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GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Profa. Dra. Edith Malateaux


REFERÊNCIAS
LIMA, J.D. Gestão de resíduos sólidos urbanos. São Paulo: ABES 2002.
Meio ambiente: proporcionalidade, tipicidade aberta e afetação da receita.
Rio de Janeiro. 1995

SIRVINSKAS, L. P. Maunal de direito ambiental. 2ª edição. São Paulo: Ed.


Saraiva, 2003.

Vilhena, A. Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado. 2ª edição.


São Paulo: CEMPRE/IPT.2000.

CONAMA 313/02 (Inventário Nacional de Resíduos Sólidos)

CONAMA 283/01 ( Destinação Final de Resíduos de Saúde)


REFERÊNCIAS

Análise do Ciclo de Vida de Produtos - Ferramenta Gerencial da ISO


14000 - Edição 1997 – José Ribamar B. Chehebe

Os Bilhões Perdidos no Lixo – Dr. Sabetai Calderoni

Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde: uma visão multidisciplinar, Cristina


Lucia Silveira Sisinno, Rosália Maria de Oliveira

Gestão compartilhada dos resíduos sólidos no Brasil - Pedro Jacobi


Manual de gerenciamento de resíduos sólidos de serviços de saúde –
2ª edição

Lixo: Reciclagem e Sua História: Guia para as Prefeituras


Brasileiras Sidney Grippi

Resíduos industriais e ganhos de competitividade - Carlos Alberto T.


Alves

"Lixo - De onde vem? Para onde vai?" de Francisco Luiz Rodrigues


e Vilma Maria Gravinatto

Gestão dos resíduos de construção e demolição no Brasil -José da


Costa Marques Neto
LINKS
www.cempre.org.br/
http://www.cempre.org.br/manuais.php#livro06
http://www.cempre.org.br/videos.php
www.resol.com.br
www.abes-dn.org.br/
www.lixo.com.br
www.ibam.org.br
www.abrelpe.org.br
www.mma.gov.br
www.mma.gov.br/conama
www.ibama.gov.br
Então.....
VAMOS REFLETIR UM POUCO?

⦿ O que você faz com os resíduos que produz diariamente?

⦿ O que acontece com o lixo de cada dia?

⦿ O que o poder público faz para gerenciar estes resíduos?

⦿ O que acontece quando tomamos atitudes incorretas no descarte de


resíduos?

⦿ Qual a sua participação no modelo de gestão implantado em seu


município?

⦿ O que você pode fazer para mudar este cenário?


CONCEITO DE GESTÃO

Do latim GESTĬO, o conceito de gestão refere-se à


ação e ao efeito de gerir ou de administrar .
Gerir consiste em realizar diligências que
conduzem à realização de um negócio ou de um
desejo qualquer.
Administrar, por outro lado, consiste em governar,
dirigir, ordenar ou organizar.
GESTÃO DE RESÍDUOS

É o conjunto de práticas que buscam minimizar e/


ou eliminar a ocorrência de impactos ambientais
negativos oriundos de geração, manuseio,
estocagem, transporte, tratamento e disposição final
de resíduos, bem como evitar a criação de passivos
ambientais.
HISTÓRICO DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Pré-história

Os humanos viviam em pequenos grupos nas cavernas.


Se alimentavam dos animais que caçavam e das plantas
Se mudavam com frequência à procura de mais recursos e nunca
ficavam num mesmo lugar tempo suficiente para acumular muito
lixo.
Seus resíduos: ossadas e objetos de pedra lascada.
Surgimento das Cidades

Os humanos passaram a se estabelecer em


comunidades permanentes – cidades

Aumento da concentração de pessoas e de


resíduos produzidos por elas - o acúmulo
desses resíduos passou a incomodar.

