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LICENCIATURAS
Resumo
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Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/PR). Professora Assistente do
Departamento de Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/PR). E-mail:
reginaamguilherme@hotmail.com
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Introdução
[...] o trabalho da semiótica deve ser capaz de tornar exterior o interior – senão
tornar exterior semelhante ao interior. E nessa produção reveladora, o que será
exteriorizado é exatamente aquilo que se constitui na grande barreira a ser
atravessada: a ideologia. Revelar uma ideologia, combatê-la, destruí-la: a tal é a
operação fundante de toda prática teórica – e portanto, da prática semiótica –
particularmente quando esta se realiza em situações histórico-sociais como a que
caracteriza a realidade brasileira.
Neste sentido, estamos compilando neste relato, uma experiência exitosa de nossa
trajetória profissional que se instaurou desde a Educação Básica, por ocasião de nossa
atuação, bem como vem se constituindo dentro dos espaços e tempos da Educação Superior,
com a qual exercemos a docência.
Para exemplificação, apontamos as incidências, recorrências e diagnósticos das turmas
com as quais percorremos o compromisso docente e neste detectamos que a leitura está
insuficiente no ambiente da Educação Superior por ocasião do inerente desgosto de nossos
(as) acadêmicos (as), que sempre que indagamos revelam suas dificuldades em tornar a leitura
uma prática constante e de fruição. Assim percebemos com tristeza que nossos (as) futuros
(as) professores (as) não estão lendo, nem mesmo as obras completas da área em que estão se
graduando enquanto formação inicial. Com base nesta realidade, acreditamos na importância
de começarmos a nos preocupar com esta relação de silenciamento ideológico e de desgosto
pela leitura no cotidiano universitário, que se fundamenta em textos da internet ou em xerox e
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“retalhos” de textos e não na inspiração da totalidade das obras em estudo e recomendadas por
seus (as) professores (as), ou mesmo trabalhadas por estes.
Em nossas posturas pedagógicas, independentemente da disciplina com a qual
atuamos será necessário identificarmos uma Educação Semiótica para filtrarmos nossos
olhares sobre o mundo e sua respectiva semiotização, assim sendo, estaremos ultrapassando a
mera leitura do código escrito. Isto hoje em dia é um desafio para todos nós que estamos na
sala de aula, independente se na Educação Básica ou na Educação Superior. Nesta linha de
análise cabe termos claro o que Santaella (1990, p.15 e 16) nos elucida:
As linguagens estão no mundo e nós estamos na linguagem. A Semiótica é a ciência
que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem
por objeto o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como
fenômeno de produção de significação e de sentido.
Seu campo de indagação é tão vasto que chega a cobrir o que chamamos de vida [...]
Nossa participação esteve sintonizada com o respeito que temos pelos cursos de
Licenciaturas, independentemente de, ora estarmos contribuindo com a formação acadêmica a
partir do curso de Licenciatura em Pedagogia, ora estarmos trabalhando junto ao curso de
Licenciatura em Letras. Isto se deve ao fato de, também, contarmos com estas duas
licenciaturas no começo de nossa formação, o que nos permite transitar nas reflexões teóricas
e práticas de ambos os cursos, contribuindo, assim, com o processo de formação dos nossos
futuros professores de forma exitosa, pois sentimos uma acolhida significativa de nossas
experiências profissionais por parte dos(as) acadêmicos(as) com os(as) quais construímos o
currículo vivido nos espaços da nossa Instituição de Educação Superior.
Como avaliação de nosso desempenho cabe registrar, ao longo desta trajetória
profissional nesta IES, que temos como resultado uma adequada relação acadêmica com
os(as) alunos (as), que nas práticas educativas exercidas nos revelam acompanhar com
proveito e significado pessoal cada atividade realizada. Como ainda, procuramos exercer a
docência dentro da respectiva articulação com a pesquisa, quando, diariamente, aproximamos
as reflexões geradas nas aulas com a literatura corrente e atual de cada uma das disciplinas,
nas quais atuamos.
Como contribuição para nossa atividade docente, estivemos atuando com quatro
disciplinas diferentes, o que nos viabilizou um trânsito epistemológico valioso em Psicologia
da Educação, Educação e Currículo, Estrutura e Funcionamento da Educação Básica e,
atualmente, em Fundamentos da Educação. Porém, explicitamos que foi um árduo e
proveitoso trabalho.
