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DESTINO CORRETO DO LIXO: UMA QUESTÃO DE SAÚDE,

CIDADANIA E RESPEITO

Edineia Maria Petrini de Barros Batista¹


Celso João Rubin Filho²

RESUMO: O objetivo deste trabalho, desenvolvido com os alunos do 6º ano do Ensino


Fundamental do Colégio Estadual Helena Kolody, em Sarandi, PR, foi refletir sobre o destino
correto do lixo, vinculado à disciplina de Ciências. Essa proposta constitui-se no
desenvolvimento de atividades por meio de estudos teóricos, coleta de dados, dinâmicas,
documentários, vídeos de animação, atividades lúdicas e práticas e textos direcionados ao
ensino e aprendizagem. A implementação do projeto abriu espaço para que os alunos
pudessem refletir a respeito das consequências negativas que a destinação incorreta do lixo
traz para o meio ambiente e para a saúde dos seres vivos, valorizando a cooperativa e o aterro
sanitário do município. A proposta apresentada contribuiu de forma positiva não só para a
aprendizagem dos conceitos abordados, como também abriu espaço para discussões
pertinentes entre docente, discentes e comunidade escolar sobre suas ações, entendendo o
papel de cada indivíduo para a preservação do meio ambiente em que estão inseridos.

Palavras-chave: aterro sanitário, reciclagem, coleta seletiva, consumo


consciente.

1 INTRODUÇÃO

O projeto de intervenção pedagógica foi desenvolvido no Programa de


Desenvolvimento Educacional – PDE(2016) – proposto pela Secretaria de
Educação do Estado do Paraná (SEED) e implementado no ano de 2017. A
finalidade foi realizar um trabalho para despertar a consciência ambiental dos
alunos e comunidade escolar sobre a importância do descarte correto do lixo.
Nessa perspectiva e buscando embasamento em referenciais teórico-
metodológicos como as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de
Ciências, pois a temática lixo está inserida nos conteúdos básicos quando são
trabalhados o solo e o meio ambiente, torna-se importante a discussão sobre o
destino correto do lixo como atitude que favorece a preservação do solo e do
meio ambiente. Nesse sentido,

¹ Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná e participante do Programa de Desenvolvimento Educacional


(PDE). Endereço eletrônico:edpetrini@gmail.com

² Professor Orientador Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Endereço eletrônico:
cjrubin@uem.br
As relações entre os seres humanos com os demais seres vivos e
com a Natureza ocorrem pela busca de condições favoráveis de
sobrevivência. Contudo, a interferência do ser humano sobre a
Natureza possibilita incorporar experiências, técnicas, conhecimentos
e valores produzidos na coletividade e transmitidos culturalmente.
Sendo assim, a cultura, o trabalho, e o processo educacional
asseguram a elaboração e a circulação do conhecimento,
estabelecem novas formas de pensar, de dominar a natureza, de
compreendê-la e se apropriar dos seus recursos (PARANÁ, 2008, p.
41).

O lixo produzido nas cidades, casas, trabalho e na escola está cada vez
maior, levando à preocupação com seu descarte de forma que não agrida o
meio ambiente, pois seu acúmulo na natureza compromete o meio em que
vivemos. Destacamos que o avanço da tecnologia acarreta a composição do
lixo a cada vez mais variada e em maior quantidade. Na era dos descartáveis,
é necessário também repensar o consumo de maneira responsável.
Elisa Bechuate (2014, p. 24), em seu livro Etiqueta Sustentável, afirma
que

A praticidade à qual recorremos por conta do binômio excesso de


trabalho e escassez de tempo não nos pode deixar acomodados a
ponto de abandonarmos por completo as nossas preocupações com
o meio ambiente. O bom senso aqui está em encontrarmos o
equilíbrio entre praticidade e responsabilidade ambiental. Pois bem,
não precisaríamos abrir de todo o conforto e das conquistas que
tantas facilidades tem trazido ao nosso cotidiano; pelo contrário,
podíamos ter uma diversidade de outros meios e ficar com a
consciência tranquila por cumprir a nossa parte, enquanto os
pesquisadores seguem fazendo descobertas facilitadoras e o menos
poluentes possível.

