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Filme\ Documentário: O nome dela é Sabine (Elle Sampelle Sabine)

Ano: 2007 Duração: 1 hora e 24 minutos

Resenha Crítica

O documentário em questão é gravado em um contraste do presente e do passado


de Sabine, irmã mais nova da atriz Sandrine Bonnaire, que foi tardiamente diagnóstica
com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) , uma época em que pouco havia
diálogo a respeito dessa temática, mesmo sem o diagnóstico formal os pais de Sabine
sabiam que ela era diferente e nos anos iniciais da sua educação ela frequentava uma
escola especializada que era denominada preconceituosamente de “escola para crianças
anormais”, nesse ambiente ela obteve um desenvolvimento de habilidades didática
importantes como ler e escrever.

Aos doze anos foi posta na escola regular juntos aos seus irmãos onde as pessoas
não compreendiam seu comportamento e a apelidaram de “Sabine a Louca” por conta
das ofensas constantes ela sofria com crises que envolviam automutilação após esses
incidentes ela passa a ficar em casa isolada principalmente por causa da ausência de
estruturas adequadas e assim permaneceu até seus 27 anos , a todo momento ela é
descrita pela irmã como alguém inteligente, talentosa, independente e alegre , durante o
tempo em que ficou isolada em casa ela investiu seu tempo e pensão em conhecimentos
principalmente sobre geografia e inglês além de habilidades manuais como crochê e
piano.

Sandrine, afirma que o comportamento especial da irmã mais nova nunca fora
um obstáculo para que ela participasse das brincadeiras e outras interações com os
irmãos, é possível notar que nos vídeos antigos em que aparece com a família Sabine
demonstra um comportamento completamente diferente do que é apresentado em seu
estado presente, nas cenas gravadas na casa de cuidados onde mora e é visitada pela
irmã ela aparece apática e com traços de dissociação do contexto social. O marco que
alterou profundamente o comportamento dela foi uma internação de 5 anos em um
hospital psiquiátrico onde suas habilidades foram significativamente reduzidas, por
conta de um tratamento inadequado para a condição TEA e o total isolamento do
convívio social inclusive familiar também agravou a situação. Colocar pessoas com
Transtorno do Espectro do Autismo nessas instituições era comum para uma época em
que havia pouco conhecimento sobre o assunto e seu tratamento.
O tratamento que Sabine recebeu da sociedade em seu breve convívio social nos
meios regulares sem uma assistência adequada foi um fator crucial para aumentar suas
dificuldades nos relacionamentos interpessoais, porém sua relação saudável com a
família atenuava esse fator pois mesmo fora do ambiente escolar, ela foi capaz de
desenvolver múltiplos conhecimentos e habilidades sozinha ou com pouco auxílio,
tendo aulas particulares de piano ela foi capaz de compor uma melodia chamada
“Caminhos Da França”, algo que poucas pessoas consideradas “normais” são capazes
de fazer mesmo com anos de estudo.

Seus pais tiveram dificuldade em identificar qual era o fator que causava o
comportamento incomum da filha, na época um diagnóstico para o Transtorno do
Espectro do Autismo era muito complexo e demorado por ser um tipo de transtorno que
se apresenta de diversas maneiras. O diagnóstico de Sabine foi tardio e isso afetou seu
tratamento que de maneira inicial foi feito de forma inadequada prejudicando todo o
progresso que ela fez durante anos e acarretou na perda de diversas habilidade inclusive
na autonomia dela que passou a precisar de mais auxílio ao chegar a fase adulta do que
quando era mais jovem.

Durante o documentário Sandrine entrevista a mãe de Oliver, um dos colegas de


Sabine na Casa de auxílio em que moram, essa mãe conta que desde que nasceu ele já
apresentava dificuldade em andar e falar e por isso seu diagnóstico em relação a
deficiência motor-cerebral não demorou a ser dado de forma precisa, na fase
adolescência, ele também desenvolveu epilepsia como ocorre com a maioria dos jovens
que sofrem do mesmo problema, mesmo com o tratamento ele não deixou de ter crises e
convulsões constantemente. Ela conta que através de uma experiência acidental onde
tomou os medicamentos do filho pôde perceber o quão forte são os remédios utilizados
no tratamento e como afetam o comportamento dos pacientes.

Nessa entrevista é ressaltada a dificuldade que os pais tem de encontrar um


centro que oferece tratamento adequado as pessoas com deficiências intelectuais e que
essa é a maior preocupação de pais de pessoas como Oliver e Sabine, segundo a mãe
que está sendo questionada, o tratamento desses grupos é relativamente tranquilo até os
vinte anos após esse período passam a haver mais dificuldades pois a partir dessa idade
não é mais obrigatório o estado fornecer assistência médica deixando os pais e as
pessoas deficientes desamparados a ausência de leis que garantam o auxílio a esses
grupos evidência o despreparo da sociedade em geral para lidar com essa situação.

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