Exemplos: em Atenas surgem os primeiros


lixões - atraíram ratos, baratas e outros
insetos indesejáveis. Os gregos passaram
então a cobrir o lixo com camadas de terra e
criaram, em 500 a.C. o aterro controlado – o
lixo era composto basicamente por restos de
comida.
Idade Média - o acúmulo de
pessoas nas cidades foi
aumentando = Aumento do
volume dos resíduos.
Surgimento de sérias doenças e
epidemias.

Até meados do século XVIII, o


lixo produzido era constituído
essencialmente de sobras de
alimentos.
REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL

o consumo dos bens ficou mais fácil, e o ocorreu um aumento significativo do consumo e
consequentemente da produção de lixo.
aumenta a problemática da geração e descarte de lixo. Porém, esse fato não causou
nenhuma preocupação maior: o que estava em alta era o desenvolvimento econômico e
não suas consequências.
as fábricas começaram a produzir objetos de consumo em larga escala e a introduzir novas
embalagens no mercado, aumentando o volume e a diversidade de resíduos gerados nas
áreas urbanas.
na “onda do consumismo”, os produtos que antigamente eram feitos para durar muitos
anos, hoje tem uma vida útil muito menor - o homem passou a viver então a era dos
descartáveis.
As pessoas passam a ser conhecidas em parte pela
quantidade de lixo que produzem.

Por outro lado, os restos podiam ser vistos, manipulados.

Do lixo privado ao público – transferência do problema.


⚫ No século XIX, quando as más condições de higiene passaram a ser
vistas como um incômodo = busca de alternativas para a disposição
final do lixo e assim como algumas mudanças de hábito.
No Brasil – Início
⚫ o serviço sistemático de limpeza urbana foi iniciado oficialmente em 25
de novembro de 1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então
capital do Império.
⚫ o imperador D. Pedro II assinou o Decreto nº 3024, aprovando o contrato
de "limpeza e irrigação" da cidade, que foi executado por Aleixo Gary e,
mais tarde, por Luciano Francisco Gary, de cujo sobrenome origina-se a
palavra gari, que hoje denomina-se os trabalhadores da limpeza urbana em
muitas cidades brasileiras.

Da Lata ao Saco Plástico


⚫ Por volta de 1971 - uso dos sacos de polietileno.
⚫ O saco plástico – troca da lata pelo saco de lixo, uso como objeto
descartável; mudança do perfil do profissional do lixo.
Século XIX – maior preocupação com a questão do lixo.
⚫ Período em que as ameaças causadas pelas epidemias conferem
novos significados ao lixo.
⚫ Lixo como negócio rentável.
⚫ Pessoas limpas = pessoas desenvolvidas.

Início do Século XX – nova fase.


⚫ Pessoas não só civilizadas, mas desenvolvidas – novo conceito de
desenvolvimento.
⚫ Desenvolvimento na época = mais lixo, mais economia, mais
desenvolvido o país.
⚫ Até a metade do século – lixo = restos de comida.
⚫ Com avanço da tecnologia – lixo = plásticos, isopores, pilhas,
baterias de celular,
⚫ lâmpadas, fraldas descartáveis, etc.
ATUALIDADES
A gestão dos resíduos sólidos é considerada um dos setores do
saneamento, mas não tem merecido a atenção necessária por parte do
poder público.

Ocorre um aumento significativo da geração de resíduos sólidos

O crescimento acelerado das metrópoles/cidades fez com que as áreas


disponíveis para colocar o lixo se tornassem escassas – disposição final do
lixo às vezes realizada de formas inadequadas.
A coleta do lixo é o segmento que mais se desenvolveu dentro do
sistema de limpeza urbana e o que apresenta maior abrangência de
atendimento junto à população, ao mesmo tempo em que é a
atividade do sistema que demanda maior percentual de recursos por
parte da municipalidade.

Os serviços de varrição e limpeza de logradouros também são muito


deficientes na maioria das cidades brasileiras.

O problema da disposição final dos resíduos sólidos.