Nesse âmbito, acreditamos que cabe também à escola e ao professor


oferecer condições para que seja despertada a consciência ambiental dos
alunos, alertando-os dos riscos ocasionados à saúde e ao meio ambiente
devido ao armazenamento incorreto do lixo e à necessidade de se tomar
medidas e atitudes sustentáveis para melhor qualidade de vida no presente e
para as futuras gerações.
Quando se trata da preservação do meio ambiente, é importante
observar se o lixo produzido na comunidade está sendo descartado
corretamente. Na realidade escolar, verificamos que muitos alunos, assim
como a comunidade, não cuidam do meio ambiente em que estão inseridos,
porque não é difícil encontrarmos terrenos baldios abarrotados de lixo,
ocasionando, na maioria das vezes, um problema de saúde pública.
Como alguns bairros de Sarandi, PR, possuem coleta seletiva realizada
pelo caminhão da cooperativa da cidade, julgamos relevante que a escola
auxilie nesse processo de conscientização, para que a separação do lixo seja
feita corretamente, sendo encaminhado menos lixo para o aterro sanitário do
município, aumentando sua vida útil. E também é importante que os alunos e
comunidade saibam cobrar dos órgãos competentes para que essa coleta
abranja todo o município.
Nesse contexto, a escola tem a responsabilidade de contribuir para a
mudança de comportamento de seus alunos em relação ao meio ambiente, e
uma dessas contribuições é enfrentar os problemas relacionados com a
destinação correta do lixo. Essa é a justificativa deste projeto, desenvolver na
escola ações que sensibilizassem e motivassem os alunos a atuar na
sociedade em que vivem, preservando o meio ambiente através do descarte
correto do lixo.
Para tanto, nas atividades desenvolvidas objetivamos maior
conscientização e participação dos alunos, enquanto cidadãos, sobre o uso, a
produção, a reutilização de resíduos bem como seu destino final, relacionando
esses conceitos com sua vida e prática diária. Pontuamos que a reflexão sobre
esse tema junto aos alunos contribuiu para estes compreenderem seu papel na
relação com o meio ambiente, entendendo que mudar de comportamento é
difícil e exige um trabalho constante.

2 REFERENCIAL TEÓRICO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO DESCARTE DO


LIXO

Rodrigues & Cavinatto (1997) assinalam que, atualmente,


vivenciamos a era dos descartáveis. No decorrer deste século, a população
mundial dobrou de tamanho, assim como a quantidade de lixo produzida. As
indústrias evoluíram e hoje fabricam produtos com menor durabilidade e em
grande escala, que se tornam descartáveis rapidamente. Esses produtos
geralmente são usados uma única vez ou por pouco tempo e logo são
descartados. Consequentemente, a quantidade de lixo produzida será ainda
mais elevada, com plásticos, papéis e latas em abundância.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2013, p. 12),

O Brasil gerou cerca de 198 mil toneladas por dia de resíduos sólidos
urbanos no ano de 2011, desse resíduo gerado, apenas 90% é
coletado, o que equivale a aproximadamente 180 mil toneladas por
dia. Dos resíduos coletados em 2011, 58% foram destinados a
aterros sanitários, 24% a aterros controlados e 17% a lixões. Isto é,
cerca de 75 mil toneladas por dia são destinadas inadequadamente
para lixões ou aterros controlado.

