano

• Na fase adulta, alguns motivos de morte são os ataques cardíacos fulminantes e, na


fase seguinte, no balanço de ganhos e perdas, emerge a possibilidade de “minha
morte”, que neste momento pode engendrar a ressignificação da vida.

• Na terceira idade, com as perdas corporais, financeiras, separações etc., há que se


fazer uma escolha: a ênfase será na vida ou na morte?
Morte e desenvolvimento humano

• Segundo Kovács (2002), a morte numa perspectiva biológica é o fim da existência e


não da matéria e, do ponto de vista da medicina, é a interrupção completa e
definitiva das funções vitais. Algumas pessoas já viveram situações muito próximas da
morte e relataram questões como: sensação de paz, experiência extracorpórea,
encontros com seres-iluminados. Muitas pessoas buscam na experiência religiosa
uma forma de obter um conforto maior para lidar com a morte, vista como finitude.

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