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Pode-se observar que nos últimos anos foram produzidas leis, normas e preceitos que
procuram reger e aprimorar o ensino fundamental e médio no país. Nesse sentido, esses
novos documentos governamentais impactam diretamente o sistema educacional em
andamento, visto que desequilibra o planejamento do docente de língua materna e o professor
alfabetizador. As novas condições e encargos favorecem um desânimo generalizado,
principalmente quando verifica-se que os docentes estão inseridos em um contexto de falta de
prestígio e valorização. Outro ponto importante é que os professores desconhecem as teorias
que estão nos documentos, já que esses não fazem parte da graduação, e isso leva a um
sentimento de inoperância.
De acordo com Kleiman (2008), o professor precisa saber ensinar a ler e escrever, mas
também ele próprio necessita fazer isso, isso é chamado de competência
linguístico-enunciativo-discursivo. E, é dever do pesquisador que atua na formação do
professor, possuir um parecer crítico e suas pesquisas precisam ser formuladas de forma a
evitar a propagação de um estereótipo de docente que não entende a matéria que leciona.
Nesse sentido, os Estudos de Letramento enuncia a diversidade de formas de usar a escrita,
em práticas socioculturais específicas, mesmo que exista a forma de escrita dominante que o
acesso é limitado. Por isso, os Estudos de Letramento vão assumir uma posição de defesa em
relação ao uso da língua escrita como algo pluralista e multicultural, evidenciando as relações
de poder em contextos sociais que podem ser modificados.
Além disso, a autora salienta que devem ser formados professores preparados para
introduzir seus alunos nas mais variadas práticas do uso da língua escrita, eles devem ter
conhecimento dos mundos de letramento e das histórias de leitura. Na aula, os docentes
precisam deixar em evidência as situações sociais que os textos são lidos e produzidos,
explicitar os valores e representações que podem ser conferidos. Dessa forma, o aluno
entende a indivisibilidade da língua escrita e os aspectos socioculturais e históricos,
compreende a importância de reconstruir a história e culturas locais. Ademais, o discente
concebe que cada texto possui metas de leitura e demandas conferidas ao leitor de acordo
com o que é proposto pelo autor. Nesse contexto, os Estudos de Letramento apresentam
reflexões constantes, propondo táticas para aqueles que não estão inseridos no contexto
dominante das práticas de letramento, possam alterar a sua realidade.
Outro ponto citado pela autora trata-se de saber ensinar um gênero, sendo que não
basta o docente saber como se produz o texto de determinado gênero, como deve ser
estruturado ou seus aspectos estilísticos. Esses saberes são obviamente necessários, mas no
ambiente escolar verifica-se um favorecimento dos fazeres analíticos invés de uma prática
situada. O ensino encontra-se atravancado em gêneros importantes para os alunos
participarem de prática social, enquanto o ensino precisa ser embasado diretamente na prática
social. As atividades que possuem o objetivo de ensinar a escrever determinado gênero,
precisam estar aliados ao intento de formar usuários de língua materna que são competentes,
emancipados e dotados de um posicionamento crítico acerca da realidade que os rodeiam.