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Quem somos?
O primeiro ano do mandato do Vereador Marquito na Câmara Municipal de Florianópolis foi marcado pela
procura de assessoria em gestão de resíduos orgânicos e agricultura urbana. Em função da equipe do gabinete não
conseguir atender a demanda que vinha em sua maioria de escolas, postos de saúde e associações de moradores,
viu-se na subvenção social a oportunidade de oferecer formações em gestão comunitária de resíduos orgânicos e
agricultura urbana. O gabinete convidou então todas as pessoas que procuraram assistência, bem como
profissionais que atuam na área da compostagem e agricultura urbana para uma reunião, onde nasceu então a
Rede, com a coordenação do Instituto Çarakura cuja função é administrar o recurso, reconhecer as instituições
alinhadas nesta perspectiva e coordenar as atividades do projeto.
A Rede Municipal de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura Urbana é uma parceria com
a Prefeitura Municipal de Florianópolis via Edital de Seleção N.001/GAPRE/2018 - Das Entidades das Organizações
da Sociedade Civil, nominalmente identificadas da Lei Orçamentária Anual N.10.321 de 2017, uma indicação do
Gabinete do Vereador Marquito – Marcos José de Abreu.
Missão da Rede:
“Fomentar a convocação de vontades com base no exercício da cidadania, buscando valorizar a Revolução dos
Baldinhos, bem como outras iniciativas comunitárias que realizem ações de políticas transformadoras na gestão
coletiva dos resíduos orgânicos e na agricultura urbana.”
O que faremos?
A Rede irá oferecer a Formação Popular em gestão comunitária de resíduos orgânicos e agricultura urbana,
para 180 interessados/participantes da Rede:
Formação popular: Formação teórica e prática (12horas) e mutirão de compostagem (4horas).
A rede também será comtemplada, via decisão do grupo e de acordo com critérios de vulnerabilidade
social, com 30 bombonas, 20 garfos e 10 composteiras domésticas.
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
Tecnologia Social de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura urbana 4
SUMÁRIO
8. REFERÊNCIAS _______________________________________________________________________ 24
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
Tecnologia Social de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura urbana 5
1
CEPAGRO – Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo.
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
Tecnologia Social de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura urbana 6
poderiam separar corretamente os resíduos orgânicos em recipientes fechados que impedisse o contato com
roedores e outros vetores de doenças.
O Cepagro se prontificou em assessorar a compostagem, iniciada na Escola Básica Estadual América Dutra
Machado e também a estimular o desenvolvimento coletivo da metodologia de gestão comunitária de resíduos
orgânicos. Os demais parceiros e a comunidade prontificaram-se a participar e contribuir com todo o processo.
Surgia assim a “Revolução dos Baldinhos”, que começou com apenas 5 famílias e num curto espaço de tempo
atingiu 95 famílias.
Eunice Brasil, Rose Helena de Souza (ambas da Frente Temporária de Trabalho) foram pioneiras na
sensibilização das famílias para separação da fração orgânica na Comunidade Chico Mendes. O sucesso do projeto
deu-se inicialmente pela sensibilização. Não eram técnicos que iam às casas conversar com as famílias, eram jovens
e moradores da própria comunidade, falando de soluções que eles mesmos identificaram para o bem do bairro.
Durante o período de sensibilização das famílias, houve o interesse de pessoas da comunidade em entender
melhor o projeto e também fazer parte. Destacando-se Ana Karolina da Conceição com a seguinte fala:
- KAROL: “O que vocês fazem com esses restos de comida?”
- LENI: “Me acompanhe que você vai entender!”
A partir de então Ana Karolina, além de separar seus resíduos orgânicos para o projeto, tornou-se uma
replicadora da Revolução dos Baldinhos.
Consolidava-se uma relação de reciprocidade, onde as famílias participantes viam de perto o trabalho de
coleta e reciclagem dos resíduos orgânicos e, posteriormente, eram comtempladas com o composto orgânico para
utilização nas suas hortas.