A leitura corrente vem sendo “o carro chefe” de nossa atividade docente, pois
procuramos exercer e demonstrar o gosto pela busca a autores diferenciados, promovendo a
intertextualidade, aproximando assim, o desejo pela produção escrita como fruto da efetiva
formação do sujeito leitor para que os (as) acadêmicos(as) em breve possam ser os(as)
professores(as) das escolas de Educação Básica e, oxalá, da Educação Superior, a partir das
reflexões de cada uma das disciplinas com as quais trabalhamos.
Para balizar esta reflexão convém ressaltar que quando trabalhamos com as turmas de
Pedagogia, perguntamos se os (as) acadêmicos (as) possuíam carteirinha da biblioteca e para
confirmação de nossa suspeita, apenas a minoria (20%) dos(as) acadêmicos(as) disseram
possuí-la. Isto nos perturbou, pois eles/elas já estavam no 4º ano de Pedagogia e detectar tal
ausência, tardiamente, nos remetia a um indicativo de pesquisa, levantando a hipótese de que,
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sem recorrer ao acervo da IES “como estaria aquela formação do sujeito leitor profissional
que se aproxima de sua inserção no mercado de trabalho?”
Com a iniciativa pedagógica promovemos uma incessante divulgação dos títulos
bibliográficos que a biblioteca disponibiliza, elogiando e demonstrando nosso gosto pela
leitura, apresentando, ainda, aqueles livros do tempo que cursamos Pedagogia e Letras, além
da Pós-Graduação e identificando os títulos recém adquiridos. Tal proposta se efetivou
rapidamente, pois articulamos a importância da leitura dos livros da área de Pedagogia,
voltados para a aprovação em concursos públicos e esta clareza foi a válvula propulsora para
que nossos(as) formandos(as) se registrassem na biblioteca, ainda que no último semestre de
um curso superior. Porém, cabe registrar que alguns (as) acadêmicos (as), sem nosso
acompanhamento deixaram de se inscrever na biblioteca e quando indagados sobre a causa de
tal comportamento, nos disseram: “Nunca fomos cobrados nem incentivados” ao longo de 3
anos de curso, agora “já é tarde.” O que acreditamos ser possivelmente uma mera desculpa,
pois a biblioteca é de livre acesso, bastava irem até ela por sua conta, isto se tivessem o hábito
de ler.
Estas expressões nos causaram um certo estranhamento, que, aos poucos, fomos
superando sob a tentativa de não intimidá-los(as) pois talvez estivessem sendo sinceros, mas
para nossa surpresa, nos últimos encontros, houve um desabafo que permaneceu como recurso
metodológico que desde 2009 estamos utilizando em nossa prática docente, o que vem
dando resultados positivos, pois os(as) acadêmicos(as) se mostram interessados pela
recorrência aos títulos bibliográficos disponíveis e alguns daqueles(as) acadêmicos(as) que
desabafaram, ainda estão presentes com suas reflexões em nossas lembranças e
representações sociais sobre o papel que exercemos na formação e gosto pela leitura.
Avaliar, portanto, nossa atuação, resulta num "remexer" nos arquivos docentes de
nossa competência técnica e de nosso compromisso político tomando aqui, emprestada, a
expressão de Guiomar Namo de Mello (1982) ao mobilizarmos o processo de formação de
professores. Assim, também concordamos com Orlandi (1996, p.35) a partir do seu
entendimento de que [...] a leitura é como uma questão linguística, pedagógica e social ao
mesmo tempo.
O desafio de transitarmos na docência em dois cursos de Licenciaturas (Pedagogia e
Letras), concomitantemente, nos trouxe um acréscimo salutar para a compreensão do papel
social destes futuros profissionais, uma vez que em Letras iniciamos o trabalho com as turmas
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das primeiras séries e, ainda, estamos contribuindo com a formação acadêmica destes (as)
acadêmicos(as) que, atualmente, estão matriculados(as) nas terceiras séries. Tal oportunidade
nos encanta e nos dá forças para continuarmos. Já em Pedagogia, atuamos com as quartas
séries, quando registramos uma caminhada ao término do curso daqueles (as) acadêmicos(as),
que nos trouxeram muitas alegrias, pois sentimos pessoalmente, o reconhecimento
manifestado à prática educativa que exercemos, pois nas aulas, procuramos concretizar com
exemplos de um currículo vivido e, que, pelo tempo estava contando “apenas” com aquele
ano letivo (2009). Assim, acreditamos que os nossos 30 anos de atuação no exercício do
magistério agregou uma valiosa experiência, em especial, pela nossa passagem pela escola
pública, que lutamos por defendê-la ao também transmitirmos nosso respeito a ela,
intensamente, ao entendê-la como um “território de lutas”.
