O documento faz uma resenha de dois filmes sobre a história de crianças surdas ou cegas e suas dificuldades de comunicação. Ambos os filmes mostram como a falta de conhecimento e preconceito dificultaram a educação das crianças e causaram sofrimento às famílias. No entanto, as crianças desenvolveram formas próprias de se comunicar. Os filmes também demonstram que, com o apoio adequado, é possível superar barreiras e estabelecer comunicação.
Descrição original:
Resenha dos filmes “O Milagre de Anne Sullivan” e “E Seu Nome é Jonas”
O documento faz uma resenha de dois filmes sobre a história de crianças surdas ou cegas e suas dificuldades de comunicação. Ambos os filmes mostram como a falta de conhecimento e preconceito dificultaram a educação das crianças e causaram sofrimento às famílias. No entanto, as crianças desenvolveram formas próprias de se comunicar. Os filmes também demonstram que, com o apoio adequado, é possível superar barreiras e estabelecer comunicação.
O documento faz uma resenha de dois filmes sobre a história de crianças surdas ou cegas e suas dificuldades de comunicação. Ambos os filmes mostram como a falta de conhecimento e preconceito dificultaram a educação das crianças e causaram sofrimento às famílias. No entanto, as crianças desenvolveram formas próprias de se comunicar. Os filmes também demonstram que, com o apoio adequado, é possível superar barreiras e estabelecer comunicação.
DISCIPLINA – LIBRAS T16 PROF. MARCÍLIO DE CARVALHO VASCONCELOS
Gabriel Sena e Ana Paula Galvão
Resenha dos filmes “O Milagre de Anne Sullivan” e “E Seu Nome é Jonas”
Feira de Santana, Agosto de 2019
O filme “O milagre de Anne Sullivan” conta a história de Helen Keller, que perdeu a visão e a audição na tenra infância após uma infecção, tendo de viver apartada da possibilidade de comunicar-se com o mundo. Desta forma, a garota inicialmente entrava constantemente em acessos de raiva, destruindo tudo que via pela frente indiscriminadamente. Diante da desesperança do pai quanto ao caso de Helen, em contradição à crença e persistência de sua mãe, a família decidiu por buscar uma última ajuda, que viria da tutora Anne Sullivan. Desde a sua chegada a casa, o trabalho de Sullivan com Helen acaba por desestruturar a “desordem” estabelecida: diante das falhas em conceber uma comunicação com a garota, a família permitia que ela pudesse fazer tudo. Esta estrutura se sustentava em um sentimento de pena por sua condição, além de uma indiferença vinda de seu pai, que a considerava quase como se fosse um animal, impossibilitada de aprender qualquer coisa. Entretanto, antes mesmo de Sullivan começar a efetuar sua tutoria, é possível identificar que Helen compreende e se relaciona com o mundo da sua maneira: identifica formas, é capaz de sentir cheiros e fazer associações, além de que consegue muito minimamente comunicar-se através de sinalizações, fazendo um sinal sempre que está à procura de sua mãe, que é compreendido por todos da casa. A intenção da tutora é potencializar todas estas habilidades, que forma que ela possa não apenas docilizar-se em favor da paz da casa – que era a demanda apresentada principalmente por seu pai -, mas poder comunicar-se, compreender o que se passa ao seu redor e se fazer ser compreendida. Este grande desafio de Anne se torna maior diante da dificuldade da família em conseguir entender que o processo do aprendizado seria difícil e, por vezes, doloroso. Já que a mimavam constantemente, Sullivan acaba se tornando uma figura aversiva a Helen, impossibilitando a continuação do trabalho naquelas condições. Diante disso, a tutora faz um pedido que inicialmente se apresenta como problemático para a família, mas acaba sendo crucial para a melhoria no desempenho da garota: que pudesse passar um tempo sozinha com a criança, para que assim pudesse depender unicamente de Anne, sem recorrer ao socorro familiar. Foram lhe concedidas duas semanas - pouco tempo segundo a avaliação da tutora, mas que rendeu frutos muito importantes. Além de desaparecer com seus acessos de raiva, a partir do ensino da datilologia da língua de sinais, Sullivan tentava inúmeras vezes fazer com que Helen pudesse associar as palavras às coisas, possibilitando, assim, a comunicação. Facilmente a garota consegue aprender a reproduzir os sinais com as mãos, assim como ensinado, mas o problema maior estava na dificuldade dela de conseguir fazer as associações entre as palavras