Um dos grandes problemas dos seres vivos em relação à natureza é a


produção e o destino dos resíduos sólidos, que na maioria das vezes são
descartados de forma incorreta no meio ambiente. O lixo é um dos grandes
problemas ambientais em nível mundial, como assinalado. Em decorrência do
elevado volume de lixo produzido nas cidades, tornou-se necessário estudar
novas formas de seu descarte à medida que a sociedade se desfaz de bens
materiais rapidamente. E ainda o crescimento da população, o estímulo ao
consumismo de uma sociedade predominantemente capitalista agravam cada
vez mais essa situação.
Destacamos que uma das formas mais comuns de classificar o lixo é
separá-lo quanto ao seu tipo, como: orgânico, eletrônico, hospitalar, radiativo,
industrial, entre outros, levando em consideração a sua origem. Quanto a sua
classificação, existem cinco classes, que descrevemos a seguir:
I – Lixo doméstico ou residencial: resíduos gerados nas atividades
diárias em casas, apartamentos, condomínios e demais edificações
residenciais;
II - Lixo comercial: resíduos gerados em estabelecimentos comerciais,
cujas características dependem da atividade desenvolvida;
III – Lixo público: resíduos presentes nos logradouros públicos, em geral
resultante do ambiente tais como folhas, galhadas e poeira, além de entulhos
descartados irregularmente pela população e restos de embalagens;
IV – Lixo domiciliar especial: compreende os entulhos de obras de
construção civil, pilhas e baterias, lâmpadas e pneus;
V – Lixo de fontes especiais: lixo industrial, lixo radioativo, lixo de portos,
aeroportos e terminais rodo ferroviários e lixo agrícola. As características dessa
última classe merecem cuidados especiais em seu manuseio,
acondicionamento, estocagem, transporte e disposição final (IBAM, 2001,
p.26).
Uma das grandes preocupações quanto ao lixo é o destino final desse
resíduo produzido. O gerenciamento é de responsabilidade das prefeituras,
mas ainda há municípios que não têm sistemas adequados de coleta e
disposição final, depositando-os em lixões a céu aberto.
O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (2014) ressalta que o
poder público não é o único responsável pela coleta e destino dos resíduos
sólidos. Os consumidores, produtores e os fabricantes precisam se engajar e
participar efetivamente desse processo.
Para melhorar o meio ambiente e a qualidade de vida, é necessário
tomar atitudes que diminuam o volume do lixo, tais como: consumo consciente,
reciclagem, coleta seletiva, cooperativas e políticas públicas que favoreçam o
tratamento adequado como a destinação correta desse lixo. Consumo
consciente significa consumir de forma responsável, pensando nas
consequências do ato de comprar sobre a qualidade de vida no planeta e na
vida das futuras gerações. Segundo Moreira (2015, p. 20),

É necessário repensar hábitos de consumo, para gerar menos lixo,


diminuindo a quantidade de resíduos, comprando somente o
necessário. A redução do consumo é um grande desafio, pois nossa
sociedade está voltada para consumir o máximo possível.

No tocante à reciclagem, Calderoni (2003) relata que os ganhos


proporcionados através da coleta seletiva e das cooperativas devem-se ao fato
de que é mais econômica a produção a partir da reciclagem do que a partir de
matérias-primas virgens. Na reciclagem, o custo com o gasto de energia e
recursos hídricos é menor, e também os gastos com a disposição final do lixo
são reduzidos.
Em relação ao destino do lixo, é importante compreender as principais
formas de descarte de resíduos feitas no Brasil e seus impactos ambientais. A
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
estima que, das quase 70 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos
coletadas no Brasil anualmente, 42% ainda têm como destino lixões e aterros
controlados, considerados ambientalmente inadequados.
A Lei dos Resíduos Sólidos n°. 12.305/2010 (PNRS) proíbe a existência
de lixões e determina a criação de aterros para lixo sem possibilidade de
reaproveitamento ou decomposição (matéria orgânica). O lixo descartado
corretamente evita o acúmulo em terrenos baldios, prevenindo doenças
causadas por insetos transmissores da dengue, por exemplo.
Dados do Programa Estadual de controle da dengue apontam que 44%
dos criadouros dos vetores formam-se em locais com acúmulo de resíduos
sólidos e 14% em pneus. Tauil (1999, p. 99), em seu artigo, reforça o problema
do descarte inadequado do lixo:

A ausência de destino adequado do lixo ocorre a proliferação de


criadouros potenciais do Aedes aegypti, principal mosquito vetor da
dengue, ou seja, depósitos improvisados para água potável e
recipientes em que a água é acumulada, constituídos principalmente
por latas, plásticos e garrafas usadas. A indústria moderna, por outro
lado, privilegia a produção de material descartável. O vírus do dengue
tem sua propagação facilitada pela intensidade e freqüência dos
meios de transporte, os quais favorecem também a disseminação dos
vetores da doença.

Se os mosquitos transmissores dessas doenças estão na maioria das


vezes onde o lixo não é manejado adequadamente, a solução para essa
problemática é o descarte correto do lixo pela população. Defendemos que
cada um fazendo sua parte de maneira consciente diminuiria em grande
número as doenças transmitidas por vetores como o mosquito Aedes aegypti.