Questão social do lixo


⚫ a participação de catadores na segregação informal do lixo, seja nas ruas ou
nos vazadouros e aterros.

⚫ A imagem do profissional que atua diretamente nas atividades operacionais


do sistema - o gari ainda convive com o estigma gerado pelo lixo de
exclusão de um convívio harmônico na sociedade.
CONCEITOS GERAIS
LIXO/ RESÍDUOS SÓLIDOS

⚫ “Lixo é tudo aquilo que não se quer mais e se


joga fora; coisas inúteis, velhas e sem valor.“
(Dicionário – Aurélio Buarque de Holanda).

⚫ “Lixo ou resíduos sólidos são vistos como os


restos das atividades humanas, considerados
pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou
descartáveis, podendo-se apresentar no estado
sólido, semi-sólido ou líquido, desde que não
seja passível de tratamento convencional”.
(Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT).
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS
SÓLIDOS
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
PNRS

A PNRS reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos,


diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal,
isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito
Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada
e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos
sólidos.

Sugestão – ler a Política Nacional de Resíduos Sólidos


RESÍDUOS SÓLIDOS:
CLASSIFICAÇÃO E
CARACTERÍSTICAS.
CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
São várias as maneiras de se classificar os resíduos sólidos.
As mais comuns são:

1) Quanto à origem.
(Fonte: Política Nacional dos Resíduos Sólidos - PNRS).

2) Quanto à finalidade.
(Fonte: Política Nacional dos Resíduos Sólidos - PNRS).

3) Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente.


(Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR 10004:2004)

Sugestão de Leitura
Política Nacional de Resíduos Sólidos
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ORIGEM

Podemos classificá-los quanto a sua origem:


⚫ Resíduos Sólidos Urbanos.
⚫ Resíduos Sólidos Industriais.
⚫ Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde.
⚫ Resíduos Sólidos Rurais.
⚫ Resíduos Sólidos Especiais ou Diferenciados.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ORIGEM RESÍDUOS URBANOS -
RSU
Resíduos Sólidos Urbanos - RSU
Resíduos sólidos gerados por residências, domicílios, estabelecimentos
comerciais, prestadores de serviços e os oriundos dos serviços públicos de
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, que por sua natureza ou
composição tenham as mesmas características dos gerados nos domicílios.

Domiciliar, Comercial, Público, Domiciliar


especial, Resíduos de Construção Civil e de
Demolição (RCD)
Pneus,Pilhas e Baterias, Lâmpadas
Fonte: Pesquisas ABRELPE 2011
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ORIGEM
RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE - RSS

Resíduos sólidos oriundos dos serviços de saúde, conforme definidos pelo


Ministério da Saúde em regulamentações técnicas pertinentes.

ABNT NBR 12.808: 1993 - Resíduos de serviço de saúde


CLASSIFICAÇÃO QUANTO A
ORIGEM – RESÍDUOS INDUSTRIAIS - RSI

São resíduos sólidos oriundos dos processos produtivos e instalações


industriais, bem como os gerados nos serviços públicos de saneamento
básico, com exceção aos relacionados na alínea “c” do inciso I do art. 3o da
Lei no 11.445, de 2007 - (lixo doméstico e do lixo originário da varrição e
limpeza de logradouros e vias públicas)
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ORIGEM
RESÍDUOS SÓLIDOS RURAIS - RSR

São resíduos sólidos oriundos de atividades agropecuárias,


bem como os gerados por insumos utilizados nas respectivas
atividades.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ORIGEM
RESÍDUOS SÓLIDOS ESPECIAIS OU DIFERENCIADOS - RSE

São aqueles que por seu volume, grau de periculosidade, de


degradabilidade ou outras especificidades, requeiram procedimentos
especiais ou diferenciados para o manejo e a disposição final dos
rejeitos, considerando os impactos negativos e os riscos à saúde e ao
meio ambiente.
Ex: Lixo Radioativo, Lixo de Portos, Aeroportos e Terminais
Rodoferroviários.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A FINALIDADE

