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“Maturidade é muitas coisas. Maturidade inclui ter para si expectativas e metas


adequadas e encontrar a maior fonte de satisfação no trabalho produtivo.
Maturidade inclui a capacidade de amar e esperar. Ela inclui a habilidade de
descarregar a hostilidade sem prejudicar os outros ou si mesmo, e a
capacidade de suspender a própria identidade adulta e engajar-se em uma
brincadeira inocente. Finalmente, maturidade inclui a capacidade de adaptar-se
a mudanças, de suportar frustrações e perdas, e de manter uma preocupação
altruísta pelos seres humanos fora do próprio grupo e além do próprio tempo e
lugar”
G. E. Vaillant, 1993, p. 115.

PERRY, J.C. Escalas de Avaliação dos Mecanismos de Defesa. 5ª ed. (revisada em mai/1990, com
emendas em jan/1991). Trad. Daniela Withaeuper e Elisa M. P. Yoshida, in mimeo. (reproduzido com
autorização).

AFILIAÇÃO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores internos ou externos, voltando-se
para outros em busca de ajuda ou de suporte. Afiliando-se a outros, o sujeito pode se expressar, confiar
seus problemas e sentir-se menos sozinho ou isolado com estes. Isto pode resultar em receber um
conselho ou uma ajuda concreta. A confidência pode levar a um aumento da capacidade de realização do
indivíduo na medida em que o outro fornece validação emocional e suporte.
A Afiliação não inclui a tentativa de fazer alguém se responsabilizar em resolver os seus problemas,
nem implica em coagi-la a ajudar ou ainda, agir sem cuidados para eliciar a ajuda de outro. A Afiliação não
está implícita no fato de alguém pertencer a uma organização (ex. Igreja, clube social, Alcoólicos Anônimos)
ou por ser visto por um conselheiro ou terapeuta. Ao contrário, ela é demonstrada pelo dar e receber
relacionados com conflitos e problemas que ocorrem no contexto de pertencer à organização, ou pela
confidência feita aos outros.

FUNÇÃO: A Afiliação alia as necessidades de afeição emocional do indivíduo com o desejo de enfrentar
efetivamente um conflito interno ou estressores externos. A habilidade para enfrentar o problema é
realçada pela busca de suporte de outros, enquanto que necessidades de afeição são também satisfeitas.
Os outros podem realçar o repertório de habilidades do ego do sujeito ajudando-o com conselhos,
modelagem, planejamento, julgamento, ensaio (role playing) , prática, etc.. Usualmente, isto é
acompanhado por uma redução da tensão, obtida através da expressão dos sentimentos e do
compartilhamento de conflitos.

DIFERENCIAÇÃO: A Hipocondria difere da afiliação na medida em que a primeira expressa impotência e


hostilidade em relação aos outros através de queixas que rejeitam ajuda. Enquanto que, a Afiliação não tem
um efeito adverso sobre os outros. Além disto, o uso de Afiliação não manipula os outros para preencher as
necessidades de dependência e afeição do indivíduo.
O Altruísmo difere da Afiliação na medida em que fazer boas coisas aos outros é um componente
necessário da relação com os outros. A Afiliação focaliza a obtenção de ajuda para si próprio, mas pode
incluir o compartilhamento de benefício mútuo em torno de problemas ou conflitos.

AGIR (Acting-out)

DEFINIÇÃO : O indivíduo lida com conflitos emocionais, com estressores internos ou externos, através do
agir sem reflexão ou aparente consideração com relacão à conseqüências negativas. O acting-out ou agir
envolve a expressão de sentimentos, desejos ou impulsos através do comportamento, sem que o individuo
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tenha controle sobre eles nem demonstre uma preocupação com conseqüências pessoais ou sociais.
Ocorre usualmente em resposta a eventos interpessoais com pessoas significativas na vida do sujeito,
como pais, figuras de autoridade, amigos ou pessoas com as quais o sujeito mantenha um relacionamento
amoroso.

Esta definiçao é mais ampla do que o conceito original de acting-out de sentimentos transferenciais ou
desejos durante a psicoterapia. Inclui comportamentos provindos tanto internamente quanto externamente à
relação transferencial. Não é sinônimo de “mau comportamento”, ou com qualquer sintoma per se, embora
o acting-out envolva comportamento disruptivo ou auto-destrutivo. Os assim chamados comportamentos
acting-out, como brigas físicas, ou uso compulsivo de drogas, devem mostrar alguma relação a afetos ou
impulsos que a pessoa não pode tolerar, de maneira à servir de evidência para a utilização da defesa acting
out.

FUNÇÃO : O acting-out permite ao sujeito descarregar ou exprimir sentimentos e impulsos em vez de tentar
tolerá-los ou refletir sobre os eventos dolorosos que o estimulou. Os seguintes elemento são presentes.
Primeiramente o sujeito tem sentimentos ou ímpetos aos quais ele é inibido de expressar. O experimentar o
impulso original rapidamente dá lugar a um aumento de tensão e ansiedade. Em segundo lugar, o individuo
desvia-se da possibilidade de conscientizar-se, suspendendo qualquer tentativa de retardar, refletir ou
planejer uma estratégia para lidar com o impulso ou sentimento que passam a ser prioritária e diretamente
expressos no comportamento (sem a possibilidade de refletir ou pensar anteriormente). Isto resulta na
expressão de uma agressividade e vinculação sexual primárias (ou outros impulsos) sem consideração com
quaisquer consequências. Em seguida ao acting-out a capacidade de reflexão pode retornar e o sujeito
comumente se sente culpado ou espera alguma punição, a não ser que uma outra defesa seja utilizada,
como a negação ou a racionalização (“Eu estava tão brabo que eu tive que fazê-lo. Foi culpa dele por ter
me provocado”). O acting-out não é adaptativa porque não mitiga o efeito do conflito interno, e
freqüentemente traz ao sujeito conseqüências externas negativas e sérias.

DIFERENCIAÇÃO: Dissociação : Na dissociação o sujeito não está consciente anteriormente dos afetos ou
impulsos que ele está exprimindo seja através de seu sintoma (despersonalização ou dor de cabeça), seja
pelo seu comportamento sintomático (escapadas sexuais não características ou acessos de cólera). Mais
tarde ele pode evidenciar surpresa que ele fez ou disse o que disse já que não percebeu o sentimento ou
impulso que estava por detrás. A inibição ou proibição que o sujeito normalmente sente com relação ao
afeto ou impulso é ego-sintônico e a tensão não é experenciada como uma característica maior. O
comportamento na dissociação é menos perigoso, criminal ou louco na sua aparência ao observador. Em
contraste, no acting-out a tensão é primária e a inibição em si é geralmente ego-distônica e também
freqüentemente, fonte indignação. Após a dissociaçao, o sujeito pode dizer; “Eu não acredito que eu disse
isto, não é do meu jeito”, enquanto que no acting-out o sujeito pode dizer: “Eu estava tão irritado que eu não
pude controlar o que eu disse, e eu me sinto mal por isto”.
Identificação projetiva: Na identificação projetiva o afeto original é a raiva e o medo da retaliação, sendo o
comportamento resultante do sujeito bastante inquietante. A tensão crescente e a raiva que aumenta junto
como o volume de remarques acusatórios são imbuídos de agressão; mas embora altamente provocativos,
eles estão limitados à palavras carregadas de afeto. Se o sujeito começa a ameaçar ou agir de maneira
agressiva para com a outra pessoa (jogando coisas, batendo, assaltos verbais e ameaças, etc), então ela
começou a agir (acting-out ou acting-in). Contrariamente à isto, a identificação projetiva não pressupõe o
acting-out somente naquelas situações nas quais os maus comportamentos do próprio sujeito são algo em
que o sujeito acredita que a outra pessoa estava provocando nele em primeiro lugar induzindo -o à
resposta. (“Eu tive que bater nele; ele estava me matando ao me ameaçar de partir, o sádico!”)

AGRESSÃO PASSIVA (retornando contra o próprio self)

DEFINIÇÃO : O indivíduo lida com conflitos emocionais, com estressores internos ou externos, através da
expressão indireta e dissimulada da agressão em direção à outros. Existe uma fachada de submissão
evidente mascarando a resistência contra outros.

A agressão passiva é caracterizada pelo ventilar de sentimentos de hostilidade e ressentimento numa


maneira indireta e dissimulada em direção à outros. A agressão passiva geralmente ocorre quando o sujeito
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se sente exigido a dar uma resposta ações independentes que involvam performance, ou ainda, quando
alguém desapontou o desejo do sujeito ou seu senso de merecimento de ter seu desejo atendido
(independentemente do fato do sujeito ter dado a conhecer sua vontade). Este termo inclui retorno da
agressão contra o self.