3 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

A implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica por meio da


utilização da produção didático-pedagógica ocorreu no Colégio Estadual
Helena Kolody, localizado na cidade de Sarandi, PR, pertencente ao NRE de
Maringá, PR. A escola está localizada no bairro Jardim Ouro Verde e oferece
ensino do 6º ao 9º ano e Ensino Médio nos turnos matutino, vespertino e
noturno.
A experiência relatada foi desenvolvida em uma turma do 6º ano do
Ensino Fundamental composta por 35 alunos, com idade entre 10 a 12 anos.
Realizamos o trabalho no primeiro semestre de 2017.
A implementação do projeto abriu espaço para que os alunos pudessem
refletir a respeito das consequências negativas que a destinação incorreta do
lixo traz para o meio ambiente e para a saúde dos seres vivos, de modo a
valorizar a cooperativa e o aterro sanitário do município. Os encaminhamentos
metodológicos se deram por meio de levantamento bibliográfico dos conceitos
com textos de apoio, pesquisas, vídeos, imagens, documentários, teatro,
música, entre outras atividades pedagógicas divididas por ações.
A primeira ação desenvolvida foi a socialização do projeto com os alunos
e comunidade escolar, assim como a conscientização dos objetivos propostos,
a metodologia e a estratégia a serem utilizadas. Salientamos que essas tiveram
boa receptividade e o reconhecimento de sua relevância e importância no
processo de ensino e aprendizagem por parte dos alunos e comunidade.
Na socialização do projeto aos alunos e comunidade escolar,
desenvolvemos as estratégias de ação elaboradas na produção didático-
pedagógica. Em um primeiro momento, intencionamos instigar os alunos a
discutir sobre o lixo, observando seu conhecimento prévio e suas atitudes em
relação ao descarte do lixo. Em seguida, realizamos pesquisas sobre o
conteúdo formal para a construção do referencial teórico e coleta de dados
através de um questionário contendo questões sobre o destino do lixo. Esse
questionário foi encaminhado pelos alunos às famílias, com a finalidade de
observarmos as práticas utilizadas por eles em relação ao destino do lixo.
Durante as discussões sobre “O que é Lixo?”, os alunos apresentaram
bons conceitos, com definições bem elaboradas, não diferenciando muito dos
conceitos pesquisados na sala de informática. Ressaltamos que a pesquisa no
laboratório de informática acerca desse tema também foi produtiva, reforçando
o conhecimento discutido em sala, e propiciando que os alunos construíssem o
conhecimento científico.
Após as pesquisas, um dos alunos definiu: “Lixo é todo e qualquer
resíduo proveniente das atividades humanas ou gerado pela natureza em
aglomerações urbanas. No dicionário, é definido como sujeira, imundice, coisas
inúteis, velhas, sem valor. Lixo na linguagem técnica é sinônimo de resíduos
sólidos, representados por materiais descartados pelas atividades humanas”.
Uma aluna escreveu em seu texto o seguinte: “Lixo é tudo aquilo que já
não tem utilidade e é jogado fora. É qualquer material sólido originado em
trabalhos domésticos e industriais. Lixo orgânico é todo resíduo de origem
animal ou vegetal, como restos de alimentos, folhas, sementes etc. Pode ser
utilizado em compostagem, para a fabricação de adubos. Lixo inorgânico é
todo material cuja origem não é biológica, como, por exemplo, plásticos,
metais, vidro etc.”.
Através do levantamento do questionário encaminhado para ser
respondido pela família, constatamos que já existia preocupação por parte dos
alunos e familiares com o descarte do lixo.
Reproduzimos o questionário aplicado aos alunos para conhecermos
como estes agem em relação ao descarte do lixo.

Questionário

1) Quantas pessoas vivem em sua residência?