A coleta dos resíduos orgânicos era realiza com um carrinho de supermercado pelo grupo comunitário
Revolução dos Baldinhos, duas vezes por semana, de casa em casa. Com o aumento das famílias, o tempo de coleta
passou a durar quase o dia inteiro. Para a viabilidade da logística, o grupo Revolução dos Baldinhos implantou PEV’s
(Pontos de Entrega Voluntária), com bombonas de 50L, identificados com placas. Cada PEV era instalado para
coletar os resíduos orgânicos de 5 a 8 habitações, em média, podendo ficar localizado na frente da casa do
morador responsável pelo PEV.
Você sabia?
O avanço do método de gestão comunitária de resíduos orgânicos está nas mãos das prefeituras, que devem
estabelecer parcerias com associações e remunerá-las pelo serviço público realizado, além de destinar áreas
adequadas para a compostagem e agricultura urbana. 3
“Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede,
se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para
isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.”
Em média, no Brasil, a produção de resíduos sólidos originários de atividades domésticas, por dia, é de
aproximadamente 1kg, e correspondem a:
2
Pesquisa feita no dia 14.11.2018 - http://www.mma.gov.br
3
CARTILHA: “O passo-a-passo de uma Revolução – Compostagem e Agricultura urbana na Gestão Comunitária de Resíduos
Orgânicos”, 2017.
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
Tecnologia Social de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura urbana 8
embalagens e objetos plásticos, isopor, ferro, alumínio, cobre e outros metais, vidro, latas e outras embalagens de
metal.
15% REJEITO – Resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por
processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a
disposição final ambientalmente adequada. Exemplo: Espuma, fotografias e papel carbono, espelho, louças e
embalagens metalizadas, papéis engordurados, fraldas e bitucas de cigarro.
A principal característica do Grupo Revolução dos Baldinhos é ser constituído por moradores e moradoras
da própria comunidade. Essa singularidade influenciou diretamente no sucesso do projeto, pois promoveu
confiança e reciprocidade entre os participantes. Dentre as principais ações do Grupo comunitário estão:
Mobilização e sensibilização das famílias e instituições educacionais para a valorização da fração
orgânica e separação na fonte;
Execução do trabalho periódico de coleta, transporte e tratamento/destino dos resíduos orgânicos
através da compostagem termofílica – Método UFSC;
Distribuição do composto orgânico produzido;
Realização de oficinas de educação ambiental nas escolas;
Contribuição à incidência política através de palestras e apresentações, além da participação em
reuniões e articulação com parcerias envolvidas.
aterros sanitários e contribuindo para a preservação do meio ambiente, esses resíduos também podem ser
transformados em fertilidade para o solo e poupar renda para as famílias. Infelizmente, a precariedade financeira
do modelo Revolução dos Baldinhos, que depende de recursos provenientes de editais, revelou a necessidade da
institucionalização da iniciativa como política pública para assegurar sua continuidade de forma estruturada,
reconhecendo a gestão local de resíduos como uma das estratégias para o alcance dos princípios e objetivos da
Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Algumas possibilidades de institucionalização do modelo estão sendo amadurecidas e devem ser testadas.
Uma delas é o reconhecimento da compostagem comunitária como uma atividade de coleta, processamento e
comercialização de resíduos passível de ser prestada por associações ou cooperativas de catadores de materiais
recicláveis e reutilizáveis. A formalização de uma cooperativa para gerir o modelo “Revolução dos Baldinhos”
permite que a prefeitura municipal possa remunerar os serviços prestados, sem necessidade de licitação. Por
exemplo, o repasse dos recursos economizados pela Prefeitura pelo não envio para disposição em aterro sanitário
da fração orgânica reciclada em projetos comunitários seria uma forma de remuneração pelos serviços da
cooperativa, valor que independe de orçamento adicional.
