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Mestrado em Educação/Currículo
Universidade Save
Massinga
2023
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A docente:
Universidade Save
Massinga
2023
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Índice
6. Avaliação........................................................................................................................... 10
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1. Notas introdutórias
Derivado do latim curriculum, o termo Currículo designou inicialmente um plano de estudos
imposto aos professores para que o ensinassem aos alunos 1. Nesta perspectiva, por um longo
período, o currículo foi tomado unicamente como uma área técnico-pedagógica, ocupada em
definir conteúdos, procedimentos e métodos. Em Silva (1999, p. 12) pode-se ler que nesta época
“o currículo é visto como um processo de racionalização de resultados educacionais, cuidadosa
e rigorosamente especificados e medidos. O modelo institucional dessa concepção de currículo
é a fábrica,” onde os alunos são a matéria-prima a ser moldada em adultos, os professores são
operários da fábrica, o director é visto como patrão, e os supervisores como capatazes.
No entanto, dada a abrangência da sua influência, o currículo deixou de ser analisado como
simples área técnica pedagógica, e passou a ser estudado considerando também questões
identitárias, culturais, sociológicas, político-ideológicas, económicas, epistemológicas, etc., tal
como se pode testemunhar em Moreira & Silva (2002):
Na sua obra Documentos e Identidades, Tomaz Silva percorre a história do currículo até
desaguar nas Teorias Pós-Críticas, fazendo uma abordagem suficientemente aprofundada sobre
a forma como o currículo dialoga com as categorias de identidade, alteridade e diferença. Nesta
obra pode-se ler que as teorias pós-críticas defendem o reconhecimento da pluralidade cultural
e diversidade humana, sendo mais problematizadoras no concernente aos processos de
dominação social, discutindo aspectos da dominação e opressão outrora apagados, tais como
nas relações de poder materializadas na distinção social, econômica, étnica, cultural, de gênero
e de sexualidade.
Após debruçar-se sobre os conceitos acima arrolados e a sua relação com o currículo, Silva
(1999) termina sentenciando que: “o currículo é lugar, espaço, território. O currículo é relação
de poder. O currículo é trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia (…). O
currículo é texto, discurso, documento. O currículo é documento de identidade” (p. 150).
Com base no exposto até aqui, pode-se depreender que o currículo é uma expressão de poder
na medida em que a sua construção compreende a seleção e exclusão de saberes de acordo com
1
Sacristán (2013).
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o tipo de sujeito que se pretende formar, e para que sociedade; e ao mesmo tempo, os saberes
selecionados para abordagem nas instituições formais de ensino, ao formarem um tipo
específico de sujeito também estão construindo identidades particulares e colectivas.
Este princípio parte do pressuposto de que a escola tem um mandato social com a comunidade
na qual está inserida, por isso não deve ser vista como um edifício no meio do território, mas
sim como uma agência cultural à disposição do tal território. A escola deve deixar de se
constituir como uma estrutura institucional acabada, fechada e sempre igual, posta em qualquer
lugar; deve ser, pelo contrário, a escola de tal localidade, bairro ou lugar.
Neste sentido, desafiámo-nos a propor um projecto curricular que irá possibilitar a edificação
de uma escola que esteja a serviço da comunidade em que estará inserida, e que se sirva dos
recursos locais para o seu funcionamento.
➢ Selectividade e consensualidade
Este princípio assenta-se no pressuposto de que o currículo precisa pautar pela busca incessante
de consensos na selecção dos conteúdos a serem abordados na sala de aulas, através do
dinamismo e da dialéctica, o que poderá acomodar cada situação. Desta feita, o currículo
converte-se num espaço de comunicação-negociação social onde todos têm voz (professores,
alunos, pais, comunidade, etc.).
Baseados neste princípio, desafiámo-nos a propor um projecto curricular flexível, que permita
integrar saberes locais na sua grelha de conteúdos por forma a se tornar ainda mais relevante
localmente.