2) O lixo produzido pela família é colocado em:
a) ( ) sacolas de mercado b) ( ) sacos de lixo c) ( ) caixas de papelão
d) ( ) latão ou balde e) ( ) outros.
3) Na rua onde você mora tem coleta de lixo?
a) ( )sim b) ( ) não
4) Na opinião dos moradores de sua casa, a quem compete à preocupação coma
questão do lixo
a) ( ) ao Poder Público b) ( ) a cada cidadão
c) ( ) ao poder público e a cada cidadão
5) Em sua casa, o lixo orgânico (restos de alimentos, cascas, sobras) é separado do
reciclável?
a) ( ) sim b) ( ) não c) ( ) às vezes
6) Quantas vezes por semana o caminhão de lixo da prefeitura realiza coleta de lixo
na rua onde você mora?
a) ( ) 2 vezes b) ( ) 3 vezes c) ( ) todos os dias d) ( ) não sabe
7) Na sua rua é feita a coleta de lixo reciclável pelo caminhão da cooperativa?
a) ( ) sim b) ( ) não
8) Se o caminhão da cooperativa recolhe lixo reciclado em sua rua, responda: Sua
família separa lixo para ele recolher?
a) ( ) sim b) ( ) não c) ( ) as vezes
9) O que é feito com o lixo orgânico (grama cortada/folhas de árvores) em sua
residência?
a) ( ) é queimado b) ( ) é ensacado e deixado para o caminhão recolher
10) Qual o destino dado à sobra do óleo de fritura em sua casa?
a) ( ) usado para fazer sabão
b) ( ) descartado na pia
c) ( ) encaminhado a um posto de coleta na cidade
d) ( ) jogado no solo
11) Quando chove muito, a sua rua fica alagada?
a) ( ) sim b) ( ) não c)( ) às vezes
Em caso afirmativo, a que você atribui esse fato?
a) ( ) ao lixo que fica jogado nas rua
b) ( ) a falta de estrutura do saneamento básico
c) ( ) as duas situações citadas.
12) Na rua onde você mora, é fácil encontrar papéis ou outros resíduos jogados pelo
chão?
a) ( ) sim b) ( ) não c) ( ) às vezes
13) Você sabe para onde é encaminhado o lixo coletado pelo caminhão ?
a) ( ) sim b) ( ) não
14)) Você já deve ter ouvido falar em coleta seletiva. Em sua opinião, qual a definição
correta?
a) ( ) coleta de todo o lixo junto
b) ( ) coleta de todo o lixo separado conforme as características, tipo papel, plástico,
vidro, metal, e outros
15) No bairro em que você mora, existem muitos terrenos baldios cheios de entulhos,
lixo?
a) ( ) sim b) ( ) não
16) Na sua família, alguém já teve dengue?
a) ( ) sim b) ( ) não
17) Você acredita que a dengue tem alguma relação com o lixo?
a) ( ) sim b) ( ) não
18) Você já observou se a escola possui lixeiras para a coleta seletiva?
a) ( ) sim b) ( ) não