A demanda por pequenas áreas para a reciclagem através da compostagem, seguindo critérios para o bom
funcionamento da atividade no espaço urbano;
O envolvimento da própria comunidade para a sensibilização e educação ambiental das famílias;
A economia de recursos utilizados para o transporte aos aterros sanitários, diminuindo o tráfego de
caminhões da coleta convencional;
A redução de matérias primas e recursos que vão para o aterro sanitários, contribuindo para o ciclo dos
nutrientes e a qualidade ambiental;
A geração de trabalho e renda;
O aumento da autoestima e oferta de possibilidades a jovens e moradores em situação de vulnerabilidade
social;
O empoderamento de jovens e moradores que se apropriam dos conhecimentos da gestão comunitária e o
disseminam através de oficinas, cursos e palestras;
A limpeza das ruas e a redução de focos de doenças;
O aumento da qualidade dos resíduos secos, que também seguem seu trajeto para reciclagem;
A produção de composto orgânico e sua destinação para as hortas residenciais, hortas escolares e hortas
comunitárias, com promoção da agricultura urbana e consumo de alimentos saudáveis.
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
Tecnologia Social de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura urbana 10
4. PROCESSO DE COMPOSTAGEM
Compostagem é o processo de degradação controlada de resíduos orgânicos sob condições aeróbias, ou
seja, com a presença de oxigênio. É um processo no qual se procura reproduzir algumas condições ideais (de
umidade, oxigênio e de nutrientes, especialmente carbono e nitrogênio) para favorecer e acelerar a degradação
dos resíduos de forma segura (evitando a atração de vetores de doenças e eliminando patógenos). A criação de tais
condições ideias favorece que uma diversidade grande de macro e micro-organismos (bactérias e fungos) atue
sucessiva ou simultaneamente para a degradação acelerada dos resíduos, tendo como resultado final um material
de cor e textura homogêneas, com características de solo e húmus, chamado composto orgânico.
É um método simples, seguro, que garante um produto uniforme, pronto para ser utilizado nos cultivos de
plantas e que pode ser realizado tanto em pequena escala (doméstica) quanto em média (comunitária,
institucional) ou grande escala (municipal industrial). No entanto, é um método que necessita ser bem
compreendido e bem operado para evitar problemas como geração de odores e proliferação de vetores de
doenças.
Todo processo de degradação de matéria orgânica na presença de oxigênio poder ser considerado como
compostagem. Porém, a forma como diferentes fatores (umidade, aeração, temperatura…) são combinados e
controlados é o que caracterizam os diferentes métodos de compostagem. Para fins práticos, esta cartilha vai
detalhar um método específico de compostagem de baixo custo que vem sendo aplicado, aprimorado e adaptado à
realidade brasileira há muitos anos por professores e pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina,
além de ONGs, empresas e prefeituras, também conhecido como Método UFSC 4. Dentre os critérios de escolha do
método pode-se mencionar a simplicidade (não há grandes exigências de equipamentos), a versatilidade (é usado
desde a escala doméstica até escala municipal) e a vasta experiência acumulada em projetos de sucesso no Brasil,
especialmente no contexto comunitário e institucional.
4
INÁCIO, C.T. & MILLER, P. R. M. “Compostagem: ciência e prática para a gestão de resíduos orgânicos”, Rio de Janeiro/RJ. Embrapa
Solos, 2009.
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
Tecnologia Social de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura urbana 11
5
“Manual de Orientação – Compostagem doméstica, Comunitária e Institucional de Resíduos Orgânicos”, Brasília, 2017.
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
Tecnologia Social de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura urbana 12
importante, pois quando a leira chegar na fase termofílica o ar quente sairá sob forma de vapor d’água, sugando o
ar frio da base da leira, formando, assim, um fluxo de ar favorável para a atividade microbiana.
Sobre os galhos da base da leira pode ser feito um leito com folhas, serragem ou materiais obtidos do
picador de podas. Na primeira montagem da leira, é necessário adicionar uma parte de composto pronto, chamado
inoculante. Este processo ocorreria naturalmente, mesmo sem a adição do composto pronto, mas a inoculação
reduz o tempo necessário para atingir a Fase Termofílica, evitando, portanto, a atração de vetores de doenças,
como ratos e alguns insetos.
