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Universidade de Brasília

Faculdade de Educação
Departamento de Teoria e Fundamentos
Escolarização de Surdos e Libras - Turma 04
Profa: Ma. Valícia Ferreira Gomes
Aluna: Ana Calaça Spindola - 190024011

RESENHA CRÍTICA

Introdução

Lançado em 1979, o filme de drama “E Seu Nome é Jonas” por Richard Michaels,
retrata a complexa trajetória de uma criança surda que leva a vida nos subúrbios do norte da
América e precisa enfrentar os diversos desafios da época e contexto nos quais está inserida
até que suas necessidades possam ser compreendidas e suas habilidades reconhecidas.
Após passar três anos de sua vida em uma clínica devido a um diagnóstico
equivocado, Jonas retorna ao seu convívio familiar na expectativa de um recomeço, todavia, o
despreparo e confusão de seus pais, Jenny e Denny, acarretam em grandes frustrações ao
longo de seu desenvolvimento. Ambientado no final dos anos 70, o filme traz à tona a
dificuldade de aceitação e compreensão da pessoa surda em uma sociedade preconceituosa e
pouco compreensiva.

Desenvolvimento

Quando retorna para casa após anos recebendo tratamento clínico inadequado, Jonas
se depara com seus familiares empolgados com sua volta e é muito bem recepcionado em um
primeiro momento. Entretanto, quando a criança apresenta dificuldades em compreender o
que lhe está sendo dito e seu pai informa que ele não entende as palavras, o primeiro
indagamento a surgir é o de “como ele pensa?”. Partindo dessa visão simplista da época,
Danny, o pai de Jonas, apresenta dificuldades em lidar com o comportamento de seu filho,
que é resultado da falta de preparo por parte da família. Jenny, a mãe, logo busca auxílio
profissional e Jonas passa a frequentar uma instituição que é contra o uso da linguagem de
sinais e acredita na necessidade de adaptação do surdo à sociedade, partindo da premissa de
que o mundo é dos ouvintes e a surdez precisa ser curada.
Após tentativas falhadas de fazer com que Jonas leia lábios e anule sua própria forma
de se expressar, Jenny é deixada por seu marido para cuidar de Jonas e seu irmão sozinha,
logo, percebe que aquela instituição não proporciona a metodologia correta de ensino. Após
contatar pais surdos que faziam o uso da linguagem de sinais, Jenny conhece o clube dos
surdos e cria uma ponte entre um dos integrantes e Jonas para que ele aprenda a se expressar
através de sinais.
A noção de linguagem de sinais como algo primitivo da humanidade, compartilhada
por muito tempo na sociedade científica, levava a maioria das pessoas a acreditar na
inferioridade desse modo de se comunicar, todavia, era justamente a dificuldade de
comunicação verbal que mais perturbava Jonas e o distanciava da sociedade.
As Línguas de Sinais conseguiram reconhecimento como línguas naturais entendendo
o conceito natural em oposição a código e linguagem, as semelhanças existentes entre as
mesmas e as línguas orais. A língua de sinais possui os níveis fonológico, morfológico,
sintático, semântico e pragmático, além de dialetos regionais e uma busca recente por uma
“norma culta” nos últimos anos, o que indica que a gramaticalização formal da LIBRAS está
em vias de ser agilizada.

Conclusão

Sendo assim, é possível perceber ao final do filme que, assim que Jonas aprendeu
essa, até então, nova forma de se comunicar, nota-se um salto em seu desenvolvimento e seu
controle emocional. Ser compreendido e conseguir se expressar traz mais clareza às suas
decisões e mais motivação em sua rotina e, aos finais, Jonas fala seu nome e até começa a
formar frases.
É visível o benefício que a língua de sinais trouxe na vida de Jonas, o filme mostra a
história de uma descoberta e uma superação, uma quebra de conceitos rígidos na época e a
força que o apoio familiar, principalmente materno, trouxe na vida de Jonas. A adaptação do
modo de vida e esforço para tentar compreender a frustração e confusão que a surdez trouxe
nos anos iniciais de vida de Jonas são emocionantes e nos levam a repensar as consequências
da minimização e vitimização da surdez, buscando um ponto de equilíbrio que deve fugir da
normalização.

Referências

NOGUEIRA, Emanuela Pinheiro; DA SILVA BARROSO, Maria Cleide; DE GOES


SAMPAIO, Caroline. A importância da libras: um olhar sobre o ensino de química a surdos.
Investigações em Ensino de Ciências, v. 23, n. 2, p. 49-64, 2018.

OLIVEIRA, Pedro; CASTRO, Fernanda; RIBEIRO, Almeida. Surdez infantil. Revista


Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 68, n. 3, p. 417-423, 2002.

RAMOS, Clélia Regina. LIBRAS: A língua de sinais dos surdos brasileiros. Disponível para
download na página da Ediotra Arara Azul: http://www. editora-arara-azul. com.
br/pdf/artigo2. pdf, 2004.

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