Resíduos Sólidos Reversos: resíduos sólidos restituíveis, por


meio da logística reversa, visando o seu tratamento e
reaproveitamento em novos produtos, na forma de insumos, em
seu ciclo ou em outros ciclos produtivos.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A FINALIDADE
Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas
as possibilidades de tratamento e recuperação por
processos tecnológicos acessíveis e disponíveis, não
apresentem outra possibilidade que não a disposição final
ambientalmente adequada.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOS RISCOS
De acordo com a norma ABNT NBR 10.004: 2004, a classificação dos
os resíduos sólidos pode ser:
Classe I – Perigosos
Classe II – Não Perigosos, que se subdividem em:
⚫ Classe II A - Não-Inertes
⚫ Classe II B – Inertes (Classe III)
Verificar no site Www.abnt.org.br para
aquisição da norma ABNT NBR
10006: 2004 e ABNT NBR 10007:
2004.
LEIS E POLÍTICAS RELACIONADAS AOS
RESÍDUOS SÓLIDOS
O papel das Prefeituras com o Lixo e a Constituição Federal do
Brasil.
Decreto nº 99.274/90 e caso necessário a Política Nacional de Meio Ambiente -
PNMA
Gerenciamento dos Resíduos Sólidos

• Coleta

• Transporte

• Tratamento
CADRI - CERTIFICADO DE MOVIMENTAÇÃO DE
RESÍDUOS DE INTERESSE AMBIENTAL
Documento que aprova o encaminhamento de resíduos de interesse ambiental
a locais de reprocessamento, armazenamento, tratamento ou disposição final,
licenciados ou autorizados pela CETESB.

O CADRI é obrigatório para todos os tipos de resíduos de interesse.

Os resíduos de interesse são:

• Resíduos industriais perigosos (classe I, segundo a Norma NBR 10004,


da ABNT);

• Resíduos apresentados na relação a seguir;


RELAÇÃO DE RESÍDUOS DE
INTERESSE:
1. Resíduo sólido domiciliar coletado pelo serviço público, quando enviado a aterro
privado ou para outros municípios.

2. Lodo de sistema de tratamento de efluentes líquidos industriais.

3. Lodo de sistema de tratamento de efluentes líquidos sanitários gerados em fontes


de poluição definidos no artigo 57 do Regulamento da Lei Estadual 997/76, aprovado
pelo Decreto Estadual 8.468/76 e suas alterações.

4. EPI contaminado e embalagens.

5. Resíduos de curtume não caracterizados como Classe I, pela NBR 10004.


6. Resíduos de indústria de fundição não caracterizados como Classe I, pela NBR
10004.

7. Resíduos de Portos e Aeroportos, exceto os resíduos com características de


resíduos domiciliares e os controlados pelo “Departamento da Polícia Federal".

8. Resíduos de Serviços de Saúde, dos Grupos A, B e E, conforme a Resolução


CONAMA 358, de 29 de abril de 2005.

9. Efluentes líquidos gerados em fontes de poluição definidos no artigo 57 do


Regulamento da Lei Estadual 997/76, aprovado pelo Decreto Estadual 8.468/76 e
suas alterações. Excetuam-se os efluentes encaminhados por rede.

10. Lodos de sistema de tratamento de água.


LANDFARMING

O processo de landfarming, também conhecido como tratamento em


terra, consiste na aplicação controlada de resíduos sobre o solo,
conseguindo a degradação biológica e química dos mesmos.

O landfarming também deve ser considerado como um processo de


disposição final, já que os produtos da degradação se incorporam ao solo
e à matéria vegetal presente no local.
A diferença entre tratamento em solo e landfarming se baseia em que o
último implica o desenvolvimento de técnicas de trabalho do solo,
através das quais é incorporado oxigênio do ar, maximizando a remoção
biológica.

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