Após a adição do inoculante, são então depositados os resíduos orgânicos úmidos, isto é, os restos de
comida, cascas de frutas e verduras, carnes, etc. O inoculante é então misturado com os resíduos e é feita uma
cobertura com matéria seca com serragem, podendo ser acrescentadas folhas. Posteriormente, cobre-se a
serragem com uma camada de palha, formando uma proteção e uma barreira física contra a proliferação de
moscas e diminuição da perda de água por evaporação. No próximo passo, esta camada de palha superior será
transformada em parede lateral.
Após o fechamento da leira por, no mínimo, 48 horas, pode-se então acrescentar mais resíduos orgânicos frescos,
realizando o procedimento padrão a seguir sempre que a composteira for aberta:
Seguindo esses passos, mesmo tendo-se acrescentado novos resíduos, é possível manter-se as fases
Termofílica e Mesofílica sempre ativas, evitando odores e vetores. Para o sucesso desse manejo, é necessário que o
responsável pela operação do sistema conheça bem o processo e esteja atento aos cuidados necessários.
6
As imagens utilizadas para representar o passo-a-passo da montagem da leira estática de aeração passiva foram retiradas do
“Manual de Orientação – Compostagem doméstica, Comunitária e Institucional de Resíduos Orgânicos”, Brasília, 2017.
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
Tecnologia Social de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura urbana 15
2º Passo Instalar o sistema de drenagem para coleta do lixiviado (composto líquido) produzido pela leira e o
excedente de água. Escava-se um buraco no centro da área ocupada pela leira, com cerca de 0,7m de largura e
com o mesmo comprimento da leira.
No buraco, é colocada brita e depois um cano de PVC com pequenas perfurações, envolvido por uma
manta permeável. O cano se liga a um reservatório de concreto instalado abaixo da superfície. Em seguida, o
buraco é tapado com brita e terra.
O corte abaixo indica o caminho feito pelo lixiviado (composto líquido) da leira.
3º Passo Para o fundo da leira, coloca-se sobre o sistema de drenagem uma camada de materiais mais grosseiros
(como restos podas, galhos e folhas de palmeira). Fazer a borda da leira com palha.
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
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4º Passo Colocar uma camada de serragem e folhas e depois cobri-la com uma camada de restos de comida e
outros materiais verdes e úmidos.
5º Passo Colocar então uma camada de inoculante, composto orgânico ou terra escura. Cuidar para que todas as
camadas fiquem bem espalhadas e misturadas na leira.
6º Passo Cobrir o material com serragem e folhas e depois com uma camada de palha até fechar a leira
completamente. Deixá-la descansar por cerca de 48 horas antes de usá-la novamente.
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
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7º Passo A cada nova utilização da leira, abrir a parte de palha da cobertura e transformá-la em parede. Colocar os
restos de comida e outros materiais verdes e úmidos, cuidando para misturá-los com o material compostado mais
antigo. Revirar a leira para melhorar a aeração.
8º Passo Cobrir novamente a leira com uma camada de serragem e folhas e outra de palha, cuidando para que
fique bem fechada.
Um pátio bem localizado e planejado vira uma área pedagógica, com potencial para
receber grupos e realizar oficinas e cursos. Ao ver uma experiência exitosa, sem odores e
vetores, com qualidade no composto orgânico gerado, tem-se a transformação da
imagem da gestão dos resíduos orgânicos, e por consequência a valorização da
reciclagem orgânica e o possível desdobramentos em residências, escolas e
comunidades.
1. No pátio de compostagem é importante que haja um planejamento cuidadoso e organizado no que diz respeito
aos horários de trabalho, escalas, programação de tarefas diárias, funções de cada trabalhador, previsão de
horário de chegada e partida de resíduos, disponibilidade de resíduos, acompanhamento do desenvolvimento
das leiras, etc. Uma boa administração do tempo, espaço do pátio, oferta de mão de obra e fluxo de materiais
ajuda a manter o bom funcionamento do sistema e o pátio limpo e organizado, evitando espaços ociosos,
atrasos, perda de equipamentos e outros problemas.