Apresentamos as informações colhidas com o auxílio do questionário em


forma de porcentagens. Após, elaboramos os questionamentos junto aos
alunos, cujas respostas descrevemos na sequência.
 100% das ruas onde moram os alunos entrevistados possuem coleta de
lixo realizada pela prefeitura, e em 75% delas o caminhão passa pelo
menos 3 vezes por semana.
 Somente 50% dos entrevistados separam o lixo orgânico do inorgânico.
 Apenas em 66% das ruas das famílias entrevistadas passa o caminhão
da cooperativa fazendo a coleta dos lixos recicláveis. Mesmo assim,
somente 50% deles separam o lixo para essa coleta.
 93% sabem a definição de coleta seletiva.
 O lixo orgânico recolhido pela família é ensacado e deixado para o
caminhão levar em 90% deles.
 60% encontram papéis ou outros resíduos jogados pelo chão na rua
onde moram.
 63% dizem que não existem terrenos baldios nas proximidades de sua
casa.
 50% já tiveram alguém com dengue na família e 100% concordam que a
dengue tem relação com o lixo descartado de forma incorreta.
 90% da opinião dos entrevistados revelam que a preocupação com a
questão do lixo deve ser do poder público e de cada cidadão.
Esse levantamento permitiu verificarmos que os alunos e seus familiares
sabem as atitudes corretas em relação ao descarte do lixo, mas não as adotam
por não terem percebido as relações que existem entre suas vidas, o ambiente
e as decisões que tomam sobre o lixo produzido. Pontuamos que a mudança
de comportamento é difícil e exige um constante esforço de todos.
Na atividade em que os alunos precisavam identificar o lixo do pátio da
escola, encontraram somente alguns papéis de bala, chicletes, pirulitos, itens
que não são comercializados pela cantina da escola. Mesmo após o intervalo,
não encontraram grandes quantidades de lixo pelo pátio, resultado da
colaboração dos alunos com a limpeza da escola e da disposição das várias
lixeiras pela escola.
Desenvolvemos um trabalho com os alunos sobre o conceito dos 3 R,
também conhecido como os 3 R da sustentabilidade (Reduzir, Reutilizar e
Reciclar), ações práticas que visam a estabelecer uma relação mais harmônica
entre consumidor e meio ambiente. Ao relacionarmos o consumo com o lixo, os
alunos compreenderam a importância do destino do lixo através da técnica
reduzir, reutilizar e reciclar.
Observamos grande dificuldade dos alunos na reflexão da importância
de ser um consumidor consciente diante de tantos produtos descartáveis e
tecnológicos impostos principalmente pelas mídias, que aparentemente
facilitam nossas vidas como forma de gerar menor quantidade de lixo. E
também quanto à reutilização do lixo, usando mais de uma vez o que
consomem para diminuir a quantidade de resíduos sólidos gerados.
Em relação aos 3R e às lixeiras coloridas, apresentadas para os alunos
através de um vídeo da Turma da Mônica, intitulado „Um plano para salvar o
planeta‟, destacamos a relevância de atitudes como reduzir, reutilizar e reciclar
o lixo, assim como o da coleta seletiva através das lixeiras coloridas: para cada
tipo de lixo uma cor, para indicar o tipo de material a ser reciclado.
Um dos alunos assim relatou em seu texto: “Eu aprendi que nós não
podemos jogar qualquer tipo de lixo em qualquer lugar ou na rua, cada lixo tem
seu próprio lugar para ser jogado. O lixo orgânico nas latas de lixo marrom, o
plástico na lata vermelha, metal ou alumínio na lata amarela, papel na lata azul
e vidro na lata verde. Porque nós não podemos jogar lixo em qualquer lugar?
Se agente jogasse nas ruas poluiria o ambiente, a natureza, e os rios. Agora
vamos falar sobre os três RRR, o primeiro é reduzir, nós precisamos reduzir
não só o lixo, como também apagar as luzes. Reutilizar o outro lado das folhas
está no segundo R que é reutilizar. Sabia que podemos fazer brinquedos
reutilizando garrafas PET? O terceiro R é reciclar, podemos reciclar papel,
metal, vidro e plástico”.
Sobre a reciclagem, coleta seletiva e cooperativas, os alunos
compreenderam a importância da coleta seletiva para o processo de
reciclagem e como prática de descarte correto do lixo, pois também ajuda a
aumentar a vida útil do aterro sanitário. Uma das alunas, de forma bem simples
escreveu “O lixo pode ser útil para várias coisas, mesmo algumas pessoas
falando que não, pois o lixo gera emprego para os catadores de recicláveis,
que são estes, papel, vidro, alumínio, etc.”.
A informação sobre os bairros e ruas em que o caminhão da
cooperativa passa contribuiu no processo de conscientização, pois os alunos
relataram as dificuldades que encontram para recolher esses recicláveis. A
maior delas é que o lixo selecionado, possível de ser reciclado, não é recolhido
em todos os bairros por limitações da cooperativa do município. E por
comodismo nem todas as famílias fazem essa separação corretamente. O
depoimento de uma aluna propiciou otimismo: “Antes fazíamos tudo errado, a
gente não tinha observado que o caminhão de lixo passava na nossa rua,