e seus significados relacionados a coisas do mundo. Apenas no fim do filme, Helen consegue fazer a ligação entre pensamento e linguagem. Já E seu nome é Jonas é um filme que mostra a jornada de uma criança surda diante das crueldades e desafios do mundo majoritariamente ouvinte. Logo no começo da sua vida, Jonas é internado num hospital para crianças com deficiências cognitivas devido unicamente a sua surdez. Esse início já demonstra o nível de despreparo da sociedade diante da demanda de uma pessoa surda. Depois de algum tempo, a família de Jonas retira ele do hospital para que fosse morar com eles, pai, mãe e um pequeno irmão. Mesmo em um ambiente novo e menos hostil que o hospital os desafios que Jonas e a família enfrentam continuam grandes. Existe uma pressão familiar para que Jonas consiga se comunicar de forma oralizada. Assim, Jonas é colocado em um instituo de oralização para surdos, um lugar que não aceitava de jeito algum o uso da linguagem de sinais com a justificativa de que os sinais deixavam as crianças preguiçosas. Essa parte do filme é bem marcante, pois Jonas sofre muito por não conseguir oralizar, ele tenta bastante, mas não consegue e por consequência a mãe dele também sofre. Diante das dificuldades de criar um filho surdo, a mãe se sente frustrada e o pai simplesmente foge, deixando a família desamparada. As relações de Jonas com avô se fortalecem nesse momento, dentro do turbilhão de acontecimentos na vida de Jonas, o avô surge como um ponto de calmaria. A criança e o avô estão sempre brincando e mesmo com as dificuldades conseguem se comunicar entre si. Porém, o avô morre e deixa a criança desamparada, a única pessoa com quem Jonas sente conseguir se comunicar morre e ele não entende direito a morte do avô. Diante de todo esse panorama, a mãe de Jonas resolve buscar amparo e conhecimento dentro da comunidade surda. Durante a convivência com os novos amigos surdos, a mãe de Jonas desconstrói seu preconceito em relação a língua de sinais e fica muito animada para tentar ensinar seu filho essa nova língua. Assim, Jonas é apresentado a comunidade surda e passa a aprender a língua de sinais junto com outros surdos. A partir da convivência com outros surdos, Jonas consegue se comunicar através da língua de sinais e até mesmo oralizar em alguns comentos, conseguindo conversar pela comunicação total. Portanto, esse filme mostra o trajeto de uma criança surda diante dos desafios impostos pelos ouvintes. Jonas é inicialmente afastado de propósito de uma cultura surda e de uma possibilidade de aprendizagem por conta de preconceito e ignorância social das pessoas em sua volta. Tanto na história de Helen, quanto na história de Jonas, as dificuldades de comunicação, frutos da desinformação e, em algumas situações, preconceito, tornam difíceis à família exercer um papel na educação das crianças. O resultado é o sofrimento da família, com tentativas sucessivas e frustradas de comunicar-se com a criança, e das próprias protagonistas, que passam por acessos de raiva, por não conseguir expressar o que querem. Ainda sobre a família das personagens, nas duas histórias aparecem figuras de pais que, diante da incompreensão da sociedade a respeito da situação dos sujeitos, tendem a desumanizar as crianças, desesperançosos de qualquer capacidade de comunicação vinda delas. Ambos tendem a uma desistência da responsabilidade que tem sobre os sujeitos, acreditando que a solução seria recorrer a instituições "especializadas": o pai de Helen, antes da chegada de Sullivan, pensa que a única possibilidade restante seria manda-la para o sanatório; e o pai de Jonas não tinha tanta certeza se retira-lo do hospital teria sido a melhor decisão. Em outro sentido, ambos os filmes comprovam que mesmo privados de possibilidades no ambiente para o desenvolvimento e estabelecimento da comunicação efetiva, os personagens conseguem, à sua maneira, se relacionar com o mundo. Tanto Helen, quanto Jonas desenvolvem, inclusive, sinais naturalmente: Jonas tenta representar que deseja cachorro quente para a sua mãe a partir da sinalização; e Helen faz um sinal com a mão sempre que está em busca de sua mãe, além de se fazer compreendida por todos da casa quando executa este comportamento. Respeitando as particularidades dos sujeitos e ambos os filmes mostram tentativas de otimizar a relação dessas pessoas com o mundo à sua maneira, sem tentar impor, adapta-los à nossa linguagem.