A oportunidade de trabalharmos com dois cursos e com disciplinas diferentes resulta
numa tentativa de contribuirmos com nossos olhares e experiências profissionais mediante a
importante oportunidade de formarmos nossos (as) professores a partir do que acreditamos
para a valorização da escola pública. Assim, registramos que não é uma tarefa simples, isto
pelo fato de que conhecer o objeto de estudo de cada uma das ciências, disciplinas que
compõem cada curso com o qual trabalhamos, bem como atualizar, diariamente, esse
conhecimento ao referendá-lo epistemologicamente a partir das articulações e aproximações
com as disciplinas sob as quais delineamos nossa atuação docente, torna de grande porte
nossos esforços em legitimar a qualidade de cada aula que registramos como ministradas.
Neste sentido, tecer esta produção avaliativa sobre nossa atuação na docência de uma
IES pública, antes de se tornar uma prática cotidiana e prevista institucionalmente, é também
uma oportunidade de explicitarmos nossa representações sociais acerca de como estamos
percebendo o compromisso que temos com a formação dos (as) futuros (as) professores (as) à
luz da Educação Semiótica.
Nesta direção, talvez, está assentada nossa decisão e oportunidade departamental de, a
partir de 2011 atuarmos somente junto ao curso de Licenciatura em Letras, até porque há uma
concentração de atividades, a exemplo dos eventos promovidos pelo curso, pois quando
atuávamos em cursos diferentes, em seguida ocorria nossa não inserção completa, sendo por
amostragem, isto pelo fato de estarmos em sala de aula no momento em que aconteciam
Jornadas Pedagógicas, entre outros eventos, o que nos impedia de participar completamente.
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Porém, tomar esta iniciativa nos “tirou o sono”, pois vivemos a escola pública na área
de Pedagogia e nossa tarefa com este curso nos sensibiliza. Por tal motivo ainda
permanecemos na área de pesquisa deste curso, quando desde 2010 estamos desenvolvendo a
orientação aos TCCs (Trabalhos de Conclusão de Curso), que nos permite maior proximidade
do nosso papel como educadora frente à formação destes profissionais.
A caminhada iniciada desde 2009 a partir das orientações aos Trabalhos de Conclusão
de Curso na área de Licenciaturas em Letras marca, no âmbito da UEPG, a nossa inserção
profissional na pesquisa e no incentivo à produção acadêmica ao final de seus cursos pelos
(as) acadêmicos (as) que reconheceram em nossa atuação como professora, constituindo suas
escolhas de nosso nome para exercer a orientação. Tal reconhecimento e escolha nos dão
fôlego para prosseguir nossa jornada na atuação junto ao curso de Licenciatura em Letras,
pois nesta graduação os (as) acadêmicos (as) definem seus (as) orientadores, respeitando suas
áreas de atuação e a afinidade com a temática proposta.
Na licenciatura em Pedagogia seguimos com a orientação de três monografias, ao
longo de 2010, o que resultou na valiosa oportunidade de continuarmos participando junto ao
processo de formação do (a) Pedagogo (a), dada a nossa experiência exercida como Pedagoga
da rede estadual de ensino, o que nos dá uma abertura para acompanhar as pesquisas nas
escolas de Ponta Grossa e região, bem como na articulação dos aportes bibliográficos na área,
pois em Pedagogia iniciamos uma prática de incessantes leituras nos permitindo sintonizar
esta ciência como fonte de sensibilização diária.
Assim sendo, exercer a orientação aos (as) acadêmicos (as), além de ser uma atividade
prazerosa, é uma oportunidade de devolvermos às escolas públicas investigadas, um pouco do
muito que elas nos deram para hoje podermos, juntamente com os (as) acadêmicos (as) pensá-
la e contribuirmos para a sua transformação, a partir da instauração de propostas de pesquisas
significativas e reais. Este é um dos compromissos que assumimos, não somente coletando
dados nas escolas pesquisadas, mas, essencialmente, exercendo uma forma teórica e prática de
ações devolutivas a cada ambiente por nós investigado.