FUNÇÃO: A pessoa usando esta defesa (agressão passiva) aprendeu a esperar punição, frustração ou
rejeição se ele ou ela expressa necessidades ou sentimentos diretamente à quem tem poder ou autoridade
sobre ele ou ela. O sujeito se sente impotente e ressentido. Esta expectativa é mais pronunciada em
relações hierárquicas de poder. O ressentimento é expresso por uma atitude passiva: ao sujeito só é
permitido as coisas que ele não se pronuncia ou então ele terá direito à ser especialmente dispensado.
Existe ainda algum prazer tirado no desconforto que o comportamento passivo agressivo causa à outros.
Expressão passiva da raiva através de teimosia, ineficiência, procrastinação e comportamento de
esquecimento é rapidamente aprendida como uma maneira de exprimir:

1. a convicção que o sujeito tem o direito de permanecer passivo enquanto espera suas
necessidades serem satisfeitas;
2. aparecer bem intencionado na superfície (exageradamente submisso) assim evitando retaliação
pela expressão direta de afetos, necessidades ou ressentimento;
3. exprimir o ressentimento sentido por outros através de uma não-submissão disfarçada, que
aborrece aos outros, assim obtendo alguma satisfação ou vingança mesmo que isto signifique
machucar à outros.

Em extremos, o ressentimento não é só expresso indiretamente à outros, em verdade, ele é virado 180
graus e dirigido ao próprio self do sujeito como uma maneira de atingir ao outro.

DIFERENCIAÇÃO: Hipocondria: Na hipocondria o pedido de ajuda é feito abertamente enquanto os


reproches que o sujeito objetiva fazer à outra pessoa é revelado na rejeição da ajuda que a pessoa oferece.
Em contraste à isto, na utilisação da defesa agressão passiva, os pedidos de ajuda, ou o desejo de
expressar sentimentos são presentes mas não são expressos ou são expressos tardiamente, e o
ressentimento é expresso por ineptitude, inércia, etc, como uma forma de aborrecer outros.

Comportamento nocivo ou auto-destrutivo: não deve ser confundido com agressão passiva. Será uma
atuação (acting-out) quando a função primária é uma expressão impulsiva da raiva, dependência, etc, nas
quais o sujeito não consegue tolerar a postergação em lidar com elas. Será passivo agressivo quando o
comportamento nocivo do sujeito (usualmente com poucas ou baixas consequências) é diretamente dirigido
à pessoas as quais o sujeito quer desarmonizar ou às pessoas das quais ele quer algo.

Deslocamento: No deslocamento o sujeito pode expressar hostilidade porém escolhendo um objetivo


diferente ao original, ou aindo reagir a outras provocações que não as que realmete o aborrecem. O sujeito
geralmente não traz problemas para si mesmo nem age passivamente.

Altruísmo

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais e estressores internos ou externos, dedicando-se a
preencher as necessidades dos outros, em parte, como uma forma de preencher suas próprias
necessidades. Usando de Altruísmo, o indivíduo recebe gratificação parcial, mesmo que indiretamente, com
as respostas dos outros. O sujeito está usualmente ciente, em alguma extensão, de que suas necessidades
ou sentimentos estão presentes nas ações altruísticas. Pode haver também uma recompensa direta ou uma
razão de auto-interesse explícito para suas ações altruísticas.
Para avaliar o Altruísmo como estando presente, deve haver uma relação clara, demonstrável e funcional,
entre os sentimentos do sujeito e a resposta altruística.

FUNÇÃO: O Altruísmo gratifica necessidades sociais e de afeição ao mesmo tempo que lida com um
conflito emocional, através da ajuda aos outros. Em muitos casos, o conflito diz respeito a angústias
relacionadas com situações passados de confrontação de situações angustiantes, para as quais o sujeito
precisava de ajuda que de certa forma não estava disponível, ou era insuficiente. O Altruísmo canaliza
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afetos tais como a raiva e a impotência, em comportamentos de ajuda social que também aumentam o
senso do de domínio do sujeito sobre o seu o passado.

DIFERENCIAÇÃO: A Projeção e o acting out usados por um fanático, por exemplo, diferem do Altruísmo na
medida em que o Altruísmo provê ajuda real e não imaginária.

A Formação Reativa difere do Altruísmo, na medida em que o Altruísmo provê o indivíduo com alguma
gratificação, enquanto que a Formação Reativa usualmente sacrifica a gratificação para proteger sujeito da
consciência dos seus sentimentos ou impulsos conflituosos.

A Sublimação difere do Altruísmo, na medida em que o Altruísmo envolve fazer algo imparcialmente para
os outros, enquanto que a Sublimação não ajuda diretamente ninguém, embora ela possa provê-los com
alguns produtos criativos ou realizações artísticas que podem ser usufruídas.

A Afiliação ao contrário do Altruísmo, não requer que o sujeito dê nada aos outros como uma forma de lidar
com um conflito interno.

ANTECIPAÇÃO (ENSAIO AFETIVO)

DEFINIÇÃO: O indivíduo atenua conflitos emocionais e estressores internos ou externos, considerando não
apenas soluções alternativas realísticas e antecipando reações emocionais para problemas futuros, mas
realmente experienciando a angústia futura ligando mentalmente as idéias angustiantes aos afetos. Este
ensaio permite-lhe preparar uma resposta adaptativa melhor para o conflito ou estressor antecipados.

FUNÇÃO: O uso da Antecipação permite ao indivíduo atenuar os efeitos de estressores ou conflitos futuros.
Requer capacidade de tolerar a ansiedade imaginando quanto uma situação futura pode ser angustiante.
Fazendo um ensaio afetivo (ex. “Como eu vou me sentir quando isto ocorrer?”) e planejando as respostas
futuras, o sujeito diminui os aspectos angustiantes do estressor futuro. A Antecipação também aumenta a
probabilidade de resultados externos positivos e respostas emocionais mais positivas.

DIFERENCIAÇÃO: Fantasia Autística. Quando o indivíduo usa Fantasia ele não tem intenção de realmente
realizar as ações imaginadas. Ao contrário, ele usa a Fantasia como um substituto da ação, da experiência
afetiva, da gratificação ou ainda da resolução de um problema. Por outro lado, a Antecipação não substitui
a realização de um desejo pela realidade dolorosa, mas realisticamente, preocupa-se ou lamenta
antecipadamente.

Anulação: A Antecipação difere da Anulação e/ou preocupação obsessiva na medida em que ela evita o
pensamento estereotipado repetitivo e inclui maior imaginação afetiva.

ANULAÇÃO (UNDOING)

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores internos ou externos, através de
comportamentos que visam compensar simbolicamente ou negar pensamentos, sentimentos ou ações
anteriores.

FUNÇÃO: Nesta defesa o sujeito expressa um afeto, impulso ou comete uma ação que elicia sentimentos
de culpa ou ansiedade. Ele então, minimiza a angústia expressando o afeto, impulso ou ação opostos. O
ato de reparação remove o indivíduo da experiência do conflito. Na conversação, as afirmações do sujeito
são imediatamente seguidas por qualificações contendo o significado oposto da afirmação original. Para o
observador, esta justaposição de afirmações com sentidos contraditórios pode tornar difícil a visualização
de qual é realmente o sentimento primário ou intenção do sujeito.
Ofensas podem ser seguidas de atos de reparação com relação ao objeto da ofensa. O sujeito parece
compelido a apagar ou anular sua ação original.
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DIFERENCIAÇÃO: Tanto a Cisão quanto a Anulação (Undoing) envolvem conflitos sobre a experiência
de opostos. Na Cisão, uma experiência do Eu (Self) ou do outro não podem ser reconciliadas com
experiências de significado emocional opostos (ex. Bom vs. Mau, poderoso vs. fraco). Ambos são
usualmente mantidos à parte na experiência do sujeito. E é inusual a justaposição de afirmações sobre
experiências ou significados opostos. Na Anulação, o sujeito faz uma afirmação sobre um objeto, mas
então rapidamente qualifica-o como se para evitar a crítica pela sua afirmação inicial (ex. “Minha mulher é
realmente um problema. Não me leve a mal, eu quero dizer que ela é realmente uma pessoa muito bem
intencionada” ) O sujeito é capaz de suportar a aparente contradição ou dissonância cognitiva
conscientemente.

A Reação Formativa difere da Anulação porque apenas o afeto substituto está claramente demonstrado,
enquanto que o original precisa ser inferido. Na Anulação o sujeito, usualmente mostra os dois afetos ou
impulsos opostos, alternadamente, sem uma resolução.

AUTO-AFIRMAÇÃO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais , ou estressores internos ou externos, expressando
diretamente seus sentimentos e pensamentos a fim de atingir seus objetivos. A Auto-Afirmação não é
coercitiva nem indireta ou manipulativa. O objetivo ou propósito do comportamento auto-afirmativo é
usualmente o de torná-lo claro para todas as pessoas afetadas por ele.