2. O composto orgânico pronto e as bombonas devem ser armazenados em local seco e abrigado.
3. Na área de lavação é importante haver mangueiras, máquinas elétricas tipo vap, escovas, esponjas, e acesso à
água abundante. O piso deve ser preferencialmente de concreto para facilitar a limpeza.
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
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4. Técnicas e materiais ecológicos e sustentáveis podem ser usados: telhas ecológicas, sistemas de coleta de água
da chuva e uso de produtos biodegradáveis e não tóxicos na área de lavação.
5. A área de armazenamento e manutenção deve ter um espaço coberto, com instalação elétrica e hidráulica, e
uma parte fechada, que possa ser trancada para manter os equipamentos em segurança. Um banheiro (de
preferência um banheiro seco) e um refeitório podem ser necessários em pátios afastados.
6. Dentre os equipamentos necessários, estão facões, pás, garfos/forcados de quatro pontas, vassouras, rodos,
enxadas, termômetros e carrinhos de mão. Uma balança para pesagem de composto também é muito útil.
7. O pátio tem que ser projetado e organizado de maneira a potencializar o trabalho, visando a praticidade e a
funcionalidade. Os veículos e equipamentos usados, por exemplo, tem que ter espaço suficiente de manobra e
circulação, estando o solo protegido preferencialmente com areia ou brita, seja na área entre as leiras, seja na
área de manutenção.
8. É importante que haja um espaço para armazenamento de material seco, tal qual palha e restos de poda.
9. Baldes de tamanhos diversos e bombonas são usados no transporte dos resíduos até o pátio.
10. Todo pátio requer um sistema de drenagem para a coleta do composto líquido produzido na reciclagem dos
resíduos orgânicos.
11. O pátio pode ser aberto para visitação guiada e educativa. É importante que a segurança seja sempre
observada nestes casos. O pátio deve ser mantido sempre limpo e ter lixeiras para separação de resíduos
(rejeitos, recicláveis e orgânicos).
12. Os trabalhadores devem utilizar EPI (Equipamento de Proteção Individual) como botas, luvas, chapéus e roupas
adequadas para sua segurança. Óculos podem ser necessários
13. Leiras em maturação devem ser protegidas com uma camada espessa de palha ou folhas de bananeira, com o
intuito de evitar a perda ou o excesso de humidade e a perda de calor.
14. Espantalhos e outros artifícios são usados para afugentar animais. É importante manter um controle
permanente das pragas. Manter as pilhas cobertas com palha é uma medida essencial.
15. Barreiras ou cordões verdes de isolamento ao redor do pátio, com 1 a 5 metros de largura, garantem um
isolamento acústico, visual e de odores. Árvores e arbustos frutíferas de diferentes alturas podem ser
utilizados, bem como gramíneas.
16. Pequenos veículos sobre rodas que podem ser puxados são muito úteis para a movimentação de bombonas e
resíduos.
17. As pilhas mais novas recebem os resíduos orgânicos, em camadas de restos de comida, serragem e palha. Elas
devem ser aeradas e misturadas periodicamente para potencializar o processo.
Você sabia?
Composteiras residências, escolares, de pequenos condomínios e comunitárias, com previsão para menos de 0,5
toneladas/dia (15 toneladas/mês), podem ser realizadas em suas localidades livremente, mediante capacitação
dos moradores, profissionais das escolas, colaboradores operacionais dos condomínios e dos empreendimentos
comunitários, informando a prática das atividades mediantes um Cadastro ambiental junto ao órgão
responsável do município ou pela FATMA. O cadastramento requer técnico responsável. Devido à pequena
quantidade a ser reciclada, aliada à qualificação dos envolvidos, fica facilitado o manejo da compostagem e
com baixo impacto urbano, sistema SinFAT Web (http://sinfatweb.fatma.sc.gov.br//).7
7
“Critérios técnicos para elaboração de projeto, operação e monitoramento de Pátios de Compostagem de pequeno porte”,
FAPESC, 2017.