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3. Perfil de saída
Quanto às competências na disciplina de português, o graduado da décima classe …
Textos normativos
Textos literários
O presente plano curricular não prescreve os textos específicos a serem abordados nesta
unidade temática, entretanto, recomenda-se que se paute pela leitura e interpretação de
escritores locais e contemporâneos, já que na sua maioria abordam nos seus textos
temáticas da actualidade. Também se deve considerar fortemente a possibilidade de se ler e
interpretar textos literários escritos nas línguas locais.
Textos administrativos
Textos jornalísticos
Textos didáctico-científicos
Nesta unidade temática o professor deverá optar por textos que abordam assuntos mais
próximos do aluno, como por exemplo um texto expositivo-explicativo sobre a calamidade
natural que mais assola a comunidade em que estiver inserida a escola (sismos, secas, cheias,
desflorestamento, erosão, etc.).
Funcionamento da língua
5. Abordagem transversal
A transversalidade apresenta-se no presente currículo como uma estratégia de desenvolvimento
integral e harmonioso do indivíduo. Com efeito, toda a comunidade escolar é chamada a
contribuir na formação dos alunos, envolvendo-os na resolução de situações parecidas com as
que se vão confrontar na vida.
Neste contexto, o presenta projecto curricular sugere que se crie, ao nível da escola, uma
plataforma concreta e desburocratizada de interação com a comunidade, que irá permitir que
qualquer membro da comunidade escolar (alunos, professores, direcção, pais e/ou encarregados
de educação) possa, a qualquer momento, reivindicar de forma ordeira a inclusão ou exclusão
dos saberes prescritos na grelha curricular.
Prevê-se que esta plataforma permita que o currículo escolar seja resultado de uma construção
conjunta de toda a comunidade escolar, o que poderá torná-la relevante e afastará qualquer
possibilidade de que se pense numa desescolarização da educação, tal como propõe Ivan Illich.
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6. Avaliação
A avaliação é um processo contínuo e sistemático; não pode ser esporádica e improvisada. Deve
ser realizada em função dos objectivos previstos. A avaliação deve desempenhar uma função
orientadora ao indicar os avanços e dificuldades do aluno, bem como nortear a prática
pedagógica do professor. A avaliação deve ser integral: considerar o aluno como um ser total e
integrado, julgando-o em todas as dimensões do comportamento; incidindo sobre os elementos
cognitivos, afectivos, e do domínio psicomotor (Libâneo 1990; Piletti 2004).
Com base non exposto acima, este projecto curricular recomenda uma avaliação que não se
limite apenas à medição e aplicação de testes, uma vez que estas técnicas de avaliação estão
mais ligadas às teorias tradicionais do currículo em que a educação era concebida numa
perspectiva fabril, e a aprendizagem era confundida com a simples memorização.
Desta feita, é imprescindível que no processo avaliativo, o professor busque interpretar dados
quantitativos e qualitativos para obter um parecer ou julgamento de valor, tendo como base
padrões e critérios. A avaliação deve ser usada como um meio para conhecer os alunos;
identificar as suas dificuldades de aprendizagem; determinar se os objectivos traçados para o
PEA estão sendo alcançados; aperfeiçoar o PEA.
Para tal, é importante que a avaliação do professor não se limite na aplicação de testes escritos.
É importante que este coloque o aluno diante de problemas reais cuja resolução requere a
aplicação das aprendizagens adquiridas. Em suma, testes práticos devem ser privilegiados em
detrimento dos meramente teóricos.
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Referências Bibliográficas
Gajardo, M. (2010). Ivan Illich. tradução e organização: José Eustáquio Romão. Brasil:
Fundação Joaquim Nabuco, Massangana.
Moreira, A. F. & Silva, T. T. (Orgs.). (2002). Currículo, cultura e sociedade. (7.ªed.) São Paulo,
Brasil: Cortez.
Piletti, C. (2004). Didática Geral. (23ª ed.) São Paulo, Brasil: Editora Ática.