FUNÇÃO: A Auto-Afirmação lida com o conflito emocional através da expressão direta dos sentimentos e
desejos de alguém e, desta maneira, alivia a ansiedade ou angústia que ocorrem sempre que forças
contrárias, internas ou externas, impeçam sua expressão. A Auto-Afirmação não requer que o indivíduo faça
as coisas de sua maneira a fim de ser bem sucedido enquanto defesa ou resposta adaptativa. Ela é
certamente emocionalmente útil, porque permite ao indivíduo funcionar: um. Sem a ansiedade ou tensão
que surgem sempre que sentimentos e desejos não são expressos e, 2. Sem uma sensação de vergonha
ou culpa por não ter se expresso claramente em situações emocionalmente conflituosas. As conseqüências
emocionais são piores quando a auto-afirmação é bloqueada por proibições internas, em vez de apenas por
fatores externos, tais como uma pessoa dominadora enquanto autoridade.

DIFERENCIAÇÃO: A Agressão-Passiva difere da Auto-Afirmação na medida em que a primeira é uma


expressão indireta de necessidades ou sentimentos que freqüentemente obscurecem o que a pessoa está
tentando comunicar, e pode ser experienciada como coercitiva, manipulativa e hostil.
O “Acting out” pode expressar um desejo diretamente, mas é feito de uma maneira agressiva que
freqüentemente inibe ou fere outras pessoas. Visto que um conflito interno relacionado com desejos é
temporariamente evitado, o indivíduo experiencia a seguir uma angústia exacerbada. Além disto, o “Acting
out” freqüentemente traz conseqüências como a punição, enquanto a Auto-Afirmação mais provavelmente
eliciará a cooperação dos outros.

O Deslocamento pode às vezes ser confundido com a Auto-Afirmação quando o indivíduo expressa
diretamente aborrecimento ou outros sentimentos em relação a outros. No entanto, com o Deslocamento a
substituição dos sentimentos feita pelo indivíduo do objeto real pelo objeto deslocado, leva a apenas uma
redução parcial da tensão emocional do conflito ou do estressor. Portanto, o resultado do Deslocamento
tende a não ser tão satisfatório, porque o indivíduo perdeu de vista o que é realmente desejado.

AUTO- OBSERVAÇÃO

DEFINIÇÃO: O individuo lida com conflitos emocionais , ou estressores internos ou externos, refletindo
sobre seus próprios pensamentos, sentimentos, motivações e comportamentos. A pessoa é capaz de “ver-
se como os outros a vêem” em situações interpessoais e em conseqüência, ela é capaz de entender a
reação das outras pessoas em relação a ela. A defesa não é sinônimo de simplesmente fazer observações
ou falar de si mesmo.
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FUNÇÃO: Esta defesa permite à pessoa fazer a melhor adaptação às demandas da realidade externa, visto
que ela tem uma visão acurada de seus próprios afetos , desejos , impulsos e comportamentos. Embora a
auto-observação não mude alguém de per se, ela é um precursor de melhor adaptação dos estados
internos à realidade externa. Esta defesa permite ao individuo crescer e se adaptar melhor quando ele lida
com estress.

DIFERENCIAÇÃO: a Fantasia Autística difere da auto-observação, na medida em que a fantasia tem uma
base irrealística, na qual não há uma tentativa de se adaptar melhor a um problema, objetivo, etc.. Ao
contrário, a auto-observação coloca a pessoa mais sintonizada consigo mesma e com o ambiente externo e
pode promover uma melhor integração das características e desejos da pessoa às situações externas.

A Racionalização difere da auto-observação na medida em que na auto-observação há uma tentativa de


descobrir e explorar , em vez de disfarçar as intenções, sentimentos ou ações como na racionalização.

A Desvalorização de si mesmo difere da Auto-Observação porque a sua função primária é levantar alguns
aspectos da auto-estima (ex. Eliciando simpatia) desvalorizando alguns aspectos de si mesmo, em vez de
promover uma autoconsciência mais acurada.

A Onipotência e a Negação Hipomaníaca diferem da Auto-Observação pela qualidade “poliânica” de ter


grandes “pseudo-insights” sobre si mesmo. A pessoa parece primariamente interessada nos bons
sentimentos que acompanham o contínuo descobrimento de novas coisas para falar sobre sua própria vida
psicológica. Quando a Intelectualização também está presente, o sujeito pode usar vários termos abstratos
para se auto descrever, ou permeia as auto-descrições com “psicologismos” que carecem de acurácia ou de
significado.

CISÃO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais, estressores internos e externos, vendo a si mesmo
ou outros como completamente ruim ou completamente bom. O sujeito falha em integrar os aspectos
positivos e negativos de si mesmo e dos outros em uma imagem coesa; freqüentemente o indivíduo vai ser
alternadamente idealizado e desvalorizado.

Em cindindo a imagem dos outros (imagem do objeto), o sujeito demonstra que sua maneira de vê-los,
assim como suas expectativas e sentimentos em relação a estes, são contraditórios e que ele não pode
reconciliar estes aspectos contraditórios em uma visão mais realista e coerente dos outros. As imagens dos
objetos são divididas em opostos polares de forma que o sujeito só consegue em cada vez, ver um aspecto
emocional, ou faceta, do objeto. Os objetos são experienciados em “branco ou preto”. Em um momento o
objeto vai ser visto como unicamente possuidor de características positivas como ser amoroso, poderoso,
respeitável, gentil, sem nenhuma característica de significância emocional oposta às descritas. Em outro
momento, o mesmo objeto vai ser visto como ruim, detestável, irritado, destrutivo, rejeitante, desonesto,
sendo o sujeito incapaz de ver qualquer atributo positivo. Em discussões, o sujeito comumente fala sobre
alguns indivíduos em termos exclusivamente positivos e outros indivíduos em termos exclusivamente
negativos como se o mundo fosse dividido em dois campos: o bem e o mal. Um sujeito que é sentido como
bom se torna mau de forma imprevisível.

A cisão é principalmente revelada de duas maneiras. O sujeito pode inicialmente descrever um objeto em
uma perspectiva e mais tarde descrevê-lo em termos opostos. De uma segunda maneira, o objeto é
simplesmente catalogado com outros objetos em bons e maus, positivos e negativos.

Quando o sujeito usa a cisão de imagens de um objeto, ele não consegue integrar nenhuma experiência ou
sentimento que contraponha a primeira por ele sentida. Todos os atributos que se comparam a um
determinado sentimento são realçados, enquanto que qualquer outro sentimento que o contradiga, é
afastado da consciência emocional embora não necessariamente da consciência cognitiva.

A cisão das imagens de si geralmente ocorre lado a lado à cisão da imagem dos outros já que ambos são
conseqüência da vivência passada do sujeito com os objetos passados tidos como imprevisíveis. Ao cindir a
imagem de si o sujeito demonstra que ele tem visões, expectativas e sentimentos contraditórios em relação
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a si próprio que ele não pode reconciliar num todo coerente. As imagens de si são divididas em dois pólos:
num determinado momento, a consciência do sujeito é limitada àqueles aspectos de si que têm a mesma
tonalidade emocional. Ele vê a si mesmo em “branco ou preto”. Ele pode ver-se somente tendo bons
atributos como ser amoroso, poderoso, honesto, correto, com bons sentimentos; em outro momento, ele
acredita no oposto: que ele é ruim, detestável, destrutivo, fraco, impotente, desonesto, ou que está sempre
errado ou ainda, que ele tem somente sentimentos negativos. O sujeito não pode experimentar em si ambos
os lados, unidos em uma forma mais realista. Ele não consegue ver a si mesmo, com aspectos negativos e
positivos coexistindo. A mudança do sujeito de um pólo a outro é imprevisível.

FUNÇÃO: Cindir as imagens do objeto e de si, é a defesa que o sujeito tem contra a ansiedade da possível
destruição das imagens boas das pessoas pela introdução de maus aspectos.
Cindir a imagem do objeto limita a ansiedade que o sujeito poderia sentir ao tentar exprimir alguma
necessidade ou sentimentos a outros, dos quais não conseguiria imaginar qual seria a resposta. Ver os
outros como totalmente ruins ou bons, elimina a ansiedade provocada pela tarefa de discernir como aquele
outro vai se comportar em relação a ele, tarefa sentida pelo sujeito como impossível. Ao invés disto, o
sujeito se lança numa categorização rápida das pessoas em boas ou más , baseando-se em pistas iniciais
(ex. “Ele franziu o cenho quando eu falei, logo ele me odeia”) ou em sentimentos internos (ex. “Eu me sinto
tão mal que eu sei que tu deves me odiar, então porque deveria me abrir para ti?”). A defesa não é
adaptativa porque o sujeito age de forma imprevisível e irracional em relação a outros como resposta à
como ele se sentiu tratado; ele renuncia às recompensas que ele teria caso fosse mais flexível na interação
com outros. Usando esta defesa, o sujeito ganha alguns amigos e faz alguns inimigos baseado em
características destes que são na verdade irreais.