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Com este cuidado, prestamos um serviço de caráter público a cada escola na qual
apresentamos o projeto de pesquisa, sob nossa orientação e colhemos a autorização da
direção, que tem nos chegado ao término dos trabalhos com elogios e agradecimentos, pois
acreditamos que “ensino universitário se faz com o cruzamento de práticas educativas e com o
feedback da escola partícipe desta trajetória de pesquisa, seja bibliográfica, seja exploratória.
Como ainda, preservamos a realidade estudada retornando a ela cada fase executada na
pesquisa, pois sentimos um esvaziamento nas escolas públicas face ao seu aceite para que
novas monografias sejam elaboradas, pois, muitas vezes, nela são colhidos dados e não se
volta, nem mesmo para agradecer ou ainda para levar o convite para o dia da defesa do TCC
e, para levá-lo concluído para a biblioteca.
O fato de conhecermos os bastidores das escolas pelas quais passamos, evidencia uma
contribuição preventiva para a atual orientação dos TCCs, tanto na área de Pedagogia como
na de Letras, pois procuramos dar agilidade ao processo dentro dos princípios e
responsabilidades da pesquisa científica.
As orientações nos permitem, portanto, concretizar aqueles ideais de retornar à
realidade escolar para pensá-la, juntamente com seus sujeitos sociais rumo à identificação de
suas necessidades e concretizando a nossa função no processo continuado de formação de
seus (as) professores (as). Portanto, precisamos desta parceria entre escola e a IES para
darmos conta das atribuições que temos como funcionários (as) públicos (as) interessados na
democratização do saber, ora a partir da escola, ora por meio da Educação Superior.
A pesquisa nos remete para esta possibilidade, pois não permite que sejam arquivadas
as experiências inovadoras, mas sim, divulgadas à comunidade acadêmica, que recebe e
revela as experiências tratadas e produzidas sob o formato de monografias no caso da
Licenciatura em Pedagogia, ou de artigos científicos e, também, de monografias, como vem
sendo na Licenciatura em Letras. Como também neste relato de experiência podemos alcançar
um quadro de reflexões em parceria com colegas de outras IES e, assim, podermos trocar
experiências frente a importância da leitura no espaço acadêmico.
Assim sendo, exercemos as orientações aos TCCs como um pressuposto de condições
para alcançarmos a qualidade e a valorização da educação escolar, vindo pensá-la
conjuntamente com cada um (a) dos (as) acadêmicos (as) que ao início de um ano letivo
depositaram suas esperanças nas nossas indicações bibliográficas e profissionais. A estes (as)
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Como fruto de nosso envolvimento com a extensão face ao PDE percebemos outra
razão para participarmos do processo de reformulação do curso de Licenciatura em Letras se
deve ao fato de idealizarmos neste processo a indicação da disciplina de Semiótica, ausente na
matriz curricular desde a implantação inicial do curso. A inclusão desta disciplina é a nossa
proposta, pois desde 1992, quando estávamos cursando Letras, quando a identificamos por
ocasião de nossa participação no 22º CELLIP, realizado na UEM. Lá percebemos o valor
desta ciência a partir dos (as) professores (as) para a nossa formação docente e assim
intensificamos nossos estudos e pesquisas, que acreditamos ser útil para a Licenciatura que
passa por reformulação, mesmo que ela apareça como optativa/eletiva. Ainda assim, valerá
nosso esforço neste processo em formação.
Com esta experiência acrescentamos uma condição ímpar para nossa compreensão do
que significa a trajetória profissional numa universidade pública, que tem por compromisso
nas licenciaturas formar os (as) futuros (as) professores (as) em articulação e valorização, do
ensino da pesquisa, da extensão como tripé de uma IES. Assim sendo, estabelecemos como
fruto de nosso acompanhamento e mediações pedagógicas em cada uma das trajetórias
docentes por nós inicializadas mediante uma prática educativa de valorização e demonstração
da leitura como fonte de inspiração para o exercício do magistério.
REFERÊNCIAS
BAIBICH, Tânia Maria; ARCO-VERDE, Yvelise Freitas de Souza. (Orgs.) Avaliação dos
programas e projetos de extensão. Curitiba: Editora da UFPR, 1997, 134 p.
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SANTAELLA, Lúcia. O que é Semiótica. 8.ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.
ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e leitura. 3.ª ed. Campinas, SP, Cortez, 1996.