– PROJETO REVOLUÇÃO DOS BALDINHOS –
Tecnologia Social de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e Agricultura urbana 19
Para compostagem de pequeno porte, por exemplo, em unidades escolares ou residências, sugere-se
utilizar uma primeira leira até alcançar 1,5m no máximo, manejando-a apenas duas vezes por semana (todas as
terças e sextas-feiras, por exemplo). Desta forma, ao final de seis meses haverá três leiras, uma com composto
pronto, uma em maturação e outra em pleno funcionamento.
Restos de comida
Aparecimento de descobertos, tais como Retirar os restos ou cobri-los bem com terra, folhas e material
animais e pragas carnes, peixes, laticínios e seco
gorduras
Aumentar o tamanho da leira, adicionando mais material
Baixa Leira muito pequena verde e matéria seca.
temperatura (não Falta de material úmido Adicionar material verde e restos de comida.
chega a aquecer) Umidade insuficiente Adicionar água.
Arejamento insuficiente Revirar a leira.
Manual de Orientação – Compostagem doméstica, comunitária e Institucional de Resíduos Orgânicos, MMA/CEPAGRO/SESC/SC,
2017.
5.3. Maturação das leiras de compostagem
As leiras de compostagem devem ser removidas após avançado processo de maturação, evitando assim
possíveis odores. Esta etapa é muito importante, pois o não cumprimento do prazo estipulado pode acarretar em
impacto na vizinhança. Mesmo com o tempo adequado, assim que o composto orgânico for amontoado deve ser
coberto com palha como medida preventiva, pois alguns focos de anaerobiose podem ocorrer dentro das leiras.
Se o composto for armazenado em área sem cobertura, esta também deve apresentar sistema de
drenagem. O composto maturado armazenado em local coberto preserva mais suas propriedades e evita
variações por diluição, conforme precipitação local.
Somando as fases ativa e de maturação, o composto orgânico pode estar pronto no método UFSC entre 60
à 210 dias (de 2 à 7 meses). Este tempo varia conforme o processo de manejo e as dimensões das leiras de
compostagem, diretamente relacionado à quantidade de resíduos orgânicos nelas depositados. No pátio da
revolução dos Baldinhos, devido às grandes quantidades colocadas em cada leira, o composto orgânico é
produzido em aproximadamente 6 meses, enquanto em residências pode ficar pronto em 2 meses. Para o
processo de retirada das leiras é necessário equipamento e profissionais adequados para que não haja
comprometimento do sistema de drenagem do pátio de compostagem.
O composto líquido produzido também não deve apresentar odores. A coloração escura (preta) indica bom
grau de maturação. A coloração marrom ou amarelada indica processo incompleto, com presença de fortes
odores.
Você sabia?
Atualmente o Projeto Revolução dos Baldinhos faz a doação de aproximadamente 2m3 de
composto orgânico, equivalente a 750kg. Doa-se mais do que se vende!
A comercialização dos seus produtos como composto orgânico, sabão, tinturas
vegetais é feitas em feiras e comércios locais. Entre serviços de assessoria técnica de
gestão comunitária de resíduos orgânicos e produtos o grupo já chegou a gerar 12 mil
em 1 ano.
8
A “Super R” foi criada pelo engenheiro agrônomo Júlio Maestri em 2008. Saiba mais: www.facebook.com/supercomposteira
supercomposteira@gmail.com
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base. Uma das tampas deve receber igualmente 5 furos de 3cm de diâmetro. A outra tampa (que sempre será a
tampa superior do kit) não receberá nenhum furo para evitar a entrada de água da chuva.
Adiciona-se em sequência: serragem, adubo, resíduos orgânicos, nova camada de adubo, serragem e palha,
folhas ou grama, encerrando-se o primeiro ciclo de alimentação da composteira com resíduos.
À medida que surge a necessidade de adicionar nova quantidade de resíduos gerados nas atividades diárias
da escola, a palha, folhas ou grama que cobriam a mistura são afastadas para as laterais, formando nova parede
lateral. Os novos resíduos são, então, adicionados e, com o auxílio de um garfo de jardinagem, são misturados com
o material anterior já em decomposição. Uma nova camada de serragem é adicionada, finalizando-se com outra
camada de palha, folhas e grama.