Cindir a imagem de si tem uma função adaptativa: minimiza a ansiedade que o sujeito experimentaria na
tentativa de unir a visão de si com a visão e a forma de tratamento que outros teriam com ele. Em vez disto,
quando se vê de determinada maneira, ele mantém a opinião de si independentemente da maneira como o
outro o veja ou trate: as contradições então não fazem parte de sua experiência. Isto minimiza a ansiedade
disruptiva que pode ser provocada pela tentativa de prever pessoas imprevisíveis. A desvantagem é que a
visão que o sujeito tem de si se torna inflexível às realidades do ambiente, assim como se torna imprevisível
a passagem de uma imagem de si em sua oposta. Isto também deixa o sujeito mais insensível a relações
mais sensatas, previsíveis e potencialmente mais recompensadoras do que mundo de relações que ele
conhece. Em um ambiente melhor, o sujeito sofre com o que era paradoxalmente protetivo originalmente:
uma insensibilidade em experienciar visões contraditórias de si.

DIFERENCIAÇÃO: Identificação projetiva: Cindir a imagem do objeto e a identificação projetiva


freqüentemente trabalham lado a lado. Em ambas defesas o outro é percebido como totalmente bom ou
totalmente mau. Na identificação projetiva, porém, o sujeito admite que o sentimento vem de si, mas que foi
originado na outra pessoa (ex. “É claro que eu estou irritado com você, mas você estava irritado comigo
antes)”. Na cisão da imagem do objeto, o sentimento do sujeito assim como suas próprias necessidades,
não são tão óbvias para ele mesmo ou para os outros, e somente o produto final, ou seja, a categorização
dos outros em termos de imagens opostas é evidente.

Desvalorização: Ao usar a desvalorização, o sujeito faz um comentário negativo sobre o objeto como uma
forma de diminuí-lo: desdenha, desvaloriza ou nega as características do objeto. O sujeito não necessita
manter qualquer interesse ativo sobre o objeto ou preocupação com a possível influência do objeto sobre
ele. Porém, a distinção deste mecanismo com a cisão é que na cisão o sujeito preocupa-se intensamente
com os aspectos negativos do objeto, sua malevolência, seu poder ou periculosidade. O sujeito dá
indicações que é ou foi vulnerável aos ataques ou frustrações do objeto, quando visto no lado negativo da
cisão. Na desvalorização, o sujeito aparece invulnerável, enquanto que na cisão ele aparece mais
vulnerável ao mau objeto.

Anulação: Na anulação, o sujeito se manifesta sobre um objeto mas rapidamente após modifica o que
disse como que para evitar críticas sobre o que disse (ex: “Minha mulher é uma chata. Não me entenda
mal, na verdade ela é uma pessoa bem intencionada”). O sujeito consegue manter na consciência a
contradição ou dissonância cognitiva, enquanto que na cisão, uma afirmação e a sua oposta, não podem
ser reconciliadas. Ambas mantém-se afastadas entre si na experiência do sujeito e é difícil que ambas
afirmações apareçam justapostas no tempo.
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DESLOCAMENTO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores internos ou externos, fazendo
generalizações ou redirecionando um sentimento ou uma resposta de um objeto para outro, usualmente,
menos ameaçador. A pessoa que usa o Deslocamento pode estar ou não consciente de que o afeto ou
impulso expressos em relação ao objeto deslocado era realmente dirigido a outra pessoa.

FUNÇÃO:O Deslocamento permite a expressão de um afeto, impulso ou ação em direção a uma pessoa ou
outro objeto que possua alguma semelhança ao objeto que inicialmente despertou o afeto ou impulso. O
afeto ou impulso é plenamente expresso e reconhecido, mas ele é desviado para um alvo menos
conflituoso. O deslocamento permite maior expressão e gratificação, ainda que para os alvos errados, do
que outras defesas neuróticas.
DIFERENCIAÇÃO: A Dissociação envolve uma mudança na consciência do sujeito ou no funcionamento
característico de sua personalidade, mas o objeto alvo não é necessariamente alterado. No Deslocamento a
personalidade característica do indivíduo, não é alterada, enquanto o objeto de seu afeto ou impulso é
alterado.
A Agressão Passiva expressa hostilidade em relação a outros que frustram ou desapontam o sujeito.
Mas, usualmente, envolve comportamentos passivos e não diretos. O Deslocamento , freqüentemente,
envolve a expressão ativa e direta do afeto ou impulso mas o alvo é mudado.
A Projeção envolve a negação e a atribuição indevida dos desejos ou afetos a uma outra pessoa, que se
torna o alvo das suspeitas. No Deslocamento, o afeto ou o impulso não são negados.

DESVALORIZAÇÃO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores internos ou externos, atribuindo
qualidades exageradamente negativas a si ou outros.

FUNÇÃO: A desvalorização refere-se ao uso de afirmações desabonadoras, sarcásticas, ou outras


afirmações negativas sobre alguém ou a si mesmo, de maneira a aumentar a auto-estima. A
desvalorização rechaça da consciência os desejos ou o desapontamento frente a desejos que não podem
ser satisfeitos. Os comentários negativos sobre outros usualmente cobrem um certo senso de
vulnerabilidade, vergonha ou inutilidade que o sujeito experiencia ao exprimir seus desejos ou quando se
encontra de frente às suas próprias necessidades.

DIFERENCIAÇÃO: Projeção: Diferentemente da projeção em que o sujeito fica fascinado pelos desejos ou
poderes que ele erroneamente atribui a este, o sujeito não se expressa longamente em relação objeto. Ao
contrário, o sujeito toma uma distância de cada desvalorização assim como toma distância do objeto
através deste mecanismo.

Cisão: Ao usar a desvalorização o sujeito faz um comentário negativo sobre um objeto como uma maneira
de desvalorizá-lo: o denigra, desvaloriza ou nega determinadas características. O sujeito assim, não precisa
manter qualquer interesse ativo ou preocupação com o objeto e o potencial deste em influenciá-lo. Na cisão
da imagem de si e de outros, o sujeito pode fazer afirmações negativas sobre o objeto. A distinção da
desvalorização se dá na preocupação sempre ativa do sujeito das características negativas do objeto: sua
maleficência, periculosidade e poder. Existe uma tendência em realçar todos os aspectos objeto de forma
negativa. O sujeito pode dar uma indicação que ele é ou foi vulnerável ao ataque ou frustrações de suas
necessidades por um objeto que é visto no lado negativo da cisão. Na desvalorização o sujeito aparece
invulnerável, enquanto que na cisão ele aparece mais vulnerável ao mau objeto.

DISSOCIAÇÃO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores internos ou externos, através de uma
alteração temporária das funções integrativas da consciência ou da identidade. Na defesa de Dissociação,
um afeto particular ou impulso, que o sujeito não esta consciente, opera fora de sua consciência normal.
Tanto a idéia quanto o afeto ou impulso associado permanecem fora da consciência, e são expressos por
uma alteração desta. Embora, às vezes o sujeito possa ter uma vaga percepção de que algo inusitado
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ocorre, ele não tem um conhecimento claro de que seu afeto ou impulsos estão sendo expressos. A
Dissociação pode resultar numa perda de funcionalidade ou em um comportamento atípico.

FUNÇÃO: O material dissociado é comumente experienciado como muito ameaçador, muito carregado de
conflito ou muito ansiogênico para ser admitido na consciência e totalmente percebido pelo sujeito.
Exemplos de material usualmente ameaçadores incluem, a recordação de um trauma que envolve o medo
da morte, sentimentos de impotência, ou ainda um súbito impulso para matar alguém próximo. A
Dissociação permite a expressão do afeto ou do impulso através da alteração da consciência, o que permite
que o indivíduo se sinta menos culpado ou ameaçado.

DIFERENCIAÇÃO Mentira. Episódios aparentemente envolvendo dissociação são crimes ou episódios de


acting-out para os quais o sujeito alega amnésia, precisam ser diferenciados de mentira consciente.
A Dissociação pode ser diferenciada das outras defesas pela mudança mais completa no estado ou na
personalidade do sujeito.
Deslocamento, muda de objeto mas a consciência do impulso ou do afeto permanece.
Formação Reativa muda o afeto ou o desejo pelos seus contrários mas o objeto permanece.
Isolamento minimiza a consciência do afeto ou do desejo, mas a idéia permanece na consciência.
Repressão mantém a idéia inconsciente, mas o afeto ou impulso permanecem.
Cisão da imagem de Si mesmo ou dos outros, mantém a idéia com um significado emocional
particular na consciência, enquanto, minimiza a percepção das idéias com significados emocionais
diferentes. Quando a cisão e a Dissociação ocorrem juntas, mudanças altamente dramáticas no
funcionamento da personalidade podem ocorrer (ex. : personalidade múltipla).