depois que a professora explicou, agora estamos separando o lixo e colocando
para o caminhão da cooperativa levar”.
Em outro momento, a aluna relatou o seguinte: “Ontem minha mãe fez
uma limpeza nos remédios e ia jogando fora. Eu disse para ela que a
professora explicou que algumas farmácias recolhem essas medicações e que
não pode jogar no lixo comum porque pode poluir. Minha mãe guardou o
remédio e levou em uma farmácia do bairro e eles recolheram”.
Em relação ao destino correto do lixo e aterro sanitário, os alunos
compreenderam as principais formas de descarte de resíduos realizadas no
Brasil e seus impactos ambientais. Através de um documentário sobre o aterro
sanitário da cidade, conheceram seu funcionamento e organização.
Reforçamos a importância do descarte do lixo em locais adequados também
como possibilidade de evitar doenças, e destacamos que quanto mais lixo é
depositado, menos tempo útil terá o aterro sanitário. No desenvolvimento das
atividades da prevenção de doenças, os alunos compreenderam que o
descarte correto do lixo está diretamente ligado às prevenções de doenças
como as transmitidas por vetores como o Aedes aegypti. Em outro
levantamento, não foi difícil encontrarmos alunos ou alguém da família que não
tiveram dengue, e alunos que se deparam com terrenos baldios abarrotados de
lixo próximos a sua residência. Sobre a dengue, uma aluna escreveu: “Ei!
Você não pode jogar lixo em qualquer lugar! Porque você pode contaminar o
meio ambiente, pois pode entupir bocas de lobo, e provocar enchentes, além
disso pode acumular água parada e provocar a dengue. No nosso município de
Sarandi foram notificados 3351 casos, sendo 1407 confirmados. Então Sarandi
enfrentou uma epidemia de dengue. Temos que cuidar de nossos terrenos
baldios e cuidar de nossas casas, se vocês não sabem dengue mata!”.
Os alunos também desenvolveram atividades em duplas, produzindo
frases e ilustrações como forma de conscientização, demonstrando muita
criatividade e aprendizagem.
Realizamos ainda uma atividade interdisciplinar com a professora da
disciplina de Língua Portuguesa: a produção de uma história em quadrinhos
considerando o seguinte tema:
Faça de conta que você viu alguém jogando lixo no chão de sua escola
ou na rua e produza uma história em quadrinhos explicando para essa pessoa
por que ela não deve fazer isso. Essa atividade foi muito significativa pois os
discentes pontuaram de forma bem simples, todo o trabalho de conscientização
desenvolvido durante o projeto.
Para finalizar o projeto, trabalhamos com os alunos uma apresentação
de teatro sobre a coleta seletiva, e apresentamos para as demais turmas com a
finalidade de conscientizá-los sobre a importância da coleta seletiva para
diminuir a poluição do solo e como modo de destinação correta do lixo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal da implementação do projeto, por meio da utilização
da Produção Didático-Pedagógica, foi levar os alunos a refletir sobre o destino
correto do lixo, ressaltando a importância da reciclagem e do aterro sanitário do
município com os alunos e comunidade escolar do Colégio Helena Kolody de
Sarandi, PR.
Durante a aplicação das atividades e das avaliações, verificamos que o
trabalho desenvolvido proporcionou melhora no desempenho dos discentes,
deixando-os mais autônomos e participativos, visto que engajaram-se
ativamente em todo o processo, refletindo acerca da problemática sobre o
destino correto do lixo. Destacamos que as atividades proporcionaram
reflexões individuais e coletivas e um novo olhar sobre o consumismo,
reciclagem dos resíduos, coleta seletiva, visando a melhor qualidade de vida,
um meio ambiente mais cuidado, através da escola, bairro, ou sua cidade
mais limpa, transformando a limpeza do ambiente em atitudes positivas.
Os alunos entenderam que é extremamente benéfico que os resíduos
sólidos tenham um destino correto, descobrindo que ser cidadão é tornar-se
mais consciente de seu papel na sociedade, tendo conhecimento de seus
deveres em relação ao bem estar do planeta e do dever de todos de preservá-
lo. Observamos que os alunos apresentaram mais autonomia e abertura para
as discussões. Desse modo, o trabalho em equipe e a abertura de momentos
coletivos de discussão possibilitaram a construção e sistematização de
conceitos relacionados ao destino correto do lixo, reforçando os cuidados com
a poluição e com o solo, de forma partilhada e significativa.
A experiência vivenciada foi positiva, permitindo o crescimento dos
discentes quanto à elaboração do pensamento e compreensão dos conteúdos
propostos, como também do docente, que pode vislumbrar novas formas de
trabalho, que serão agregadas a outras situações de modo a enriquecer o
processo de ensino e aprendizagem. Sendo assim, esta proposta se apresenta
como uma possibilidade de aplicação a outros professores que tenham
interesse em trabalhar com esse tema.

5. REFERÊNCIAS
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