Você está na página 1de 2

Filme e análise – CAROLINE DA SILVA

- Para sempre Alice

O filme conta a história de Alice, uma professora renomada, logo no início do filme em
uma palestra Alice esquece algumas palavras na hora da apresentação, logo após ela
perde durante uma corrida pela universidade na qual da aula Alice decide consultar-se
com um neurologista que a pede exames para que possa diagnosticá-la. Com os
resultados dos exames, fica claro que os sintomas se encaixam com Alzheimer precoce.
Alice se vê numa situação completamente nova e da qual não pode superar sozinha.
Uma característica da doença de Alice e que além de precoce, ela origem familiar,
portanto que seus filhos teriam de chances de terem genes e de que caso tivessem,
desenvolvessem a doença.
Os lapsos de memória são cada vez mais frequentes e começam a afetar suas aulas, sua
vida cotidiana, nesse ponto, Alice expressa uma imensa vergonha de ter Alzheimer e diz
isso com todas as palavras desejaria que tivesse câncer. Fica claro aqui, a necessidade
de um psicólogo que poderia atuar no sentido de fazer com que Alice entenda o porquê
desse sentimento e como superá-lo, trabalhar sua culpa em relação a filha portar a
doença e diversos conflitos que o Alzheimer trouxe. Talvez se houvesse uma
intervenção nesse sentido, ela não teria tomado a atitude de anotar três perguntas as
quais teria que responder todos os dias, e que a partir do momento em que não pudesse
fazê-lo, iria ser instruída por meio de um vídeo gravado por ela mesma a cometer
suicídio. Percebe-se então o quanto seus sentimentos em relação à doença são profundos
e preocupantes, apesar de sua sempre aparente tranquilidade e controle.
O avanço da doença é devastador e vai pegando a família de surpresa, os sintomas
acarretam uma mudança estrutural da família, pois a perda de memória, o
distanciamento da realidade, a falta de autonomia, dentre outros sintomas da doença,
modificam o funcionamento da família, cujas funções de esposa e mãe tendem para o
desligamento, um exemplo de um momento do filme é quando após a família assistir
uma apresentação de um das suas filhas no teatro, Alice não a reconhece como filha. O
processe o de mudança em Alice acontece de acordo com a evolução dos sintomas da
doença, fica claro neste momento a oscilação dos momentos de lucidez e de
distanciamento da realidade.
O sistema da doença na família representou um processo de despedidas do que Alice
conseguiu fazer, nas relações familiares e na vida em geral.
Diante do avanço dos sintomas do Alzheimer a existência de Alice ficou limitada ao que
seu nível de funcionamento mental permitia perceber, expressar, sentir e viver, também
houve comprometimento ao longo do tempo sua comunicação devido à dificuldade na
articulação de pensamentos e ideias. A família passou por um processo de reformulação
contínua nas relações devido às mudanças ocorridas com Alice, bem como por um
processo de reorganização familiar como forma de dar conta de cada fase frente ao
prognóstico irreversível dos sintomas da doença. É neste reconhecimento da família
quanto à realidade da doença vivenciada em seu contexto que faz parte o compreender e
aceitar o processo de mudanças necessárias.

Você também pode gostar