FANTASIA AUTÍSTICA

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores externos e internos através de um
excessivo “sonhar acordado”, como um substituto de relações humanas ou de ações mais efetivas, diretas e
eficazes na resolução de problemas.

A fantasia denota o uso do “sonhar acordado” tanto como um substituto da resolução de problemas
externos ou como uma forma de expressar e satisfazer os desejos e sentimentos. Mesmo que o sujeito
esteja consciente de que “Eu estou apenas imaginando”, a qualidade da fantasia, porém, é o mais próximo
da gratificação de desejos nas relações interpessoais que ele ou ela conseguem chegar.

FUNÇÃO: A fantasia permite ao sujeito obter temporariamente uma satisfação indireta através do imaginar
uma solução para um problema ou conflito real. O sujeito sente-se bem ao usar a fantasia e
momentaneamente evita a sensação de impotência. Em realidade, enquanto fantasia, a convicção oposta
(ex: grandiosidade) pode estar operando, de que o sujeito pode realizar qualquer coisa.

A fantasia não é adaptativa quando leva a um curto-circuito e não ensaia uma tentativa de resolução de
uma situação do mundo externo, pois é uma substituição deste por uma gratificação fantasiada. Algumas
vezes, o fantasiar pode substituir totalmente a tentativa realística de satisfação do desejo e resolução de
conflito; isto porém se verifica, sem nenhuma perda da capacidade do sujeito de perceber e examinar a
realidade externa; o sujeito conhece de fato a diferença entre a vida real e fantástica.

DIFERENCIAÇÃO: Agir (acting-out) : A fantasia difere do agir no senso que não existe um mundo real de
ação no fantasiar. Toda a ação tem lugar na imaginação, não interessando quanto impulsivo seja.

Onipotência: A fantasia pode ser acompanhada de sentimentos de onipotência mas não existe nenhuma
convicção do sujeito de ser onipotente e nenhuma manifestação disto a outros. Na onipotência, o sujeito
age na crença de que possui poderes especiais ou habilidades, descrevendo-se nestes termos.

Antecipação: A fantasia difere da antecipação no senso que não existe um plano de ação nem um efeito
antecipado de uma situação no mundo externo. A antecipação pode usar imaginação como uma ferramenta
para comparar ou praticar alternativas de maneira a lidar com um problema real; mas a arena onde se tudo
se passará é o mundo externo. O sujeito se preocupa com as conseqüências na vida real de suas ações
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imaginadas, e diferentemente da fantasia onde mortos podem ressuscitar, a antecipação é acompanhada


da experiência dolorosa do afeto.

FORMAÇÃO REATIVA

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores internos ou externos, substituindo
comportamentos, pensamentos ou sentimentos que são diametralmente opostos aos seus pensamentos ou
sentimentos inaceitáveis.

FUNÇÃO: Na Formação Reativa um impulso original é considerado inaceitável pelo sujeito e uma
substituição inconsciente é feita. Sentimentos, impulsos e comportamentos de um matiz emocional oposto
substituem os originais. O observador não vê a alteração, per se, mas apenas o produto final. Substituindo
os sentimentos inaceitáveis originais pelo seu oposto, o sujeito evita sentimentos de culpa. Além disso, a
substituição pode gratificar um desejo de se sentir moralmente superior.

A Formação Reativa pode ser razoavelmente inferida quando um sujeito reage a um evento com uma
emoção oposta, ou de matiz oposto aquele evocado usualmente nas pessoas. Ela é mais clara em
exemplos em que o cuidado e a preocupação são substituídos por irritação ou medo em relação àqueles
que agem contra o sujeito. Ela também é vista quando grosserias ou depreciações são substituídas por
preocupação ou interesse.

DIFERENCIAÇÃO: A Anulação difere da Formação Reativa porque o observador vê ambos os afetos ou


impulsos alternadamente, sem uma resolução. Na Formação Reativa somente o afeto substitutivo está
claramente presente, enquanto o original precisa ser inferido.

HUMOR

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais, ou “estressores” internos ou externos, enfatizando
os aspectos divertidos ou irônicos do conflito ou do “estressor”. O Humor tende a aliviar a tensão em torno
do conflito de uma forma que permita a todos compartilhá-lo (envolver-se), ao invés de ser feito às custas
de uma só pessoa, como nos casos de observações ridicularizantes ou mordazes. Um elemento de auto-
observação ou verdade está freqüentemente envolvido.

FUNÇÃO: O Humor permite a expressão de afetos e desejos que estejam envolvidos com um conflito ou
com um “estressor”. Sempre que um conflito ou estressores externos bloqueiam a expressão integral dos
afetos ou a satisfação de desejos, o Humor permite uma certa expressão simbólica assim como da fonte de
conflito. A frustração decorrente do conflito é temporariamente aliviada de tal forma que tanto a pessoa
como os outros podem sorrir ou mesmo rir. Isto é especialmente evidente em questões relacionadas à
condição humana para as quais certos estressores são inevitáveis.

DIFERENCIAÇÃO: A Desvalorização diferencia-se do Humor pelo denegrimento da imagem de seus alvos


através do sarcasmo, de observações cruéis ou do menosprezo. Embora a desvalorização possa ser
divertida, ela se dá às custas de alguém e gera o constrangimento ( indisposição) da pessoa atingida. Isto
também é verdadeiro, quando o sujeito desvaloriza-se a si próprio. Mesmo quando feita através de
“palhaçadas” ou de uma forma divertida, a desvalorização, deixa a auto-estima da pessoa mais diminuída.

A Agressão Passiva difere do Humor, mesmo que estejam envolvidas “ palhaçadas” ou a tentativas de fazer
graça, pois: 1. ela e feita através do aviltamento, 2. impede que se lide com os conflitos ou estressores,3. ou
desvia o sujeito ou os outros da tarefa que estava sendo realizada.

O Humor enquanto defesa é uma subcategoria (derivativo) da piada (brincadeira) normal ou do jogo de
palavras, mas difere deles na medida em que o objetivo é o de aliviar um “estressor” evidente ou um conflito
emocional que tenha sido desencadeado. A piada normal é feita primariamente para o entretenimento e a
diversão e não está ligada a nenhum conflito imediato ou “estressor”. Esta diferença pode ser realçada
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quando se nota que, contar uma piada não significa per se o humor como defesa. Não se deve avaliar uma
pessoa como usando o Humor como defesa, apenas porque ela fez uma observação divertida ou contou
uma piada. Ao contrário, é o propósito do humor que faz dele uma defesa.

HIPOCONDRIA

DEFINIÇÃO: A Hipocondria envolve o uso repetido de queixas ou uma série de queixas nas quais o sujeito
pede ostensivamente por ajuda. Porém, sentimentos disfarçados de hostilidade ou ressentimento em
relação a outros são expressos pela rejeição do sujeito a sugestões, conselhos ou qualquer outra oferta
dada por outrem. As queixas podem ser de cunho somático ou de qualquer outro relacionado à vida do
sujeito. Tanto um tipo quanto outro de queixa é seguido de uma rejeição do tipo “help-rejecting complainer”,
ou seja, é rejeitado pelo sujeito qualquer ajuda oferecida.

FUNÇÃO: A Hipocondria é uma defesa contra a raiva que o sujeito experimenta quando ele ou ela sente
necessidade de depender emocionalmente do outros. A raiva provém da convicção, ou mesmo de alguma
experiência passada, de que ninguém poderá satisfazer as necesidades do sujeito. O sujeito expressa sua
raiva através de um reproche indireto da ajuda oferecida, tornando-a “não boa suficiente”, embora continue
pedindo mais e mais ajuda.

Ao invés de afastar o outro através da expressão de uma raiva direta, o uso da hipocondria une a pessoa ao
sujeito pelo pedido aberto de ajuda. A expressão do sujeito de desamparo em relação à determinado
problema revela um senso de impotência em conseguir ajuda, conforto e atenção esperados, ao mesmo
tempo que o sujeito descarrega o ressentimento pelo já esperado desapontamento de não obter
imediatamente a ajuda suficiente.

DIFERENCIAÇÃO : Agressão passiva. Na agressão passiva as necessidades do sujeito (ex: dependência)


são pouco claros e não existe pedido direto que o sujeito faz a outros. Em vez disso, existe somente a
expressão indireta de hostilidade aos outros como conseqüência de demandas reais ou imaginárias sobre o
sujeito, ou fracasso no atendimento de alguma necessidade do sujeito. A agressão passiva não vincula o
sujeito ao objeto já que convida à retaliação e é mais freqüentemente utilizada quando já existe uma relação
anterior do sujeito com o objeto como é o caso de uma relação hierárquica de autoridade, ou qualquer
relação de trabalho onde um, não pode escapar facilmente do outro. Em contraste, na hipocondria pode
existir tanto um pedido aberto quanto um implícito, e junto a ambos, uma recusa velada.