De 15 a 30 dias, o material da bombona que foi completada primeiramente estará homogêneo, sem cheiro
e sem risco de atrair animais e insetos indesejados, podendo ser disposto em um local com terra ou grama, para
que minhocas, centopeias, tatus-bolinha, dentre outros, naturalmente, maturem o composto. Com mais 25 dias de
maturação, o composto estará pronto para uso.
7. AGRICULTURA URBANA
Não há duvidas sobre a importância que cerca a compostagem de resíduos orgânicos como uma prática
que nos permite atacar problemas ambientais, a disposição de resíduos e, ao mesmo tempo, prover para nossa
agricultura tropical grandes quantidades de adubos orgânicos com todas as qualidades e efeitos benéficos. O
aporte de matéria orgânica, seja na forma de restos vegetais e animais, seja pela compostagem, é de suma
importância para os solos tropicais. A matéria orgânica tem sido considerada um indicador chave da qualidade do
solo e um componente de todo ecossistema terrestre.
Uma agricultura sustentável só poderá advir de uma sociedade sustentável, isto é, de uma sociedade que
se enxergue como um todo inter-relacionado, onde cada vez mais a busca de soluções integradas se faz necessária.
A compostagem de resíduos é este exemplo. Ela pode beneficiar tanto o meio urbano como o meio rural e por isso
deverá ser planejada de forma integrada e com cuidados ambientais pertinentes, para gerar resultados amplos e
atingir todo o potencial de benefícios que podem ser explorados.
Você sabia?
No dia 06 de junho de 2018 foi aprovada a Política Municipal de Agroecologia e produção orgânica de Florianópolis
(PMAPO), LEI 10.392/2018.
Art. 1º - Fica instituída a PMAPO, com o objetivo geral de integrar, articular e adequar políticas públicas, programas
e ações indutoras de transição agroecológica e da produção orgânica e de base agroecológica, contribuindo para o
desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da população, por meio do uso sustentável dos recursos
ambientais e da oferta e do consumo de alimentos saudáveis, de origem animal e vegetal, conforme Decreto nº
7.794 de 2012.9
9
www.leismunicipais.com.br
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“Sou Margarida M. dos Santos. Nasci e me criei na roça. Aos 20 anos, por falta de melhores conhecimentos e apoio
financeiro fui embora para a cidade para ter um salário e ajudar a minha família. Por todos os lugares que já morei,
nunca deixei de plantar. Esse trabalho nos faz muito bem emocionalmente e psicologicamente. E também você se
alimentar do teu próprio cultivo é muito gratificante. E por isso apresento a
Agrofloresta as margens da via expressa. Ficava triste com o
acúmulo de lixo na beira da via. Limpei o terreno e
comecei a plantar várias espécies de plantas.
Está dando certo, está produzindo muitos frutos.”
Você sabia?
A Infusão de casca de cebola com folhas de penicilina e sal é excelente para inflamações na garganta.
8. REFERÊNCIAS
Cartilha “Revolução dos Baldinhos – A Tecnologia Social de Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos e
Agricultura Urbana”
Manual de Orientação – Compostagem doméstica, Comunitária e Institucional de Resíduos Orgânicos,
Brasília, 2017.
Critérios Técnicos para elaboração de projeto, operação e monitoramento de Pátios de Compostagem de
Pequeno Porte, FAPESC, 2017.
Cartilha “O passa-a-passo de uma REVOLUÇÃO: Compostagem e agricultura urbana na gestão comunitária
de resíduos orgânicos” CEPAGRO, Florianópolis, 2017.
COMPOSTAGEM: Ciência e prática para a gestão de resíduos orgânicos, Caio de Teves Inácio e Paul Richard
Miller, EMBRAPA Solos, Rio de Janeiro, 2009.
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revolucaodosbaldinhos@gmail.com
www.facebook.com/revolucao.dosbaldinhos
instagram.com/revolucaodosbaldinhos
(48) 3249-4102
Rua dos Pinheiros Verdes, 165, Chico Mendes, Monte Cristo.