Dissociação: A dissociação e a hipocondria freqüentemente ocorrem juntas quando a queixa se refere a


um sintoma funcional como dor de cabeça ou dores vagas. A dissociação representa o afeto ou impulso que
é desviado da consciência e deslocado sobre uma queixa física. A hipocondria é também considerada
presente se o sujeito pede ajuda para um sintoma físico e então passa a rejeitar as tentativas de ajuda. Na
dissociação o volume de queixas é diminuído ao mínimo como na “belle indifférence”; com a hipocondria o
volume é aumentado a um nível insuportável.

Anulação: O sujeito na anulação não pede ajuda. Quando o sujeito responde ao entrevistador de forma
exatamente oposta dos comentários do entrevistador, ou modificando-a, é anulação, não hipocondria. Será
hipocondria somente quando o comentário do entrevistador servia como uma clara ajuda a um problema em
particular.

Desvalorização: A hipocondria difere da desvalorização pois na primeira, o sujeito está bastante vinculado
àquele que oferece ajuda. Na desvalorização, o sujeito faz comentários negativos de forma a diminuir a
importância, poder, e prestigio do outro e não se vincular para depois receber ajuda. A desvalorização serve
para destituir o objeto antes que o sujeito experimente desapontamento de algo que deseje do objeto. Em
realidade, estas defesas freqüentemente ocorrem juntas.
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IDEALIZAÇÃO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais ou com estressores internos e externos, atribuindo
qualidades exageradamente positivas a si ou outros.

FUNÇÃO: Na idealização, o sujeito descreve relações interpessoais com outros (incluindo instituições,
sistemas de crença, etc.) que são poderosos, reverenciados, importantes, etc. Isto usualmente serve como
fonte de gratificação assim como de proteção contra sentimentos de impotência, inutilidade e outros. A
defesa ajuda ao sujeito a sentir-se importante como o outro, por associação. O sujeito vê o outro
exageradamente bom e poderoso e embora consiga ver que tal pessoa tem também defeitos, a importância
destes é diminuída de maneira que a imagem do outro permanece altamente valorizada.

DIFERENCIAÇÃO: Cisão: Na cisão o sujeito é incapaz de reconhecer qualquer fato sobre o objeto que
venha a contradizer a imagem positiva deste. Na idealização, os fatos negativos não são negados, embora
a significância destes seja diminuída de modo a não interferir com a manutenção de um bom sentimento em
relação ao objeto.

IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA

DEFINIÇÃO: Na identificação projetiva o sujeito tem um afeto ou impulso que ele sente como inaceitável,
projetando-o em outra pessoa, passando a acreditar que foi desta mesma outra pessoa que o afeto ou
impulso originou. Porém, o sujeito não nega o que projeta - diferentemente da projeção - pois ele continua a
ter consciência de seus afetos e impulsos, mas ele os erroneamente atribui como sendo uma reação
justificável às atitudes do outro! Portanto, o sujeito eventualmente admite seus afetos mas acredita serem
reações aos sentimentos que vêem da outra pessoa. O sujeito confunde a origem dos impulsos ou afetos,
que na verdade vêem dele mesmo.

Esta defesa é melhor observada na sua forma mais manifesta durante um relacionamento mais prolongado
em que o sujeito inicialmente projeta seus sentimentos e mais tarde passa atribuir como provenientes da
outra pessoa. Paradoxalmente, o sujeito acaba despertando no outro o mesmo afeto que ele projetou e que
acreditou não vir de si mesmo. Passa então a ser difícil identificar quem despertou o quê. Este processo é
bem mais prolongado que o da projeção que envolve a negação e subseqüente atribuição do impulso a
outros. A identificação projetiva envolve a atribuição de uma imagem de maneira que um objeto total é visto
de forma distorcida.

FUNÇÃO: A identificação projetiva é a defesa da pessoa traumatizada que se sentiu irracionalmente


responsável por seus traumas. A defesa é suscitada quando situações interpessoais estimulam memórias
de situações traumáticas, de situações semelhantes às vividas como traumáticas, ou ainda, de resíduos de
ambas. O indivíduo experiencia a outra pessoa como o ameaçando, de maneira que passa a se sentir
impotente frente a esta situação. O sujeito reage a este ataque real (ou imaginário), contra-atacando e
acreditando que suas ações são justificadas, embora ele mesmo tenha provocado a situação. Emerge um
sentimento de culpa suscitado no confronto com o outro, senso de culpa este que resulta de um processo
identificatório com o outro, reforçado pela convicção que a ameaça/ataque no próprio confronto seja por ele
merecida. Paradoxalmente, o sujeito freqüentemente induz no outro o aparecimento de sentimentos de
impotência, o que usualmente resulta no afastamento das pessoas com as quais se relaciona.

DIFERENCIAÇÃO: Projeção: Na projeção, a situação é menos confusa do que na identificação projetiva


porque o sujeito se prende rigidamente ao que é negado e atribuído ao mundo externo. Em contraste com
isto, na identificação projetiva existe uma situação mais complexa e não tão rígida já que não é somente um
impulso que é projetado no outro, mas uma imagem inteira deste que é distorcida. Assim o sujeito tem uma
reação também bem mais complexa à imagem que vê do outro, sentindo que a culpa é parcialmente sua
também. O resultado disto é uma visão de si como uma vítima justa e não uma vítima injusta como na
projeção.
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Agir (Acting-out): Na identificação projetiva o afeto original é a raiva e o medo de retaliação, sendo o
comportamento resultante bastante inquietante. A tensão e a raiva crescentes e o também crescente
volume de remarques acusatórios, embora altamente provocativos, são limitados a palavras afetivamente
carregadas. Se o sujeito então prossegue nas ameaças ou age agressivamente (atira objetos, agride
fisicamente, faz sérias ameaças verbais), entende-se que o sujeito começou o agir (acting-out e acting-in).
A identificação projetiva precede o agir (acting) somente nos casos em que o sujeito acredita que a outra
pessoa estava ameaçando-o primeiro e forçando-o a um determinado comportamento (ex: Eu tive que bater
nele, ele estava me matando com as ameaças de me abandonar, o sádico!”).

INTELECTUALIZAÇÃO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores internos ou externos, através do uso
excessivo de pensamento abstrato para evitar experienciar os sentimentos perturbadores.

FUNÇÃO: A Intelectualização é uma defesa contra afetos e impulsos segundo a qual, a idéia representando
o afeto ou o impulso é mantida consciente e é expressa como uma generalização, de maneira a separar ou
distanciar o sujeito do afeto ou do impulso propriamente ditos. A qualidade das emoções é perdida assim
como a força de qualquer impulso. O elemento cognitivo permanece consciente, embora em termos
generalizados e impessoais. O sujeito comumente se refere à sua experiência em termos gerais ou ainda
na segunda ou terceira pessoas.
Não é preciso ser brilhante ou inteligente para se usar intelectualização. É simplesmente uma estratégia
cognitiva para minimizar a importância de problemas na vida afetiva. Como outras defesas, ela pode ser às
vezes ser vista em casos de retardo mental e síndromes cerebrais orgânicas.

DIFERENCIAÇÃO: O Isolamento é encontrado em indivíduos que usam intelectualização mais


freqüentemente do que por acaso, desta forma, complica a diferenciação das duas defesas. Ambas,
distanciam o sujeito de seus sentimentos. O Isolamento o faz, diretamente, separando e
compartimentalizando os sentimentos, calando a experiência direta deles, enquanto deixa o sujeito capaz
de descrever amplamente os detalhes factuais de sua experiência. A Intelectualização realiza isto
indiretamente, uma vez que o sujeito primeiro traduz sua experiência em generalidades (ex.:
generalizações abstratas, narrativa na terceira pessoa) o que então o distancia da experiência imediata dos
sentimentos.
A Racionalização é uma defesa de negação, o que é uma prima direta da Intelectualização. A
Intelectualização não distorce os fatos de uma situação ou os motivos de uma experiência, embora ela os
coloque no abstrato e separe o que foi sentido. Por outro lado, a Racionalização usa desculpas que soam
plausíveis e razões para encobrir os fatos e motivos que o sujeito deseja ocultar. A Intelectualização diminui
a habilidade de quem ouve para empatizar com a experiência do sujeito. Enquanto, a Racionalização tira o
ouvinte da pista de qual era a real experiência.
A Projeção é freqüentemente expressa pelo recurso a afirmações gerais e pode ser confundida com a
Intelectualização. No entanto, quando a Projeção é evidenciada por generalidades (ex. Todo mundo quer
algo por nada hoje em dia”) , o tópico é sempre um motivo, impulso, sentimento ou experiência que o sujeito
nega em si próprio. Na Intelectualização o sujeito não nega o motivo ou a experiência em si próprio, mas
mantém os fatos intactos. A generalização serve para calar o que é sentido na sua experiência.

ISOLAMENTO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores internos ou externos, sendo incapaz
de experienciar simultaneamente os componentes cognitivos e afetivos da experiência, porque o afeto é
mantido fora da consciência. Na defesa de Isolamento, o sujeito perde contato com os sentimentos
associados com uma determinada idéia (ex.: um acontecimento traumático) enquanto permanece
consciente de seus elementos cognitivos (ex.: detalhes descritivos). Somente o afeto é perdido ou separado
enquanto que a idéia está consciente. É o contrário da repressão, quando o afeto é retido mas a idéia é
separada e não reconhecida.
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Às vezes, o afeto pode ser separado temporariamente de sua idéia associada. O afeto é sentido mais tarde
sem a associação à experiência e idéia originais. Ao invés disso, há um intervalo neutro intervindo entre a
cognição da idéia e a experiência dos afetos associados.

FUNÇÃO: Indivíduos que se sentem ameaçados ou ansiosos com a experiência consciente dos
sentimentos podem ainda lidar com as idéias e eventos relacionados confortavelmente, quando os seus
afetos associados são separados e mantidos fora da consciência. Muito freqüentemente os afetos isolados
são associados à ansiedade, vergonha ou culpa que poderiam emergir se experienciados diretamente. O
compromisso para evitar a ansiedade, vergonha ou culpa associadas é o de que o indivíduo deixe passar a
experiência de sentimentos de uma forma que acrescente informações relevantes e que podem ser úteis
ao se fazer escolhas.

DIFERENCIAÇÃO: A Intelectualização e o Isolamento servem para minimizar a consciência do afeto


enquanto retém a consciência das idéias. Elas freqüentemente ocorrem juntas, complicando sua
diferenciação. A Intelectualização ajuda a distanciar o sujeito de seus sentimentos alterando a referência de
si mesmo para generalizações, princípios gerais, o que é verdadeiro para outros indivíduos, etc..
Focalizando em generalizações, o indivíduo mantém uma distância do que ele realmente sente. O
Isolamento não requer a mudança do sujeito para alguma generalização sobre si mesmo ou outros.

NEGAÇÃO NEURÓTICA (Negação menor)

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais, com estressores internos ou externos, pela recusa
em aceitar determinado aspecto da realidade externa ou de sua experiência que seria aparente para outros.
O sujeito ativamente nega que um sentimento, uma resposta comportamental ou intenção (com
relação ao passado ou presente) estava ou não presente mesmo que sua presença seja considerada óbvia
ao observador. O sujeito permanece cego ao conteúdo emocional e ideacional do que é negado. (Isto exclui
a negação psicótica na qual o sujeito recusa-se à reconhecer um objeto físico ou evento que ocorra no
campo atual do sujeito).

FUNÇÃO: A negação neurótica serve ao sujeito ou que o utiliza, a não reconhecer sentimentos específicos,
desejos, intenções ou ações pelos quais o sujeito é responsável. A negação evita admitir ou se tornar
consciente de um fato psíquico (ideia ou sentimento) que o sujeito acredita que vá lhe trazer consequências
adversas (como vergonha, mágoa ou outro sentimento penoso). A evidência para isto é clara quando o
sujeito consegue se dar conta da negação e experiencia vergonha ou outro sentimento que ele aprende
sobre si mesmo, pedindo desculpas ao entrevistador e assim por diante.

DIFERENCIAÇÃO: Repressão difere da negação neurótica no sentido de que “cega” menos o sujeito à sua
própria experiência. O sujeito usando repressão perde a percepção da idéia que dá sentido ou forma uma
experiência, enquanto retém alguma consciência que existe uma reação emocional inerente à experiência.
Na negação o sujeito é cego quanto ao elementos da experiência e das emoções relativa à ela se
colocando ativamente distante de ver a experiência para preservar sua negação. O sujeito usando a
repressão pode falar dos fatos mesmo que não saiba bem de que se tratam, enquanto que o sujeito que
nega tenta evitar qualquer tópico relativo. A repressão é mais fácil de ser quebrada que a negação. Por
exemplo, quando confrontado com uma hora marcada no seu dentista que o sujeito esqueceu, ele vai se
lembrar (a repressão é levantada). Quando confrontado com outra situação como por exemplo uma
situação em que o sujeito plagie algo de alguém, se ele utiliza a negação ele vai mantê-la obstinadamente.

Dissociação: protege o sujeito da percepção das idéias e seus afetos, alterando a experiência consciente
total. A negação preserva a consciência normal mas mantém uma ideia e um sentimento específico fora da
consciência.

Formação reativa: torna uma idéia e seu afeto associado nos seus opostos (ex. raiva em carinho), a
negação não. A pessoa usando a negação dá pistas que tanto a idéia original quanto o afeto existem
inalterados mas longe da consciência.
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ONIPOTÊNCIA

DEFINIÇÃO: A onipotência é uma defesa na qual o sujeito responde a um conflito emocional ou


estressores internos e externos, colocando-se em uma posição de superioridade em relação os outros,
como se possuísse habilidades ou poderes especiais.

FUNÇÃO: Esta defesa comumente protege o sujeito de uma perda de auto-estima como conseqüência de
estressores que põem em marcha sentimentos de desapontamento, impotência, inutilidade e outros. A
onipotência minimiza subjetivamente as experiências anteriormente descritas enquanto que para as outras
pessoas elas são evidentes. A auto-estima é artificialmente aumentada às custas de uma distorção na
maneira com que o sujeito se avalia, em resposta a experiências reais que trazem sentimentos contrários.

DIFERENCIAÇÃO: Formação reativa: A onipotência se diferencia da formação reativa no sentido que os


sentimentos que são negados são mais óbvios para os outros, e o senso de poder mostrado é não realístico
e mesmo infantil. Também, a onipotência lida com a auto-estima e sentimentos que alguém tem sobre si,
enquanto que na formação reativa lida com sentimentos em relação a outros.

Cisão: (da imagem de si) pode envolver ocasiões onde o indivíduo descreve aspectos bons de si, deixando
de fora características negativas que são emocionalmente relevantes. Se o lado bom de si é descrito em
termos realísticos (ex: os ganhos são genuínos e os elogios realmente aconteceram) então a onipotência
não está em uso. A onipotência deve ser somente considerada quando a cisão está presente e a visão de si
está exagerada (inflada). Falhar em se tornar emocionalmente consciente da relevância dos aspectos
negativos de si é evidência de cisão mas não necessariamente de onipotência.

PROJEÇÃO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais, com estressores internos ou externos, falsamente
atribuindo à outros, sentimentos, impulsos e pensamentos por ele não reconhecidos em si próprio. O sujeito
rejeita seus sentimentos, intenções ou experiências, através da atribuição destes, A outros, usualmente
àqueles que o sujeito sente alguma ameaça ou alguma afinidade.

FUNÇÃO: Projeção não delirante permite ao sujeito lidar com emoções e motivos que o fazem sentir muito
vulnerável (especialmente vergonha ou humiliação), então, se preocupa com essas mesmas emoções em
outros. O uso da projeção compromete o sujeito em continuar a se preocupar com aqueles nos quais ele
projeta seus sentimentos internos como uma forma de minimizar dele próprio a percepção consciente deste
sentimentos.

DIFERENCIAÇÃO: Desvalorização: Na desvalorização o sujeito deprecia ao outro e não mantém uma


preocupação ativa por ele, enquanto que na projeção, o sujeito não consegue simplesmente descartar o
outro pois os sentimento projetados continuadamente retornam.

Identificação projetiva: Na identificação projetiva existe uma interação ativa entre o sujeito e o seu objeto.
O sujeito tem um afeto inicial que ele erroneamente atribui à outro (ex. raiva) e também passa a sentir a
mesma coisa sem rejeitá-los. A preocupação aumenta quando o sujeito vê que o sentimento não origina
dele mas como uma reação ao sentimento do outro. Isto usualmente progressa rapidamente e não passo a
passo. As tentativas feitas pela outra pessoa para esclarecer a interação somente torna as coisas mais
confusas, e de fato, o próprio objeto acaba sentido o afeto que foi nele projetado (ex. o objeto acaba ficando
realmente zangado). Na projeção as coisas são menos confusas já que o sujeito não vê em si o que ele
projetou.

Racionalização: Na racionalização, o sujeito faz referência ao motivo dos outros (“ex. se você estivesse no
meu lugar você faria a mesma coisa”) mas ele geralmente não nega a sua participação nas ações ou as sua
vantagens nela; o sujeito tenta torná-la mais aceitável através de desculpas ou racionalizações de sua
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necessidade. Na projeção, o sujeito rejeita seu próprio papel nas ações ou os ganhos na situação, não
tendo que dar maiores explicações, ao contrário, está mais preocupado em explicar os outros.

RACIONALIZAÇÃO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais, com estressores internos ou externos, através de
explicações incorretas de comportamentos seus ou outros.

FUNÇÃO: A racionalização envolve a substituição de razões plausíveis de um impulso ou ato do sujeito


onde o verdadeiro motivo não é possível de ser reconhecido pelo sujeito mas é evidente para o observador.
Embora o motivo escondido seja de natureza egoísta, ele pode também envlover sentimentos amorosos ou
de carinho com os quais o sujeito se sente desconfortável. O sujeito normalmente está pouco ou nada
consciente de seus motivos verdadeiros, ele só vê os motivos que ele define e que são mais socialmente
aceitos. As razões que o sujeito dá comumente não têm nada a ver com satisfações pessoais disfarçando
seus reais motivos ou impulsos, embora seja ainda possível de os distingüir por vezes.

DIFERENCIAÇÃO: Mentira: é a prima mais próxima da racionalização e podem ser difíceis de distingüir.
Existe provavelmente um continuum entre as duas nos casos mais prototípicos. A mentira é um ato
totalmente consciente. A racionalização é acompanhada por uma evidência que o sujeito está
momentâneamente inconsciente do verdadeiro motivo ou conflito relacionado aos seus atos. Na mentira, o
conflito é usualmente evidente à todos porque se trata de um conflito com normas socialmente aceitas (ex.
a moral regulamenta que não se deve mentir, roubar, se livrar de seus deveres, etc). Um indivíduo usa
racionalização para se manter não consciente do motivo enquanto que o indivíduo mente para manter
outros não conscientes do verdadeiro motivo. “mentir a si mesmo” é a racionalização.

Intelectualização: é uma defesa obsessiva sendo a prima da racionalização. A intelectualização não distorce
a realidade dos fatos ou os motivos de uma experiência embora as coloque em termos abstratos e distantes
do afeto original. Em contraste, a racionalização usa desculpas plausíveis e razões para esconder fatos e
motivos concernentes ao conflito que o sujeito experencia. A intelectualização diminui a habilidade do
ouvinte de se tornar empático com a experiência do sujeito, enquanto que a racionalização coloca o ouvinte
fora do real caminho ou motivo da experiência.

Projeção: tem a função de ajudar o indivíduo a rejeitar da consciência seus motivos e ações, sendo
freqüentemente acompanhada por racionalização, porém a projeção envolve um passo extra que é o de
colocar nos outros os motivos e ações. Na racionalização o sujeito dá razões plausíveis mas incorretas.

REPRESSÃO

DEFINIÇÃO: O indivíduo lida com conflitos emocionais ou estressores internos ou externos, sendo incapaz
de lembrar ou estar cognitivamente ciente de desejos, sentimentos ou pensamentos perturbadores.

FUNÇÃO: A repressão é uma defesa que protege o sujeito de se dar conta do que está experienciando ou
que tenha experienciado no passado. O sujeito pode experimentar um afeto, impulso ou desejo particular,
mas a consciência real do que são, isto é, a idéia associada a estes, permanece fora da consciência.
Enquanto que o elemento emocional está claramente presente e sendo experienciado, o elemento cognitivo
permanece fora da consciência.
Quando o sujeito faz uso da repressão ele tem sentimentos e impulsos que falha em reconhecer
assim como falha em reconhecer a situação ou objeto (pessoa) que pode evocá-los. Sem saber porque tais
sentimentos ou impulsos estão em jogo, a pessoa os expressa sem modificação ou os altera pela utilização
de uma defesa adicional. Por exemplo, um desejo de bater em alguém, o qual está reprimido, pode ser
ulteriormente alterado pelo deslocamento e resultar em um acesso de fúria sobre um aborrecimento menor.
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DIFERENCIAÇÃO: Uma vez que a repressão opera junto com outras defesas, é importante avaliar a
repressão nesta escala somente quando ela aparece sozinha e não quando é usada imediatamente em
série, com outras defesas. Portanto, a repressão, como é medida nesta escala, é um conceito mais estreito
e delimitado do que o que aparece na maioria da literatura psicodinâmica.

Negação: mantém a idéia e o afeto fora da consciência enquanto que a repressão retém alguma
consciência do afeto.

Dissociação: Protege o indivíduo de se tornar consciente da idéia e do afeto, alterando a experiência


consciente, ao passo que a repressão mantém a experiência consciente intacta por meio de manter apenas
a idéia focal fora da consciência.

SUBLIMAÇÃO

DEFINIÇÃO: O individuo lida com conflitos emocionais , ou estressores internos ou externos, canalizando
em comportamentos socialmente aceitáveis, os sentimentos ou impulsos potencialmente maladaptativos,
em vez de inibi-los. Esta defesa deve ser considerada como estando presente somente quando uma forte
relação emocional pode ser demonstrada entre os sentimentos e a resposta. Usos clássicos de sublimação
são os esportes e jogos usados para canalizar os impulsos de raiva ou as criações artísticas que
expressam sentimentos conflituosos.

FUNÇÃO:A sublimação permite a expressão de desejos, impulsos ou afetos que o sujeito voluntariamente
inibe por causa das repercussões sociais, potencialmente negativas. Ele então as canaliza para expressões
socialmente aceitáveis. Os objetivos originais e os objetos dos impulsos, desejos e afetos são
freqüentemente modificados de forma considerável, resultando numa atividade ou produto criativos. Por
exemplo, uma necessidade hostil de competir poder ser canalizada em esportes ou trabalhos
competitivos,ou ainda, impulsos sexuais podem ser expressos através da dança ou da arte criativas. O
resultado da sublimação é o de que os impulsos originais ganham certa expressão ao mesmo tempo que a
atividade ou produto resultantes podem também trazer alguma aprovação ou recompensa social positivas.

DIFERENCIAÇÃO: o Deslocamento envolve substituir um objeto similar mas menos conflituoso pela
expressão de sentimentos ou de impulsos originalmente voltados para um objeto conflituoso. Embora o
sujeito experiencie alguma satisfação por se expressar,podem haver algumas conseqüências aversivas. Isto
pode ocorrer porque o impulso é ainda socialmente inaceitável, ou porque a outra pessoa acha a expressão
do sujeito inapropriada.

Altruísmo coincide com a sublimação na canalização dos afetos, sentimentos e desejos em atividades
socialmente aceitas. Ele difere na medida em que a atividade envolve especificamente a ajuda a outros em
coisas semelhantes àquelas relacionadas às áreas de conflito passadas. O sujeito domina simbolicamente
suas experiências passadas, ajudando os outros a dominar problemas atuais.

SUPRESSÃO

DEFINIÇÃO: O individuo lida com seus conflitos emocionais, ou estressores internos ou externos, evitando
voluntariamente pensar temporariamente, em problemas , desejos , sentimentos ou experiências
perturbadoras. Isto pode implicar afastar coisas da mente até que ele possa lidar com elas: trata-se de
protelar e não procrastinar. A supressão pode também implicar evitar de pensar em alguma coisa no
momento porque isto poderia desviá-lo de se engajar em uma outra atividade que deve ser realizada (por
exemplo não se estender sobre problemas periféricos a fim de lidar com um problema mais premente). O
individuo pode trazer de volta o material suprimido para a sua atenção consciente prontamente, visto que
ele não foi esquecido.
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FUNÇÃO: A supressão mantém tanto a idéia quanto o afeto associado ao estressor fora da consciência
para atender algo diferente; no entanto o material suprimido pode ser plenamente retornado para a
consciência de forma voluntária. Os sentimentos perturbadores são conhecidos mas o lidar com eles será
postergado até que o sujeito se sinta mais capaz ou que a oportunidade seja mais apropriada. A ansiedade
neurótica é minimizada, visto que o material não está reprimido, embora uma ansiedade antecipatória
possa estar presente até que se lide com o estressor.

DIFERENCIAÇÃO:a Repressão difere da supressão na medida em que ela cria uma perda de consciência
dos componentes ideacionais do estressor, do afeto, etc. A idéia então aparece posteriormente de forma
involuntária na consciência através de fenômenos tais como lapsos de linguagem, inabilidade para
descrever a própria experiência, etc.. Ao contrário,na supressão há maior controle voluntário quanto a
afastar algo da consciência e trazê-lo de volta posteriormente.

Nível de maturidade das defesas

Defesas maduras: afiliação, altruísmo, antecipação, humor, auto-afirmação, auto-observação, sublimação e


supressão.

Defesas obsessivas: isolamento, intelectualização, anulação.

Outras defesas neuróticas: repressão, dissociação, formação reativa e deslocamento.

Defesas narcisistas: onipotência, ideallização e desvalorização.

Defesas de evitação: negação, projeção, racionalização e fantasia.

Defesas borderline: cisão (das imagens de si), cisão (das imagens do outro) e identificação projetiva.

Defesas de ação: agir, agressão passiva e hipocondria.

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